“Sempre se soube que os seres humanos excepcionalmente bonitos gozavam alguns privilégios em relação aos demais. Agora, o senso comum tornou-se mensurável. Para captar esse fenômeno, Hakim, professora da London School of Economics, criou o conceito de ‘capital erótico’, que envolve, além da beleza física, virtudes como charme, desenvoltura, elegência e sensualidade. É uma adição atrevida às três formas de capital consagradas pelo sociólogo francês Pierre Bourdieu: o capital econômico (o que temos), o capital humano (o que sabemos) e o capital social (quem conhecemos). Hakim diz que as pesquisas realizadas nos Estados Unidos e no Canadá demonstram claramente que homens atraentes (quer dizer, com mais capital erótico) ganham entre 14% e 27% mais que os homens não atraentes – considerando que tudo o mais entre eles seja equivalente. Para as mulheres, a diferença varia entre 12% e 20%.”
Ivan Martins e Teresa Perosa – Revista Época, 26/09/2011

“Enquanto o amor romântico foi caracterizado por uma ideologia da espontaneidade, ligada, entre outras coisas, à atração sexual provocada pela presença de dois corpos físicos, a internet se baseia numa interação textual incorpórea, exigindo uma forma racionalizada de escolha do parceiro, distante daquela revelação inesperada, irrompendo na vida de uma pessoa contra a sua vontade e razão.”
Revista Carta Capital – 28/09/2011

“A matriz jurídica no Brasil visa a garantir que determinadas pessoas em certas posições jamais sejam punidas. Para elas sempre há uma brecha legal. […] A lei, ao se moldar ao perfil de poder do réu, se torna antiética. O estado brasileiro usa as leis para manter os maus costumes. É vital inverter essa lógica perversa.”
Roberto DaMatta, 75, antropólogo – Revista Veja, 28/09/2011

“O vício se desenvolve e se torna poderoso nas aguas turvas do desejo de morte, da falta de equipamento para enfrentar a vida, da fuga da realidade para uma solução mais fácil. […] O viciado é um náufrago: arrasta consigo s que o amam, e não sabe disso.”
Lya Luft– Revista Veja, 28/09/2011

“Minha aspiração dominante não é a de ser feliz: quero viver o que der e vier, comédias, tangos e também tragédias – quanto mais plenamente possível, sem covardia. Meu ideal de vida é a variedade e a intensidade das experiências, sejam elas alegres ou penosas.”
Contardo Calligaris – Folha de S.Paulo, 29/09/2011

“Um aspecto particular do neoliberalismo que incomoda muito, do Chile a Israel, é a privatização dos serviços públicos, pois significa um roubo manifesto do patrimônio da população. Para os que não possuem nada, deveria existir a escola pública, o hospital público, o transporte público, gratuitos ou subvencionados pela coletividade. Quando esses direitos básicos e inalienáveis são privatizados, não se configura apenas o roubo dos bens da cidadania (pois foram custados com impostos), mas também a destituição do único patrimônio das camadas mais pobres. Trata-se de uma dupla injustiça.”
Ignacio Ramonet, jornalista e sociólogo – Le Monde Diplomatique Brasil, setembro de 2011

“A repetição, diz Hegel, desempenha um papel crucial na história: quando algo acontece uma vez apenas, pode ser visto como simples acidente, algo que poderia ter sido evitado se a situação tivesse sido tratada de outra maneira; mas, quando o mesmo fato se repete, é sinal de que um processo histórico mais profundo está em ação. […] A mesma coisa aplica-se à crise financeira contínua. Em setembro de 2008, foi descrita como uma anomalia que poderia ser corrigida com uma melhor regulamentação etc.; agora, o acúmulo de sinais de um derretimento financeiro repetido deixa claro que estamos diante de um fenômeno estrutural.”
Slavoj Zizek, filósofo esloveno – Revista Cult, setembro de 2001

“Pais ficam aflitíssimos ao afirmar: ‘Gosto dos meus filhos igualmente’, por serem imediatamente contestados: ‘É mentira!’, brada o primeiro. ‘É mentira!’, repete o segundo, o terceiro e quantos mais filhos houver. ‘É mentira’, fala também a voz da consciência na cabeça dos pais: eles sabem que é mentira, mas como confessá-la sem imediatamente não se verem taxados pelos filhos, e por si próprios, de injustos, interesseiros, parciais e mais e mais? Por suposto que é mentira e qual é o grande problema em afirmá-lo? A questão é que se condensam e se confundem, no termo ‘gostar’, afinidade e amor. O impasse pode ser facilmente resolvido se os pais souberem que o amor pelos filhos é igual, mas as afinidades com um ou com outro são obviamente diferentes, variando até mesmo no tempo e na circunstância.”
Jorge Forbes, psicanalista e psiquiatra – Revista Psique, setembro de 2011