Posts tagged vida digital

46ª semana de 2013

“Uma mulher vitimada pelo estupro não é só alguém manchada na honra, mas alguém temporariamente alienada da existência. Honra, dignidade, autonomia são ignoradas pelo estuprador, é verdade. Mas o estupro vai além: é um ato violento de demarcação do patriarcado nas entranhas das mulheres. É real e simbólico. Age em cada mulher vitimada, mas em todas as mulheres submetidas ao regime de dominação.”

Debora Diniz, O Estado de S.Paulo – 10/11/2013

 

“E a política para trazer montadoras, para produzir carros caros e com alto consumo de gasolina, com potência para 350 km/h – mas você anda a 40 km/h? É o auge do supérfluo.

43ª semana de 2013

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“À medida que se intensificou a urbanização no século 20, a queixa sobre o ruído foi frequentemente tratada com certo sarcasmo. Exigir silêncio é dar sinal de neurose ou de escapismo. ‘Por que você não vai fazer artesanato em Mauá?’, seria uma reação comum à reclamação sobre o barulho no Rio ou em São Paulo. (…) Nas últimas décadas, acumulou-se conhecimento médico sobre o preço que pagamos pela explosão de decibéis. A poluição sonora hoje só perde para a poluição do ar como dano à saúde e fator para encurtar a vida.”

Lúcia Guimarães, O Estado de S.Paulo – 21/20/2013

 

“Eles gostaram, particularmente, da ideia de ter um projeto de vida na velhice. Eles não precisam mais, mas querem continuar trabalhando em algo que dê sentido às suas vidas. Eles querem, mais do que tudo, encontrar um significado para a última fase de suas vidas.”

Mirian Goldenberg, Folha de S.Paulo – 22/10/2013

 

“É moralmente lícito fazer experimentos com cães? A meu ver, a posição ética é tentar limitar cada vez mais experimentos fúteis, como os que envolvem cosméticos, e seguir adiante com aqueles que, um dia, poderão resultar em benefícios mais palpáveis. Não há como avançar no conhecimento de doenças sem infligir sofrimento a cobaias.”

Hélio Schwartsman, Folha de S.Paulo – 22/10/2013

 

“O Brasil é o quarto país do mundo em nativos digitais – terminologia usada pela ONU para classificar jovens de 15 a 24 anos que estão conectados à internet há pelo menos cinco anos. Segundo a ITU (União Internacional de Telecomunicações), agência das Nações Unidas especializada em tecnologias da comunicação e informação, o número de nativos digitais já representa 30% da população jovem mundial ou 5,2% da população mundial de 7 bilhões de habitantes. São 363 milhões de jovens com acesso à internet há pelo menos cinco anos, dos quais 20,1 milhões no Brasil. Dois terços dos nativos digitais estão nos países em desenvolvimento. A China lidera com 75,2 milhões de nativos digitais. Em seguida vem os EUA, com 41,3 milhões. E a Índia, com 22,7 milhões. O Japão é o quinto país em número de nativos digitais: 12,2 milhões. No países desenvolvidos os nativos digitais representam 86,3% dos 145 milhões de usuários de internet. Já nos países em desenvolvimento eles representam a metade dos 503 milhões de usuários de internet. Nos próximos cinco anos, a população de nativos digitais nos países emergentes deverá dobrar. Os dados da ITU fazem parte do estudo anual Medindo a Sociedade da Informação. De acordo com o estudo, pelo terceiro ano consecutivo a Coreia lidera como o país mais desenvolvido em termos de inclusão digital e infraestrutura de telecomunicações. Em seguida vem Suécia, Islândia, Dinamarca, Finlândia e Noruega. O Brasil aparecem na 62ª posição. Segundo estudo do ITU, 250 milhões de pessoas se conectaram à internet ao longo de 2012, totalizando 2,7 bilhões de pessoas.”

Mariana Barbosa, Folha de S.Paulo – 22/10/2013

 

“Os jovens, hoje, estão totalmente submetidos à ideologia do consumo. ‘Consumo, logo existo’ tem sido uma máxima a nos guiar em nossas vidas. Logo, na deles também.”

Rosely Sayão, Folha de S.Paulo – 22/10/2013

 

“No mundo, em pleno século XXI, 30 milhões de pessoas são exploradas. Os dados são do Índice de Escravidão Global da Walk Free Foundation. A instituição britânica classificou 162 países de acordo com a proporção de escravos em relação à população. O Brasil está em 94º no ranking e a estimativa é a de que haja cerca de 220 mil pessoas em condição de escravidão no País. A maior parte dos afetados está concentrada em países da Ásia e da África – a Índia aparece em primeiro lugar na lista, com 14 milhões de escravos -, mas o índice revela a existência de escravidão também em nações como Reino Unido, Suíça e Suécia.”

Antonio Carlos Prado e Elaine Ortiz, IstoÉ, 23/10/2013

 

“Em política, quando o fim justifica os meios, o que se tem é a brutalidade dos meios com um fim sempre desastroso. A opção moralmente aceitável é outra: os meios qualificam o fim.”

Reinaldo Azevedo, Folha de S.Paulo – 25/10/2013

 

“Não há um Deus. Há dois: o Deus dos oprimidos e o Deus dos opressores. Enquanto a sociedade for dividida e houver tanta desigualdade social, penso que o Deus que estiver do lado dos oprimidos não se reconhece num Deus que esteja do lado dos opressores.”

Boaventura de Sousa Santos, Folha de S.Paulo – 26/10/2013

 

“Os adolescentes precisam ser capazes de adquirir habilidades fundamentais que os permitam continuar a serem aprendizes ao longo de sua vida. (…) Uma boa educação é o passaporte para a mobilidade social. Essa é a forma de você ter acesso a um trabalho melhor e a um maior nível de renda. Portanto, se os mais pobres não tiverem acesso a uma boa educação, os filhos deles serão pobres também. E isso é profundamente inquietante. Quando as pessoas sentem que, se trabalharem duro, seus filhos terão uma situação financeira melhor do que a delas, isso fortalece a democracia. Agora, uma situação em que exista a percepção de que os pobres sempre serão pobres é uma ameaça real à democracia.”

Richard Murnane, Folha de S.Paulo – 26/10/2013

 

“Os avanços da ciência não são um bem absoluto para nossa humanidade apenas quando nos salvam da morte, mas tão somente quando nos salvam também para a vida.”

Nilton Bonder, Folha de S.Paulo – 26/10/2013

 

“O salário é importante para chamar a atenção e manter bons professores, mas não é suficiente. Há outras condições fundamentais para garantir a atratividade, como a melhoria da formação inicial e a existência de planos de carreira estruturados. Também é essencial um bom ambiente de trabalho e na escola e isso diz respeito a muitas coisas: infraestrutura, relações entre a equipe e a comunidade e ainda meios de que a instituição dispõe para valorizar e ajudar o corpo-docente – por exemplo, assessoria relacionada às dúvidas e às necessidades em relação aos estudantes e aos conteúdos a serem ensinados. Sobre a permanência do bom profissional, há outro fator relevante: ter sucesso no processo de ensino e de aprendizagem. Prova disso é ser comum encontrar novatos dizendo: ‘Mesmo com todos os problemas que enfrento, ver o brilho nos olhos dos alunos quando eles aprendem é o que me faz continuar lecionando’.”

Marli André, docente da PUC-SP, se dedica há área de formação de professores há 30 anos, Nova Escola – outubro de 2013

 

“Não sei se trabalhar com humor rejuvenesce, mas muda tudo, porque é preciso ser rápido, atento, esperto, sagaz… são características associadas à juventude. Fazer muito humor me dá leveza.”

Andrea Beltrão, 50, atriz, mãe de Francisco, 18, Rosa, 16, e José, 13. Claudia – outubro de 2013

 

“A Regina Casé sempre brinca que fui ‘obrigada’ a ser atriz. Quando eu era criança, já achava que seria atriz mesmo. Aos 30 é que comecei a questionar. Achei que eu poderia ser outras coisas. Gosto de literatura e de desenhar. Cheguei a pintar, mas, com os filhos, parei. E já tentei a música por um tempo, mas meu talento infelizmente é nulo. Eu toco como hobby, em casa. Meus filhos não gostam, mas não to nem aí. E escrever é também um pouco essa tentativa de fazer coisas diferentes. A atividade de roteirista e de cronista é uma atividade solitária e vou encaixando no meu horário. Como gosto de estar só, parecia que eu tinha nascido para aquilo. A profissão de atriz é coletiva, muita gente trabalhando junto. O prazer de estar sozinha me levou a querer escrever mais.”

Fernanda Torres, 48, atriz, Claudia – outubro de 2013

 

“O humor é como matemática: quanto mais você exercita, mais afiada fica. A prática torna o raciocínio rápido.”

Miá Mello, 32, Claudia – outubro de 2013

42ª semana de 2013

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“Fazei que não sejamos cristão de vitrine, mas saibamos meter mãos à obra para construir com o teu filho Jesus o seu reino de amor, de alegria e paz.”

Papa Francisco, Folha de S.Paulo – 13/10/2013

 

“Um dos maiores riscos é tentar fornecer uma espécie de solução-padrão que não leva em conta o contexto cultural.”

J. Neil Bearden, professor de ciências da decisão da Insead – Folha de S.Paulo – 13/10/2013

 

“Ter filho te insere, imediatamente, no entusiasmadíssimo clube dos que têm filhos. Um clube que você até sabia que existia, mas para o qual não dava a menor bola.”

Antonio Prata, Folha de S.Paulo – 13/10/2013

 

“A ‘inquisição das ruas’ hoje pensa que nossa sociedade está perdida e precisa ser salva por tais sacerdotes da pureza política. Mas o pior é que a classe intelectual é quase toda o alto clero dessa falácia. (…) Pessoas quebrando coisas na rua não implica em melhoria política.”

Luiz Felipe Pondé, Folha de S.Paulo – 14/10/2013

 

“A vida dos facebookianos pode até parecer uma campanha publicitária de margarina, com seus rostos alegres, bonitos e ensolarados. As melhores fotos são escolhidas a dedo, os sofrimentos são em geral escondidos e as informações que podem servir à imagem, à fama ou à vaidade das pessoas são publicadas ininterruptamente, sem parar.”

Marion Strecker, Folha de S.Paulo – 14/10/2013

 

“ ‘Mais escolas, menos estádios.’ Esta foi uma das frases mais ouvidas nas manifestações de junho. Ela indicava a consciência clara de que as prioridades de desenvolvimento estavam completamente invertidas. Mais do que isso. Que esta frase sido enunciada em um contexto de revolta, eis algo a demonstrar como a população esperava mais ações e menos retórica em relação à educação.”

Vladimir Safatle, Carta Capital – 16/10/2013

 

“A ciência está se tornando uma máquina cara e ineficiente, comumente monitorada por uma burocracia autista. E os cientistas se transformam em operários de uma linha de montagem autocentrada, frequentemente insensível às necessidades da sociedade. (…) Nas últimas décadas, o Brasil multiplicou seu número de cientistas. Há entre eles grandes cérebros, estrelas ascendentes e uma legião de abnegados. Muitos não honram, porém, o título. São pequenos burocratas, acomodados à lerdeza dos campi universitários. Vivem de verbas públicas. Realizam pesquisas de utilidade duvidosa para delas extrair a máxima vantagem.”

Thomaz Wood Jr., Carta Capital – 16/10/2013

 

“O texto literário é aquele que pede esforços de interpretação por aquelas caraterísticas que foram notadas pelos melhores leitores do século 20: por ser ambíguo (William Empson), aberto (Umberto Eco) e repleto de significações secundárias (Roland Barthes).”

Contardo Calligaris, Folha de S.Paulo – 17/10/2013

 

“O Brasil real é o das ruas com calçadas esburacadas e ônibus sujos e lotados. Da Justiça lenta e improdutiva. O Brasil é conservador. Seu conjunto de valores está em formação. A democracia só tem 25 anos.”

Fernando Rodrigues, Folha de S.Paulo – 19/10/2013

40ª semana de 2013

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“Não é a ciência que cria o bem ou o mal. A ciência cria conhecimento. Quem cria o bem ou o mal somos nós, a partir das escolhas que fazemos.”

Marcelo Gleiser, Folha de S.Paulo – 29/09/2013

  “Se você quiser ser um ser humano verdadeiramente livre – ir aonde você quiser, encontrar quem você quiser -, você precisa de uma estrutura muito rígida de ordem pública, de boas maneiras. Sem isso, nossa liberdade é sem sentido. Liberdade e ordem andam juntas.”

Slavoj Zizek, Folha de S.Paulo – 29/09/2013

  “Um dos méritos da arte moderna e contemporânea foi relativizar e ampliar a ideia de belo. Platão já questionava como era possível, para um escultor, esculpir belamente um homem feio. Seriam belas esculturas. Por que não posso considerar que algo emocionante ou estranho também seja tido como arte? E por que não posso chamar de belo aquilo que me faz revisitar o conceito do que seja belo?”

Noemi Jaffe, Folha de S.Paulo – 29/09/2013

  “Quando você fica longe do seu lugar, às vezes sua literatura esmorece.”

Milton Hatoum, Folha de S.Paulo – 29/09/2013

  “O mercado espera dos profissionais, além de uma lista sem fim de competências técnicas e comportamentais, muitas vezes incompatíveis com a função que a pessoa desempenha, também certa disposição para enfrentar as situações organizacionais como se estivesse em uma guerra.”

Adriana Gomes, Folha de S.Paulo – 29/09/2013

  “O maior pecado de ‘Cinquenta Tons’ é que ele vende uma fantasia: o homem ideal.”

Luiz Felipe Pondé, Folha de S.Paulo – 30/09/2013

  “É assim a inquietação: ou você nasce com ela ou não. E, se nasceu, vai passar a vida inteira com uma pressão no peito e outra na alma, querendo entender a vida e não entendendo direito, trocando sempre de casa, de objetivo e de analista, sem nunca chegar a uma conclusão. Um inquieto não tem sossego.”

Danuza Leão – Claudia – setembro de 2013

  “Sem a capacidade de não se deixar dominar pela emoção, não há como vencer o medo.”

Suzana Herculano-Houzel, Folha de S.Paulo – 01/10/2013

  “Haverá coisa mais triste do que uma existência inteiramente dedicada ao trabalho? Sobretudo a um trabalho que nos escraviza e desumaniza?”

João Pereira Coutinho, Folha de S.Paulo – 01/10/2013

  “O país merece tratar igualmente bem o pobre e o poderoso.”

Francisco Daudt, Folha de S.Paulo – 02/10/2013

  “A infância se compõe de familiaridade e descoberta. Tudo é novo, mas não há nada mais forte do que a rotina, a sensação de que nada, nunca, irá mudar.”

Marcelo Coelho, Folha de S.Paulo – 02/10/2013

  “O mercado começou a valorizar formações menos ortodoxas e a prestar atenção nessa geração conectada e capaz de aprender por si mesma.”

Becky Cantieri – Veja – 02/10/2013

“Ao mesmo tempo que redes sociais, notadamente o Facebook e o Twitter, são apresentadas como importantes ferramentas para o ativismo social e político, estudiosos apontam para o incremento da sensação de solidão e um aumento de polarização ideológica, com a tendência de os usuários dialogarem com indivíduos de posição política e comportamental similares às suas, e criticam a ideia de que essas plataformas, por sua natureza, exporiam os usuários a uma quantidade anteriormente inimaginável de pontos de vista.”

Eduardo Graça – Carta Capital – 02/10/2013

  “O papa Francisco não quer apenas que se saiba do seu propósito de reformar a Cúria e o Vaticano -cristianizá-los, é isso-, quer também que se saiba por que deseja fazê-lo. E tem a coragem de dizê-lo com franqueza estonteante. ‘A corte é a lepra do papado’ – que irado ateu ousou, nos últimos séculos, uma definição assim dura e crua sobre os ‘cortesãos vaticanocêntiricos’? Estamos, pode-se admitir, diante de um fenômeno, na acepção mais límpida da palavra. Testemunhá-lo será um privilégio histórico.”

Janio de Freitas, Folha de S.Paulo – 03/10/2013

“O papa Francisco, recentemente, lembrou que a Igreja Católica não deve se esquecer que ela tem, antes de mais nada, missões positivas – de obras e de fé.”

Contardo Calligaris, Folha de S.Paulo – 03/10/2013

38ª semana de 2013

“A depressão cresce entre as crianças em parte pelas razões pelas quais está aumentando em toda a sociedade, mas também porque as crianças estão sob mais pressão, são mais superestimuladas, mais levadas a se movimentar de um lugar para o outro e de escola para escola. Isso acontece porque os pais estão ambos trabalhando fora, e as crianças têm ficado com uma variedade de cuidadores que as amam menos que os pais. Isso acontece por causa do colapso da família.”

Andrew Solomon, O Estado de S.Paulo – 15/09/2013

 

“Alguns trabalhos recentes mostram que, em tempos em que tudo acontece nas redes sociais, declarações e publicações em páginas pessoais poderiam dar pistas para amigos e parentes das intenções de alguém que enfrenta sérias dificuldades. Estar atento a esses sinais poderia ajudar a evitar suicídios.”

Jairo Bouer, O Estado de S.Paulo – 15/09/2013

 

“Se você deixar, tudo gira em torno do dinheiro. Depende de como você encara a profissão. (…) Os temas mais perturbadores são os que nos levam a um maior entendimento sobre a vida.”

Jake Gyllenhaal, ator, O Estado de S.Paulo – 15/09/2013

 

“Estar pobre torna as pessoas menos capazes de fazer as coisas direito e afeta a habilidade de pensar.”

Eldar Shafir, Folha de S.Paulo – 15/09/2013

 

“‘Câncer’ são centenas de doenças diferentes. Não há uma cura, mas muitas. A genética nos dá uma nova visão da doença. A batalha é longa e, quanto mais vivermos, maior será a probabilidade de que algo dê errado. No meio tempo, 50% dos cânceres são evitados com medidas como não fumar e evitar muito sol.”

Marcelo Gleiser, Folha de S.Paulo – 15/09/2013

 

“Hoje existe essa coisa de ‘escolha’, profissão, filhos depois da pós, direitos iguais, ar-condicionado, reposição hormonal, bolsa Prada. Esquecemos que direitos e escolhas são produtos mais caros do que bolsa Prada. Pensamos que brotam em árvores.”

Luiz Felipe Pondé, Folha de S.Paulo – 16/09/2013

 

“Não a afetividade melosa de incontáveis declarações de amor ao filho, e sim a amorosidade de introduzi-lo na vida como ela é, de dar banhos de realidade no filho de acordo com a idade que ele tem.”

Rosely Sayão, Folha de S.Paulo – 17/09/2013

 

“A primeira lição a tirar de junho é a seguinte: a política brasileira transformou-se em algo profundamente instável. Nada nos garante que não estamos vendo apenas um momento de calmaria antes de uma nova tempestade. Note-se como, desde junho, este país viveu, de maneira praticamente ininterrupta, em um estado contínuo de manifestações de toda ordem. (…) Por um momento, parecia que certas instituições brasileiras tinham sentido o golpe. Tudo isso durou um instante. Logo em seguida, tais instituições demonstraram seu caráter radicalmente irredutível em relação a reformas e voltaram a operar como sempre operaram. (…) Nada mais equivocado do que confiar em uma calmaria aparente. Quando uma sociedade acorda, ela não volta a dormir completamente. Na verdade, sua elaboração passa a um estado de latência. Em latência, ela vai aos poucos se desacostumando de suas antigas formas, até que chega o momento em que provocar mudanças equivale a chutar uma porta podre. Muitas das transformações fundamentais ocorrem assim, ou seja, o trabalho mais importante foi feito em silêncio aparente.”

Vladimir Safatle, Folha de S.Paulo – 17/09/2013

 

“Não educar bem uma criança, deixá-la crescer no shopping center, consumindo loucamente sem ter desafios e sonhos que transcendam um abdômen de tanquinho e o próximo modelo de iPhone é falta de amor com ela e falta de responsabilidade com o país.”

Nizan Guanaes, Folha de S.Paulo – 17/09/2013

34ª semana de 2013

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“Apesar da culpa que as mães costumam sentir por se afastar dos filhos para trabalhar fora, as crianças de hoje recebem muito mais atenção dos pais do que nas décadas de 60 e 70. É o que revela a American Time Use Survey, pesquisa do departamento de estatísticas do trabalho do governo americano. A explicação é que, naquela época, as donas de casa monitoravam menos as crianças para se dedicar aos afazeres domésticos e à vida social.”

VocêS/A – agosto 2013

 

“Segundo Pesquisa TIC KIDS Brasil 2012, ‘Quem aconselha os estudantes sobre segurança na internet?’: 59% parente; 55% professor; 33% televisão, rádio, jornais e revistas; 20% igrejas ou grupos de jovens; 16% bibliotecário ou monitor de lan house. Crianças e adolescentes rejeitam o controle dos adultos quanto ao uso da rede, mas querem orientação. ‘Ao mesmo tempo que não aceitam interferências, eles demandam intermediações sobre o uso seguro’, diz Regina de Assis, consultora em Educação e Mídia.”

Nova Escola – agosto de 2013

 

“Líderes que têm como principal característica o comando e controle, em geral, serão menos eficazes do que os catalizadores de colaboração e inovação. Conduzir a diversidade de opiniões será a chave para gerar mais inovação. De fato, o último estudo da IBM com CEOs em todo o mundo revelou que 71% dos executivos consideram o capital humano como a principal fonte interna de valor econômico sustentável das empresas. Serão os líderes com esse perfil que transformarão isto em realidade.”

Alessandro Bonorino, O Estado de S.Paulo – 18/08/2013

 

“É possível um mundo melhor? Sim e não. Sim, é possível um mundo melhor a começar por melhores remédios, casas, escolas, hospitais, aviões, democracia (ainda acredito nela, apesar de ficar de bode às vezes). Não, não é possível um mundo melhor porque algumas coisas não mudam, como o caráter humano, suas mentiras e vaidades, sua violência, mesmo que travestida de civilidade, nossas inseguranças, nossa miséria física e mental, nossa hipocrisia. Nossas ambivalências sem cura. […] O mundo melhor parece ser aquele no qual as pessoas podem errar, pedir perdão e ser perdoadas. Um mundo melhor não é um mundo sem violência ou ambivalência, mas um mundo onde existe o perdão.”

Luiz Felipe Pondé, Folha de S.Paulo – 19/08/2013

 

“Continuo cheia. Cheia de tecnologia. Cheia de pessoas que acham que estão inventando a roda. Cheia de empreendedores cujo grande objetivo na vida é ficar rico. Cheia de espertalhões que criam problemas para vender soluções. Farta dos que espalham terror para vender segurança. Estou cada vez mais cheia de fazer cadastros, preencher formulários, alimentar estatísticas. Não suporto marketing invasivo. Não aceito como herança tanto lixo industrial. […] Hoje não quero ser amiga de todo o mundo. Não quero que todo o mundo goste de mim. Não quero ter razão. Não quero ser popular. Não quero ser forçada a gostar de nada nem de ninguém. Hoje não quero conhecer uma nova rede social. Não acho que tudo na vida tenha de se transformar em software ou sistema. Não acredito que tecnologia seja solução para todos os problemas.”

Marion Strecker, Folha de S.Paulo – 19/08/2013

 

“É maravilhoso fazer amigos pela internet. Encontrar antigos conhecidos, colegas de infância. Manter contato com quem não se pode ver sempre. Mas a maldade me assusta. Não tenho uma solução para o problema, mesmo porque sou contra qualquer tipo de restrição. O problema é que as pessoas gostam de maldades. Ler uma notícia fantasiosa sobre alguém famoso, ou mesmo sobre uma pessoa comum, dá uma falsa sensação de intimidade. E, na constelação da internet, o veneno está em expansão.”

Walcyr Carrasco, Época – 19/08/2013

 

“A religião muda as pessoas para o bem e para o mal. Sempre fui fascinado pelo poder que a religião tem de mudar o comportamento das pessoas e da sociedade. Um de meus objetivos em meus livros é analisar o processo da crença: o que leva alguém a acreditar numa religião. No caso da cientologia, não é uma conversão, uma iluminação, como ocorre na maioria das religiões. É uma espécie de lavagem cerebral, uma passagem em que pessoas instruídas, inteligentes e céticas se tornam crentes.”

Lawrence Wright, 66, escritor americano, Época – 19/08/2013

 

“Se a humanidade se comprometesse a consumir a cada ano só os recursos naturais que pudessem ser repostos pelo planeta no mesmo período, em 2013 teríamos de fechar a Terra para balanço hoje, 20 de agosto. Essa é a estimativa da Global Footprint Network, ONG de pesquisa que há dez anos calcula o ‘Dia da Sobrecarga’. Para sustentar o atual padrão médio de consumo da humanidade, a Terra precisaria ter 50% mais recursos. Segundo a ONG WWF-Brasil, que faz o cálculo da pegada ambiental do país, nossa margem de manobra está diminuindo (veja quadro à dir.), e exibe grandes desigualdades regionais. ‘Na cidade de São Paulo, usamos mais de duas vezes e meia a área correspondente a tudo o que consumimos’, diz Maria Cecília Wey de Brito, da WWF. O número é similar ao da China, um dos maiores ‘devedores’ ambientais.”

Rafael Garcia, Folha de S.Paulo – 20/08/2013

 

“A capacidade dos uruguaios em assumir riscos e procurar inventar novas respostas para velhos problemas é louvável. […] Eles optaram por colocar à frente do processo político uma espécie de antilíder [José Mujica], cujo carisma vem exatamente de seu desconforto aberto em relação aos ritos do poder. Alguém que parece a todo momento dizer não se enxergar como um presidente e que se recusa a abandonar sua vida espartana, seu sítio modesto e seus hábitos e roupas comuns. Alguém que tem a liberalidade de deixar o lugar do poder vazio e, por isso, encontra uma força inaudita por meio exatamente da expressão de seu franco desprendimento. Trata-se de uma lição política merecedora de nossa admiração, a saber, a compreensão de que o melhor líder é aquele que sistematicamente recusa-se a se ver como tal.”

Vladimir Safatle, Carta Capital – 21/08/2013

 

“A inveja é uma mistura de idealização, amor e ódio. sonha-se ser o que os outros sonham. […] Nesse mundo, em que a inveja é um regulador social, as aparências são decisivas porque elas comandam a inveja dos outros. Por exemplo, o que conta não é “ser feliz”, mas parecer invejavelmente feliz. Nesse mundo, o ter é mais importante do que o ser apenas porque, à diferença do ser, o ter pode ser mostrado facilmente. É simples mostrar o brilho de roupas e bugiganga aos olhos dos invejosos. Complicado seria lhes mostrar vestígios de vida interior e pedir que nos invejem por isso. O Facebook é o instrumento perfeito para um mundo em que a inveja é um regulador social. Nele, quase todos mentem, mas circula uma verdade de nossa cultura: o valor social de cada um se confunde com a inveja que ele consegue suscitar.”

Contardo Calligaris, Folha de S.Paulo – 22/08/2013

 

“Se entre dez mandamentos, apenas dez, cobiçar a mulher alheia estava entre eles, com a mesma relevância de “não matarás” e “não furtarás”, porque é um princípio que deve ser seguido à risca. Talvez, um dos pilares da civilização. Deus não queria baderna. Foi sucinto, porque Deus não tinha tempo a perder. E soube como ninguém usar aquilo que criou em primeiro, o verbo.”

Marcelo Rubens Piva, O Estado de S.Paulo – 24/08/2013

 

“O apelo do papa Francisco aos jovens na Jornada carioca – ‘manifestem-se’ – não pode ter resposta universal. Em regimes políticos fechados, manifestar-se não é exatamente uma opção. Além disso, a expectativa das sociedades em torno dos jovens difere muito. Quem conversar com jovens chineses de classe média urbana, por exemplo, vai se dar conta de que o seu espectro de liberdade pessoal é limitado. Eles são alegres, mas frequentemente usam a palavra ‘yali’ (pressão) para qualificar a vida. A sociedade espera que, entre 22 e 28 anos, as pessoas assegurem um emprego estável, casem-se, tenham seu filho único e o deixem sob a responsabilidade dos avós. Esse até pode ser o curso normal da vida em outros lugares. Na China, contudo, a cobrança para segui-lo é determinada. Enquanto a economia crescia a dois dígitos, encontrar trabalho não era problema. Com o crescimento mais baixo, o cenário fica difícil. Em 2011, 17.5 % dos que se formaram ficaram desempregados. O número em 2013 deve ser bem maior. Nesta semana, o premiê Li Keqiang encontrou-se com um grupo de graduandos e lhes sugeriu: criem oportunidades para si mesmos, inovem, abram negócios, tomem riscos. Em outras palavras, sua mensagem foi a seguinte: faremos o possível, mas vocês têm de se mexer.”

Marcos Caramuru de Paiva, Folha de S.Paulo – 24/08/2013

 

“Não vi nada melhorar. Cada vez parece que vai piorando. Muita gente perde a vida. O Brasil não é um país tão atrasado assim, até intelectualmente era para melhorar esse negócio da violência. Saber que a vida do ser humano tem valor.”

Wagner dos Santos, 41, sobrevivente da chacina da Candelária, Folha de S.Paulo – 24/08/2013

24ª semana de 2013

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“O cansaço é maior quando a gente faz aquilo que não gosta. Não tem sido muito pesado, não. Já fiz teatro, TV e filme ao mesmo tempo. Diante desse passado, minha vida está leve agora. A melhor coisa é fazer nada. Vou ao teatro, cinema, leio, ando na praia, viajo com meus filhos e netos e arrumo gavetas. É ótimo ficas bestando completamente, jiboiando como se diz.”

Fernanda Montenegro, 83, atriz, O Estado de S.Paulo – 09/06/2013

 

“O número de americanos que estão se matando atingiu um nível sem precedentes. No período de 1999 a 2010, o suicídio de americanos entre 35 e 64 anos de idade cresceu quase 30%. Mais pessoas nos Estados Unidos morrem hoje pelas próprias mãos do que em acidentes de carro. Entre homens na faixa dos 50 anos, a taxa de suicídio cresceu 50%.”

Lee Siegel, O Estado de S.Paulo – 09/06/2013

 

“A coisa é a seguinte: escrever ou não escrever poesia não é coisa que se decida. Na verdade, sempre que termino de escrever um livro de poemas, tenho a impressão de que não vou escrever mais, de que a fonte secou. […] Creio que isso se deve ao fato de que não planejo nada, muito menos meus livros de poemas. De repente, descubro um tema novo, um veio que passo a explorar até esgotá-lo. Isso demora anos, porque, também, ao concluir cada poema, tenho a impressão de que o veio se esgotou. […] Sempre digo que meus poemas nascem do espanto, ou seja, de algo que põe diante de mim um mundo sem explicação. É essa perplexidade que me faz escrever.”

Ferreira Gullar, Folha de S.Paulo – 09/06/2013

 

“Dos 260 mil inscritos até agora na Jornada Mundial da Juventude, a maioria são mulheres (55,32%). Peregrinos entre 19 e 24 anos respondem por 35% das inscrições. Os maiores de 65 anos não são nem 1%.”

O Globo – 09/06/2013

 

“O mundo de hoje está aterrorizado. E a economia não está florescente. Isto leva a um enclausuramento.”

Carla Bruni, O Globo – 09/06/2013

 

“A reportagem de qualidade é sempre substantiva. O adjetivo é o adorno da desinformação, o farrapo que tenta cobrir a nudez da falta da apuração. […] Uma imprensa ética sabe reconhecer os seus erros. As palavras podem informar corretamente, denunciar situações injustas, cobrar soluções. Mas podem também esquartejar reputações, destruir patrimônios, desinformar. Confessar um erro de português ou uma troca de legenda é fácil. Mas admitir a prática de prejulgamento, de engajamento ideológico ou de leviandade noticiosa exige pulso e coragem moral. Reconhecer o erro, limpa e abertamente, é condição da qualidade e, por isso, um dos alicerces da credibilidade.”

Carlos Alberto Di Franco, O Estado de S.Paulo – 10/06/2013

 

“A lição assustadora da psicologia social é a de que o ser humano pode passar por cima de suas convicções e de várias barreiras morais se for devidamente compelido por seus pares. E nem precisa ser uma pressão muito intensa.”

Hélio Schwartsman, Folha de S.Paulo – 11/06/2013

 

“Nunca nos livraremos de jovens desajustados que montam bombas caseiras ou fanáticos empunhando machadinha. Não há absolutamente nada que possamos fazer para evitar isso. Podemos minorar a letalidade dessas pessoas controlando a circulação de armas, e só. O verdadeiro problema é termos chegado à situação de todo um país entrar em pânico quando se associa um crime comum à palavra ‘terrorismo’. […] A insegurança da submissão voluntária ao controle contínuo de alguém que reforça sua autoridade alimentando-se de nossos medos. A insegurança do fim da vida privada.”

Vladimir Safatle, Folha de S.Paulo – 11/06/2013

 

“Aqui, a tradição é entrar na iniciação científica em um laboratório e continuar nele durante o mestrado, o doutorado e o pós-doutorado. E a tendência é a pessoa se aprofundar cada vez mais em um único assunto. Com isso, formamos jovens cientistas bitolados, tudo o que eles sabem é pensar em detalhes daquele único assunto que vêm desenvolvendo desde a iniciação científica. Além disso, a política de contratação nas universidades privilegia os ex-alunos. Criam-se colônias sem diversidade.”

Suzana Herculano-Houzel, Folha de S.Paulo – 11/06/2013

 

“A criança costuma dar sinais claros de que ela quer aprender a usar o banheiro. Os pais não precisam se preocupar tanto. O que não podemos é antecipar o processo. […] Quando ela pergunta do uso do banheiro, pede para ir, quer ficar por lá mais tempo, por exemplo. Quanto mais natural for o processo, melhor para a criança. Os pais não devem atrapalhar. Para isso, precisam munir-se de calma e paciência. A criança nem sempre vai acertar, e, mesmo depois de os pais acharem que ela já aprendeu, ela vai querer usar o banheiro quando tiver vontade, não quando os pais quiserem. E mais: ganhar prêmios por fazer a coisa que os pais julgam certa confunde a criança.”

Rosely Sayão, Folha de S.Paulo – 11/06/2013

 

“Como as bandas de jazz, as empresas precisam de regras básicas para operar, de forma que cada profissional possa, no momento correto, improvisar e criar.”

Thomaz Wood Jr., Carta Capital, 12/06/2013

 

“Somos anjos e demônios. Viver na internet tem um perigo: nós mesmos.”

Manuel Castells, Folha de S.Paulo – 13/06/2013

 

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