Posts tagged papa

45ª semana de 2013

“Como mostrou o psicólogo Irving Janis, o desejo de manter a coesão e a harmonia do grupo faz com que seus membros tentem agir sempre em bloco e de maneira às vezes patológica. Uma série de experimentos sugere que juntar muitas pessoas que pensam de forma parecida, numa sala ou na rede de computadores, resulta em maior polarização (radicalização das ideias), mais animosidade (sensação de onipotência em relação a outros grupos) e conformidade (supressão de dissensos internos).”

Hélio Schwartsman, Folha de S.Paulo – 03/11/2013

 

“Confiamos nas pessoas ao redor para nos ajudar a lembrar os detalhes da vida desde sempre. Sabemos mais ou menos em que somos ruins em lembrar e no que nossos amigos, mulheres e maridos são bons. Até inconscientemente. Eu sei que minha mulher é melhor com datas. Ela sabe que sou bom para lembrar onde ficam as coisas na casa. Nós armazenamos um volume grande de dados fora de nós, dentro de outras pessoas. E aprendemos que, coletivamente, chegamos a melhores lembranças, análises e soluções.”

Clive Thompson, Folha de S.Paulo – 04/11/2013

 

“Aprender algo novo é sempre difícil, por mais que a pessoa queira ou goste. Para aprender, é preciso reconhecer a própria ignorância, e isso tem sido cada vez mais difícil no nosso mundo.”

Rosely Sayão, Folha de S.Paulo – 05/11/2013

 

“Há pouco lugar para a tristeza. E a exaltação e excitação são confundidas com felicidade. Vivemos de uma forma mais estimulante, na qual emoções mais depressivas, reflexivas, não têm espaço.”

Regina Elisabeth Lordello Coimbra, Folha de S.Paulo – 05/11/2013

 

“Quando dizem que uma criança tem TDAH, penso: será que isso está certo? É mais cômodo dar remédio do que fazer terapia, mudar o comportamento. As crianças são nosso espelho. Será que a agitação delas não é culpa nossa?”

Kátia Christina Fonseca da Silva, Folha de S.Paulo – 05/11/2013

 

“O papa está lançando a igreja a uma agitação, no bom sentido, como não se vê há séculos.”

Clóvis Rossi, Folha de S.Paulo – 05/11/2013

 

“Os cem mais ricos do mundo incrementaram suas fortunas em US$ 200 bilhões entre 2012 e 2013, chegando a um total de US$ 2,1 trilhões, de acordo com a Bloomberg. O maior aumento foi de Mark Zuckerberg (Facebook), que dobrou sua fortuna de 1º de janeiro a 30 de setembro, para US$ 24,5 bilhões.”

Folha de S.Paulo – 06/11/2013

 

“É provável que as visitas aos cemitérios se tornem cada vez mais raras. Além de um túmulo concreto, muitos já erigem monumentos virtuais para seus entes queridos, e visitar os mortos, no futuro, talvez signifique passear por um lugar virtual: rever fotos e textos, lembrar-se e deixar um pensamento (há sites para isso, cemitérios virtuais –peoplememory.com, por exemplo).”

Contardo Calligaris, Folha de S.Paulo – 07/11/2013

 

“O trabalho é a principal atividade na sociedade contemporânea. Ele nos fornece o sustento material e a possibilidade de massagear o ego. A maioria de nós precisa estar bem no trabalho para estar bem na vida. Qual o motivo de termos tanta gente decepcionada com o trabalho no mundo corporativo? O problema começa quando nos damos conta de que dentro das empresas as pessoas são meros recursos. Como recursos, estão lá para satisfazer o interesse de acionista, ou seja, a maximização do lucro.”

Rafael Alcadipani, Você S/A – novembro de 2013

42ª semana de 2013

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“Fazei que não sejamos cristão de vitrine, mas saibamos meter mãos à obra para construir com o teu filho Jesus o seu reino de amor, de alegria e paz.”

Papa Francisco, Folha de S.Paulo – 13/10/2013

 

“Um dos maiores riscos é tentar fornecer uma espécie de solução-padrão que não leva em conta o contexto cultural.”

J. Neil Bearden, professor de ciências da decisão da Insead – Folha de S.Paulo – 13/10/2013

 

“Ter filho te insere, imediatamente, no entusiasmadíssimo clube dos que têm filhos. Um clube que você até sabia que existia, mas para o qual não dava a menor bola.”

Antonio Prata, Folha de S.Paulo – 13/10/2013

 

“A ‘inquisição das ruas’ hoje pensa que nossa sociedade está perdida e precisa ser salva por tais sacerdotes da pureza política. Mas o pior é que a classe intelectual é quase toda o alto clero dessa falácia. (…) Pessoas quebrando coisas na rua não implica em melhoria política.”

Luiz Felipe Pondé, Folha de S.Paulo – 14/10/2013

 

“A vida dos facebookianos pode até parecer uma campanha publicitária de margarina, com seus rostos alegres, bonitos e ensolarados. As melhores fotos são escolhidas a dedo, os sofrimentos são em geral escondidos e as informações que podem servir à imagem, à fama ou à vaidade das pessoas são publicadas ininterruptamente, sem parar.”

Marion Strecker, Folha de S.Paulo – 14/10/2013

 

“ ‘Mais escolas, menos estádios.’ Esta foi uma das frases mais ouvidas nas manifestações de junho. Ela indicava a consciência clara de que as prioridades de desenvolvimento estavam completamente invertidas. Mais do que isso. Que esta frase sido enunciada em um contexto de revolta, eis algo a demonstrar como a população esperava mais ações e menos retórica em relação à educação.”

Vladimir Safatle, Carta Capital – 16/10/2013

 

“A ciência está se tornando uma máquina cara e ineficiente, comumente monitorada por uma burocracia autista. E os cientistas se transformam em operários de uma linha de montagem autocentrada, frequentemente insensível às necessidades da sociedade. (…) Nas últimas décadas, o Brasil multiplicou seu número de cientistas. Há entre eles grandes cérebros, estrelas ascendentes e uma legião de abnegados. Muitos não honram, porém, o título. São pequenos burocratas, acomodados à lerdeza dos campi universitários. Vivem de verbas públicas. Realizam pesquisas de utilidade duvidosa para delas extrair a máxima vantagem.”

Thomaz Wood Jr., Carta Capital – 16/10/2013

 

“O texto literário é aquele que pede esforços de interpretação por aquelas caraterísticas que foram notadas pelos melhores leitores do século 20: por ser ambíguo (William Empson), aberto (Umberto Eco) e repleto de significações secundárias (Roland Barthes).”

Contardo Calligaris, Folha de S.Paulo – 17/10/2013

 

“O Brasil real é o das ruas com calçadas esburacadas e ônibus sujos e lotados. Da Justiça lenta e improdutiva. O Brasil é conservador. Seu conjunto de valores está em formação. A democracia só tem 25 anos.”

Fernando Rodrigues, Folha de S.Paulo – 19/10/2013

40ª semana de 2013

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“Não é a ciência que cria o bem ou o mal. A ciência cria conhecimento. Quem cria o bem ou o mal somos nós, a partir das escolhas que fazemos.”

Marcelo Gleiser, Folha de S.Paulo – 29/09/2013

  “Se você quiser ser um ser humano verdadeiramente livre – ir aonde você quiser, encontrar quem você quiser -, você precisa de uma estrutura muito rígida de ordem pública, de boas maneiras. Sem isso, nossa liberdade é sem sentido. Liberdade e ordem andam juntas.”

Slavoj Zizek, Folha de S.Paulo – 29/09/2013

  “Um dos méritos da arte moderna e contemporânea foi relativizar e ampliar a ideia de belo. Platão já questionava como era possível, para um escultor, esculpir belamente um homem feio. Seriam belas esculturas. Por que não posso considerar que algo emocionante ou estranho também seja tido como arte? E por que não posso chamar de belo aquilo que me faz revisitar o conceito do que seja belo?”

Noemi Jaffe, Folha de S.Paulo – 29/09/2013

  “Quando você fica longe do seu lugar, às vezes sua literatura esmorece.”

Milton Hatoum, Folha de S.Paulo – 29/09/2013

  “O mercado espera dos profissionais, além de uma lista sem fim de competências técnicas e comportamentais, muitas vezes incompatíveis com a função que a pessoa desempenha, também certa disposição para enfrentar as situações organizacionais como se estivesse em uma guerra.”

Adriana Gomes, Folha de S.Paulo – 29/09/2013

  “O maior pecado de ‘Cinquenta Tons’ é que ele vende uma fantasia: o homem ideal.”

Luiz Felipe Pondé, Folha de S.Paulo – 30/09/2013

  “É assim a inquietação: ou você nasce com ela ou não. E, se nasceu, vai passar a vida inteira com uma pressão no peito e outra na alma, querendo entender a vida e não entendendo direito, trocando sempre de casa, de objetivo e de analista, sem nunca chegar a uma conclusão. Um inquieto não tem sossego.”

Danuza Leão – Claudia – setembro de 2013

  “Sem a capacidade de não se deixar dominar pela emoção, não há como vencer o medo.”

Suzana Herculano-Houzel, Folha de S.Paulo – 01/10/2013

  “Haverá coisa mais triste do que uma existência inteiramente dedicada ao trabalho? Sobretudo a um trabalho que nos escraviza e desumaniza?”

João Pereira Coutinho, Folha de S.Paulo – 01/10/2013

  “O país merece tratar igualmente bem o pobre e o poderoso.”

Francisco Daudt, Folha de S.Paulo – 02/10/2013

  “A infância se compõe de familiaridade e descoberta. Tudo é novo, mas não há nada mais forte do que a rotina, a sensação de que nada, nunca, irá mudar.”

Marcelo Coelho, Folha de S.Paulo – 02/10/2013

  “O mercado começou a valorizar formações menos ortodoxas e a prestar atenção nessa geração conectada e capaz de aprender por si mesma.”

Becky Cantieri – Veja – 02/10/2013

“Ao mesmo tempo que redes sociais, notadamente o Facebook e o Twitter, são apresentadas como importantes ferramentas para o ativismo social e político, estudiosos apontam para o incremento da sensação de solidão e um aumento de polarização ideológica, com a tendência de os usuários dialogarem com indivíduos de posição política e comportamental similares às suas, e criticam a ideia de que essas plataformas, por sua natureza, exporiam os usuários a uma quantidade anteriormente inimaginável de pontos de vista.”

Eduardo Graça – Carta Capital – 02/10/2013

  “O papa Francisco não quer apenas que se saiba do seu propósito de reformar a Cúria e o Vaticano -cristianizá-los, é isso-, quer também que se saiba por que deseja fazê-lo. E tem a coragem de dizê-lo com franqueza estonteante. ‘A corte é a lepra do papado’ – que irado ateu ousou, nos últimos séculos, uma definição assim dura e crua sobre os ‘cortesãos vaticanocêntiricos’? Estamos, pode-se admitir, diante de um fenômeno, na acepção mais límpida da palavra. Testemunhá-lo será um privilégio histórico.”

Janio de Freitas, Folha de S.Paulo – 03/10/2013

“O papa Francisco, recentemente, lembrou que a Igreja Católica não deve se esquecer que ela tem, antes de mais nada, missões positivas – de obras e de fé.”

Contardo Calligaris, Folha de S.Paulo – 03/10/2013

39ª semana de 2013

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“Costumo dizer que a arte existe porque a vida não basta. Negar a arte é como dizer que a vida se basta, não precisa de arte. Uma pobreza!”

Ferreira Gullar, Folha de S.Paulo – 22/09/2013

 

“Hoje que os ritmos elétricos incentivam uma vida de excessos, há uma vaidade, um exibicionismo vulgar em se ter – e mostrar que tem – muito de tudo que é novo.”

Luli Radfahrer, Folha de S.Paulo – 23/09/2013

 

“A vida intelectual pública está morta no Brasil, vítima da mania de ver em toda parte ‘um processo histórico’ em curso.”

Luiz Felipe Pondé, Folha de S.Paulo – 23/09/2013

 

“Escutar o filho, a mãe, o pai, o namorado, o marido, a mulher, o colega de trabalho, o chefe, o subordinado, o amigo, o vizinho, o paciente, o desconhecido. Ninguém escuta mais ninguém. Falamos sozinhos e deixamos o outro falando sozinho. Tem gente que ainda acha que pode escutar alguém fazendo outra coisa simultaneamente. Não pode. No fim, há uma algazarra de palavras jogadas fora, que batem na parede e voltam.”

Ruth de Aquino, Época – 23/09/2013

 

“Escuto, de homens e mulheres que tenho entrevistado para pesquisa, a queixa de que um investe muito mais do que o outro na relação, em termos de amor, dedicação, tempo, cuidado, atenção, escuta, carinho, trabalho e dinheiro.”

Mirian Goldenberg, Folha de S.Paulo – 24/09/2013

 

“Sabemos que punição faz sofrer, mas não ensina nada. Adestra, condiciona, controla. Por um tempo.”

Rosely Sayão, Folha de S.Paulo – 24/09/2013

 

“Papa Francisco foi eleito há apenas seis meses, mas a marca que suas palavras e ações estão imprimindo nas consciências de crentes e ateus é notabilíssima. Suscitam admiração e até surpresa todos os seus gestos e formas de comportamentos: onde mora, os sapatos que calça, seu estilo sóbrio e, sobretudo, as medidas que está tomando na tentativa de reformar a Igreja romana, mortificada por corrupção e escândalos, não somente morais. Parece que ele une em si a atitude simples e popular de João XXIII como carisma de João Paulo II. A mescla especialíssima dessas características prenuncia em pontificado inovador.”

Claudio Bernabucci, Carta Capital – 25/09/2013

 

“O que Francisco disse dos clérigos serve à perfeição para os políticos: “O povo de Deus necessita de pastores e não funcionários, clérigos de escritório”. O povo de qualquer Deus e também o povo sem Deus necessita de políticos que sejam guias de verdade e não se escondam, como fazem os políticos de hoje em dia, em seus gabinetes hiperprotegidos.”

Clóvis Rossi, Folha de S.Paulo – 26/09/2013

 

“Os adultos modernos carregam consigo um resto de adolescência mal resolvida, como se, para eles chegarem a ser adultos mesmo, ainda lhes faltasse um gesto de rebeldia que se esqueceram de fazer na juventude. Essa adolescência, desperdiçada por falta de coragem, volta como farsa na vida do adulto: ninguém tem coragem de nada, sequer de quebrar a rotina, mas todos procuram a aparência da rebeldia. Não fiz nada do que eu queria ou esperava, mas amanhã vou tatuar uma estrelinha.”

Contardo Calligaris, Folha de S.Paulo – 26/09/2013

 

“A vida exige paisagens sonoro e visual programadas, estetizando o cotidiano com pequenas experiências aparentadas ao belo e ao gosto.”

Christian Dunker, Cult – setembro de 2013

 

“A pessoa criativa pode fazer criativamente qualquer coisa. A marca da criatividade é a sensação de que há algo novo e inesperado no ar.”

Sérgio Franco, Mente&Cérebro – setembro de 2013

 

“52% dos entrevistados definem como principal razão para ficar num emprego a possibilidade de progredir de forma rápida na carreira.”

Luiz Carlos Cabrera, Você S/A – setembro de 2013

 

“Temos um problema grande na área da educação. Sete em cada dez profissionais brasileiros dizem que há um desalinhamento entre o currículo dos estudantes e as necessidades das empresas – na média global, são quatro em cada dez.”

Gil Giardelli, Você S/A – setembro de 2013

 

38ª semana de 2013

“A depressão cresce entre as crianças em parte pelas razões pelas quais está aumentando em toda a sociedade, mas também porque as crianças estão sob mais pressão, são mais superestimuladas, mais levadas a se movimentar de um lugar para o outro e de escola para escola. Isso acontece porque os pais estão ambos trabalhando fora, e as crianças têm ficado com uma variedade de cuidadores que as amam menos que os pais. Isso acontece por causa do colapso da família.”

Andrew Solomon, O Estado de S.Paulo – 15/09/2013

 

“Alguns trabalhos recentes mostram que, em tempos em que tudo acontece nas redes sociais, declarações e publicações em páginas pessoais poderiam dar pistas para amigos e parentes das intenções de alguém que enfrenta sérias dificuldades. Estar atento a esses sinais poderia ajudar a evitar suicídios.”

Jairo Bouer, O Estado de S.Paulo – 15/09/2013

 

“Se você deixar, tudo gira em torno do dinheiro. Depende de como você encara a profissão. (…) Os temas mais perturbadores são os que nos levam a um maior entendimento sobre a vida.”

Jake Gyllenhaal, ator, O Estado de S.Paulo – 15/09/2013

 

“Estar pobre torna as pessoas menos capazes de fazer as coisas direito e afeta a habilidade de pensar.”

Eldar Shafir, Folha de S.Paulo – 15/09/2013

 

“‘Câncer’ são centenas de doenças diferentes. Não há uma cura, mas muitas. A genética nos dá uma nova visão da doença. A batalha é longa e, quanto mais vivermos, maior será a probabilidade de que algo dê errado. No meio tempo, 50% dos cânceres são evitados com medidas como não fumar e evitar muito sol.”

Marcelo Gleiser, Folha de S.Paulo – 15/09/2013

 

“Hoje existe essa coisa de ‘escolha’, profissão, filhos depois da pós, direitos iguais, ar-condicionado, reposição hormonal, bolsa Prada. Esquecemos que direitos e escolhas são produtos mais caros do que bolsa Prada. Pensamos que brotam em árvores.”

Luiz Felipe Pondé, Folha de S.Paulo – 16/09/2013

 

“Não a afetividade melosa de incontáveis declarações de amor ao filho, e sim a amorosidade de introduzi-lo na vida como ela é, de dar banhos de realidade no filho de acordo com a idade que ele tem.”

Rosely Sayão, Folha de S.Paulo – 17/09/2013

 

“A primeira lição a tirar de junho é a seguinte: a política brasileira transformou-se em algo profundamente instável. Nada nos garante que não estamos vendo apenas um momento de calmaria antes de uma nova tempestade. Note-se como, desde junho, este país viveu, de maneira praticamente ininterrupta, em um estado contínuo de manifestações de toda ordem. (…) Por um momento, parecia que certas instituições brasileiras tinham sentido o golpe. Tudo isso durou um instante. Logo em seguida, tais instituições demonstraram seu caráter radicalmente irredutível em relação a reformas e voltaram a operar como sempre operaram. (…) Nada mais equivocado do que confiar em uma calmaria aparente. Quando uma sociedade acorda, ela não volta a dormir completamente. Na verdade, sua elaboração passa a um estado de latência. Em latência, ela vai aos poucos se desacostumando de suas antigas formas, até que chega o momento em que provocar mudanças equivale a chutar uma porta podre. Muitas das transformações fundamentais ocorrem assim, ou seja, o trabalho mais importante foi feito em silêncio aparente.”

Vladimir Safatle, Folha de S.Paulo – 17/09/2013

 

“Não educar bem uma criança, deixá-la crescer no shopping center, consumindo loucamente sem ter desafios e sonhos que transcendam um abdômen de tanquinho e o próximo modelo de iPhone é falta de amor com ela e falta de responsabilidade com o país.”

Nizan Guanaes, Folha de S.Paulo – 17/09/2013

30ª semana de 2013

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“O que Martin Luther King fez foi tornar a consciência universal e a hipocrisia visível, e insuportável.”

Verissimo, O Estado de S.Paulo – 25/07/2013

 

“Firme no protagonismo da Igreja na sociedade atual, o pontífice disse que ‘frequentemente uma sensação de solidão e de vazio entra no coração de muitos e conduz à busca de compensações, destes ídolos passageiros’. Francisco conclamou os fiéis a serem ‘luzeiros da esperança’ e focou sua mensagem nas novas gerações: ‘Os jovens não precisam apenas de coisas, precisam, sobretudo, que lhes sejam propostos aqueles valores imateriais que são o coração espiritual de um povo, a memória de um povo’.”

Ocimara Balmant, O Estado de S.Paulo – 25/07/2013

 

“O papa Francisco parece ter dado um choque de energia da Igreja. Isso porque foi explícito ao trazer de volta à tradição cristã um tema fundamental do Evangelho: o da pobreza. O Evangelho nasce exatamente desse ponto. Existe uma proximidade com os pobres, com os sofredores. Francisco traz à tona um debate sufocado pela economia, pela tecnologia e também pela cultura. Ao afirmar que existe ‘outra coisa’ mais importante, o papa tornou-se radical. Ele tem essa força de dizer ‘não’ àquilo a fazer parte do poder dominante. E faz esse discurso com simplicidade e com base na lógica do Evangelho. Francisco usa a simplificação como um desafio cultural para transmitir uma linguagem mais radical.”

Gaetano Lettieri, Carta Capital – 24/07/2013

 

“A juventude é a janela pela qual o futuro entre no mundo e, por isso, nos impõe grandes desafios. A nossa geração se mostrará à altura da promessa contida em cada jovem quando souber abrir-lhes espaço.”

Leonardo Boff , Valor – 26/07/2013

 

“O papa fala muito mais por seus gestos do que pelos testemunhos formais. Ele insiste muito na credibilidade entre o discurso e o que você faz, no ato de dar exemplo.”

José Oscar Beozzo, teólogo e doutor em história social, Valor – 26/07/2013

 

“Se há algo que ficou claro com os protestos de junho e seus mais modestos sucedâneos de julho é o despreparo, para não dizer leviandade, de nossos governantes. É verdade que eles foram apanhados de surpresa e corretamente detectaram a necessidade de dar respostas. Admite-se ainda que sejam apenas humanos e não tenham muita ideia do que deve ser feito. O problema é que, em vez de reconhecer que não contam com soluções definitivas e de tentar buscá-las em diálogo com a sociedade (tanto a produção de conhecimento como a construção de instituições sólidas são necessariamente esforços coletivos), nossos dirigentes se põem e baixar medidas provisórias e decretos, que produzem efeitos legais imediatos, como se possuíssem todas as respostas sem margem a dúvidas; […] Legislar é tarefa séria demais para ficar a cargo de uma pessoa ou grupo restrito.”

Hélio Schwartsman, Folha de S.Paulo – 27/07/2013

 

“O Datafolha comparou os católicos que foram a Copacabana com os evangélicos que participaram da Marcha para Jesus, realizada em São Paulo em junho. A única coincidência é a idade média dos participantes, de 31 anos. De resto, há um fosso entre os fiéis. Os evangélicos dizem ir mais a cultos do que os católicos. Enquanto 50% dos católicos afirmam que vão à igreja mais de uma vez por semana, esse índice atinge 75% entre os evangélicos. Os evangélicos também dizem doar mais à igreja do que os católicos: R$ 220 de média mensal ante R$ 86,08. Os católicos são mais escolarizados do que os evangélicos e por isso tendem a ter mais renda. Entre os peregrinos de Copacabana, 59% têm curso superior, quase o dobro do que os evangélicos (34%). A maioria dos evangélicos (56%) cursou o ensino médio. Os índices de escolaridade nos dois eventos são diferentes dos encontrados na população adulta brasileira. De acordo com o Datafolha, só 17% no país têm curso superior e 42%, ensino médio.”

Mario Cesar Carvalho, Folha de S.Paulo – 27/07/2013

 

“Um Estado laico tem direito de submeter a sociedade inteira a uma minoria de fanáticos decididos a impor suas idiossincrasias e intolerâncias em nome de Deus? Em que documento está registrada a palavra do Criador que os nomeia detentores exclusivos da verdade? Quanto sofrimento humano será necessário para aplacar-lhes a insensibilidade social e a sanha punitiva?”

Drauzio Varella, Folha de S.Paulo – 27/07/2013

 

“Os jovens veem que seus pais não estão em condições de orientá-los na carreira – muitas vezes, por desatualização profissional – e esperam dos chefes a capacidade de orientá-los. Só que esses líderes em geral não tiveram preparação para a gestão de pessoas.”

Danilca Galdini, HSM Management – julho de 2013

 

“Prejuízos na estimulação do desenvolvimento nos primeiros cinco anos de vida, por serem de caráter irremediável, promovem empobrecimento nas aprendizagens futuras, e podem comprometer o desenvolvimento pleno da pessoa, do cidadão, do trabalhador.”

Maria Irene Maluf, Psique&vida – julho de 2013

 

“Podemos nos perguntar que espaço existe para o lírico num mundo cruelmente desigual e devastado. Mas a dificuldade que expresso nos meus poemas tem a ver com a própria escrita do poema. […] Não compartilho com a ideia de que a poesia refletir necessariamente a experiência cotidiana, o que está acontecendo neste momento, e que se não fizer isso será mera abstração amorosa ou lírica, e por aí afora. Eu acho que o lírico pode ser um lugar de resistência no mundo em que vivemos.”

Ana Luísa Amaral, Cult – julho de 2013

07ª semana de 2013

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“Eu me defino hoje como agnóstico militante. Não sou ateu, porque ser ateu e negar a existência de Deus é algo que também exige fé, de que você pode provar a inexistência de algo. Dito isso, vou deixar claro que não sou religioso de maneira nenhuma. Sou ambivalente: eu não sei se Deus existe e não estou preocupado com isso, porque acho que é impossível saber.”
Brian Schmidt, Prêmio Nobel de Física de 2011, “O Estado de S.Paulo” – 10/02/2013

“Escrever um poema, pintar um quadro, fazer um filme, uma peça de teatro, uma composição musical, enfim, fazer o que se conhece como obra de arte, sempre requer do autor o domínio de um ‘métier’, de uma linguagem própria a cada um desses gêneros artísticos, além, é claro, do talento, sem o qual aquelas outras condições não adiantam de nada. Pode ser que me engane, mas estou convencido de que a pessoa nasce poeta, ou pintor ou cozinheiro. Sem o domínio do ofício, ninguém vai adiante, mas o que torna aquele saber fazer uma obra de arte é o talento, que não se aprende no colégio. Mas o talento não está por sua vez desligado dos recursos técnicos que tornam possível a realização da obra.”
Ferreira Gullar, “Folha de S.Paulo” – 10/02/2013

“Joseph Ratzinger é um dos maiores teólogos vivos do cristianismo. Como papa Bento 16 fracassou. […] Bento 16 foi um duro crítico da ideia de que a igreja deva aceitar soluções modernas para problemas modernos. Nesse sentido, apesar de ter resistido bravamente, com a idade e a fraqueza que esta implica, acabou por ser um papa acuado pelas demandas modernas feitas à igreja e por uma incapacidade de pôr em marcha sua “infantaria”, que nunca aceitou plenamente seu perfil de intelectual alemão eurocêntrico. Sua ideia de igreja é a de um pequeno grupo coeso de crentes, fiéis ao magistério da igreja (conjunto de normas para condução moral da vida), distante das ‘modas moderninhas’.”
Luiz Felipe Pondé, “Folha de S.Paulo” – 12/02/2013

“Como intelectual, este papa sempre soube melhor se dirigir ao cérebro do que ao coração das pessoas. Várias vezes topei com frases de Bento 16 que eu mesmo, ateu de carteirinha, poderia subscrever. A primeira surpresa foi quando ele visitou o local de um antigo campo de concentração nazista. Em seu discurso, deixou no ar a pergunta memorável. Ficamos pensando, disse o papa, onde estava Deus quando tudo isso aconteceu. Era uma pergunta que nada tinha a ver com as habituais consolações, tão vazias, que a rotina religiosa costuma invocar nesse tipo de situação.”
Marcelo Coelho, “Folha de S.Paulo” – 13/02/2013

“Podemos levar a história a sério? Até que ponto devemos acreditar que os relatos históricos que lemos nos livros descrevem as coisas como se passaram? Em que grau podemos confiar nas explicações que nos são oferecidas? A história não é uma ciência no mesmo sentido em que o é a física ou até a economia. Ela não apenas é incapaz de nos dar um modelo por meio do qual possamos fazer previsões como ainda traz a incrível propriedade de tornar o próprio passado incerto.”
Hélio Schwartsman, “Folha de S.Paulo” – 13/02/2013

“Quem autoridades controlam nosso país, que deputados e senadores, que ministros? Serão todos altamente corretos, altamente experientes, competentes, conhecedores das atribuições e do alcance do seu cargo? Ou muitos são medíocres, sem noção do que fazem, amedrontados e de cabeça abaixada, sem saber direito o que fazem ali? Que fim levaram ética, responsabilidade, seriedade aqui entre nós? […] Nunca fomos perfeitos, mas já estivemos em melhor situação. Os males eram menos escrachados, nós, menos tolerantes, não esquecíamos tão depressa. Hoje temos de correr, comprar, consumir, nos endividar até o limite da loucura. E temos que nos divertir, ora essa!”
Lya Luft, “Revista Veja” – 13/02/2013

“Nesta vida todo mundo, querendo ou não, é pautado. Todos somos levados, obrigados, arrolados ou dirigidos a fazer muita coisa. Algumas, impossíveis, como não mentir ou ser pusilânime. Os planos para nossas vidas existem antes do nosso aparecimento no mundo. Antes do nosso nascimento, pai e mãe tinham expectativas fulminantes em relação às nossas vidas. Nossas pautas existenciais são os projetos e esquemas que figuram na nossa sociedade e cultura: instruções do tipo como comer, vestir-se, limpar-se e dormir – caminhos simbólicos e reais a serem necessária e precisamente percorridos como a escolha de certas profissões e valores religiosos e políticos; rituais de crise de vida ou de passagem celebrados em nossa honra ou para os outros, os quais temos de – querendo ou não – acompanhar. Do nascimento até a morte, seguimos esquemas precisos e implacáveis.”
Roberto DaMatta, “O Estado de S.Paulo” – 13/02/2013

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