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52ª semana de 2012

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“O medo, no ambiente de trabalho, possui potenciais consequências negativas ao bem-estar dos colaboradores e para os resultados da empresa. Modelos de gestão baseados no medo devem ser utilizados de acordo com a função biológica desse sentimento: em situações de perigo e emergência, nas quais outras alternativas não são viáveis. Nesses casos, podem ser muito úteis. No entanto, é preciso notar que bem-estar e produtividade são elementos que possuem direta correlação. Colaboradores infelizes e estressados produzem menos e entregam resultados abaixo de seus verdadeiros potenciais.”
Pedro Calabrez Furtado, “O Estado de S.Paulo” – 23/12/2012

“O aumento da escolaridade foi acompanhado de queda da desigualdade de renda no Brasil nos últimos anos. Essas tendências têm uma relação forte de causa e efeito. O maior acesso à educação explica fatia importante da redução na distância entre ricos e pobres no país. […] Embora tenha aumentado nas últimas duas décadas, a escolaridade no Brasil permanece baixa em comparação com a de outros países. Os adultos brasileiros têm, em média, pouco mais de sete anos de estudo, contra mais de nove anos na Argentina, quase dez no Chile e mais de 12 nos EUA. Segundo o economista Ricardo Paes de Barros, o país consegue, somente agora, sua primeira geração de adultos com cerca de 30 anos de idade e aproximadamente nove anos de estudo. No Chile, isso ocorreu em 1982 (com jovens nascidos em 1952). ‘Apesar do progresso que vem acontecendo no Brasil, nosso atraso educacional é enorme’, afirma Paes de Barros, que é secretário de Ações Estratégicas da Presidência da República. ‘É uma ameaça real, não porque o avanço educacional no Brasil seja lento, mas porque a tecnologia anda a uma velocidade ainda mais rápida, ou seja, precisamos acelerar ainda mais os progressos na área de educação’, diz Paes de Barros.”
Érica Fraga, “Folha de S.Paulo” – 23/12/2012

“Provamos, a cada vez que obtemos sucesso, que somos mesmo uma espécie única, capaz de grandes feitos quando trabalhamos juntos, seja por livre e espontânea vontade, e até sob condições violentas. A cada obra concluída o espírito humano se renova, orgulhoso com o que fez. Mas tão importante quanto esse orgulho é a humildade de ver o quanto ainda não foi feito, o quanto ainda continua inacabado ou incompreendido. Se um dos objetivos da ciência é aliviar o sofrimento humano, seria inocente acreditar que tal objetivo será um dia alcançado. Livrar-nos das iniquidades sociais não seria suficiente, mesmo se possível.”
Marcelo Gleiser, “Folha de S.Paulo” – 23/12/2012

“É curioso como nos relacionamos com nossos amigos – com a maioria deles, digamos – estamos sempre tentando contar uma boa novidade ou sendo inteligente ou falando coisas muito interessantes, para que nos tornemos muito interessantes e assim possamos conservá-los. Mais curioso ainda é que não há amigo melhor neste mundo do que aquele em cuja companhia você se sente tão bem, mas tão bem, que pode até ficar calado pois parece que está só.”
Danuza Leão, “Folha de S.Paulo” – 23/12/2012

“Todos nós, jovens e menos jovens, estamos crescentemente dependentes da plataforma virtual. É fascinante o apelo da web. Investimos muito tempo digitando mensagens de texto, escrevendo nos blogs, postando fotos e comentários no Facebook ou curtindo videogames. […] A nova geração de adolescentes tem mais acesso à informação do que qualquer outra antes dela. Mas isso não se reflete num ganho cultural. Os índices de leitura e de compreensão de texto vêm caindo desde o início dos anos 1990. A conclusão é que, apesar do maior acesso às novas tecnologias, não se vê um ganho expressivo em termos de apreensão de conhecimento. A internet é uma formidável ferramenta. Não deve, contudo, perder o seu caráter instrumental. O excesso de internet termina em compulsão, um tipo de dependência que já começa a preocupar os especialistas em saúde mental. Usemos a internet, mas tenhamos moderação. Precisamos, todos, redescobrir a magia da leitura.”
Carlos Alberto Di Franco, “O Estado de S.Paulo” – 24/12/2012

“Hoje, no presépio de Belém, perto da manjedoura onde o menino Jesus recebeu os reis magos, nos lugares sagrados de Jerusalém, explodem os homens-bomba berrando ‘Feliz Natal, cães infiéis!’. Que estranho destino é esse da humanidade se fechando como uma cobra mordendo o próprio rabo, a morte no mesmo lugar no nascimento, o fim da civilização no mesmo lugar onde começou, ali entre o Tigre e o Eufrates, na Mesopotâmia. […] E hoje, com o futuro cada vez mais ralo, tenho saudades da precariedade de nossa vida antiga, da ingenuidade dos comportamentos, de um mundo com menos gente louca e má. ‘Ah! Você por acaso quer a volta do atraso?’ – dirão alguns. Não; mas sonho com uma vida delicada que sumiu, dos lugares-comuns, dos chorinhos e chorões, de tudo que era baldio, dos valores toscos da classe média.”
Arnaldo Jabor, “O Estado de S.Paulo” – 25/12/2012

““Entendo que haja interpretações diferentes sobre o significado de Jesus Cristo para a humanidade e que não todos concordem com os artigos da fé cristã –que ele é o filho de Deus que se fez homem, que uniu na sua pessoa o homem a Deus, que é o salvador da humanidade e outras afirmações preciosas à fé dos cristãos. Mas dá para duvidar da existência de quem desencadeou fatos tão notórios, que mobilizou multidões ao longo de sua pregação e até estremeceu o poderoso Império Romano. […] Como pode ser que o grande Deus, o todo poderoso, o puro espírito, se torne tão pequeno, frágil, corpóreo, tão humano? A resposta é uma só: unicamente por amor!”
Odilo Pedro Scherer, “Folha de S.Paulo” – 25/12/2012

“Um dos maiores desafios da saúde pública atual é superar a “fome oculta”, que se caracteriza pela deficiência de micronutrientes, vitaminas e minerais essenciais. Sem alarde, a fome oculta prejudica o desenvolvimento de milhões de pessoas no planeta, leva à morte. Muito se investe na capacitação de recursos humanos, mas ainda pouco se faz para conter esse enorme dreno do capital humano global. […] No Brasil, 40% das crianças ainda sofrem de anemia e 20%, de hipovitaminose A. Somadas, essas carências afetam milhões de brasileiros, quase a metade da população de crianças e gestantes. […] Uma dieta saudável e balanceada representa uma aspiração a ser perseguida pela sociedade. A educação de mães e crianças é fundamental nesse esforço de longo prazo. A fortificação de alimentos básicos é uma das estratégias de melhor custo-benefício, preconizada pela OMS e pela Unicef. […] Apesar das conquistas sociais dos últimos anos, ainda não asseguramos o acesso de toda a população aos micronutrientes essenciais. Assim como país rico é país sem pobreza, país saudável é país sem desnutrição e obesidade. Possibilitar o desenvolvimento pleno do potencial de nossas crianças e cidadãos é um desafio de todos nós. Vamos vencer a fome oculta.”
Peiman Milani e Hércia Martino, “Folha de S.Paulo” – 25/12/2012

“Os líderes Prozac fazem discursos delirantes, acreditam em suas próprias palavras e desencorajam visões alternativas e críticas. Alguns são carismáticos e nutrem fiéis seguidores: eles ignoram problemas e tornam suas organizações menos preparadas para enfrentar crises. Quando encontram terreno propício, criam uma ‘cultura positiva’, que pune ou aliena funcionários não praticantes. […] O otimismo excessivo pode estimular o cinismo, erodir a confiança e provocar o afastamento da realidade.”
Thomas Wood Jr., Revista Carta Capital – 25/12/2012

“Em 2011, houve 24.206 estupros notificados na Índia, mas em apenas 26% dos casos os acusados foram condenados, segundo o Escritório Nacional de Registros de Crimes.
O número real de estupros certamente é subestimado. A maioria das vítimas nunca denuncia o crime às autoridades. Mulheres estupradas são alvo de enorme preconceito -e raramente conseguem se casar na Índia. Estudos apontam que apenas 1 em cada 50 casos de estupro são notificados. Quando as vítimas finalmente tomam coragem e denunciam, enfrentam uma polícia misógina. Os policiais indianos afirmam que as vítimas de estupro ‘mereceram, porque provocaram’. Dizem isso, literalmente. A revista indiana ‘Tehelka’ filmou, secretamente, entrevistas com 30 investigadores em delegacias de Déli e arredores, em abril deste ano. Dezessete dos 30 investigadores afirmaram repetidamente que a maioria das acusações de estupro eram falsas, que as mulheres “convidavam” ao estupro ao usar roupas provocantes e que muitas queriam extorquir os acusados. […] Com essa predisposição, não surpreende que a maioria das investigações de estupro sejam falhas. Para muitos, essa visão de mundo sexista não é privilégio dos policiais: está encravada em boa parte da sociedade indiana.”
Patrícia Campos Mello, “Folha de S.Paulo” – 26/12/2012

“O mundo não acabou outro dia, mas vários mundos acabam todos os dias, sempre que morre um escritor -ou um ator, um sambista, um arquiteto, um cientista, um gari, até mesmo um político. Hierarquias são perigosas, mas a morte de um escritor parece atingir fundo as pessoas, inclusive as que nunca o leram. Supõe a perda de um ou mais mundos organizados, que ainda não foram e não serão cristalizados em palavras. Pior ainda quando são escritores populares, porque muitos de seus contemporâneos sentiam-se parte de tais mundos. É como se a morte deles os privasse de seu chão.”
Ruy Castro, “Folha de S.Paulo” – 26/12/2012

“Em geral, pensamos a literatura a partir de sua função social, seu conteúdo psicológico, questões de estilo. Mas, com essa ênfase em seu aspecto externo, esquecemos o fundamental: a literatura é acima de tudo um diálogo expandido. Um eu-tu apreendido em estado de graça. Oscilação incessante entre intimidade e solidão.”
“Valor Econômico” – 28/12/2012

“Governos vivem de aplausos, já problemas reais dependem de soluções efetivas para ser solucionados.”
Hélio Schwartsman, “Folha de S.Paulo” – 29/12/2012

“Em meio ao caos após a devastação do furacão Sandy, o governador de Nova York, Andrew Cuomo, disse que a exceção meteorológica está se tornando rotina. Aproveitou o choque da população para fazer as conexões entre a erosão da costa, o nível do oceano e a temperatura. Virou o debate que tem tratado aqui a ciência ambiental como panfletagem ideológica.”
Lúcia Guimarães, “O Estado de S.Paulo” – 31/12/2012

“O Ministério Público de São Paulo iniciou um programa para capacitar professores da rede estadual que atuam como mediadores escolares. O objetivo é, até o fim de 2013, oferecer conhecimentos específicos sobre justiça restaurativa e, assim, auxiliá-los na prevenção e resolução de conflitos. O objetivo da justiça restaurativa – diferentemente da cultura punitiva, que busca um culpado para o conflito – é identificar o que causou o problema e intervir na situação a partir de três princípios: diálogo, reflexão e responsabilização. Só neste primeiro ano, mil professores serão capacitados no Estado. Os docentes são indicados pela direção da escola em que atuam. “Nossa ideia com esta parceria com a Secretaria de Educação é evitar que a violência surja e, nos casos em que ela aparecer, conseguir resolver o caso sem atitudes drásticas, como a expulsão. Pelo contrário: usar essas situações como oportunidades de mudanças e de aprendizagem”, afirma o promotor Antônio Carlos Ozório Nunes, coordenador do programa. […] Com 47 anos de idade e 15 de magistério, o professor Tarsis Campos foi indicado para fazer a capacitação porque atua há três anos como mediador na escola estadual Wilson Ramos Brandão, que tem cerca de 800 alunos e fica na periferia de Sorocaba. Apesar da experiência, ele conta que o curso promovido pelo MP tem ajudado na promoção de consensos. “Minha missão é ensinar aos alunos que entrar em consenso não é pedir perdão, é não partir para a violência”.
Ocimara Balmant, “O Estado de S.Paulo” – 31/12/2012

“O Boko Haram, grupo radical islâmico que atua na Nigéria, degolou ontem 15 cristãos em Musari, nordeste dos país. A região é reduto do grupo islâmico Boko Haram, que luta contra a influência ocidental na Nigéria. De acordo com autoridades locais, as vítimas dormiam na hora do ataque. A maioria delas foi morta com facões. Os alvos, segundo a política, foram escolhidos porque eram cristãos. Muitos deles haviam se mudado para outras partes da cidade justamente em razão de ataques do Boko Haram.”
“O Estado de S.Paulo” – 31/12/2012

02ª semana de 2012

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“Eventos hoje têm agenda publicitária e pragmática. Apresentados como um lugar mágico em que não há dúvidas e todos se sentem mais inteligentes no final, a maioria tem um forte componente de autoajuda, principalmente quando levado em conta o currículo e conteúdo apresentado. No TED, a mais popular (e copiada) entre as conferências “new age”, apresentações curtas, rasas e emotivas são intercaladas com números musicais ou cômicos. […] O resultado é um ambiente raso e hipócrita, em que críticas são desencorajadas. As apresentações, quase religiosas, pregam que só há um lado “certo” a seguir: aquele apresentado pela celebridade que ocupa o palco e apresenta, para uma plateia ignorante, sua visão particular de Paraíso.Todos estão livres para expressar suas opiniões, desde que concordem. O milenar hábito de discordar e debater vem se tornando, aos poucos, fora de moda. A maior crítica permitida é uma ironia covarde, camuflada sob perfis anônimos ou mascarados.”
Luli Radfahrer – Folha de S.Paulo, 09/01/2012

“Pecado aqui significa a consciência de que você não é dono de si mesmo. Suas reações, pensamentos e esquemas rotineiros de enfrentamento da vida entram em colapso. E dói. E mais: é pecado porque o adultério faz você ver que existe alguém dentro de você que é despertado do sono por outra pessoa que não aquela que divide honestamente e cotidianamente o dia a dia da sua vida. Aquela pessoa que envelhece com você ao longo de uma vida de ‘pequenos detalhes’ que, ao serem somados, representam uma parceria de confiança, retribuição e generosidade.”
Luiz Felipe Pondé – Folha de S.Paulo, 09/01/2012

“Por dados recentes do IBGE, descobre-se que a segunda maior favela do país, a Sol Nascente, com 56.483 moradores, fica em Brasília, a 30 km do Palácio do Planalto. Você dirá: como pôde esse complexo de ilegalidade e miséria, composto de 15.737 domicílios, expandir-se sob as barbas do governo federal? E a resposta será: Por que não? A 30 km, tal complexo não é visível a olho nu. E Brasília foi concebida para não ver nada além de seu núcleo.”
Ruy Castro – Folha de S.Paulo, 09/01/2012

“Tática contumaz do especialista preguiçoso é fazer-nos supor que todo problema é muito mais amplo do que parece. Depois, faz firula até mostrar que não há solução.”
Vinicius Mota – Folha de S.Paulo, 09/01/2012

“Steven Spierlberg é o cineasta mais influente de Hollywood. Com 43 anos de carreira, o diretor e produtor se mantém atual, e as imagens de seus filmes continuam a evocar simplicidade e sofisticação. Ele não só inova em tecnologias com o mesmo entusiasmo de um jovem estreante, como é fiel às fontes clássicas. ‘A fonte da minha juventude está no entusiasmo que algumas ideias me despertam’, disse Spielberg em entrevista a Época. ‘Há momentos em que saio pulando de alegria de uma sessão de cinema, porque vejo nascer em mim uma nova aventura’.”
Luís Antônio Giron e Marcelo Bernardes, Revista Época – 09/01/2012

“Métodos inovadores para estimular a poupança estão em estudo no mundo todo porque a abordagem tradicional – dizer às pessoas que elas precisam guardar para o futuro – simplesmente não está funcionando. Talvez porque a sociedade ofereça estímulos desproporcionais para o consumo imediato e o endividamento. Talvez porque a natureza humana seja resistente a encarar o futuro. ‘Em vez de fazer a melhor opção, simplesmente escolhemos a mais fácil’, afirma Vera Rita Ferreira, doutora em psicologia econômica pela PUC-SP.”
Revista Época – 09/01/2012

“Brasileiros apostaram R$ 9,73 bilhões nas loterias da Caixa Econômica Federal no ano passado, aumento de 10,5 em relação a 2010. A Mega-Sena segue como carro-chefe: arrecadou R$4,6 bilhões, 16% a mais que no ano anterior.”
O Estado de S. Paulo, 10/01/2012

“Como serão os hábitos de leitura dos brasileiros? Os resultados não são nada lisonjeiros. A média brasileira é de 1,8 livro por habitante/ano. Isso se compara com 2,4 para nossos vizinhos colombianos, cinco para os americanos e sete para os franceses.”
Claudio de Moura Castro, Revista Veja – 11/02/2012

“Na internet, nada sobrevive sem criatividade, inovação constante e confiança na marca.”
Marion Strecker – Folha de S.Paulo, 12/01/2012

“Não agimos segundo o que achamos certo, por “força de vontade”, mas para evitar punições e vergonhas. Ou seja, não somos nunca verdadeira e corajosamente bons, apenas queremos fazer bonito e não perder dinheiro (ainda menos em prol de nossos inimigos).”
Contardo Calligaris – Folha de S.Paulo, 12/01/2012

“Ao contrário do que dizem os advogados da internação compulsória, dependentes conservam algum grau de controle sobre a continuidade do uso. Estudos mostram que, quando o preço da droga sobe, cresce a procura por programas de tratamento. Considerando que o cérebro humano, com seus 90 bilhões de neurônios interligados em 100 trilhões de sinapses, é a estrutura mais complexa do Universo, o surpreendente seria se nossos comportamentos fossem unívocos e 100% previsíveis. O que os trabalhos neurocientíficos sugerem é que a mente é o resultado de uma cacofonia de módulos e sistemas autônomos atuando em rede.”
Hélio Schwartsman – Folha de S.Paulo, 13/01/2012

“No Brasil, nos palanques, os candidatos dizem as piores verdades um sobre o outro. Dois anos depois, esquecidas as eleições, vencedor e vencido são vistos aos abraços. Campanha é uma coisa; política, outra. E nenhuma é para valer.”
Ruy Castro – Folha de S.Paulo, 13/01/2012

“É nessa direção que caminhamos. A educação é uma ferramenta de grande alcance para conquistas individuais e coletivas. Com ela, poderemos redesenhar o futuro de milhões de jovens brasileiros.”
Marconi Perillo – Folha de S.Paulo, 13/01/2012

“Uma reportagem da revista britânica The Economist mostrou que as asiáticas, de modo geral, estão fugindo do casamento. Mesmo em países com culturas que defendem a união precoce, às vezes arranjada, e para a vida toda, as mudanças ocorrem. Taiwan, Coreia do Sul e Hong Kong seguem a tendência japonesa. Na capital tailandesa, 20% das mulheres de 40 a 44 anos estão solteiras e, em Cingapura, o percentual chega a 27%. Nesses locais, a taxa de natalidade cai: com valores arraigados, as mulheres não se arriscam a providenciar filhos sem pais. A produção independente não é bem assimilada e corresponde a 2% dos bebês, número pequeno se comparado à Suécia, onde 55% das crianças nascidas em 2008 foram concebidas fora do casamento.”
Revista Claudia – janeiro de 2012

10 de novembro de 2010

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10 de novembro

“Um adolescente urbano consome volumes de informação simultânea que parecem assombrosos para os membros de gerações anteriores: ele pode, sem esforço, assistir a três canais de TV enquanto ouve música, fala ao celular, acessa alguns sites, joga algum jogo, conversa com os colegas via comunicadores instantâneos, escreve em blogs e no Twitter… Quando alguém o interrompe nesse ambiente hiperconectado e pergunta o que ele está fazendo, sua resposta natural é: “nada”. Não se pode negar-lhe uma certa razão.
Sempre que nos deparamos com um ambiente novo, em que poucas certezas estão consolidadas, a impressão é que tudo está acontecendo ao mesmo tempo. O excesso de informações sem prioridades confunde e angustia. Na verdade, é o senso de hierarquia e priorização que ainda não foi estabelecido.

Multitarefa é um mito. O indivíduo que faz várias coisas ao mesmo tempo raramente faz alguma delas com precisão. Na maioria das vezes o máximo que faz é perceber, de forma genérica, como deve se comportar, sem ao menos se questionar se esse comportamento faz sentido.

O mundo conectado, com seu acúmulo de informações, se torna cada vez mais contextual e menos específico. Como um jovem índio adaptado à floresta, o nativo digital se movimenta à vontade em seu ambiente. Mas ao contrário do índio na floresta, ele não ganha consciência de seu ecossistema.”

Luli Radfahrer, Folha de S.Paulo, 10/11/2010

09 de novembro de 2010

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“De acordo com o documento n.º 63 do Observatório Universitário, menos de 30% dos brasileiros graduados em um curso superior em comunicação trabalham na área em que se formaram.

Esse mesmo percentual é de 33% para os engenheiros e de cerca de 50% para advogados, administradores e pedagogos.

Muitos educadores atribuem os números acima em parte à visão de que a educação superior existe apenas ou principalmente para oferecer formação profissional específica. Essa visão atrasada é a mãe da exigência da escolha a que nossos jovens se veem obrigados assim que chegam ao ensino médio e começam a pensar no vestibular.
Não é surpreendente que, mais tarde, muitos busquem atividades em áreas distintas daquelas em que se formaram. Há alguns anos, contudo, surgiu uma nova abordagem pedagógica para essas questões.

São os chamados bacharelados interdisciplinares (BIs), iniciados na Universidade Federal do ABC e hoje oferecidos em diversas universidades, entre elas na Universidade Federal de São Paulo, que oferecerá um BI em ciência e tecnologia a partir de 2011.

Focados em uma grande área do conhecimento, os BIs se propõem a ensinar os fundamentos de várias áreas do saber, relacionando-as entre si. O bacharel em ciência e tecnologia terá sólidos conhecimentos nas ciências básicas, aliados a uma formação humanística.
Um valor fundamental dos BIs é que, neles, o aluno é responsável pela escolha de 50% da sua grade curricular, adquirindo na universidade o hábito da busca pelo conhecimento e conquistando uma autonomia que deverá usar ao longo de toda a vida.
A capacidade de adquirir conhecimento novo com autonomia, aliás, parece ser a chave da habilitação profissional no século 21, e esse é o propósito dos BIs.”

Helio Waldman e Armando Zeferino Milioni, Folha de S.Paulo, 09/11/2010

 

“A internet – e o Twitter em particular- está dando publicidade a comportamentos que só tinham vigência no âmbito da vida pessoal de cada um. Assim como muitos expõem sua vida privada à visitação coletiva sem nenhum receio do ridículo, vários preconceitos também estão se tornando visíveis nas redes sociais.
Talvez seja positivo que as barbaridades que as pessoas dizem no escritório, no clube ou no bar, só entre amigos, possam agora ser objeto de discussão pública, mesmo que isso possa nos virar o estômago ou levar à conclusão de que, definitivamente, o inferno são os outros.”

Fernando de Barros e Silva, Folha de S.Paulo, 09/11/2010 

03 de outubro de 2010

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“Pela primeira vez na história, 22 países latino-americanos assinaram um pacto em favor da qualidade na educação. O documento Metas 2011 foi firmado no mês passado, em Buenos Aires, por ministros e representantes de ministérios da Educação e será ratificado na cúpula de chefes de Estado em dezembro, na Argentina.

O documento foi costurado durante dois anos pela Organização dos Estados Ibero-Americanos (OEI) e prevê 9 metas gerais e 27 específicas, além da dotação de recursos e de um processo permanente de avaliação, que será coordenado pelo México. […]

Alguns objetivos:

Ensino fundamental – ampliar para 50% o número de escolas em período integral.

Educação Básica – pelo menos 70% dos docentes com ensino superior.

Multidisciplinaridade – currículo deve incorporar leitura, tecnologia, artes e esporte.”

Paulo de Camargo, Estado de S.Paulo, 03/10/2010

 

“Segundo Relatório Norton Online Family Report, elaborado em julho deste ano, as crianças brasileiras são as que mais ficam online, passando, em média, 18,3 horas por semana. E mais:

– 79% das crianças brasileiras já tiveram alguma experiência negativa online.

– dessas 79%, 58% adicionaram um desconhecido na rede social; 53% baixaram algum vírus no PC da família; 34% viram imagens violentas ou de nudez.

– só 65% dos pais acham que os filhos tiveram uma experiência negativa.

– 17% das crianças brasileiras acham que seus pais não sabem o que elas fazem online.

– apenas 31% dos pais entrariam em contato com os pais das crianças que cometeram o bullying contra seu filho, caso tomassem conhecimento de uma experiência negativa online. […]

Estão os jovens preparados para lidar com o grau de abertura proporcionado pela internet? Segundo pesquisa realizada, em 2009, pelo Laboratório de Estudos em Ética nos Meios Eletrônicos (Leeme) da Universidade Mackenzie, com 2.039 jovens entre 11 e 18 anos, de escolas públicas e particulares, a resposta é não. De acordo com o estudo, coordenado pela professora Solange Barros, os adolescentes estão suscetíveis a problemas como exposição à pornografia, divulgação indevida de imagem e dados pessoais, boatos, pedofilia e incitação à violência. […]

Para o psicólogo Rodrigo Nejm, diretor da ONG Safer Net Brasil – que, além de receber denúncias de pornografia infantil e pedofilia, atua na área de educação -, o ‘sexting’ traz à tona algo muito mais complexo e delicado, que é o sexo pelo sexo, sem afetividade. […] ‘Quanto mais acessos tiverem, maior a fama. Esse comportamento é fruto do culto ao corpo e da erotização precoce por meio da música, roupas, TV. Nos realities shows, é ‘legal’ mostrar a intimidade e ter minutos de fama’.”

Vera Fiori, Estado de S.Paulo, 03/10/2010

29 de setembro de 2010

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“No Brasil, das mais de 32,3 milhões de pessoas que usam a internet em casa, 14% são crianças de 2 a 11 anos de idade – o que representa cerca de 4,5 milhões de menores on-line. Os dados são de pesquisa realizada em agosto pelo Ibope Nielsen Online-NetView.
Esse número representa um crescimento de mais de 10% em relação a agosto do ano passado, quando eram cerca de 4 milhões de crianças on-line. […]

A televisão reina absoluta na vida da criança até os três anos, mas, depois disso, elas passam a ser atraídas pela internet, que disputa a atenção com o videogame, o tocador de MP3 e o celular. A rede vira preferência entre os pequenos de 8 a 12 anos, segundo estudo de Gisele Agnelli e Aline Souza, da Millward Brown Brasil, apresentado em março de 2010 e divulgado pelo Ibope.
Elas observaram crianças de 2 a 12 anos e suas mães.
Também se descobriu o que elas tanto procuram na web: jogos e redes sociais.”

Folha de S.Paulo, 29/09/2010

21 de setembro de 2010

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“O poder sempre esteve baseado no controle e, às vezes, na manipulação da informação. O grau de autonomia das pessoas para se comunicar, informar e organizar suas próprias redes de sociabilidade é muito mais potente com a internet. Ela é a construção da autonomia da sociedade civil. Os governos sempre tiveram horror a isso. […]

A única maneira de controlar a internet é desconectá-la totalmente. E isso hoje em dia é um preço que nenhum país pode pagar porque, além de livre expressão, a rede é educação, economia, negócios… é a eletricidade de nossa sociedade. […]

Os poderosos vigiavam os demais porque tinham os meios e a capacidade de fazê-lo. Mas agora as pessoas também podem vigiar os poderosos. Qualquer jovem com um celular, se vê uma personalidade política fazendo algo inconveniente, pode imediatamente difundir a cena. Hoje os poderosos têm que se esconder, sua vida é mais transparente, mas não há um controle, apenas vigilância. […]

O Brasil segue uma dinâmica assistencialista em que da política se esperam subsídios e favores, mais do que políticas. […] A renovação do sistema político exige que as pessoas queiram uma mudança, e isso normalmente ocorre quando existem crises. A internet serve para amplificar e articular movimentos autônomos da sociedade. Ora, se essa sociedade não quer mudar, a internet servirá para que não mude.”

Manuel Castells, 68 anos, sociólogo espanhol, Folha de S.Paulo – 21/09/2010

“A maioria dos usuários de internet da classe C pesquisados pela consultoria TNS Research utiliza a web diariamente e fica até quatro horas conectado. Segundo o levantamento que foi realizado com 500 pessoas – sendo metade da classe C – 71% dos entrevistados utilizam a internet diariamente, percentual equivalente ao das classes A e B (74%). A maioria dos internautas (65%) fica conectada de uma a quatro horas por dia, enquanto 21% navegam por mais de seus horas. Na divisão por idade, a maioria (68%) dos usuários tem entre 18 a 24 anos. Mais da metade (52%) é mulher, perfil semlehante ao das classes A e B.”

Camila Fusco, Folha de S.Paulo – 21/09/2010

 

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