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Apenas humanos

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A Bíblia é repleta de textos fascinantes, que nos impressionam por sua atualidade, por falarem tão profundamente de nossa humanidade. São trechos vivos, que nos provocam a refletir mais seriamente sobre a vida, nossas escolhas, e a estarmos atentos às tentações que nos cercam.

Por agora destaco uma parte da viagem missionária dos apóstolos Paulo e Barnabé em Listra (registrado por Lucas em Atos 14.8-15). O texto nos conta que lá havia um paralítico dos pés, aleijado desde que nasceu, nunca havia andado. Mas teve a oportunidade de ouvir Paulo e esse olhou diretamente para ele, viu nesse paralítico fé para ser curado, e assim, simplesmente disse para levantar e ficar em pé. O homem que vivia sentado, não apenas ficou em pé, ele deu um salto e começou a andar. E a multidão que ali estava para ouvir a Paulo ficou impressionadíssima e começou a gritar: “Os deuses desceram até nós em forma humana!” Culturalmente não seria a primeira vez, mas sempre um momento especial. E o que se faz diante de um deus? Oferece-se sacrifícios. Assim era entendido e assim começou-se a fazer. O sacerdote mais próximo começou a providenciar as oferendas rapidamente e agilizar outros a fim de que esses deuses fossem bem recebidos, adorados. E Barnabé e Paulo, ao entenderem do que se tratava, desejaram interromper aquilo tudo imediatamente, portanto, até rasgaram as roupas e procuraram gritar mais alto: “por que vocês estão fazendo isso? Nós também somos humanos como vocês… afastem-se dessas coisas vãs e se voltem para o Deus vivo”.

Hoje, encontramos com certa facilidade, líderes que ao contrário de Paulo e Barnabé buscam adoração, e olha que nem fazem muitos milagres! Mas desejam ter sua multidão particular de seguidores, de gente que os admirem, que se sacrifiquem por seus projetos pessoais, que confundam sua autoridade com a de Deus. Como é bom ser bajulado, solicitado, reverenciado, e esse gosto vai crescendo por dentro, até o sujeito achar natural que ele seja mesmo especial e notado por isso. Logo, não deve ser questionado, e discordar dele é como voltar-se contra Deus. Às vezes isso se dá de maneira sutil, lenta, mas exercer liderança é sempre correr esse risco, lidar com essa tentação.

Respeitados líderes e alguns mestres já nos alertaram. Clodovis Boff nos lembra que o poder humano está marcado pela concupiscência. Richard Foster comenta que “o casamento entre o orgulho e o poder leva-nos à beira do demoníaco”. Thomas Merton afirma sobre a necessidade de “sermos salvos do abismo de confusão e de absurdo que é o nosso próprio ser mundano. A pessoa tem de ser salva do indivíduo… ser libertado do ego esbanjador, hedonista e destruidor, que procura apenas cobrir-se com disfarces”. James Houston esclarece que “o narcisismo espiritual significa assumir a responsabilidade pessoal de ser seu próprio Salvador, de ser a força que move e molda a própria espiritualidade”.

Aprecio a ênfase de Paulo, salientando: “nós também somos humanos como vocês”. Parece que nosso tempo incentiva cada vez mais o cuidado vaidoso com a imagem que é o que se sobressai, embolado na igreja com um valorizado ativismo, resultando num afastamento natural daqueles que estão ao redor. Não há tempo para discipulado, mas há instantes para alimentar os fãs. Não há investimento na intimidade, no aprofundamento dos relacionamentos fraternos, mas há vitrines nos congressos que são concorridas, espaços nas mídias, e assim nos distanciamos do contato com a realidade, com a nossa humanidade pouco conhecida, quase nunca assumida.

Nos perdemos, ou no mínimo, nos distraímos com coisas vãs, com o supérfluo na caminhada cristã, não permitindo que o evangelho de Jesus Cristo arranque nossas máscaras, revele-nos quem de fato somos em nosso íntimo.

A preocupação com a popularidade parece maior do que o cuidado com a interioridade. Desprezamos o tempo de silêncio, banalizamos relacionamentos próximos, pessoalidade verdadeira, vínculos que exigem atenção e dedicação.

Há poucos interessados em conhecer de onde vêm suas dores, preferem apenas aplacar os sintomas como insônia, ansiedade, depressão, etc. Esconde-se fragilidades, e ignora-se sinais de que algo não vai bem do lado de dentro.

A comunhão genuína pode descortinar embaraços, nos ajudar a nomear inquietações, a confessar um narcisismo que não conhece freios. Permitir que outros se aproximem da gente como realmente somos e não como deveríamos ou gostaríamos de ser, é muito proveitoso, libertador, potencialmente curador. Podemos encontrar consolo e encorajamento, ajuda para voltarmos ao essencial, voltarmo-nos ao Deus vivo que tão bem nos conhece.

44ª semana de 2013

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“Uma em cada três pessoas com menos de 30 anos ainda não fez sexo no Japão de hoje. Os jovens japoneses enfrentam o que especialistas chamam de “síndrome do celibato”. Uma matéria publicada nesta semana no jornal britânico The Guardian mostra que o fenômeno pode impactar profundamente a estrutura da população nas próximas décadas. (…) Várias pesquisas parecem reforçar a sensação de que tanto sexo quanto relacionamento não são prioridade na vida dos jovens japoneses. Ainda de acordo com o The Guardian, em 2011, 61% dos homens solteiros e 49% das mulheres solteiras de 18 a 34 anos não estavam namorando. Uma pesquisa do Centro de Planejamento Familiar do Japão mostrou que 45% das mulheres e 25% dos homens de 18 a 24 anos não estavam interessados em sexo. (…) Outra pesquisa recente mostra que 90% das jovens japonesas acreditam que ficar solteira é melhor do que casar. Não casar – o que antes seria considerado um grande fracasso pessoal – parece estar se tornando uma opção cada vez mais atraente.”

Jairo Bouer, O Estado de S.Paulo – 27/10/2013

 

“Uma coisa que aprendi e tento praticar diariamente é: o que você faz fala muito mais do que você fala. Todos nós, líderes, temos de liderar dando o exemplo. Você tem de mostrar que uma coisa que você está falando é realmente você o que você acredita e faz. Você é o exemplo.”

Juan de Gaona, O Estado de S.Paulo – 27/10/2013

 

“O grande físico Isidor Rabi, vencedor do prêmio Nobel, costumava dizer que os cientistas são os ‘Peter Pans’ da sociedade, aqueles que não querem crescer, que passam a vida perguntando ‘por quê’. Qualquer pai e mãe sabem bem que criança é explorador nato; botando o dedo aqui e ali, comendo terra, pegando formiga, trepando em árvore, subindo e descendo a mesma escada dez vezes até desenvolver uma melhor percepção da gravidade e melhorar sua habilidade motora. Para uma criança, a vida é um grande experimento, uma grande aventura de descoberta. ‘Não faz isso! Solta! Olha o degrau! Cuidando com a tomada! Você vai cair daí.’ Como pai de cinco, sei que sem o nosso cuidado as crianças correm mesmo risco de se machucar. Mas cuidar não é o mesmo que reprimir o espírito único que têm de experimentar o mundo para poder entendê-lo. O mesmo acontece nas escolas, que acabam sendo fábricas de conformismo onde todos devem fazer a mesma coisa, onde a criança mais curiosa é reprimida e, salvo casos raros, calada. Temos muito a aprender com as crianças.”

Marcelo Gleiser, Folha de S.Paulo – 27/10/2013

 

“A certeza acerca da sua retidão moral é sempre uma mistificação de si mesmo. Mas hoje, como saiu de moda usar os pecados como ferramentas de análise do ser humano e passamos a acreditar em mitos como dialética, povo e outros quebrantos, a vaidade deixou de ser critério para analisarmos os olhos dos vaidosos. Vivemos na época mais vaidosa da história. (…) Que Deus tenha piedade de nós num mundo tomado por pessoas que se julgam retas.”

Luiz Felipe Pondé, Folha de S.Paulo – 28/10/2013

 

“Homens da chamada geração Y estão mais propensos a aceitar um ambiente corporativo feminino, segundo uma pesquisa realizada pela consultoria Mazars. Dos 750 executivos entrevistados, 57% aceitam a liderança feminina. Quando questionados sobre a preferência, 33% optariam por ter homens como chefes, enquanto 10% prefeririam ser gerenciados por profissionais mulheres. O estudo revelou ainda que 70% dos homens estão dispostos, ao menos por um tempo, a abrir mão da carreira para se dedicarem aos filhos. Os números em 60 países são: 68% dos entrevistados não veem diferença em serem chefiados por homens ou mulheres. 52% dos entrevistados nunca se sentiram ameaçados por mulheres em seu ambiente de trabalho. 14% confessaram preferir ter equipes de trabalho eminentemente femininas. 8% preferem ter funcionários homens.”

Maria Cristina Frias, Folha de S.Paulo – 30/10/2013

 

“Atualmente 21 milhões de mulheres brasileiras correm o risco de sofrer um infarto e 39000 morrem todos os anos em decorrência do mal – o triplo das vítimas fatais de câncer de mama.”

Adriana Dias Lopes, Veja – 30/10/2013

 

“Na contemporaneidade a gestão invadiu todas as esferas da vida. A família passou a ser vista como uma pequena empresa capaz de fabricar um indivíduo empregável. Filhos devem fazer inúmeros cursos que no futuro serão úteis à sua empregabilidade. É como se tudo tivesse de ser gerido como se fosse um capital para produzir resultados. Dentro das empresas, é como se nós tivéssemos de ser super-humanos o tempo todo, capazes de realizar e motivar os outros a realizar mais, melhor e mais rápido. Diversos rankings e indicadores são criados para dar a medida se aquilo que fazemos presta ou não. Há, ainda, a exigência da excelência constante, como se fosse possível e humano ser excelente o tempo todo.”

Rafael Alcadipani, Você S/A – outubro de 2013

 

“Não é simples definir a simplicidade. Mas é fácil notar sua ausência. Sem ela, todas as qualidades perdem seu sentido – e, com ela, alguns defeitos podem ser desculpáveis. O simples não é o oposto do complexo – mas– sim, o oposto do falso. Contudo, a falsidade e a duplicidade são companheiras íntimas da nossa espécie.”

José Francisco Botelho, Vida Simples – outubro de 2013

 

“Se o sujeito comete traição, é por alguma razão. Porque naquele momento sentiu necessidade. Ou fraquejou, reavaliou a relação amorosa. Não aconteceu comigo. Que bom. Mas quem sou eu para julgar o adultério? Quem é a pessoa que está nos lendo agora para condenar? E não venham me dizer que Deus castiga. Não ponham Deus no meio. Não usem o nome de Deus em vão, como fazem com tanta facilidade. É como comprar um bilhete de loteria e pedir: ‘Deus, me ajude a ganhar’. Ele não quer saber do seu bilhete de loteria.”

Tony Ramos, 65, ator, casado há 44 anos, Claudia – outubro de 2013

 

“A tentativa equivocada de transformar toda experiência de sofrimento em uma patologia a ser tratada. Mas uma vida na qual todo sofrimento é sintoma a ser extirpado é uma vida dependente de maneira compulsiva da voz segura do especialista, restrita a um padrão de normalidade que não é outra coisa que a internalização desesperada de uma normatividade disciplinar decidida em laboratório. Ou seja, uma vida cada vez mais enfraquecida e incapaz de lidar com conflitos, contradições e reconfigurações necessárias.”

Vladimir Safatle, Cult – outubro de 2013

 

“Meus sobrinhos pequenos melhoram meu humor imediatamente. É tudo tão simples para eles. Se você quer chorar, chora. Se está feliz, sorri.”

Monica Iozzi, 31, Claudia – outubro de 2013

 

“Digo aos mais jovens: conheçam a história, para evitar que seja reescrita. Honrem as realizações das gerações anteriores. Mas não sejam meros “continuadores”, pois a democracia, a economia e os direitos sociais devem ser aperfeiçoados e inseridos num novo modo de desenvolvimento, sustentável, adequado aos tempos presentes e futuros. O passado ensina. O futuro inspira.”

Marina Silva, Folha de S.Paulo – 01/11/2013

 

“Ninguém em sã consciência duvida que a ciência funcione. As provas, ainda que indiretas, estão por todos os lados, dos fornos de micro-ondas aos antibióticos. Se nossas teorias físicas e bioquímicas estivessem muito erradas, não teríamos chegado a esses produtos. Dessa constatação não decorre, é claro, que as atuais práticas dos cientistas sejam as mais adequadas. Numa excelente reportagem publicada na semana passada, a revista ‘The Economist’ faz um apanhado das coisas que não estão dando certo na ciência. Destaca desde a vulnerabilidade dos ‘journals’ a artigos ruins ou errados até a baixa replicabilidade dos principais estudos. É preocupante. Um ponto central da ciência é o de que um experimento qualquer, se repetido em idênticas condições, produzirá os mesmos resultados. É isso que garante sua objetividade e a distingue da bruxaria. E a replicabilidade é baixa mesmo no caso de trabalhos de alto impacto. (…) Seria exagero afirmar que a ciência está em crise, mas já passa da hora de as pessoas e instituições envolvidas tentarem aprimorar o sistema, tornando-o mais racional e eficiente.”

Hélio Schwartsman, Folha de S.Paulo – 02/11/2013

34ª semana de 2013

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“Apesar da culpa que as mães costumam sentir por se afastar dos filhos para trabalhar fora, as crianças de hoje recebem muito mais atenção dos pais do que nas décadas de 60 e 70. É o que revela a American Time Use Survey, pesquisa do departamento de estatísticas do trabalho do governo americano. A explicação é que, naquela época, as donas de casa monitoravam menos as crianças para se dedicar aos afazeres domésticos e à vida social.”

VocêS/A – agosto 2013

 

“Segundo Pesquisa TIC KIDS Brasil 2012, ‘Quem aconselha os estudantes sobre segurança na internet?’: 59% parente; 55% professor; 33% televisão, rádio, jornais e revistas; 20% igrejas ou grupos de jovens; 16% bibliotecário ou monitor de lan house. Crianças e adolescentes rejeitam o controle dos adultos quanto ao uso da rede, mas querem orientação. ‘Ao mesmo tempo que não aceitam interferências, eles demandam intermediações sobre o uso seguro’, diz Regina de Assis, consultora em Educação e Mídia.”

Nova Escola – agosto de 2013

 

“Líderes que têm como principal característica o comando e controle, em geral, serão menos eficazes do que os catalizadores de colaboração e inovação. Conduzir a diversidade de opiniões será a chave para gerar mais inovação. De fato, o último estudo da IBM com CEOs em todo o mundo revelou que 71% dos executivos consideram o capital humano como a principal fonte interna de valor econômico sustentável das empresas. Serão os líderes com esse perfil que transformarão isto em realidade.”

Alessandro Bonorino, O Estado de S.Paulo – 18/08/2013

 

“É possível um mundo melhor? Sim e não. Sim, é possível um mundo melhor a começar por melhores remédios, casas, escolas, hospitais, aviões, democracia (ainda acredito nela, apesar de ficar de bode às vezes). Não, não é possível um mundo melhor porque algumas coisas não mudam, como o caráter humano, suas mentiras e vaidades, sua violência, mesmo que travestida de civilidade, nossas inseguranças, nossa miséria física e mental, nossa hipocrisia. Nossas ambivalências sem cura. […] O mundo melhor parece ser aquele no qual as pessoas podem errar, pedir perdão e ser perdoadas. Um mundo melhor não é um mundo sem violência ou ambivalência, mas um mundo onde existe o perdão.”

Luiz Felipe Pondé, Folha de S.Paulo – 19/08/2013

 

“Continuo cheia. Cheia de tecnologia. Cheia de pessoas que acham que estão inventando a roda. Cheia de empreendedores cujo grande objetivo na vida é ficar rico. Cheia de espertalhões que criam problemas para vender soluções. Farta dos que espalham terror para vender segurança. Estou cada vez mais cheia de fazer cadastros, preencher formulários, alimentar estatísticas. Não suporto marketing invasivo. Não aceito como herança tanto lixo industrial. […] Hoje não quero ser amiga de todo o mundo. Não quero que todo o mundo goste de mim. Não quero ter razão. Não quero ser popular. Não quero ser forçada a gostar de nada nem de ninguém. Hoje não quero conhecer uma nova rede social. Não acho que tudo na vida tenha de se transformar em software ou sistema. Não acredito que tecnologia seja solução para todos os problemas.”

Marion Strecker, Folha de S.Paulo – 19/08/2013

 

“É maravilhoso fazer amigos pela internet. Encontrar antigos conhecidos, colegas de infância. Manter contato com quem não se pode ver sempre. Mas a maldade me assusta. Não tenho uma solução para o problema, mesmo porque sou contra qualquer tipo de restrição. O problema é que as pessoas gostam de maldades. Ler uma notícia fantasiosa sobre alguém famoso, ou mesmo sobre uma pessoa comum, dá uma falsa sensação de intimidade. E, na constelação da internet, o veneno está em expansão.”

Walcyr Carrasco, Época – 19/08/2013

 

“A religião muda as pessoas para o bem e para o mal. Sempre fui fascinado pelo poder que a religião tem de mudar o comportamento das pessoas e da sociedade. Um de meus objetivos em meus livros é analisar o processo da crença: o que leva alguém a acreditar numa religião. No caso da cientologia, não é uma conversão, uma iluminação, como ocorre na maioria das religiões. É uma espécie de lavagem cerebral, uma passagem em que pessoas instruídas, inteligentes e céticas se tornam crentes.”

Lawrence Wright, 66, escritor americano, Época – 19/08/2013

 

“Se a humanidade se comprometesse a consumir a cada ano só os recursos naturais que pudessem ser repostos pelo planeta no mesmo período, em 2013 teríamos de fechar a Terra para balanço hoje, 20 de agosto. Essa é a estimativa da Global Footprint Network, ONG de pesquisa que há dez anos calcula o ‘Dia da Sobrecarga’. Para sustentar o atual padrão médio de consumo da humanidade, a Terra precisaria ter 50% mais recursos. Segundo a ONG WWF-Brasil, que faz o cálculo da pegada ambiental do país, nossa margem de manobra está diminuindo (veja quadro à dir.), e exibe grandes desigualdades regionais. ‘Na cidade de São Paulo, usamos mais de duas vezes e meia a área correspondente a tudo o que consumimos’, diz Maria Cecília Wey de Brito, da WWF. O número é similar ao da China, um dos maiores ‘devedores’ ambientais.”

Rafael Garcia, Folha de S.Paulo – 20/08/2013

 

“A capacidade dos uruguaios em assumir riscos e procurar inventar novas respostas para velhos problemas é louvável. […] Eles optaram por colocar à frente do processo político uma espécie de antilíder [José Mujica], cujo carisma vem exatamente de seu desconforto aberto em relação aos ritos do poder. Alguém que parece a todo momento dizer não se enxergar como um presidente e que se recusa a abandonar sua vida espartana, seu sítio modesto e seus hábitos e roupas comuns. Alguém que tem a liberalidade de deixar o lugar do poder vazio e, por isso, encontra uma força inaudita por meio exatamente da expressão de seu franco desprendimento. Trata-se de uma lição política merecedora de nossa admiração, a saber, a compreensão de que o melhor líder é aquele que sistematicamente recusa-se a se ver como tal.”

Vladimir Safatle, Carta Capital – 21/08/2013

 

“A inveja é uma mistura de idealização, amor e ódio. sonha-se ser o que os outros sonham. […] Nesse mundo, em que a inveja é um regulador social, as aparências são decisivas porque elas comandam a inveja dos outros. Por exemplo, o que conta não é “ser feliz”, mas parecer invejavelmente feliz. Nesse mundo, o ter é mais importante do que o ser apenas porque, à diferença do ser, o ter pode ser mostrado facilmente. É simples mostrar o brilho de roupas e bugiganga aos olhos dos invejosos. Complicado seria lhes mostrar vestígios de vida interior e pedir que nos invejem por isso. O Facebook é o instrumento perfeito para um mundo em que a inveja é um regulador social. Nele, quase todos mentem, mas circula uma verdade de nossa cultura: o valor social de cada um se confunde com a inveja que ele consegue suscitar.”

Contardo Calligaris, Folha de S.Paulo – 22/08/2013

 

“Se entre dez mandamentos, apenas dez, cobiçar a mulher alheia estava entre eles, com a mesma relevância de “não matarás” e “não furtarás”, porque é um princípio que deve ser seguido à risca. Talvez, um dos pilares da civilização. Deus não queria baderna. Foi sucinto, porque Deus não tinha tempo a perder. E soube como ninguém usar aquilo que criou em primeiro, o verbo.”

Marcelo Rubens Piva, O Estado de S.Paulo – 24/08/2013

 

“O apelo do papa Francisco aos jovens na Jornada carioca – ‘manifestem-se’ – não pode ter resposta universal. Em regimes políticos fechados, manifestar-se não é exatamente uma opção. Além disso, a expectativa das sociedades em torno dos jovens difere muito. Quem conversar com jovens chineses de classe média urbana, por exemplo, vai se dar conta de que o seu espectro de liberdade pessoal é limitado. Eles são alegres, mas frequentemente usam a palavra ‘yali’ (pressão) para qualificar a vida. A sociedade espera que, entre 22 e 28 anos, as pessoas assegurem um emprego estável, casem-se, tenham seu filho único e o deixem sob a responsabilidade dos avós. Esse até pode ser o curso normal da vida em outros lugares. Na China, contudo, a cobrança para segui-lo é determinada. Enquanto a economia crescia a dois dígitos, encontrar trabalho não era problema. Com o crescimento mais baixo, o cenário fica difícil. Em 2011, 17.5 % dos que se formaram ficaram desempregados. O número em 2013 deve ser bem maior. Nesta semana, o premiê Li Keqiang encontrou-se com um grupo de graduandos e lhes sugeriu: criem oportunidades para si mesmos, inovem, abram negócios, tomem riscos. Em outras palavras, sua mensagem foi a seguinte: faremos o possível, mas vocês têm de se mexer.”

Marcos Caramuru de Paiva, Folha de S.Paulo – 24/08/2013

 

“Não vi nada melhorar. Cada vez parece que vai piorando. Muita gente perde a vida. O Brasil não é um país tão atrasado assim, até intelectualmente era para melhorar esse negócio da violência. Saber que a vida do ser humano tem valor.”

Wagner dos Santos, 41, sobrevivente da chacina da Candelária, Folha de S.Paulo – 24/08/2013

50ª semana de 2012

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“A atitude de reavaliar a carreira deve ser contínua, deve ser considerada meta durante todo ano: ponderar nossas emoções, imprimir cordialidade no nosso âmbito social e profissional, avaliar nossa imagem, investir na qualidade de vida, utilizar a flexibilidade e resiliência em situações adversas, atentar para o desenvolvimento de novas competências, conferir sustentabilidade na carreira e, sobretudo, buscar sempre o autoconhecimento. […] Torna-se cada vez mais indispensável, romper as amarras da acomodação em nossa vida pessoal e profissional e, assim, aproveitar a entrada de um novo ano para desenvolver a maior de todas as competências: a competência para a vida.”
Ruth Duarte, “O Estado de S.Paulo” – 09/12/2012

“Eu me sinto um intruso na vida. É como se eu não devesse estar aqui, uma espécie de outsider tentando comparar culturas, observando os defeitos e as qualidades e os costumes, os barulhos e essa paranoia toda, desde o berço até o túmulo. Então, vejo tudo de uma forma vesga (mesmo usando óculos).”
Gerald Thomas, “O Estado de S.Paulo” – 09/12/2012

“A felicidade e o bem-estar são as chaves da vida contemporânea. Vale tudo para ser feliz. Uma época dominada pela felicidade é uma época boba. […] Toda liberdade pressupõe riscos, e toda sociedade pautada pela felicidade social não suporta a liberdade.”
Luiz Felipe Pondé , “Folha de S.Paulo” – 10/12/2012

“A beleza da catedral de Brasília, cujas linhas arrojadas lembram mãos abertas ao transcendente, botão de flor se abrindo ao infinito, feixe de ramos de trigo evocando o pão da vida, o coração de boca aberta à fome de Deus.”
Frei Betto, “Folha de S.Paulo” – 10/12/2012

“DJ Qbert, americano de origem filipina, coloca-se: ‘acredito que nós artistas, assim como todas as pessoas, estamos aqui para fazer do mundo um lugar melhor. Fazer as pessoas felizes com nosso talento traz a mais profunda alegria. todos os dias eu sonho em ajudar as pessoas ao máximo. […] A maior felicidade é doar, e o maior demônio é o egoísmo. A ideia é mostrar as coisas que temos aprendido, mas também aprender com os alunos. Pensei em criar uma comunidade online que estimulasse todo mundo a melhorar com os segredos que expomos. Ali, eu também me considero um estudante, já que aprendo com as ideias dos outros DJs todos os dias’, diz o modesto virtuose.
Claudia Assef, “O Estado de S.Paulo” – 10/12/2012

“Aos 104 anos, faleceu Oscar Niemeyer. Nenhum artista brasileiro foi reconhecido, de maneira praticamente unânime por seus pares em todo o mundo, como referência absoluta e incontornável. Nenhum, a não ser Niemeyer. Isso não é acaso nem algo desprovido de relevância. Por unir clareza e organicidade, suas obras conseguem o feito de ser monumentais e humanas. Mas “humanas” não no sentido daquilo que perpetua as ilusões burguesas do acolhimento da intimidade da home. Acolhimento que parece nos alienar definitivamente na crença de que nosso lugar natural é o espaço privado cheio de memorabilias. “Humanas” no sentido deste desejo humano, demasiadamente humano de retornar aos gestos primordiais e encontrar, neles, uma força construtiva inaudita. Na verdade, se uma ideia pudesse sintetizar a obra de Niemeyer, talvez fosse a ausência de medo. Nossas cidades parecem ter medo do vazio, dos espaços infinitamente abertos, da visão desimpedida, das formas improváveis que têm a força de dobrar o concreto armado, ou seja, da inventividade que parece se comprazer em negar toda a forma que se põe como necessária. Niemeyer não tinha medo de nada. Quantas vezes ele deve ter exasperado engenheiros que viam suas formas e pensavam: ‘Mas isso não pode ficar suspenso dessa forma. Mas não é possível deixar isso em pé’. Como se não bastasse a inventividade de sua obra e a coragem de suas escolhas, quis o destino que Niemeyer fosse a expressão artística mais bem-acabada do desejo brasileiro de modernidade.”
Vladimir Safatle, Revista Carta Capital – 10/12/2012

“Para que escrever? Nada adianta, nada. E como meu trabalho é ver o mal do mundo, um dia a depressão bate. A náusea – não a do Sartre, mas a minha. Não tolero mais a falta de imaginação ideológica dos homens de bem, comparada com a imaginação dos canalhas, o que nos leva à retórica de impossibilidades como nosso destino fatal e vejo que a única coisa que acontece é que não acontece nada, deprimo quando vejo a militância dos ignorantes, a burrice com fome de sentido, balas perdidas sempre acertando em crianças, imagens do Rio São Francisco com obras paradas e secas sem fim, o trem-bala de bilhões atropelando escolas e hospitais falidos, filas de doentes no SUS, caixas de banco abertas à dinamite, declarações de pobres conformados com sua desgraça na TV; odeio sucesso sem trabalho, a troca do mérito pela fama; repugnam-me os sorrisos luminosos de celebridades bregas, passos de ganso de manequim, horroriza-me sermos um bando de patetas de consumo, não aguento mais ver que a pior violência é nosso convívio cético com a violência, o mal banalizado e o bem como um charme burguês, não quero mais ouvir falar de ‘globalização’, enquanto meninos miseráveis fazem malabarismo nos sinais de trânsito, não aguento chuvas em São Paulo e desabamentos no Rio, enquanto a Igreja Universal constrói templos de mármore com dinheiro arrancado dos ignorantes sem pagar Imposto de Renda, festas de celebridades com cascata de camarão, matéria paga com casais em bodas de prata, políticos se defendendo de roubalheira falando em ‘honra ilibada’, conselhos de ética formado por ladrões, não suporto Cúpulas do G20 lamentando a miséria para nada, tenho medo de tudo, inclusive da minha renitente depressão, estou de saco cheio de mim mesmo, desta minha esperançazinha démodé e iluminista de articulista do “bem”, impotente diante do cinismo vencedor de criminosos políticos.”
Arnaldo Jabor, “O Estado de S.Paulo” – 11/12/2012

“Quando não temos a flexibilidade necessária para nos rirmos da vida, é a morte que acaba por se rir de nós.”
João Pereira Coutinho, “Folha de S.Paulo” – 11/12/2012

“Em tempos de consumo desenfreado e lançamentos mil nesta época do ano, é claro que as crianças competem entre si sobre quem irá ganhar isso ou aquilo que se torna, não mais que de repente, um objeto de desejo de um grupo enorme.”
Rosely Sayão, “Folha de S.Paulo” – 11/12/2012

“O devaneio excessivo é o hábito de Dom Quixote, Madame Bovary, dois terços dos adolescentes, quase todos os autores de novelas e romances etc. Transformar esse hábito, tão humano, em “transtorno”, é uma tentativa de regular nossas vidas com a desculpa higienista: tudo nos é imposto para nossa “saúde” e nosso bem. Pararemos de sonhar porque é mais “saudável” prestar atenção só no que está na agenda de hoje? No fundo, nada disso me estranha. Desde o século 19, as regras para uma vida saudável (física e psíquica) são nossa nova moral. E esse ataque contra o devaneio era previsível: qualquer forma de poder prefere limitar os sonhos de seus sujeitos.”
Contardo Calligaris, “Folha de S.Paulo” – 13/12/2012

“A pressão que vem da base hoje é muito grande. Aprendi que nesse cenário tem de haver transparência. É preciso criar espaço para o diálogo. Formar líderes requer investimento, tempo e paciência para aceitar que nem todos estarão aptos.”
Leonardo Freitas, 45, executivo, “Revista VocêS/A” – dezembro de 2012

“Os evangélicos são fundamentalistas às vezes. E fundamentalismo é uma coisa que a gente quer afastar de qualquer forma do Brasil. Deus continua em alta, Deus continua sagrado. O que está sendo contestado é a postura das igrejas.”
Seu Jorge, músico, “Revista Billboard” – dezembro de 2012

“Ando mais por dentro de mim do que na estrada. […] Mexer com gratuidades me enriquecem. […] Inventei desver o que via para ver novas coisas.”
Manoel de Barros, 96, poeta, “Revista Cult” – dezembro de 2012

45ª semana de 2012

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“Quanto mais alto você chega em uma hierarquia, mais o componente relações humanas se torna importante para o bom líder. É preciso saber desenvolver a si próprio e desenvolver as pessoas que você lidera. Sem isso, abre-se um vazio em comando e liderança.”
Eduardo Bom Angelo – “Folha de S.Paulo”, 04/11/2012

“O mundo está cada vez mais complexo. […] De uma rede de comunicação global, a internet evoluiu para uma espécie de memória coletiva, a que boa parte dos processos é delegada. Smartphones, computação em nuvem e internet das coisas, cada vez mais familiares, mensuram cada transação e, por meio da compilação de dados, definem quem é você, o que faz e onde passa a cada instante.”
Luli Radfahrer – “Folha de S.Paulo”, 05/11/2012

“A universidade está morta e só não sente o cheiro do cadáver quem tem vocação para se alimentar de lixo.”
Luiz Felipe Pondé – “Folha de S.Paulo”, 05/11/2012

“Se ler é tão bom assim, por que é que nós, os adultos, lemos tão pouco? Pesquisas mostram que o índice de leitura espontânea no Brasil é de pouco mais de um livro por ano! Muito pouco, quase nada, na verdade. Isso significa que, depois que o jovem sai da escola, ele simplesmente deixa de ler.[…] As famílias poderiam incluir a ida à biblioteca como um programa familiar, não é verdade? Ler sempre – mesmo que por pouco tempo -, comentar sobre os livros que estão lendo e incluir alguns exemplares na bagagem das férias são atitudes que os pais podem adotar para mostrar aos filhos, na prática, que ler é bom de verdade.”
Rosely Sayão – “Folha de S.Paulo”, 05/11/2012

“Há hoje um estado de espírito em que a pessoa tem vergonha de dizer que é político. Não é assim não. A política bem entendida é uma das coisas mais importantes. Não sou político; sou um escritor que tem preocupação política, porque sei da importância da política. […] Não sou nem otimista nem pessimista. Os otimistas são ingênuos e os pessimistas, amargos. Sou um realista esperançoso. Sou homem da esperança. Sei que é para um futuro muito longínquo.”
Ariano Suassuna – “Folha de S.Paulo”, 09/11/2012

“A principal atividade matinal de 90% dos jovens brasileiros que têm smartphone é checar o celular, mostra uma pesquisa da Cisco que mapeou 1.800 pessoas de 18 a 30 anos, a chamada geração Y, em 18 países. No México, na Alemanha, na China, na Índia e no Japão, o índice chega a ultrapassar a marca brasileira. “É uma geração que checa o smartphone antes de levantar e de ir dormir”, Oscar Gutiérrez, gerente de desenvolvimento de negócios da Cisco. No mundo, 3 em cada 4 conferem os smartphones durante o banho e 1 a cada 5 envia SMS ao volante. Em refeições, mais da metade reveza os talheres com o celular. O Brasil é o país em que mais jovens dizem ter mais contato com os amigos pela internet, 73%. No mundo, esse percentual é de 40%. Os contatos pessoais são maioria para apenas 10%. A densidade de jovens brasileiros que fazem compras na web sobre o total também é a maior do mundo: 94%. “Essa geração é uma grande geradora de tráfego”, lembra Gutiérrez. A cada minuto, 72 horas de vídeo são hospedadas no YouTube.”
Helton Simões Gomes – “Folha de S.Paulo”, 09/11/2012

“Um dos pecados que mais corrói os ambientes profissionais atualmente: a ganância, a necessidade de ter mais o tempo todo. Mais poder, mais status, mais grana, mais sucesso. Como diz o psicanalista Jorge Forbes, o ganancioso comporta-se em sua carreira como o guloso com a comida. É um glutão cujo único termômetro é o quanto consegue ‘comer’ de oportunidades que vê pela frente.”
Juliana De Mari, “Revista VocêS/A” – novembro de 2012

“Estimular uma ‘oposição criativa’ dentro da empresa permite abarcar todo o espectro de suas atividades, tornando clara a consciência de que são complexas e multipolares, comportam verdades múltiplas e são capazes de se alargar e realizar seu potencial total.”
Paulo Eduardo Nogueira, “Revista Época Negócios” – novembro de 2012

41ª semana de 2012

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“Victor quase terminou o casamento, Eduardo infartou e Rodrigo engordou 20 quilos em dois anos. Com idades entre 30 e 59 anos, os três são exemplos de profissionais que, depois de uma situação extrema, perceberam que falharam ao tentar equilibrar carreira e vida pessoal. Talvez um dos “vícios” mais aceitos – e incentivados – socialmente, a compulsão por trabalho ganhou uma nova escala desenvolvida por um grupo de pesquisadores da Noruega. Ståle Pallesen, professor de psicologia da Universidade de Bergen e um dos responsáveis pelo estudo, diz que traços da personalidade, como ambição desmedida ou comportamento obsessivo, são fatores determinantes nesse tipo de compulsão. Segundo os pesquisadores, os “workaholics” trabalham para reduzir sentimentos como culpa, ansiedade, desamparo ou depressão.”
Felipe Maia – Folha de S.Paulo, 07/10/2012

“É preciso estudar, é necessário ter conhecimento. É importante, mas não é suficiente. Uma das coisas mais importantes que um CEO tem de fazer é mostrar a direção. […] Eu tento liderar pelo exemplo. As pessoas na empresa costumam ouvir o que os líderes dizem. O mais importante, no entanto, é que elas observam o que os líderes fazem. Se eu disser que algo é um valor importante para a empresa, mas fizer o contrário, as pessoas não vão acreditar em mim. […] Eu gosto do conceito de “dar o meu melhor no trabalho”. Eu aprendi isso com um professor importante lá no meu país, o Japão. […] Acho que um bom líder precisa aprender com a experiência e com o coração. […] Eu gosto de ter contato com tantas pessoas aqui no Brasil, não gosto de ficar no escritório, porque não tenho contato com pessoas e não consigo entender a realidade.”
Akira Harashima – O Estado de S.Paulo, 07/10/2012

“Dados da Câmara Brasileira do Livro (CBL) e da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) apontam que em 2010 73,8% dos livros vendidos eram religiosos. Entre 2009 e 2010 categoria cresceu 17,74%. Aumento do poder de compra da classe C e da população evangélica, que soma 40 milhões de brasileiros, impulsionam vendas. […] Em 2010, o mercado fonográfico nacional vendeu 25 milhões de cópias entre CDs e DVDs. Em 2011, entre os dez CDs mais vendidos, cinco eram religiosos.”
O Estado de S.Paulo, 07/10/2012

“A realidade é que o planeta está morrendo. Temos democracia – falando de modo geral -, ela funciona, mas não está nos levando a lugar algum. Do ponto de vista religioso, a oposição entre islamismo e cristianismo nunca esteve tão grande. Politicamente, tem-se gastado mais dinheiro em suítes de hotel do que em ações que melhoram a vida das pessoas. No campo econômico idem: toda vez que se fala em reorganizar o sistema bancário, por exemplo, é uma grita. Estão levando o mundo para o colapso. A verdade é que o dinheiro manda, e estamos perdendo o respeito por quem trabalha. Estamos sendo governados por gente do sistema financeiro, que dita as regras. O mundo está ficando desumanizado. Estamos perdendo a noção de nossos cinco sentidos. Só que o mundo, para ser salvo, depende deles e da nossa criatividade. […] A missão é aguçar a criatividade das pessoas, abrir suas mentes, fazer com que elas saiam de lá pensando em cultura e em como ser mais criativas.. Para mim, não há nada mais lindo do que isso. Chego mesmo a chorar. Nada é mais poético do que o sentido de criatividade – porque é a razão de ser da humanidade, é a única maneira de salvar o mundo e a nós mesmos.”
Alex Allard – O Estado de S.Paulo, 10/10/2012

“Organizações neuróticas frequentemente induzem seus funcionários a aceitar e praticar seus vícios. Com o tempo, elas desenvolvem normas implícitas e sistemas formais de incentivo condicionadores de seus quadros para se conformarem com o estilo dominante. Organizações neuróticas nutrem líderes neuróticos. Líderes neuróticos, por sua vez, fomentam atitudes e comportamentos consistentes com suas características. Fecha-se, assim, um ciclo vicioso com boa chance de se perpetuar.”
Thomaz Wood Jr. – Carta Capital, 10/10/2012

“Na sociedade atual o corpo perfeito tem sido o ‘tudo’. O corpo perfeito, belo, tem sido considerado como a ‘porta de entrada’ para uma maior aceitação social e um troféu a ser conquistado com muito esforço nos consultórios médicos, nas clínicas de estética, nas academias de ginástica, dentre outros. […] Criam-se falsas imagens de mulheres perfeitas, através do tratamento de fotografias. O público feminino passa então a buscar um corpo idealizado pelas diversas mídias. Paralelamente, as mulheres se tornam escravas de um modelo social ficando, muitas vezes, suscetíveis à depressão e a transtornos alimentares.”
Claudinéa Justino Franchett – Jornal da Tarde, 12/10/2012

37ª semana de 2012

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“Cerca de 3 milhões de britânicos com idade ente 20 e 34 anos moravam com os pais no ano passado. Segundo o órgão nacional de estatística britânico, o número é 20% maior que o registrado em 1997. Um dos motivos por trás dessa ‘adultolescência’ é a crise econômica europeia, que forçou o retorno de filhos já adultos à convivência com a família. No Brasil, o último censo do IBGE mostrou que há 1,7 milhão de brasileiros, entre 25 e 34 anos, vivendo na casa dos pais. Mas daqui os motivos são mais culturais do que econômicos.”
Revista VocêSA – setembro de 2012

“O passado deve nos servir contraponto, de lição, de visão crítica, mas não de ressentimento. Aprendi com os erros e, principalmente, com os acertos de todas as administrações que me antecederam. Mas governo com os olhos no futuro.”
Dilma Rousseff – Revista Época – 10/09/2012

“A islamofobia assume que os muçulmanos são tão violentos e irracionais que, se você apenas questionar sua religião, eles virão mata-lo. Não acredito nisso. Essa imagem não corresponde a nenhum muçulmano que conheço.”
Tom Holland – Revista Época – 10/09/2012

“A agilidade estratégica que impera no mundo empresarial necessita de líderes que auxiliem a descortinar o novo, que assumam riscos, que tenham atitudes decisórias, que orquestrem sua equipe com harmonia e realizações, mas, para tanto, estas mesmas empresas precisam ter uma política que incentive este grau de comprometimento organizacional.”
Ruth Duarte – O Estado de S.Paulo, 10/09/2012

“Na Coreia do Sul, o excesso de mulheres na carreira diplomática obrigou o governo a instituir as fatídicas cotas para homens. […] A nova economia emergente, baseada cada vez mais em qualidades como ‘comunicação’ e ‘adaptação’, está pronta para o triunfo da sensibilidade feminina.”
João Pereira Coutinho – Folha de S.Paulo, 11/09/2012

“O que vamos comer, por exemplo? Agora já não vale mais o nosso gosto, apenas. Precisamos também considerar determinadas normas ditadas pelas ciências que, por sinal, podem mudar constantemente. Lembra-se do ovo? Já foi demonizado, agora não é mais. É que a alimentação se transformou em uma questão de saúde, e não mais uma questão social, familiar, de prazer etc. […] Às vezes, dá a impressão de que entregamos com gosto algumas decisões para outrem, seja para o Estado ou para ditames atuais das ciências e das tecnologias. No mínimo, nós precisamos ter consciência de que isso está ocorrendo. E as gerações mais novas poderiam aprender a fazer uma análise crítica a esse respeito.”
Rosely Sayão – Folha de S.Paulo, 11/09/2012

“ ‘A forma como assediamos a vida uns dos outros hoje tem tudo a ver com o processo de celebrização da sociedade. Há um impulso de consumir a vida do outro, de usá-la como entretenimento, semelhante a um filme’, explica Eugênio Trivinho, professor do programa de pós-graduação em comunicação e semiótica da PUC-SP.”
Juliana Cunha – Folha de S.Paulo, 11/09/2012

“A epidemiologia da cola sugere que não. Um trabalho de 2005 de Donald McCabe mostrou que 70% dos alunos do ensino médio de escolas públicas dos EUA admitiam ter colado em testes. Entre estudantes de instituições privadas, o índice caía para 50%. No Brasil, pesquisa Datafolha de 2009 revelou que 31% da população reconhecia já ter colado. O fenômeno transcende a escola. Uma empresa de recursos humanos de Wisconsin divulga anualmente, desde 1995, seu Índice do Mentiroso, isto é, a proporção de CVs fraudulentos que recebe. Em 2011, a taxa foi de 27,3%, o recorde histórico.”
Hélio Schwartsman – Folha de S.Paulo, 11/09/2012

“Criamos padrões e os repetimos, nos acostumamos a eles. E não só nós, também aqueles com quem convivemos. As pessoas entendem como funcionamos e passam a lidar conosco considerando nossos padrões. […] Cerca de metade do que fazemos no dia a dia deriva de nossos hábitos e não de intenções deliberadas.”
Eugenio Mussak – Revista Vida Simples – setembro de 2012

“Misturar Deus (qualquer Deus) ou seus profetas com política é receita certa para horror.”
Clóvis Rossi – Folha de S.Paulo, 13/09/2012

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