Posts tagged violência

30ª semana de 2012

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“Quem acredita que improviso é importante é músico de jazz. Executivo que improvisa o tempo todo vai ter problema. O Meu perfil é o seguinte: sou uma pessoa que trabalha em time sem abdicar da liderança. Em outras palavras: eu delego atividades, mas não delego a responsabilidade de liderar a empresa. Eu acho que ninguém constrói nada sem uma grande equipe, mas não abro mão de que essa equipe precisa ter uma direção e uma liderança adequada. Agora, eu não consigo trabalhar num ambiente que não seja alegre, light, num ambiente onde a cobrança existe, mas o ambiente não precisa ser mal humorado.”
José Luiz Rossi, da C. Braxis Capgemini, – O Estado de S.Paulo, 22/07/2012

“Igreja que mais cresce no Brasil e com a maior representação na bancada evangélica do Congresso Nacional, a Assembleia de Deus prepara a sua ofensiva para as eleições municipais. A expectativa da liderança deste grupo do movimento pentecostal é ter um vereador em cada uma das 5.565 cidades brasileiras. Para alcançar o resultado, a igreja aposta em números revelados no recém-divulgado Censo 2010. Dos 42 milhões evangélicos identificados pela pesquisa, 12 milhões são fiéis da Assembleia de Deus, que registrou um aumento de 4 milhões de pessoas em relação ao levantamento anterior do IBGE, de 2000. […] ‘Temos igrejas em 95% dos municípios e isso favorece a divulgação dos candidatos. Nosso projeto é ter um vereador em cada cidade do país’, revela o pastor Lélis Washington Marinhos, presidente do conselho político nacional da Convenção Geral das Igrejas Assembleia de Deus no Brasil (CGIADB).”
Denise Menchen – Folha de S.Paulo, 22/07/2012

“Uma paixão é a melhor coisa do mundo -para quem a está vivendo. Mas para as testemunhas desse sentimento inigualável, tema de inspiração dos poetas, o assunto é discutível. Por mais que se torça para que as pessoas de quem gostamos se apaixonem e sejam muito felizes, quando isso acontece, a tendência é guardar uma certa distância; com o tempo, essa distância vai ficando cada vez maior, pois quem está apaixonado se transforma em outra pessoa, e tão diferente que ninguém reconhece mais. […] As coisas acontecem naturalmente: os amigos se afastam, eles se afastam dos amigos e se tornam pessoas sem passado -e uma pessoa sem passado não é ninguém; aliás, não é nada. Ninguém pode abrir mão do seu, e olha que cada um de nós tem pelo menos uma coisa -ou várias- que preferia que não tivesse acontecido ou que pelo menos ninguém jamais soubesse. […] Ah, a paixão. É muito boa enquanto dura, mas impede que se viva qualquer outra coisa, a não ser ela mesma. Um dia -que me perdoem os que estão apaixonados- cansa. Cansa, não: exaure.”
Danuza Leão – Folha de S.Paulo, 22/07/2012

“Juventude batalhadora sabe que não se levanta um país na base do quebra-galho e do jogo de cintura. O futuro depende de esforços pessoais que se somam e começam a mudar pequenas coisas. É preciso fazer o que é correto, e não o que pega bem. Mudar os rumos exige, acima de tudo, a coragem de assumir mudanças pessoais. nova tendência tem raízes profundas. Os filhos da permissividade e do jeitinho sentem intensa necessidade de consistência profissional e de âncoras éticas. O Brasil do corporativismo, da impunidade do dinheiro e da força do sobrenome vai, aos poucos, abrindo espaço para a cultura do trabalho, da competência e do talento. O auê vai sendo substituído pela transpiração.”
Carlos Alberto Di Franco – O Estado de S.Paulo, 23/07/2012

“A comparação talvez soe esdrúxula, mas não é tão absurda assim: a Marcha para Jesus e a Parada Gay têm em comum a pretensão de afirmar a legitimidade e o poder de uma forma de vida (ou de culto) até então tida como minoritária. São manifestações politicamente equivalentes. A multidão é um sujeito político muito recente, que só entrou em cena a partir do crescimento das cidades e da ordem democrática. Multidões tomam as ruas para mostrar força e, graças a Deus, são diversas. Um dia são ecológicas. No outro, andam de bicicleta. Numa noite, é corintiana. Noutra noite, é Carnaval. Multidões também festejam o esquecimento e a antipolítica, como quando vão ouvir pagode e comprar rifa nos megashows de Primeiro de Maio – o mais despolitizado de todos os comícios.”
Eugênio Bucci – Revista Época – 23/07/2012

“Os dependentes em tecnologia têm sempre mil desculpas para defender o vício. Falo por experiência. Quando a gente fica cansado de olhares de censura, usa aparelho escondido ou procura outros dependentes para conviver sem repressão. Os profissionais vão dizer que precisam ficar noite e dia disponíveis. Hoje em dia, pega bem se intitular workaholic (viciado em trabalho) ou contar como vive com tão poucas horas de sono e tantas doses de café. Será que alguém fica mais inteligente ou criativo assim? Duvido. Cafeína é sabidamente um alcaloide que causa dependência. Quem precisa tomar café para raciocinar está apenas provando sua dependência. […] A grande maioria dos dependentes elogia todos os benefícios da vida on-line: fazer muitas coisas ao mesmo tempo, reduzir distâncias, ter acesso a mais informações, descobrir coisas novas, fazer mais contatos, expor-se para o mundo. […] Checar e rechecar a cada minuto e-mails, notícias e redes sociais pode ser algo angustiante e improdutivo. Vejo milhares de pessoas on-line, mas pouquíssimas pessoalmente. Tenho acesso à informação de toda a internet mundial, mas frequentemente não sei nem por onde começar, de tanta bobagem que me rouba o tempo. Posso me expressar livremente, mas sou obrigada a me deparar com comentários preconceituosos, mal informados e mal escritos de pessoas que nem conheço. O lado B da internet é imenso. Mas qual é a linha que separa o uso produtivo, divertido, enriquecedor da pura dependência, improdutiva, que traz sofrimento? O problema em ficar distraído ou simplesmente entretido na internet é a perda de tempo e a dificuldade de se aprofundar. O problema das mensagens curtas e rápidas é que nos consomem um tempo enorme e raramente são profundas. O problema do excesso de informação é nossa dificuldade em selecionar, processar e reter o que importa. Quem se preocupa com o futuro dos adolescentes hiperconectados de hoje teme a hipótese de que eles possam deixar de desenvolver capacidade de pensar com profundidade e possam perder o traquejo social na vida real, além de ficarem dependentes das funcionalidades de seus eletrônicos.”
Marion Strecker – Folha de S.Paulo, 26/07/2012

“Na madrugada do dia 20, em Aurora, Colorado, um tal James Holmes, 24, vestido à la Bane e armado de rifle, espingarda e duas pistolas, atirou na plateia que assistia à pré-estreia do filme. Ele matou 12 pessoas e feriu dezenas. Por sorte, a arma mais letal, o rifle, travou no meio da matança. […] James Holmes estava disfarçado de Bane e com os cabelos do Curinga. A moral dessa história é que os ‘ruins’ se vestem de Bane ou de Curinga: eles querem se destacar, mostrar ao mundo que eles são únicos e confirmar seu ‘glamour’ graças ao nosso olhar – admirativo ou apavorado, pouco importa, contanto que fiquemos vidrados neles.”
Contardo Calligaris – Folha de S.Paulo, 26/07/2012

“Acho que estamos condenados a vagar numa espécie de limbo, sem nunca entender por que esse é o nosso destino. Eu sempre tive a sensação de que, como seres humanos, estamos presos em nosso próprio pesadelo. A realidade é opressiva e desgastante, e estamos constantemente à procura de um meio de fuga, seja um livro, um evento esportivo ou um filme. Tendemos a querer estar em outro lugar. Para a maioria dos meus fãs, eu levo uma vida muito boa. É um engano que eu quero manter por tanto tempo quanto possível.”
Wood Allen, Revista Alfa – julho de 2012

22ª semana de 2012

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“A sabedoria das decisões enfrenta para ser eficaz um desafio adicional: a de que os destinatários mostrem igual sabedoria e comedimento, que se disponham a sacrificar algo da perspectiva particular em favor do predomínio do interesse coletivo maior. […] Se isso ocorrer, poderemos dizer que o Brasil se move na direção certa, dando realidade às quatro ideias-força que resumem o progresso da consciência humana no século 21: os direitos humanos, o meio ambiente, a igualdade entre mulheres e homens, a realização do desenvolvimento pleno definido como a promoção de todos os homens e do homem como um todo.”
Rubens Ricupero – Folha de S.Paulo, 28/05/2012

“Quando as universidades deixam de ser lugares de excelência e viram laboratórios de fanatismo ideológico, o céu é o limite.”
João Pereira Coutinho – Folha de S.Paulo, 29/05/2012

“Somos levados a acreditar que a violência só acontece no coração dos criminosos, dos terroristas, mas a maldade está em cada ser humano, dentro de casa, na estupidez ou no desrespeito com o companheiro, com os filhos.”
Prem Baba – Folha de S.Paulo, 29/05/2012

“O preço da liberdade é a vigilância constante.”
Desmond Tutu – O Estado de S.Paulo, 29/05/2012

“A saúde é o espelho da nossa consciência, do que pensamos. Atualmente, estudos comprovam que pensamentos geram respostas fisiológicas correspondentes, que podem ser positivas ou negativas. Cada estado de humor fica impresso em nossas células. Mas temos a capacidade de controlar algumas reações do organismo por meio do domínio dos pensamentos.”
Deepak Chopra, Revista IstoÉ – 30/05/2012

“Ao dar ênfase à economia verde como um novo caminho para o desenvolvimento sustentável, deixamos de evidenciar que nenhuma pauta valeria sem a confirmação da aceleração nas mudanças climáticas pela atividade humana, verdadeiro vetor que modifica a capacidade humana de sobreviver no planeta. […] Quem sabe as lutas ecológicas, que correm pelas moléculas sociais desde os anos 1960, possam impulsionar a ampulheta burocrática, empurrando os interesses individuais para a urgência que pedem os interesses coletivos. É o futuro que queremos.”
Isabel Gnaccarini – Folha de S.Paulo, 31/05/2012

“Estou em tratamento. Sou a paciente e minha própria médica. Tomei consciência de quanto viciada e intoxicada estou de tecnologia. Demorei a perceber. Achava que sempre era eu quem estava no comando da situação. É assim com qualquer dependência. Achei que sabia tirar o melhor proveito dos eletrônicos, dos sistemas, dos sites, das redes sociais. Mas agora reconheço que não. Agora reconheço que quem mandava no meu tempo não era eu: era o fluxo dos aparelhos e sistemas eletrônicos que uso. Era qualquer um, menos eu. Comecei a desconfiar de que havia algo errado quando meu tempo desapareceu. Sim: desapareceu, escafedeu-se, sumiu. Por mais horas que ficasse à frente do computador todos os dias, tentando sofregamente trabalhar, minha produtividade caiu a um nível insuportável. […] Acho que essa hiperconectividade é no fundo um desejo infantil e irrealizável de ter tudo ao mesmo tempo agora. Sinto culpa e angústia por estar off-line, demorando para reagir a uma mensagem que talvez tenha chegado, embora eu ainda não saiba.”
Marion Strecker – Folha de S.Paulo, 31/05/2012

“Travessias são sempre difíceis e revestidas de peculiaridades. Por isso há os ritos de passagem. Seja para celebrar com um bom choro a saída do útero materno para a vida, para tolerar os primeiros dias de um luto com cerimônias religiosas e presença da família e amigos, as festas de saída da adolescência para a vida adulta, a celebração do casamento, o trote na universidade…”
Marta Suplicy – Folha de S.Paulo, 02/06/2012

“Mulheres apresentam risco aumentado para o transtorno depressivo maior ao longo da vida reprodutiva em uma proporção de 1,7 a 2,7 em relação aos homens. Esta diferença ocorre principalmente nos períodos pré-menstrual, puerperal e na perimenopausa. A prevalência de episódio depressivo ao longo da vida seria de 21,3% nas mulheres e 12,7% nos homens, nas idades entre 15 e 54 anos. Existem algumas diferenças no que se refere à sintomatologia do transtorno depressivo: mulheres apresenta, maior comorbidade com ansiedade e transtornos alimentares. Também apresentam maior número de queixas somáticas. Tentam o suicídio três vezes mais, mas os homens efetivam o ato em maior proporção. Fatores ambientais e estressores externos parecem exercer maior influência no humor das mulheres. Além disto, o episódio depressivo costuma aparecer em idade mais precoce nesta população. O gênero também influenciaria a resposta aos antidepressivos. Estudos demonstram que mulheres mais jovens ou abaixo dos 50 anos teriam melhor resposta a antidepressivos como os inibidores seletivos da recaptura da serotonina (ISRS). Os homens teriam melhor resposta aos antidepressivos tricíclicos (ADTs) e esta diferença na pós-menopausa, ou seja, após este período, homens e mulheres apresentariam respostas semelhantes em relação às classes dos antidepressivos.”
Joel Rennó Júnior, Revista Psique – maio de 2012

9ª semana de 2011

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“Nada agride mais que a bondade explícita.”

Arnaldo Jabor, O Estado de S.Paulo, 01/03/2011

 

“5 mulheres agredidas a cada 2 minutos no Brasil, vítimas, sobretudo, da violência doméstica. Os dados são da Fundação Perseu Abramo e do Sesc. Essas duas entidades realizaram pesquisa com 2.365 mulheres espancadas e 1.181 homens agressores.”

Revista IstoÉ – 02/03/2011

 

“Um dos expoentes da Assembleia de Deus, o pastor Silas Malafaia pregou na semana passada, em um templo novinho de Vitória em Cristo, em Araruama, município da região dos Lagos fluminense. Pouco louvor e mais terror. Depois de informar o custo da igreja (R$ 600 mil), ele foi direto com os fiéis: ‘Quem não der oferta, tudo bem. Mas não sairá daqui abençoado.’ Considerando que a bênção vem de Deus, parte do público deixou o local.”

Ricardo Boechat, Ronaldo Herdy, Revista IstoÉ – 02/03/2011

 

“A retomada do crescimento econômico do país, em 2010, favoreceu também o mercado editorial. A editora Universo dos Livros teve crescimento de 220% nas vendas. Contribuíram para a alta os mais de 100 mil exemplares do livro ‘O Homem que Falava com Espíritos’, biografia de Chico Xavier. Em relação a 2009, a editora teve um crescimento de 15% nas vendas. Em 2011, o grupo pretende lançar 270 livros, 20 a mais do que no ano passado. ‘Vamos investir em projetos de autores nacionais, e-books e audiolivros’, diz Alexandre Mathias, diretor-executivo da editora. Também em relação a 2009, a editora Record cresceu 22%. Para este ano, a empresa estima um aumento de 16% nas vendas.”

Folha de S.Paulo, 03/03/2011

 

“A Amazon anunciou recentemente que o e-book já é o formato de livro mais vendido no site, ultrapassando as edições em brochura, que desde o início foram o principal ganha-pão da rede. Eu trabalho em uma editora, e cada anúncio desses é recebido com um misto de apreensão, cautela e ansiedade. Num primeiro momento, a relação com o e-book foi de desconfiança: os aparelhos são caros no Brasil, a pirataria é galopante, essa moda vai passar. Mas o sucesso do Kindle e do iPad indica que, em breve, os leitores brasileiros poderão exigir das editoras que seus lançamentos e catálogos estejam disponíveis nesses formatos. […]O fato é que ainda não há um mercado de livros eletrônicos no Brasil. Sinto que a ansiedade às vezes leva as editoras e lojas a tentar ocupar esse espaço inexistente, em vez de entender como ele vai se configurar num futuro próximo. Para mim, não é o momento de se vender e-books no Brasil, e sim de criar condições para que esse mercado atinja seu potencial em nossas praias.”

André Conti, Folha de S.Paulo, 02/03/2011

 

“O problema é que, se por um lado estamos livres para opinar, por outro acabamos atados a uma competição mundial por audiência. Hoje, cada ser humano conectado à rede é uma miniempresa de comunicação de si mesmo, atrás de atenção.
O que pode nos levar a encarar as opiniões não como o que elas são, pontas de icebergs que revelam nossas visões de mundo, muitas vezes sem graça e parecidas com as da maioria das pessoas, mas como commodities a serem oferecidas ao mercado.
Atrás dos sinais imediatos de reverberação – retuítes, comentários no blog, polegares erguidos no Facebook ou mesmo e-mails desaforados à redação-, muita gente parece não refletir sobre o que pensa deste ou daquele assunto, mas calcular: qual a opinião mais “cool”, ou polêmica, ou bizarra, ou engraçada, para oferecer na bolsa mundial de ideias? Pior pro mundo, pois quando estamos dispostos a abraçar qualquer ponto de vista, o resultado inevitável é o cinismo -essa aridez existencial. […] Apresenta-se como pensamento crítico, uma defesa da liberdade individual contra as amarras da moral e do Estado, mas nada tem de corajoso.”

Antonio Prata, Folha de S.Paulo, 02/03/2011

 

“Casos de derrame aumentam entre os jovens, mostra levantamento dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças, ligados ao Departamento de Saúde dos EUA.
Em pouco mais de uma década, houve crescimento de 51% nas internações por acidente vascular cerebral isquêmico entre homens de 15 a 34 anos. Nas mulheres dessa faixa, a alta foi de 17%. […] No Brasil, as doenças cerebrovasculares também tiveram aumento expressivo entre os jovens, segundo números do Datasus, banco de dados do Ministério da Saúde. Entre 1998 e 2007, houve crescimento de 64% nas internações por AVC entre homens, e de 41% entre mulheres na faixa de 15 a 34 anos. […]”Pensam que é doença de velho, mas cada vez mais jovens chegam aos hospitais com perda de força nos membros, tonturas, sinais que antes só víamos entre pessoas de mais idade”, diz a neurologista Sheila Martins. O jovem, segundo ela, está ingerindo mais sal, bebendo mais álcool e comendo mal.”

Guilherme Genestreti, Folha de S.Paulo, 02/03/2011

 

“Não quero ser jovem, ou ser considerada como tal. Quero ser sempre sofisticada, isso sim, aparentar a idade que tenho e não ouvir que pareço mais jovem do que sou”.

Isabella Rossellini, Carta Capital – 02/03/2011

 

“Dados do Conselho Federal de Medicina mostram que possuímos no País 340 mil médicos, o que para uma população de 190 milhões representa 1,78 médicos para cada mil habitantes, número insuficiente quando comparado com os 2,6 nos Estados Unidos, 3 na Argentina, 3,2 na Europa Ocidental, 3,8 em Portugal e 6,6 por mil habitantes em Cuba. […] Essa deficiência é agravada pela distribuição dos médicos no território nacional. Mais da metade encontra-se nas capitais, enquanto nessas cidades vive apenas 20% da população. Isso pode levar à conclusão de que, nas capitais, o número de médicos é suficiente. Quando se verifica que Vitória possui um médico para 127 habitantes (7,8/mil), Recife tem um médico para 213 habitantes (4,7/mil), Porto Alegre um médico para 180  habitantes (5,5/mil), São Paulo um médico para 312 habitantes (3,2/mil), a conclusão de que as capitais estão bem atendidas parece correta. Ocorre que a concentração de médicos acompanha, aproximadamente, a distribuição dos hospitais. E, quando analisamos, por exemplo, na capital de São Paulo a disponibilidade de leitos hospitalares salta à vista a desigualdade da distribuição. […] Desde 1996, decidiu-se aumentar o número de cursos médicos. De, aproximadamente, 9 mil vagas, hoje ultrapassamos 15 mil e o número de faculdades, que era de 82, ampliou-se para 180. Entretanto, isso não foi acompanhado de melhora da distribuição de médicos, pois eles não estão sendo preparados para cuidar da população, mas para disputar vagas em residência médica.”

Adib Jatene, médico e ex-ministro da Saúde – Carta Capital – 02/03/2011

 

“Estar aberto às novidades é estar vivo. Fechar-se a elas é morrer estando vivo. Um certo equilíbrio entre as duas atitudes ajuda a nem ser antiquado demais nem ser superavançadinho, correndo o perigo de confusões ou ridículo. Sempre me fascinaram as mudanças – às vezes avanços, às vezes retorno à caverna, Hoje andam incrivelmente rápidas, atingindo nossos usos e costumes, ciência e tecnologia, com reflexos nas mais sofisticadas e nas menores coisas com que lidamos. Nossa visão de mundo se transforma, mas penso que não no mesmo ritmo; então de vez em quando nos pegamos dizendo, como nossas mães ou avós tanto tempo atrás: ‘Nossa! Como tudo mudou!’.”

Lya Luft, Veja – 02/03/2011

 

“Somos uma empresa que vive da inovação. Somos também uma empresa que cresceu vertiginosamente. Nosso desafio neste momento é impedir que haja uma perda de agilidade, uma ossificação.”

Eric Schmidt, 55, presidente do Google, Veja – 02/03/2011

8ª semana de 2011

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“Muitos jovens estão buscando outros rumos, abraçando a montanha-russa do empreendedorismo. Um número significativo de profissionais experientes persegue a mesma aventura. A motivação dos dois grupos é diferente: enquanto os mais jovens procuram a vertigem e o sucesso, os mais maduros frequentemente buscam apenas escapar do tédio e da frustração. Os riscos são consideráveis: as taxas de falência de novos negócios, próximas de 50%, atestam a distância entre o sonho e o feijão. […] Em lugar de se tornarem donos de seu tempo, veem-no esvair ainda mais rapidamente do que antes, a tentarem fazer frente a dezenas de tarefas, todas aparentemente urgentes. […] O momento os favorece e a vida nas pradarias do empreendedorismo tem seu charme: os horizontes são amplos e muitos caminhos continuam inexplorados. Porém, as chances de encontrar estrelas guias são escassas.”

Thomaz Wood Jr, Carta Capital – 23/02/2011

 

“Na última década, houve uma gigantesca evolução tecnológica dentro de uma mesma geração. Por isso, torna-se inconcebível pensar na ação formativa de crianças e jovens sem envolver as TICs (tecnologias de informação e comunicação).
Os educadores, que não experimentaram inicialmente essa vivência tecnológica, também se deparam com o desafio de entender o seu papel nesse contexto.
Computadores com acesso à internet já são realidade em boa parte das escolas. O sistema 1:1 -um computador para cada aluno ou jovem- começa a ser implementado, e os obstáculos de infraestrutura são lentamente superados. No entanto, o que para muitos era um jargão -“não basta ter acesso, é preciso saber o que fazer com a tecnologia”- hoje é a questão mais urgente a ser respondida. A tecnologia permite colocar pessoas em contato com pessoas e todas em contato com a informação, em qualquer tempo e de qualquer lugar. Este é o grande potencial das TIC’s na educação. No entanto, disponibilizar isso ao aluno, sem relacionar à sua formação, não tem valia.”

Adriana Martinelli Carvalho, Folha de S.Paulo – 21/02/2011

 

“Hoje, o carnaval se anuncia como um prenúncio de calamidade pública, uma ‘selva de epiléticos’, com massas se esmagando para provar nossa felicidade. A alegria natural do brasileiro foi transformada em produto. […] A infelicidade de hoje é dissimulada pela alegria obrigatória.”

Arnaldo Jabor, O Estado de S.Paulo – 22/02/2011

 

“Herdeiros de uma sensibilidade romântica abastardada, acreditamos que a arte deve ser “autêntica”, e que a “autenticidade” consiste em abrir as comportas da alma, despejar os nossos “sentimentos” e “emoções” na via pública e, por via dessa catarse, nos libertarmos das nossas neuroses pessoais. Segundo essa doutrina, a arte não é arte, é terapia. Um romance não é um romance, é uma sessão de psicanálise por escrito. E o artista não é um artista, é como um doente mental que vive no asilo psiquiátrico e que pinta, ou escreve, por motivos estritamente terapêuticos, antes da medicação noturna. Visitar grande parte dos nossos museus, dos nossos palcos ou das nossas estantes é tropeçar continuamente nessas alegres pornopopeias. Tragicamente, Aronofsky e companhia ignoram que a arte não é questão de expressão ou repressão, mas de disciplina e sublimação.”

João Pereira Coutinho, Folha de S.Paulo – 21/02/2011

 

“À medida que blogs, YouTube, Orkut, Facebook e Twitter passaram a dar a qualquer indivíduo um grau de exposição antes reservado às celebridades, as portas e janelas de todos foram abertas para multidões de voyeurs declarados. Quem está conectado em casa passou a estar, ao mesmo tempo, na rua. E vice-versa. Onde quer que se esteja, os amigos sempre estão por perto. Muitas vezes, perto demais. E nem são tão amigos assim.”

Luli Radfahrer, Folha de S.Paulo – 23/02/2011

 

“A música saiu da mão dos criadores e passou para a mão dos produtores. As grandes gravadoras que ainda existem, não apostam mais em diretores artísticos. Gostam mesmo é dos diretores de marketing. E o pior é que isso não acontece apenas no Brasil. É um fenômeno mundial. […] O problema é que os meios de comunicação desaprenderam a lidar com a música. […] O cara tem em casa meia dúzia de maquininhas eletrônicas maravilhosas, e ele mesmo produz seu disco, faz capa e mixa. Uma possível música do futuro, de qualidade, vai ser feita cada vez mais por esforços individuais. Tem de vir de baixo para cima, pois de cima para baixo não vem nada.”

Júlio Medaglia, 71, maestro, Revista Brasileiros – fevereiro de 2011

 

“Violência, uma anomalia social ou fruto da sociedade? As bases de definição de violência não são únicas como o senso comum prevê. Violência é um termo difícil de ser definido, pois, além de possuir muitas significações, é um termo subjetivo e que é entendido de várias maneiras dependendo do contexto social em que o sujeito vive. […] A sociedade está proliferada em todas as camadas da sociedade e nas mais diversas esferas. Crimes hediondos, falta de solidariedade e perversão da cidadania são alguns tipos de violência que acabam mostrando que o homem pós-moderno parece menosprezar-se. De maneira geral, são as crianças e jovens em pleno processo de formação de identidade e absorção de valores que acabam levando todo esse contexto de violência para si.”

Cecília Bernardes Francisco e Débora Lopes César, Revista Sociologia, fevereiro de 2011

 

“Sou um individualista-egoísta. Mão teria coragem de abdicar do meu conforto por um bem comum.”

Gilberto Braga, 65, novelista – Revista Marie Claire – fevereiro de 2011

 

“Depois de agir, examine o que fez e qual foi o resultado. É aqui que o aprendizado realmente ocorre. Refletir é algo fundamental – e funciona melhor se for uma prática regular. Reserve um tempo ao fim de cada dia, por exemplo (talvez no caminho de volta para casa). Que ações deram certo? O que poderia ser feito de forma diferente? Pense nas conversas que teve.”

Linda Hill e Kent Lineback, Harvard Business Review – fevereiro de 2011

4ª semana de 2011

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“Não há por que ter medo da laicidade. Reconhecer o direito de voz às lideranças religiosas na política não é o mesmo que conceder-lhes passe livre para a participação na deliberação política do Estado. A liberdade de expressão política é um direito inalienável para as pessoas religiosas ou não. A laicidade não silencia a participação política. A clássica separação entre Estado e igreja não é o afastamento das religiões da vida política, mas seu devido distanciamento das instituições básicas do Estado. […] Todos devem igualmente respeitar o princípio da neutralidade religiosa do Estado em suas atuações políticas oficiais. Não há, portanto, incompatibilidade moral entre a mulher de fé e a mulher de Estado. Só elegemos a mulher de Estado.”

Debora Diniz, professora da Unviersidade de Brasília e Pesquisadora da ANIS – Instituto de Bioética, Direitos Humanos e Gênero – O Estado de S.Paulo, 23/01/2011

 

“O estupro na guerra é tão antigo quanto a própria guerra. […] Para os soldados, há muito tem sido um espólio de guerra. Antony Beevor, historiador que escreveu sobre estupros durante a ocupação soviética da Alemanha, em 1945, diz que a violação pode ocorrer na guerra tanto por obra de soldados indisciplinados quanto como arma estratégica para humilhar e aterrorizar, como no caso das Forças Regulares de marroquinos que lutaram sob as ordens de Franco na Guerra Civil Espanhola. […] Teoricamente, as convenções de Genebra sobre tratamento dos civis durante a guerra são respeitadas por políticos e generais na maioria dos países civilizados. Mas no caos da guerra irregular, com exércitos privados ou milícias indisciplinadas, essas normas têm pouco peso.

A parte oriental do Congo tem sido caótica desde o genocídio em Ruanda, em 1994. Em 2008, o grupo humanitário Comitê de Resgate Internacional (IRC, em inglês) estimou que 5,4 milhões de pessoas já tinham morrido na ‘guerra mundial da África’. Apesar dos acordos de 2003 e 2008, a violência ainda não cessou. Há muitos números sobre quantas mulheres foram violadas, nenhum conclusivo. Em outubro de 2010, Roger Meece, chefe das Nações Unidas no Congo, disse ao Conselho de Segurança da ONU que 15 mil mulheres tinham sido estupradas em todo o país em 2009. O Fundo para a População da ONU estimou 17,5 mil vítimas no mesmo período. O IRC diz que tratou de 40 mil sobreviventes somente na província de Kivu Meridional, entre 2003 e 2008. Hillary Margolis, que dirige o programa de violência sexual do IRC, diz que esse dado representa um piso. Os verdadeiros números podem ser muito maiores. […] Um estudo recente da Iniciativa Humanitária de Harvard e da Oxfam examinou sobreviventes no Hospital Panzi, em Bukavu, cidade de Kivu Setentrional. Com idades de 3 a 80 anos, solteiras, casadas ou viúvas, de todas as etnias, foram estupradas em casas, campos e florestas, na frente dos maridos e dos filhos; quase 60% violadas por grupos. Filhos foram obrigados a violar as mães ou seriam mortos. […]

Mesmo quando as guerras terminam, o estupro continua. Agências humanitárias no Congo relatam altos níveis de violações em áreas hoje pacíficas, mas é difícil avaliar cifras. Não há números de antes de guerra e uma maior disposição para relatar violações pode explicar o aparente aumento.

Os esforços para integrar ex-combatentes na sociedade foram superficiais e malsucedidos, com pouca avaliação de resultados. Some-se o precário sistema judiciário e a previsão é sombria. É ainda mais inóspita quando se vê como os efeitos do estupro são duradouros. Rebeldes tomaram a aldeia de Angelique, em 1994. Degolaram seu marido, depois a amarraram entre duas árvores com os braços e as pernas afastados. Sete homens a estupraram antes que ela desmaiasse. Ela não sabe quantos outros a violaram em seguida. Depois eles enfiaram galhos em sua vagina. O tecido entre sua vagina e o reto foi rasgado e ela desenvolveu uma fístula. Durante 16 anos vazou urina e fezes. Agora recebe tratamento médico, mas a justiça é um sonho distante.”

The Economist/Carta Capital, 26/01/2011

 

“Foi com a Revolução Industrial que o trabalho atingiu o seu apogeu, sendo celebrado como motor da modernização e da transformação do mundo. Hoje, a nossa sociedade tem outros deuses: cultua mais o consumo do que a produção, valoriza mais a imagem do que o fato, celebra mais o cargo do que o batente.”

Thomaz Wood Jr., Carta Capital, 26/01/2011

 

“Quase 200 anos depois da Independência, ainda temos do Estado uma visão colonial. Trata-se de uma entidade arrecadatória, nascida de algum reino estrangeiro que inventa novas coisas para nos infernizar e que cumpre enganar do mesmo modo com que nos tapeia. A corrosão ética da coisa toda nasce, a rigor, da política, e não o contrário: por se tratar de uma cidadania imperfeita, de um autoritarismo latente, de uma democracia sem participação e de um Estado, afinal, sem dono, mas com muitos gerentes e coronéis, é que corromper ou obedecer são as saídas que conhecemos.”

Marcelo Coelho, Folha de S.Paulo – 26/01/2011

 

“No Brasil, onde uma mulher acaba de assumir a Presidência da República, apenas 5 das 100 maiores companhias em receita com vendas têm mulheres na presidência.
O número é baixo, mas o cenário era ainda menos favorável às mulheres em 2009, quando não havia nenhuma presidente nas cem maiores companhias. […] Só 3% das cadeiras de presidentes, em média, ficam com as mulheres, segundo a DMRH, consultoria em recursos humanos, que atende mais de 450 empresas. […] De acordo com a consultoria, 9% dos diretores e vice-presidentes das companhias são mulheres; elas são cerca de 35% dos gerentes e 50% dos trainees e analistas. […]

Em empresas que possuem conselho de administração -órgão que aprova decisões estratégicas da companhia, como a nomeação do presidente-executivo (CEO, na sigla em inglês)-, mulheres têm menos chances de chegar ao topo. […] Na Noruega, é obrigatório, desde 2008, que 40% dos conselhos de administração sejam compostos por mulheres. Na Espanha, foi aprovada uma lei semelhante, com a mesma cota, mas só entra em vigor em 2015.”

Carolina Matos, Folha de S.Paulo – 28/01/2011

 

“Um estudo publicado neste mês no periódico ‘Archives of General Psychiatry’, reacende o debate em torno do caráter genético da depressão. A pesquisa, das universidades de Michigan, EUA, e Würzburg, Alemanha, conclui que pessoas com uma variação mais curta do que a normal do gene 5-HTTLPR são mais propensas a ter depressão depois de situações estressantes. […] Segundo Srijan Sen, professor de psiquiatria da Universidade de Michigan e um dos autores novo trabalho, esses resultados já mudam a forma de encarar a depressão. ‘Ainda há muito estigma associado a ela. Ao identificarmos um fator genético, podemos compreender que é uma doença biológica’, diz. O psiquiatra André Brunoni concorda: ‘Ainda há pais que não compreendem a depressão dos filhos e acham que eles podem superar isso sozinhos’. E completa: ‘Pensar na depressão como uma doença com causa biológica, que não é preguiça ou mera insatisfação com a vida, ajuda’.”

Guilherme Genestreti, Folha de S.Paulo – 28/01/2011

 

“Em 2010, o número de doadores de órgãos foi 11% maior do que em 2009, segundo a ABTO (Associação de Brasileira de Transplante de Órgãos). Foram 1.842 doadores com órgãos transplantados. É a maior média da história. O número total de transplantes feitos no Brasil teve um aumento de 6,5%. Os tipos que mais tiveram aumento foram os transplantes de rim e de fígado. Segundo a ABTO, São Paulo é o Estado com maior proporção de doadores. A região Norte é a que tem menos doações.”

Folha de S.Paulo – 28/01/2011

 

“País mais populoso do mundo árabe, o Egito ostenta a segunda maior economia da região, atrás somente da Arábia Saudita. Comparado aos vizinhos, no entanto, seus índices socioeconômicos estão entre os piores. Dos 80 milhões de habitantes, dois terços são jovens abaixo de 30 anos, dos quais 90% estão desempregados.”

Folha de S.Paulo – 29/01/2011

 

“Somos incorrigivelmente vorazes. Queremos o máximo de informações no mínimo de tempo. Desafiamos, a cada momento, as barreiras do espaço. Reduzimos as distâncias com telefones celulares e operações digitais. Ainda que no trânsito ou no aeroporto, no trabalho ou no clube, a ‘coleira eletrônica’ impede que nos percam de vista. Entre uma marcha e outra, uma flexão abdominal e outra, uma opinião e outra no trabalho, controlamos os filhos, as aplicações financeiras, os negócios geograficamente distantes. Como Prometeu, queremos arrebatar o fogo dos deuses, fazendo de conta que não somos frágeis e mortais.”

Frei Betto, Caros Amigos – janeiro/2011

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