Posts tagged Brasil

41ª semana de 2013

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“Desde que o mundo é mundo, as pessoas buscam áreas melhores para viver e os mais fortes tentam subjugar os mais fracos. E, hoje, a migração é um problema imenso e muito delicado. (…) O dilema tem contornos econômicos, políticos, culturais, humanitários e morais. E divide opiniões acaloradas. O que fazer?”

Eliane Cantanhêde, Folha de S.Paulo – 06/10/2013

 

“O Brasil não trata bem seu capital humano. É o que aparece nitidamente no ‘Relatório de Capital Humano’, que acaba de ser divulgado pelo Fórum Econômico Mundial, a entidade que promove, todo janeiro, os encontros de Davos. O Brasil fica no 57º lugar entre 122 países. Já é um resultado ruim, se se considerar que o país está entre as oito maiores economias do mundo. Quer dizer que tem tamanho, mas não tem qualidade. Piora as coisas saber que países de bem menor desenvolvimento relativo ficam à frente do Brasil, casos de Costa Rica (35º), Chile (36º), Panamá (42º) e Uruguai (48º), sem falar em Barbados, país caribenho que, na 26ª posição, é o mais bem situado na América Latina/Caribe. Para fechar o círculo negativo, o que afunda a posição brasileira é educação, um dos quatro pilares que constituem o levantamento. Nesse quesito, que recolhe indicadores quantitativos e qualitativos de todos os três níveis de ensino, o Brasil fica em obsceno 88º lugar. (…) O fato é que o Brasil tem problemas estruturais que o amarram ao solo faz gerações.”

Clóvis Rossi, Folha de S.Paulo – 06/10/2013

 

“Talvez um dos maiores medos humanos e que move o mundo desde sempre seja justamente o medo de perder a beleza e a juventude, e se restará alguém ao nosso lado quando formos apenas uma alma em agonia. (…) Aprendemos a negar nosso medo com teorias sofisticadas, mas o medo sempre aparece. Ficou chique dizer que se é emancipado, quando na realidade nem só de liberdade vive o desejo, mas também de pecado, medo e vergonha.”

Luiz Felipe Pondé, Folha de S.Paulo – 07/10/2013

 

“Uma mulher que deixa o emprego para cuidar dos filhos tem o respeito de 78% dos homens brasileiros. Já um pai que faz a mesma opção é malvisto por 42% dos entrevistados. Para 54% deles, largar o trabalho para cuidar das crianças é motivo de vergonha e é avaliado como comodismo, preguiça e vagabundagem. Apenas 11% dos homens consideram essa opção um motivo de orgulho.”

Mônica Bergamo, Folha de S.Paulo – 07/10/2013

 

“A adolescência agora vai até os 25 anos – e não apenas até os 18, como era previsto. Essa é a nova orientação dada a psicólogos americanos. É como se a neurociência pudesse eximir a todos de responsabilidade por um fenômeno deste século: jovens demoram muito mais a amadurecer, sair de casa e ser independentes. As pesquisas revelam que “a maturidade emocional de um jovem, sua autoimagem e seu discernimento são afetados até que o córtex pré-frontal seja totalmente desenvolvido”. E isso só acontece aos 25 anos. (…) A adolescência é cultural, depende do país e da sociedade. O fenômeno fisiológico é a puberdade. ‘Crianças de rua não têm adolescência, só puberdade. Rapidamente se tornam adultos’, como diz o psiquiatra Luiz Alberto Py. Prolongar a adolescência além dos 18 anos é prolongar a angústia. O jovem não é tão despreparado quanto teme. Nem tão brilhante quanto gostaria.”

Ruth de Aquino, Época – 07/10/2013

 

“Ouvi de um rapaz que foi homossexual praticante durante muito tempo que nós afirmamos que a graça de Deus basta, que Deus ama o pecador. Cantamos para que eles venham como estão. Mas não no caso dos gays. No caso dos gays, pedimos que mudem primeiro. A igreja deve manter o mesmo convite para todos, para que todos possam caminhar em direção à vida que Cristo nos oferece.”

Ricardo Barbosa, Época – 07/10/2013

 

“Um dos principais termômetros do comportamento das pessoas é sua habilidade de interação social. Cada vez mais se acredita que ela pode ser um indicador precoce de problemas neurológicos ou psiquiátricos. São atributos como conseguir se relacionar num grupo, rir das piadas ou se importar com os sentimentos do próximo. Em resumo, conectar-se com o que acontece à sua volta.”

Jairo Bouer, Época – 07/10/2013

 

“O que conta na vida não são as vantagens que conseguimos no curto prazo. É, antes, o tipo de caráter que ‘floresce’ (uma palavra cara a Aristóteles) no curso de uma vida. E, para que esse caráter ‘floresça’, as virtudes são como músculos que praticamos e desenvolvemos. (…) Não é fácil olhar em volta e ver como a mesquinhez alheia triunfa e passa impune. Mas não confunda o transitório com o essencial.”

João Pereira Coutinho, Folha de S.Paulo – 08/10/2013

 

“O mundo adulto foi invadido pela busca da felicidade e da juventude, entre outras coisas, o que transformou muito o comportamento de quem já tinha maturidade. Dessa maneira, características antes creditadas apenas a adolescentes passaram a fazer parte da vida adulta também. A impulsividade, o imediatismo, a busca do prazer e da liberdade e o comportamento de risco, por exemplo, passaram a ser fatos corriqueiros na vida dos mais velhos. Ao mesmo tempo, as crianças passaram a perder a infância cada vez mais cedo e seus interesses, seu comportamento, suas vestimentas, sua vida social e a linguagem usada ficaram cada vez mais parecidas com as dos adolescentes. Por isso, a notícia que saiu dias atrás que, agora, a adolescência deve ser considerada um período que vai até os 25 anos não é nenhuma novidade. Já faz tempo que constatamos que a adolescência começa cada vez mais cedo e termina cada vez mais tarde. Quando termina! Por isso, não deve estar longe o tempo em que a adolescência vai se tornar um conceito obsoleto. Vai deixar de ser um período da vida para ser um estilo de vida.”

Rosely Sayão, Folha de S.Paulo – 08/10/2013

 

“A expectativa de que devemos estar sempre disponíveis para empregadores, colegas e família cria um obstáculo real para a tentativa de reservar um tempo privado. Mas esse tempo privado é mais importante do que nunca.”

Lesley M. M. Blume, The New York Times/Folha de S.Paulo – 08/10/2013

“Em um congresso internacional de moda, afirmei que o mercado reproduz as imagens dos velhos do século passado e não vê os “novos velhos” que têm projeto de vida, saúde, amor, felicidade, liberdade e beleza. (…) Somos mais livres para inventar nossa ‘bela velhice’.”

Mirian Goldenberg, Folha de S.Paulo – 08/10/2013

 

“Na sociedade de massa é preciso não sentir o que se pensa, nem pensar o que se sente. A banalidade do mal se desdobra no mal da banalidade.”

Luiz Gonzaga Beluzzo, Carta Capital – 09/10/2013

 

“Existem vários tipos de leitor, e acredito que os melhores são os que sabem alternar distância e proximidade em relação a seu objeto. Uma espécie de simulação: buscamos entender os argumentos de um autor, por mais repugnantes que pareçam à primeira vista, levando seus efeitos teóricos às últimas consequências e de lá voltando com algum ensinamento (edificante ou não).”

Michel Laub, Folha de S.Paulo – 11/10/2013

 

“O espectro da atenção contemporânea foi muito reduzido com a mídia digital. Um longo romance exige uma imersão que a distração contemporânea pode não comportar.”

Daniel Menaker, O Estado de S. Paulo – 11/10/2013

 

“Especialistas em educação advertem que a atenção internacional não deve diminuir em relação à situação do ensino no Paquistão: mais de 5 milhões de meninas em idade escolar não vão à escola e há um número muito maior de escolas para meninos do que para meninas.”

Taha Siddiqui, O Estado de S. Paulo – 11/10/2013

 

“Pouco tempo atrás, a uma criança que dissesse suas vontades, só se respondia ‘cresça e depois a gente conversa’. De repente, hoje, parece que o próprio fato de uma criança falar seja garantia da qualidade (‘verídica’) do desejo que ela expressa (talvez por isso, aliás, não saibamos mais o que fazer quando as crianças dizem que preferem dormir tarde, estudar outro dia etc.). Será que nos esquecemos de que uma criança inventa, finge, mente, que nem gente grande, se não mais?”

Contardo Calligaris, Folha de S.Paulo – 12/10/2013

38ª semana de 2013

“A depressão cresce entre as crianças em parte pelas razões pelas quais está aumentando em toda a sociedade, mas também porque as crianças estão sob mais pressão, são mais superestimuladas, mais levadas a se movimentar de um lugar para o outro e de escola para escola. Isso acontece porque os pais estão ambos trabalhando fora, e as crianças têm ficado com uma variedade de cuidadores que as amam menos que os pais. Isso acontece por causa do colapso da família.”

Andrew Solomon, O Estado de S.Paulo – 15/09/2013

 

“Alguns trabalhos recentes mostram que, em tempos em que tudo acontece nas redes sociais, declarações e publicações em páginas pessoais poderiam dar pistas para amigos e parentes das intenções de alguém que enfrenta sérias dificuldades. Estar atento a esses sinais poderia ajudar a evitar suicídios.”

Jairo Bouer, O Estado de S.Paulo – 15/09/2013

 

“Se você deixar, tudo gira em torno do dinheiro. Depende de como você encara a profissão. (…) Os temas mais perturbadores são os que nos levam a um maior entendimento sobre a vida.”

Jake Gyllenhaal, ator, O Estado de S.Paulo – 15/09/2013

 

“Estar pobre torna as pessoas menos capazes de fazer as coisas direito e afeta a habilidade de pensar.”

Eldar Shafir, Folha de S.Paulo – 15/09/2013

 

“‘Câncer’ são centenas de doenças diferentes. Não há uma cura, mas muitas. A genética nos dá uma nova visão da doença. A batalha é longa e, quanto mais vivermos, maior será a probabilidade de que algo dê errado. No meio tempo, 50% dos cânceres são evitados com medidas como não fumar e evitar muito sol.”

Marcelo Gleiser, Folha de S.Paulo – 15/09/2013

 

“Hoje existe essa coisa de ‘escolha’, profissão, filhos depois da pós, direitos iguais, ar-condicionado, reposição hormonal, bolsa Prada. Esquecemos que direitos e escolhas são produtos mais caros do que bolsa Prada. Pensamos que brotam em árvores.”

Luiz Felipe Pondé, Folha de S.Paulo – 16/09/2013

 

“Não a afetividade melosa de incontáveis declarações de amor ao filho, e sim a amorosidade de introduzi-lo na vida como ela é, de dar banhos de realidade no filho de acordo com a idade que ele tem.”

Rosely Sayão, Folha de S.Paulo – 17/09/2013

 

“A primeira lição a tirar de junho é a seguinte: a política brasileira transformou-se em algo profundamente instável. Nada nos garante que não estamos vendo apenas um momento de calmaria antes de uma nova tempestade. Note-se como, desde junho, este país viveu, de maneira praticamente ininterrupta, em um estado contínuo de manifestações de toda ordem. (…) Por um momento, parecia que certas instituições brasileiras tinham sentido o golpe. Tudo isso durou um instante. Logo em seguida, tais instituições demonstraram seu caráter radicalmente irredutível em relação a reformas e voltaram a operar como sempre operaram. (…) Nada mais equivocado do que confiar em uma calmaria aparente. Quando uma sociedade acorda, ela não volta a dormir completamente. Na verdade, sua elaboração passa a um estado de latência. Em latência, ela vai aos poucos se desacostumando de suas antigas formas, até que chega o momento em que provocar mudanças equivale a chutar uma porta podre. Muitas das transformações fundamentais ocorrem assim, ou seja, o trabalho mais importante foi feito em silêncio aparente.”

Vladimir Safatle, Folha de S.Paulo – 17/09/2013

 

“Não educar bem uma criança, deixá-la crescer no shopping center, consumindo loucamente sem ter desafios e sonhos que transcendam um abdômen de tanquinho e o próximo modelo de iPhone é falta de amor com ela e falta de responsabilidade com o país.”

Nizan Guanaes, Folha de S.Paulo – 17/09/2013

36ª semana de 2013

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“Segundo pesquisa da PWC, em 2040 cerca de 57% da população brasileira em idade ativa será composta por pessoas com mais de 45 anos. (…)Para os indivíduos, as crises de meia idade devem acontecer mais tarde, pois quem chega aos 40 anos tem em média mais quarenta pela frente. Tempo suficiente para rever e até mudar a carreira. Mas, em função das características do mercado atual, jovens de 28 anos já se consideram velhos, pois reina a crença de que velho, para as organizações, são profissionais em torno dos 40 anos. Para muitos jovens, a percepção de crescimento fica muito limitada. Isso causa muita frustração, já que se tem a ideia de que lhes resta pouco tempo para chegar às posições de liderança. (…) Quem é esse idoso hoje? Certamente não são os profissionais ativos na faixa dos 50 e 60 anos. Segundo a pesquisa, as empresas até reconhecem que esse grupo é melhor em realização de diagnósticos (87%), resolução de problemas (86%) e equilíbrio emocional (96%), além da fidelidade (89%), o que impacta fortemente os índices de rotatividade -um problema sério dos mais jovens.”

Adriana Gomes, Folha de S.Paulo – 01/09/2013

 

“A evolução da educação é um exemplo de como chegamos não ao final de um velho processo, mas ao começo de um novo. Mesmo com tantas deficiências, as estatísticas mostram que, de 1991 a 2010, tivemos avanços fundamentais nessa área, aponta a compilação de dados do Ipea. Em 20 anos, o número de crianças de 5 a 6 anos frequentando a escola pulou de 37,3% para 91,1% do total; o de jovens de 15 a 17 anos com fundamental completo passou de 20% para 57,2%. Mesmo insuficientes, são conquistas importantes. Se ainda não conseguimos garantir educação de qualidade a todos, ampliamos muito o acesso à educação. E educação puxa educação. É esse o caminho.”

Nizan Guanaes, Folha de S.Paulo – 03/09/2013

 

“Conviver com a dúvida tem sido cada vez mais difícil. Quanto mais se amplia o leque de escolhas em qualquer atividade da vida, menos dúvidas queremos ter. Queremos fazer a escolha certa, para a qual não restaria dúvida alguma. Não mais nos contentamos com a melhor escolha possível ou com uma escolha suficientemente boa. Difícil, senão impossível, viver dessa maneira, não é verdade?”

Rosely Sayão, Folha de S.Paulo – 03/09/2013

 

“Mergulhados na nossa irreprimível condição narcísica, usamos a tecnologia e as redes sociais para montar pequenos altares públicos aos nossos umbigos privados.”

João Pereira Coutinho, Folha de S.Paulo – 03/09/2013

 

“Para as convenções da estatística econômica, estão em idade ativa pouco menos de 70% da população brasileira, aqueles com idade entre 15 e 65 anos, entre a adolescência e a aposentadoria. Isso significa que o país está muito perto do auge da contribuição das transformações demográficas para o crescimento da produção e da renda. Com o número de crianças em queda e o de idosos ainda relativamente pequeno, há menos inativos a serem mantidos com as riquezas geradas pelo trabalho dos demais. O mundo desenvolvido já atravessou essa etapa do amadurecimento, quando há maior margem para poupança, chances de aprimorar a educação com o aumento dos gastos dos governos e das famílias por criança e até melhora da segurança pública. Economistas, propensos à intranquilidade, alertam cada vez mais frequentemente para o risco de o país não aproveitar ao máximo essa oportunidade. Afinal, depois da Copa de 2022, no Qatar, o envelhecimento dos brasileiros já estará tão avançado que a proporção de inativos reassumirá a tendência de alta.”

Gustavo Patu, Folha de S.Paulo – 03/09/2013

 

“A adolescência é crise brutal. A criança é tomada por hormônios, mudanças corporais que a deixam mais forte e mais erotizada. O intercâmbio amoroso-sexual se apresenta. Ambições de não ser mais tratada como criança. Embates de autoridade em casa. Tentativas de inserção social, questões de autoestima, dúvidas de imagem corporal, de direito aos desejos que descobre em si (ou vergonha deles). É um momento delicado.”

Francisco Daudt, Folha de S.Paulo – 04/09/2013

 

“Existem duas concepções sobre o que venha ser criança, tais concepções emergiram a partir do Renascimento e se distinguiram com mais clareza no século 18. A primeira, mais disciplinadora, diz que ela é um ser que precisa ser cuidado, educado e, de alguma forma, moldado para se tornar um adulto moralmente competente e com conhecimento para agir em sociedade. A segunda mais romântica, defende que ela seja pensada como um ser em desenvolvimento, que demanda proteção de qualquer efeito funesto da sociedade porque é naturalmente boa e inocente. A partir da década de 1980, a Sociologia da Infância propõe uma alternativa de definição e começa a pensar os pequenos em si próprios, como seres humanos densos e plenos, que não são estão em fase de integração e inclusão, defendendo que vivem plenamente integrados à sociedade. Eles são capazes de refletir e expressar as contradições sociais pelo seu modo de ver o mundo.”

Manuel Sarmento, diretor do Instituto de Educação da Universidade do Minho/Portugal, Nova Escola, setembro de 2013

15ª semana de 2012

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“Só progrediremos moralmente como espécie quando tornarmos a proteção da vida um lema.”
Marcelo Gleiser – Folha de S.Paulo, 08/04/2012

“Para os cristãos, a Páscoa celebra a liberdade da alma diante das várias escravidões da vida. […] Cristãos comem o corpo e bebem o sangue de Cristo, um inocente. E “nós” o matamos ou você duvida de qual lado você estaria na história?”
Luiz Felipe Pondé – Folha de S.Paulo, 09/04/2012

“Eles precisam viver no mundo como ele é, viver nos mesmos espaços públicos que todos, inclusive o espaço escolar, e conviver com todo tipo de pessoa, não apenas com aqueles que também portam diferenças aparentes. Todos somos diferentes. Se não respeitarmos as diferenças, se não aprendermos a conviver com a diferença, isso recairá, uma hora ou outra, contra nós e contra nossos filhos.”
Rosely Sayão – Folha de S.Paulo, 10/04/2012

“O Brasil enfrenta hoje um grande desafio geopolítico e geoeconômico. Temos de sair de uma posição defensiva nas políticas econômica e externa e decidir que país queremos ser.”
Rubens Barbosa – O Estado de S. Paulo, 10/04/2012

“No Brasil, muitas pessoas ainda acreditam que viver só não é uma escolha legítima para a mulher. Em uma cultura que considera ter um marido como um capital, as mulheres sozinhas são vistas como párias. Enquanto em outras culturas viver só é uma opção cada vez mais desejável, aqui ainda é sinônimo de exclusão social e de fracasso pessoal.”
Mirian Goldenberg – Folha de S.Paulo, 10/04/2012

“Já quase a metade dos brasileiros (48,5%) está com excesso de peso. Isso é um problema sério. Ao que parece, seguimos a mesma rota dos EUA, onde a epidemia de obesidade teve início e a proporção de gordos já beira os 75%. […] A obesidade é uma doença crônica, incurável e intratável porque vencê-la exige passar por cima de todos os nossos instintos alimentares.”
Hélio Schwartsman – Folha de S.Paulo, 11/04/2012

“É impossível deter as Cachoeiras de desejos, sobretudo quando são proibidos por lei, mas aceitos placidamente pelos costumes da terra, como a amizade e a malandragem. Essas coisas que viciam, como disse um deputado mineiro que construiu um castelo feudal. E, mais que isso, a certeza de que o governo tem muito mais do que pode administrar. Principalmente quando se sabe que aquilo que é de todos (ainda) não é de ninguém. Como prender bandidos num país onde mentir em causa própria é um princípio constitutivo do sistema legal?”
Roberto DaMatta – O Estado de S. Paulo, 11/04/2012

“Além de ser um direito, a educação inclusiva é uma resposta inteligente às demandas do mundo contemporâneo. Incentiva uma pedagogia não homogeneizadora e desenvolve competências interpessoais. A sala de aula deveria espelhar a diversidade humana, não escondê-la. Claro que isso gera novas tensões e conflitos, mas também estimula as habilidades morais para a convivência democrática. O resultado final, desfocado pela miopia de alguns, é uma educação melhor para todos.”
Rodrigo Mendes – Folha de S.Paulo, 12/04/2012

“Quando todas as portas estão fechadas, os perdedores têm ao menos a sabedoria dos que foram profundamente feridos e que lhes permite reconhecer e sentir a dor e vulnerabilidade dos outros. Isso explica que saibam dar a ternura e amizade que jamais receberam.”
Antonio Skármeta – O Estado de S. Paulo, 14/04/2012

“No fundo, o centralizador faz do controle uma forma de suprir o poder que, na verdade, não tem.”
Fabio Steinberg, Revista Alfa – abril de 2012

“Muita gente pensa que aprendizado é só o que você consegue apresentar, colocar no papel. Mas é muito mais. No trabalho, as pessoas lidam com problemas mais complexos. Para solucioná-los, é necessário muitas vezes recorrer a diferentes tipos de conhecimento e experiências, ser capaz de reuni-los e aplicá-los. Esse tipo de competência é pouco ensinado e avaliado nas escolas. Os profissionais aprendem mais na prática e geralmente nem conseguem explicar como e onde aprenderam.”
Michel Eraut, Revista Vocês/a – abril de 2012

39ª semana de 2011

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“Sempre se soube que os seres humanos excepcionalmente bonitos gozavam alguns privilégios em relação aos demais. Agora, o senso comum tornou-se mensurável. Para captar esse fenômeno, Hakim, professora da London School of Economics, criou o conceito de ‘capital erótico’, que envolve, além da beleza física, virtudes como charme, desenvoltura, elegência e sensualidade. É uma adição atrevida às três formas de capital consagradas pelo sociólogo francês Pierre Bourdieu: o capital econômico (o que temos), o capital humano (o que sabemos) e o capital social (quem conhecemos). Hakim diz que as pesquisas realizadas nos Estados Unidos e no Canadá demonstram claramente que homens atraentes (quer dizer, com mais capital erótico) ganham entre 14% e 27% mais que os homens não atraentes – considerando que tudo o mais entre eles seja equivalente. Para as mulheres, a diferença varia entre 12% e 20%.”
Ivan Martins e Teresa Perosa – Revista Época, 26/09/2011

“Enquanto o amor romântico foi caracterizado por uma ideologia da espontaneidade, ligada, entre outras coisas, à atração sexual provocada pela presença de dois corpos físicos, a internet se baseia numa interação textual incorpórea, exigindo uma forma racionalizada de escolha do parceiro, distante daquela revelação inesperada, irrompendo na vida de uma pessoa contra a sua vontade e razão.”
Revista Carta Capital – 28/09/2011

“A matriz jurídica no Brasil visa a garantir que determinadas pessoas em certas posições jamais sejam punidas. Para elas sempre há uma brecha legal. […] A lei, ao se moldar ao perfil de poder do réu, se torna antiética. O estado brasileiro usa as leis para manter os maus costumes. É vital inverter essa lógica perversa.”
Roberto DaMatta, 75, antropólogo – Revista Veja, 28/09/2011

“O vício se desenvolve e se torna poderoso nas aguas turvas do desejo de morte, da falta de equipamento para enfrentar a vida, da fuga da realidade para uma solução mais fácil. […] O viciado é um náufrago: arrasta consigo s que o amam, e não sabe disso.”
Lya Luft– Revista Veja, 28/09/2011

“Minha aspiração dominante não é a de ser feliz: quero viver o que der e vier, comédias, tangos e também tragédias – quanto mais plenamente possível, sem covardia. Meu ideal de vida é a variedade e a intensidade das experiências, sejam elas alegres ou penosas.”
Contardo Calligaris – Folha de S.Paulo, 29/09/2011

“Um aspecto particular do neoliberalismo que incomoda muito, do Chile a Israel, é a privatização dos serviços públicos, pois significa um roubo manifesto do patrimônio da população. Para os que não possuem nada, deveria existir a escola pública, o hospital público, o transporte público, gratuitos ou subvencionados pela coletividade. Quando esses direitos básicos e inalienáveis são privatizados, não se configura apenas o roubo dos bens da cidadania (pois foram custados com impostos), mas também a destituição do único patrimônio das camadas mais pobres. Trata-se de uma dupla injustiça.”
Ignacio Ramonet, jornalista e sociólogo – Le Monde Diplomatique Brasil, setembro de 2011

“A repetição, diz Hegel, desempenha um papel crucial na história: quando algo acontece uma vez apenas, pode ser visto como simples acidente, algo que poderia ter sido evitado se a situação tivesse sido tratada de outra maneira; mas, quando o mesmo fato se repete, é sinal de que um processo histórico mais profundo está em ação. […] A mesma coisa aplica-se à crise financeira contínua. Em setembro de 2008, foi descrita como uma anomalia que poderia ser corrigida com uma melhor regulamentação etc.; agora, o acúmulo de sinais de um derretimento financeiro repetido deixa claro que estamos diante de um fenômeno estrutural.”
Slavoj Zizek, filósofo esloveno – Revista Cult, setembro de 2001

“Pais ficam aflitíssimos ao afirmar: ‘Gosto dos meus filhos igualmente’, por serem imediatamente contestados: ‘É mentira!’, brada o primeiro. ‘É mentira!’, repete o segundo, o terceiro e quantos mais filhos houver. ‘É mentira’, fala também a voz da consciência na cabeça dos pais: eles sabem que é mentira, mas como confessá-la sem imediatamente não se verem taxados pelos filhos, e por si próprios, de injustos, interesseiros, parciais e mais e mais? Por suposto que é mentira e qual é o grande problema em afirmá-lo? A questão é que se condensam e se confundem, no termo ‘gostar’, afinidade e amor. O impasse pode ser facilmente resolvido se os pais souberem que o amor pelos filhos é igual, mas as afinidades com um ou com outro são obviamente diferentes, variando até mesmo no tempo e na circunstância.”
Jorge Forbes, psicanalista e psiquiatra – Revista Psique, setembro de 2011

20ª semana de 2011

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“As psicólogas holandesas Elianne van Steenbergen e Naomi Ellermers, da Universidade de Leiden, entrevistaram mulheres que tinham grande sucesso profissional e eram engajadas em várias causas e projetos pessoais. Segundo as entrevistas, ‘as supertrabalhadoras’ se sentiam ainda mais ativas quando se dedicavam à vida afetiva, aos parceiros, filhos e amigos. Já as que se dedicavam apenas à profissão, em detrimento de relações pessoais, mostravam-se mais cansadas e insatisfeitas. O resultado indica que não há, necessariamente, contradição entre trabalho e família – o maior desafio parece ser encontrar tempo para diversificar os interesses e investimentos afetivos e, assim, ter a possibilidade de viver experiências mais satisfatórias em diversas áreas.”
Nikolas Westerhoff, Revista Mente e Cérebro, maio de 2011

“Se alguém perguntar se sua vida foi, até agora, um sucesso ou um fracasso, o que você vai responder? O que é ter tido uma vida de sucesso? Bem, depende de cada um. […] Temos todos -quase todos- excelentes razões para achar que nossa vida foi gloriosa ou um vale de lágrimas. Você, por exemplo, já deve ter passado por ótimos e por péssimos momentos; quais ficaram na sua cabeça, ou melhor, no seu coração? Os melhores ou os piores?”
Danuza Leão, Folha de S.Paulo, 15/05/2011

“Pesquisa da faculdade de saúde pública de Harvard revela que sim: tanto a tristeza como a felicidade ‘pegam’. Usando recursos da epidemiologia, os pesquisadores mediram como pessoas que demonstram alegria propagam uma atitude mais positiva entre familiares e amigos, gerando um contágio. Viram também que a tristeza passa por fenômeno semelhante, mas (felizmente) sem a mesma intensidade da felicidade. A informação é baseada no acompanhamento de 5.000 pessoas durante 20 anos.
Os cientistas da felicidade, usando equipamentos de ressonância magnética e grupos de controle, estão dando caráter científico a práticas milenares, como a meditação. Esse conhecimento já vem sendo experimentado nos hospitais para ajudar na recuperação de pacientes.
Também nos hospitais são feitos testes que revelam como pessoas alto-astrais têm menos propensão a problemas do coração, hipertensão, diabetes ou infecções respiratórias. Vemos, assim, como determinadas sensações provocam reações bioquímicas no corpo.”
Gilberto Dimenstein, Folha de S.Paulo, 15/05/2011

“Hoje, não queremos apenas ser felizes. Sentimos a obrigação esmagadora de o ser: de acumular os objetos, as experiências e as aparências de uma utopia pessoal tão devastadora como as utopias coletivas do passado. […] Quem vive para um único fim perfeito não pode tolerar uma multidão de momentos imperfeitos.”
João Pereira Coutinho, Folha de S.Paulo, 17/05/2011

“Em muitas dessas vezes, a origem da depressão não é uma perda, nem propriamente uma frustração, mas a aparição de um desejo novo que não foi reconhecido. E os novos desejos, sobretudo quando são silenciados, desvalorizam a vida que estamos vivendo.”
Contardo Calligaris, Folha de S.Paulo, 19/05/2011

“Acho que as corporações são abatedouros da alma humana. Ainda temos um longo caminho pela frente até encontrar o equilíbrio entre vida pessoal e trabalho. A natureza das empresas é fazer o profissional trabalhar o máximo possível. Elas querem fazer dinheiro”.
Nigel Marsh, 48, presidente de uma empresa do grupo Young & Rubicam, Você S/A, maio de 2011

“Há muitas oportunidades no Brasil, em todos os setores da economia – agricultura, petróleo, gás, etanol, energia elétrica, aviação. O setor privado brasileiro é um dos mais fortes do mundo.”
William Rhodes, banqueiro americano, Revista Época, 16/05/2011

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