Posts tagged vida digital

12ª semana de 2012

0

“O programa El Sistema absorve milhares de jovens venezuelanos, oferecendo uma intensa formação musical como antídoto para os males da pobreza, uma realidade apesar da riqueza petrolífera da Venezuela. Segundo José Antonio Abreu, o programa funciona contra a violência. ‘Quando nos apresentamos no exterior, somos mensageiros da paz, mas também da justiça social’, afirmou. A violência é um problema global, disse. ‘Orquestras e corais são instrumentos incrivelmente eficazes contra a violência’, afirmou. […] ‘Tenho dedicado todos os meus esforços para que os mais pobres, os mais excluídos, tenham acesso à educação musical’, acrescentou. […] Abreu, 73, é formado em teclado e composição e estudou regência. Seguiu uma carreira paralela como economista e foi parlamentar, consultor econômico e ministro da Cultura em governos anteriores do país. É solteiro e leva uma vista ascética. Se descreve como um católico devoto, “um sacerdote, um humilde servo de Jesus Cristo”, que aspira a ser ‘um servo ideal, nobre e invencível de Deus’.”
Daniel J. Wakin – Folha de S.Paulo, 19/03/2012

“Os jovens têm vida de gente grande desde o início da adolescência. Vida social, pelo menos. Mas será que na vida pessoal eles amadurecem? Temos indícios de que não. Depois de conversar com vários jovens dessa idade, constatei um ponto interessante: os jovens manifestam uma dificuldade de dialogar com os adultos. Eles falam com os adultos: expõem suas polêmicas opiniões a respeito dos assuntos em pauta, têm sempre bons argumentos para convencer os mais velhos a aceitarem seus pedidos, sabem comunicar o que querem. Entretanto, em situações de conflito, principalmente quando essas envolvem algum aspecto de suas vidas, não sabem como se comportar, não conseguem enfrentar a situação, perdem toda a segurança que tentam mostrar que têm.”
Rosely Sayão – Folha de S.Paulo, 20/03/2012

“O racismo, longe de ser uma patologia, parece-me um problema essencialmente ético -a atitude de considerar inferior quem se encara como diferente.”
João Pereira Coutinho – Folha de S.Paulo, 20/03/2012

“O Brasil é o país em que os blogs são mais acessados pelos usuários de internet no mundo. A conclusão é de um estudo apresentado ontem pela consultoria comScore, que analisou hábitos e tendências de usuários da internet em 44 mercados. Segundo o relatório, 95,9% do total de visitantes brasileiros acessaram algum blog em dezembro de 2011, o maior percentual entre os países analisados pela consultoria. A média mundial é de 58,9%. Redes sociais, sites de compras coletivas e de envio de mensagens instantâneas são outras categorias em que o acesso dos brasileiros superou a média de outros países. Em 2011, o Brasil ultrapassou a França e se tornou o sétimo maior mercado de internet do mundo, com 46,3 milhões de acessos de computadores em casa ou no trabalho. O número não considera acessos de locais públicos -LAN houses e bibliotecas. Os brasileiros ficaram 26,7 horas conectados em dezembro, a quinta maior média mundial. Só americanos, britânicos, sul-coreanos e franceses superam essa marca. Segundo o relatório, quase um quarto do tempo (23%) foi gasto em redes sociais, com o Facebook agora à frente. Em 2010, 16% do tempo era dedicado às redes sociais. O Brasil é o mercado em que a rede criada por Mark Zuckerberg teve o seu segundo maior crescimento em 2011, de 187%, só perdendo para o Vietnã, onde o serviço se expandiu 198% no período. Cada brasileiro gastou 4,8 horas no site em dezembro.”
Marianna Aragão – Folha de S.Paulo, 22/03/2012

“Hoje, 884 milhões de pessoas no mundo não têm acesso a água potável segura e 2,6 bilhões de pessoas (40% da população mundial) não têm acesso a saneamento básico. Portanto, temos um longo caminho para colocar a resolução da ONU em prática. No Brasil, há uma boa cobertura de distribuição de água tratada. Em relação ao saneamento, no entanto, os números são vergonhosos. Apenas 44,5% da população estão conectados a redes de esgoto -do esgoto coletado, somente 38% é tratado. Isso significa que menos de 20% da população têm acesso a esgoto tratado, o que implica no lançamento de grandes quantidades de material orgânico em nossos rios e no mar, no caso das cidades litorâneas.”
Marina Silva – Folha de S.Paulo, 23/03/2012

“Para navegar em meio as ambiguidades sociais, acabamos desenvolvendo nosso senso moral. Jonathan Haidt sugere que ele pode ser decomposto em seis sentimentos básicos: proteção, justiça, lealdade, autoridade, pureza e liberdade, que constituiriam uma espécie de tabela periódica do instinto moral. O mapa ético de cada indivíduo seria uma combinação de diferentes proporções desses ‘ingredientes’.”
Hélio Schwartsman – Folha de S.Paulo, 23/03/2012

“O câncer infantil representa hoje a segunda causa de mortalidade entre crianças e adolescentes de até 19 anos no Brasil-só perde para acidentes e violência. São 11 mil casos novos por ano, com taxas de 70% de cura, em média. As neoplasias mais frequentes na infância são as leucemias (glóbulos brancos), tumores do sistema nervoso central e linfomas (sistema linfático).”
Cláudia Collucci – Folha de S.Paulo, 24/03/2012

“A verdade é que os membros de nossa espécie, aí incluídos os especialistas, temos dificuldades terríveis para sermos objetivos. Quem evidencia isso muito bem é Paul Slovic, em suas investigações na ‘heurística do afeto’. O nome é complicado, mas a ideia por trás dele não: as pessoas tomam decisões consultando mais suas emoções do que dados e cálculos racionais.”
Hélio Schwartsman – Folha de S.Paulo, 24/03/2012

“Se me emocionasse fazendo um discurso e ficasse com olhos cheios d’água, era porque eu era histérica, não sabia controlar as emoções. Já meu antecessor, era um ‘homem muito sensível’. Eu sempre era a gorda malvestida. E os homens mais cheinhos, eram os fortes, poderosos. Quando entrei para o governo, uma das coisas que mais me impressionou foi um artigo de uma revista feminina dizendo; ‘Inacreditável: a presidente do Chile usou o mesmo vestido duas vezes na mesma semana’. […] O que mais me faz chorar é a injustiça. Ver uma mulher ou uma criança serem maltratadas me destrói. É indescritível minha sensação de impotência ao ver que mesmo a sociedade tendo evoluído tanto, ainda morrem de fome 12 crianças por minuto… isso é horrível.”
Michelle Bachelet, 61, diretor executiva da ONU Mulheres, ex-presidente do Chile, Revisa Marie Claire – março de 2012

10ª semana de 2012

0

“Errar e admitir o erro são passos essenciais na busca pela verdade.”
Marcelo Gleiser – Folha de S.Paulo, 04/03/2012

“Um estudo em janeiro na revista ‘Cyberpsychology, Behavior and Social Networking’ descobriu que quanto mais tempo as pessoas passam no Facebook, mais elas acham que seus amigos são felizes e, em consequência, se sentem mais tristes.”
Anita Patil – Folha de S.Paulo, 05/03/2012

“O câncer não é uma doença, mas muitas. Podemos chamar todas da mesma maneira porque compartilham uma característica fundamental: o crescimento anormal das células. É um exagero dizer que a guerra contra o câncer está perdida, mas também não é realista dizer que essa é uma guerra que pode ser completamente vencida.”
Siddhartha Mukherjee, Revista Época – 05/03/2012

“A inviolabilidade da criança sempre me pareceu superior à autonomia dos pais, exceto nos casos em que a gravidez representa ameaça para a saúde física ou psíquica da mãe. Só quando duas vidas estão em conflito é possível decidir salvar uma delas.”
João Pereira Coutinho – Folha de S.Paulo, 06/03/2012

“A mulher é guerreira, mas ela não vai à guerra como os homens, para destruir inimigos. Ela vai à guerra para construir, para proteger e para nutrir os seus. Existe um consenso entre os ativistas sociais de que a mulher é o vetor mais eficiente de propagação de prosperidade, segurança familiar, saúde e educação”
Nizan Guanaes – Folha de S.Paulo, 06/03/2012

“A globalização e as novas tecnologias nos conectaram uns aos outros e abriram novas formas de ser, pensar, sentir e agir. Consumo responsável, alimentação saudável, respeito às diversidades, saber ouvir e participar da vida social e política, criatividade e inovação poderão ser os novos pilares da sociedade contemporânea -e o Brasil tem todas as condições para trilhar esse caminho. Resta saber se teremos a maturidade e as condições para a construção e a afirmação de novos valores.”
Maria Alice Setubal – Folha de S.Paulo, 06/03/2012

“O corpo tem de dar lucro. As mulheres querem ser disputadas, consumidas, como um bom eletrodoméstico. […] Sempre que chega esse Dia Internacional, nós machistas elogiamos o lado “abstrato” das fêmeas, sua delicadeza, sua capacidade de perdão (sic), sua coragem, em textos de hipocrisia paternalista, como se falássemos de pobres, de crianças ou de vítimas. Claro que na História, as mulheres foram e são oprimidas, estupradas na alma e corpo. Mas não é como vítimas que devemos lamentá-las ou louvá-las . Sua importância é afirmativa, pois elas estão muito mais próximas que nós da realidade deste mundo aberto, sem futuro ou significado. Elas não caminham em busca de um “sentido” único, de um poder brutal. Não é que sejam “incompreensíveis”; elas são mais complexas, imprevisíveis como a natureza. O homem se crê acima do mistério, mas as mulheres estão dentro. São impalpáveis como a realidade que o homem “pensa” que controla. A mulher pensa por metáforas. O homem por metonímias. Entenderam? Claro que não. Digo melhor, a mulher compõe quadros mentais que se montam em um conjunto simbólico, como a arte. O homem quer princípio, meio e fim.”
Arnaldo Jabor – O Estado de S. Paulo, 07/03/2012

“Pergunto se não seria uma urgência urgentíssima fazer uma campanha maciça, dura e realista, mostrando claramente a nossa resistência à cordialidade que sem dúvida é nossa, mas que deve ultrapassar as fronteiras da casa e do coração, para ser aplicada ao mundo da rua e a todos os que conosco compartilham o espaço urbano. Tal extensão do respeito pelo outro no mundo público chama-se igualdade! Esse valor a ser implementado pela polícia e pela lei, mas ao lado de uma conscientização de nossas alergias às situações igualitárias e o nosso pendor às diferenciações que excluem os “homens bons” ou a “gente boa” das regras, sendo a marca de quem detém alguma forma de fama, celebridade, “você sabe com quem está falando?” e, bem acima de tudo, poder político!”
Roberto DaMatta – O Estado de S. Paulo, 07/03/2012

“Há homens impotentes que se esfregam contra mulheres no metrô lotado: esperam confirmar sua virilidade duvidosa graças à reação indignada que eles suscitam.”
Contardo Calligaris – Folha de S.Paulo, 08/03/2012

“O Brasil é tetracampeão em felicidade no ranking de uma pesquisa feita pela FGV (Fundação Getúlio Vargas) em parceria com a consultoria Gallup, na qual a Síria aparece em último lugar. Feita com cerca de 200 mil pessoas em 158 países, a pesquisa realizada em 2011 buscou saber a expectativa de felicidade das pessoas nos próximos cinco anos e também no presente. O Brasil vence nos dois. Depois do Brasil, no quesito “países mais felizes” aparecem Panamá, Costa Rica, Colômbia, Qatar, Suíça e Dinamarca. Entre os brasileiros, a pesquisa constatou também que as mulheres são mais felizes que os homens, o que Neri atribui ao maior nível de educação conquistado pelas mulheres nos últimos anos. De acordo com Neri, a educação traz felicidade porque se traduz em renda e, consequentemente, em uma vida melhor. Outra constatação da pesquisa é a de que as mulheres solteiras são mais felizes que as casadas no mundo inteiro, mas o índice cai à medida que a mulher envelhece. As que têm filhos menores de 15 anos também são mais felizes do que as que não têm filhos, indicou a pesquisa.”
Denise Luna – Folha de S.Paulo, 08/03/2012

“Apenas 4,2% dos estudantes que concluíam o ensino médio da rede estadual paulista em 2011 tinham um conhecimento adequado em matemática. Seis em cada dez não sabiam nem o básico do que era esperado para a série na mesma disciplina. A informação faz parte do balanço do Saresp, exame do governo paulista que avalia anualmente o conhecimento de matemática e português de estudantes do 5º e 9º anos do ensino fundamental e do 3º ano do ensino médio. […] O balanço mostra que 58,4% dos alunos do 3º ano do ensino médio tiveram desempenho considerado “abaixo do básico” (insuficiente) em matemática, no conceito adotado pelo Estado.”
Talita Bedinelli – Folha de S.Paulo, 08/03/2012

“Ademais, dados da OMS mostram que as taxas de filhos escolarizados são 40% maiores quando a mãe é alfabetizada, em contraposição ao pai alfabetizado. Comprovam também que para cada ano de escolarização da mãe a mortalidade infantil fica nove em cada mil nascimentos menor.”
Miguel Srougi – Folha de S.Paulo, 09/03/2012

“Se não priorizarmos o transporte coletivo, o transporte individual irá tomar todo o espaço que dermos, e não será suficiente. Seus usuários ainda irão reclamar como crianças “birrentas” até espumar de raiva, levantando a bandeira do direito adquirido do uso do transporte individual, baseada na individualidade e no egoísmo do uso do espaço público. Quem viver verá.”
Horácio Augusto Figueira – Folha de S.Paulo, 10/03/2012

“Achava que tudo tinha de ser do meu jeito e ponto. Era muito difícil mudar meu ponto de vista. Por mais que diziam para não entrar no crime, estava certo de que deveria entrar nesse mundo. […] Se eu disser que roubei por necessidade, ‘tô’ mentindo. Não passava fome, minha mãe me criava bem. […] A mudança só aconteceu quando eu vim para a Fundação Casa. Tive alguns professores que começaram a colocar dúvidas em minha mente. Eles me perguntavam o que eu queria para mim. A música, o surfe ou o crime? Sempre gostei dos três. Fiquei um pouco indeciso, o crime ainda estava em mim. Acabei descartando o crime pouco a pouco. Não dá para fingir que não fez parte da minha vida. Aí, passei a gostar de mim. Aprendi a tocar percussão, compus canções e decidi pela música. […] Ninguém lá em casa tem faculdade, por isso minha família ficou supercontente. Falaram: ‘Você mudou’. Eles disseram que aprendi a ouvir os outros. Você me pergunta se eu acho que mudei? Não acho, porque se achasse ainda teria dúvida. Tenho certeza de que mudei.”
Afonso Benites – Folha de S.Paulo, 10/03/2012

07ª semana de 2012

0

“A guerra tradicional é um jogo masculino: as mulheres tribais nunca se reuniram em bandos para atacar tribos vizinhas. Como mães, elas têm incentivos para manter condições pacíficas para nutrir sua prole e garantir que seus genes sobrevivam na geração seguinte. Os incrédulos imediatamente responderão que as mulheres não travaram uma guerra simplesmente porque raramente tiveram posições de poder. Se tivessem assumido cargos de liderança, as condições existentes num mundo anárquico as obrigariam a adotar as mesmas decisões belicosas que os homens. Margaret Thatcher, Golda Meir e Indira Gandhi foram mulheres poderosas e todas levaram seus países à guerra. Mas é verdade também que essas mulheres chegaram à liderança agindo conforme as regras políticas do ‘mundo dos homens’. Elas conseguiram se adequar aos valores masculinos, o que permitiu sua ascensão à liderança. Num mundo em que as mulheres assumiram a metade das posições de liderança, elas devem se comportar de modo diferente no poder. E então, surge uma questão mais ampla: gênero é realmente importante na liderança? Em termos de estereótipos, vários estudos psicológicos mostram que os homens tendem a preferir o poder duro do comando, ao passo que as mulheres são mais colaboradoras e intuitivamente compreendem o poder brando da atração e da persuasão. […] Os caminhos exigidos para uma ascensão profissional e as normas culturais que os criaram e reforçaram não permitiram às mulheres adquirir os talentos exigidos para posições de alto escalão em muitas organizações. Pesquisas mostram que mesmo nas sociedades democráticas as mulheres enfrentam um risco social maior do que os homens quando tentam negociar, por exemplo, um aumento na sua remuneração. As mulheres em geral não estão bem integradas nas redes masculinas que dominam as organizações, e os estereótipos de gênero ainda prejudicam aquelas que tentam vencer as barreiras. Essa tendência começa a desaparecer nas sociedades com base em informação, mas é um erro identificar o novo tipo de liderança que necessitamos nesta era da informação simplesmente como ‘o mundo da mulher’. Mesmo positivos, os estereótipos são péssimos para mulheres, homens e uma liderança eficaz. Os líderes devem ser vistos menos em termos de comando heroico e mais no sentido de alguém que estimula a participação dentro de uma organização, grupo, país ou rede. Questões envolvendo o estilo apropriado – ou seja, quando adotar maneiras mais duras ou mais brandas – também são importantes para os homens e para as mulheres, e isso não deve ser ofuscado pelos tradicionais estereótipos de gênero. Em algumas circunstâncias, os homens terão de agir mais ‘como mulheres’, em outros as mulheres necessitarão ser mais ‘como homens’. Decisões cruciais sobre guerra e paz no nosso futuro dependerão não do gênero, mas de como os líderes combinarão os poderes duro e brando para criar estratégias inteligentes.”
Joseph S. Nye – O Estado de S. Paulo, 12/02/2012

“Mesmo sem ser uma questão assim tão nova, o debate sobre a inexistência de Deus reaparece hoje em 22 Estados do País, provocando a costumeira polêmica. Com debates, palestras, bate-papos e até shows de humor, o 1.º Encontro Nacional de Ateus ocorre após ter levantado na internet uma oposição até improvável: a crítica mais ferrenha e numerosa veio de ateus descontentes com a ideia de que um encontro se confunde com a criação de uma religião… de ateus. ‘Queremos o fim do preconceito contra nós, que não acreditamos em religiões, e fazer com que os ateus percebam que não estão sozinhos’, diz. Stíphanie afirma que o preconceito existe e é forte. ‘Quando estava na 8.ª série, estudava em uma escola católica e questionaram o que Deus significa para nós. Respondi que era desnecessário e acharam um absurdo, fui mandada para a psicóloga e tudo mais’.”
Paulo Saldaña – O Estado de S. Paulo, 12/02/2012

“Tom Rath e Jim Harter, especialistas em liderança e ambiente de trabalho do Instituto de Pesquisas Gallup, estavam terminando de tabular os resultados de uma pesquisa sobre bem-estar, realizada em 150 países, quando um dado insólito chamou sua atenção: em média, os entrevistados, não importa qual sua cultura ou nacionalidade, relatavam que o dia gratificante incluía seis horas de convivência com outras pessoas. Intrigados, eles fizeram novos testes, que confirmaram a hipótese. ‘As pessoas precisam de seis horas por dia de interação social para se sentirem revigorados. Sim, seis horas!’, escreveu o duo no Gallup Management Journal. Preocupados, clientes do Gallup questionaram Rath e Harter sobre a descoberta. Tempo gasto em redes sociais conta? O contato tem de ser face a face? São necessárias mesmo seis horas? Nenhuma dessas inquietações tem uma resposta exata. Para a geração mais jovem, o contato virtual parece ser satisfatório. Os mais maduros, de 30 a 46 anos, necessitam pelo menos de uma conversa ao celular. Para as de gerações anteriores, nada substitui o face a face, diz a dupla.”
Época Negócios – fevereiro de 2012

“O papel do novo líder será criar ambientes em que as competências múltiplas possam florescer.”
Anderson Sant’Anna, Revista Você S/A – fevereiro de 2012

“No topo cabe pouca gente; falta verdade e sobram tristeza, dúvida e solidão. Uma parte de Whitney Houston era super-humana, captando e moldando o inconsciente coletivo, devolvendo-o sob a forma de uma obra artística reconhecida por centenas de milhões de pessoas. Outra parte é humana, com anseios, desejos e inseguranças. A tensão gerada entre os dois polos é destruidora. Com tanta beleza e talento, só uma coisa poderia arruiná-la: ela mesma.”
João Marcello Bôscoli – O Estado de S. Paulo, 13/02/2012

“Tudo na minha vida veio no momento certo. Incluindo a minha filha, que eu tive com 39 anos. Muita gente perguntava se eu não queria ter tido filhos antes. Olha… a minha história está sendo contada desse jeito. Olhando pra trás, acho que não mudaria nada. Quer dizer, colocaria mais umas coisinhas, né? (risos) Mas eu respeito muito a minha trajetória. Tudo que vivenciei foi positivo no sentido de que nunca dei passo para trás. Se me coube agora ser protagonista, foi maravilhoso. Mas também sei que fui abrindo esse caminho – devagar e sempre. Acho que todo mundo precisa entender o ritmo em que as coisas acontecem. Senão a gente fica infeliz.”
Lilia Cabral, 54, atriz – O Estado de S. Paulo, 13/02/2012

“Qual o professor que não cumpre sua missão de educar mostrando qual seria a boa trilha a seguir pela vida? Educar é influenciar, não tem jeito. Mas educar é, ou deveria ser, acima de tudo, ensinar a pensar, e o pensamento com qualidade conduz, ou deveria conduzir, a duas lições que são as mais belas que um jovem pode aprender: a autonomia e o significado. Ser autônomo significa fazer suas próprias escolhas e assumir responsabilidades pro elas. Não quer dizer, cuidado, que se possa fazer o que se quer, atender a seus desejos desconsiderando totalmente as expectativas dos outros, do mundo. Autonomia é razão lúcida, equilíbrio, e pressupõe responsabilidade, maturidade, disposição para assumir seu destino. E ter significado quer dizer estar conectado com uma atividade que faça sentido, que nos dê a certeza de que estamos no caminho certo, fazendo o que gostamos e que aquilo que fazemos torna o mundo melhor.”
Eugenio Mussak, Vida Simples – fevereiro/2012

“Não acho que deva ser uma obrigação moral dos ricos dar de volta seu dinheiro. Mas, afinal de contas, que escolha eles têm? Não podem gastar tudo consigo mesmos e não é bom para seus filhos começar a vida super-ricos. […] Eu acredito que o altruísmo é a chave porque, para fazer a diferença, é preciso colocar toda sua energia e motivação nesse trabalho. […] Eu acredito em um sistema misto que não iguala a todos, mas em que os governos e os ricos dedicam especial atenção aos desassistidos. […] Desde 2000, quando começamos, mais de 1 milhão de crianças foram salvas da malária e o índice de mortes caiu em 20%. Em três ou quatro anos, erradicamos a poliomielite na Índia. É gratificante entregar a um agricultor uma semente que não irá morrer com a seca ou as enchentes que virão. Inovação, para mim, tem o poder de mudar o mundo. […] Eu viajo o mundo para dividir o que tenho aprendido e encorajar os outros a pensar grande quando quiserem doar.”
Bill Gates, Revista Alfa – fevereiro de 2012

“Entre negros e hispânicos há o dobro de homens e mulheres dispostos a se arriscar para salvar os outros, possivelmente porque, em geral, são mais expostos a injustiças.”
Giovannni Sabato, Mente Cérebro – fevereiro de 2012

“Quando alguém trabalha, dedica tempo para obter recursos monetários, mas deixa de dedicar tempo para sua família, para cuidar de sua saúde, para suas relações pessoais e para outros projetos pessoais. Muitas pessoas sentem dificuldade em melhorar seus conhecimentos porque dedicam tanto tempo ao trabalho que não sobra tempo para estudos. Trabalhar, portanto, rouba tempo que o trabalhador poderia dedicar a seus investimentos pessoais, consequentemente prejudicando o aumento de sua riqueza. É por essa interpretação que eu defino salário não como renda, mas sim como indenização.”
Gustavo Cerbasi – Folha de S.Paulo, 13/02/2012

“Nesta época de exibicionismo ululante… hoje, milhões de pessoas se expõem de todo jeito nas ‘redes sociais’ (sei de gente que já se ‘postou’ dando à luz ou fazendo xixi), frequentam lugares ‘para ver e ser vistos’. Como conciliar o justo cuidado com a privacidade e a obsessão dos 15 minutos de fama a que tantos se julgam com direito?”
Ruy Castro – Folha de S.Paulo, 13/02/2012

05ª semana de 2012

2

“Não é por acaso que todas as grandes lideranças religiosas, sociais e humanas sempre lutaram pela justiça social. Do ponto de vista ético, moral, social e econômico, não há nada mais insustentável, danoso, antiético, vergonhoso e degradante em uma sociedade do que a desigualdade. Ela está na origem de todos os problemas que afetam a qualidade de vida da população.”
Oded Grajew – Folha de S.Paulo, 29/01/2012

“Não vou discutir se o que escrevo, como poeta, é bom ou ruim. Uma coisa, porém, é verdade: parto sempre de algo, para mim inesperado, a que chamo de espanto. E é isso que me dá prazer, me faz criar o poema.”
Ferreira Gullar – Folha de S.Paulo, 29/01/2012

“Vivemos a transição para uma sociedade cujos eixos centrais são a diversidade, a justiça social, a democracia e a sustentabilidade. O mundo tem discutido novas formas para uma economia mais verde com energia limpa, com inovação para produtos e com serviços ligados à agricultura, à cultura criativa, à indústria e à gestão de recursos naturais. […] É fundamental um novo currículo, adequado a esse novo tempo. É também fundamental que a profissão do professor seja socialmente valorizada, com salários adequados e melhores condições de trabalho. É necessário também que as formações inicial e continuada ocupem um espaço central no exercício docente. Essa formação deve estar atrelada aos novos conhecimentos exigidos na sociedade contemporânea, para que a sala de aula possa refletir a articulação de conteúdos variados. Além disso, a capacitação do professor e os currículos dos alunos devem ser coerentes com as diversidades regionais e culturais do país.”
Maria Alice Setubal – Folha de S.Paulo, 30/01/2012

“O profissional moderno trabalha hoje pela carreira, pelo mercado, mas esquece que os maiores interessados em seu sucesso não são seu empregador nem esse “mercado”, mas sim sua família. As pessoas que mais querem o bem do trabalhador abrem mão de sua companhia, de seu papel de pai ou mãe, marido ou esposa, para que se possa ganhar o pão de cada dia. A ilusão está no fato de o trabalhador ser induzido a acreditar que a empresa é mais importante que ele mesmo. Seria uma atitude muito egoística reconhecer que trabalhamos e ganhamos apenas pelo fato de estarmos enriquecendo os donos das empresas?”
Gustavo Cerbasi – Folha de S.Paulo, 30/01/2012

“Inovação não vem do vazio. Há, pelo menos, duas condições prévias: o conhecimento e a experiência. Só é capaz de alterar a realidade quem já lidou com ela o suficiente para entender o que pode ser modificado e o que deve ser mantido. Inovar é necessário. Fazer bem o básico é fundamental.”
Eugênio Mussak, Revista Você S/A – janeiro de 2012

“Um fator que alimenta as relações virtuais é a economia de tempo (cada vez mais escasso na vida urbana). Tem gente que passa muito mais tempo na rede do que no mundo real, um sintoma revelador de certa dificuldade de se relacionar com o outro. À distância, pela internet, as pessoas parecem mais desinibidas para expressar emoções e desejos que demorariam mais para aparecer em outras circunstâncias. Num mundo em que a evasão da privacidade virou quase uma regra, exibir sentimentos e imagens pode parecer uma conduta apropriada.”
Jairo Bouer, Revista Época – 30/01/2012

“O deus/besta assombra a imaginação americana. Considerem o caso do presidente Barack Obama. Até seus detratores foram silenciados pela beleza simbólica de sua eleição à Casa Branca três anos atrás. Ele alcançara um status de divindade. Poucos meses após sua posse, contudo, já era atacado como comunista, traidor, simpatizante de terroristas e, não menos importante, alguém que gostava de uma boa comida francesa. Para a angustiada mente americana, o ser divino, redentor havia se tornado um animal enfurecido determinado a dilacerar a democracia americana. […] A democracia é o sistema político mais frágil da Terra. […] Não se pode acalentar o sonho da democracia sem ficar constantemente vigilante sobre a possibilidade do pesadelo de sua dissolução.”
Lee Siegel – O Estado de S. Paulo, 30/01/2012

“Nunca nossos vícios ficaram tão explícitos! […] Que ostentações de pureza, candor, para encobrir a impudicícia, o despudor, a mão grande nas cumbucas, os esgotos da alma. […]Parece que existem dois Brasis: um Brasil roído por ratos políticos e um outro Brasil povoado de anjos e “puros”. E o fascinante é que são os mesmos homens. O povo está diante de um milenar problema fisiológico (ups!) – isto é, filosófico: o que é a verdade?[…] Já sabemos que a corrupção não é um “desvio” da norma, não é um pecado ou crime – é a norma mesmo, entranhada nos códigos, nas línguas, nas almas.”
Arnaldo Jabor – O Estado de S. Paulo, 31/01/2012

“Ser um mestre já foi garantia de posição privilegiada no mundo. Mas, em um mundo em que se propõe educação a distância, em que a informação vem ininterruptamente de muitas fontes, o professor é uma fonte a mais. […] A interatividade professor/ aluno distingue essa relação de todas as outras. Entre professor e aluno, trocam-se não apenas informações objetivas ou subjetivas mas também afetos. Na sala de aula, mergulhamos em emoções advindas de aceitação, rejeição, simpatia, sujeição, autonomia.”
Anna Veronica Mautner – Folha de S.Paulo, 31/01/2012

“O jovem de 20 a 30 anos da classe AB quer viajar e fazer MBA, segundo estudo da B2 Agência, empresa de promoção e eventos especializada na faixa etária. A renda média desse público reúne, segundo entrevistados, recursos próprios e oferecidos pelos pais. Mais de 60% ainda moram com a família. Entre os desejos de consumo estão tablets e apartamentos.”
Maria Cristina Frias – Folha de S.Paulo, 31/01/2012

“Pesquisas demonstram como a idealização da força é uma fantasia fundamental que parece guiar populações marcadas por uma cultura contínua do medo. É preferível acreditar que há uma força capaz de ‘colocar tudo em ordem’, mesmo que por meio da violência cega, do que admitir que a vida social não comporta paraísos de condomínio fechado.”
Vladimir Safatle – Folha de S.Paulo, 31/01/2012

“Aristóteles garantiu que a afirmação de uma coisa não significa a negação de outra. Cara e coroa são faces da mesma moeda.”
Carlos Heitor Cony – Folha de S.Paulo, 31/01/2012

“A história mostra que as grandes mudanças muitas vezes ocorrem quando há a ascensão de uma nova geração, otimista e ambiciosa. Isso não está ocorrendo agora na Europa. A sociedade europeia está envelhecendo. As pessoas vivem mais e a parcela da população economicamente ativa diminui, o que explica em parte o fato de o sistema de bem-estar social ser cada vez menos viável. Os jovens europeus não têm ambição e não estão preocupados em criar riqueza. Eles também sofrem da mesma abulia coletiva. Querem curtir a vida e esperam que o estado os sustente. Eis o dilema dos países europeus: eles precisam que seus jovens trabalhem em dobro para pagar o custo das aposentadorias, mas a rapaziada também só quer viver dos benefícios sociais. A conta não fecha.”
Walter Laqueur, 90, historiador alemão – Revista Veja – 01/02/2012

“O Brasil é o quarto país no mundo com maior presença nas redes sociais, segundo estudo da comScore. São 97% dos internautas em sites como Twitter e Facebook.
Empatados na primeira posição, EUA, Espanha e Reino Unido têm 98% de seus internautas em mídias sociais. Entre os 43 países pesquisados, a média de penetração é de 85%. Com dados defasados, a pesquisa ainda inclui o Brasil entre os cinco países em que o Facebook não é hegemônico. Atingindo 36 milhões de usuários, a rede de Mark Zuckerberg tomou a dianteira no Brasil em dezembro. Outro estudo da comScore apontou que, entre dezembro de 2007 e o de 2011, o Facebook ampliou a audiência de 12% para 55%. Na América Latina, a penetração chega a 84,1%.”
Folha de S.Paulo, 02/02/2012

“É uma situação paradoxal: o sistema público de educação, que deveria assegurar uma base de oportunidades igual para todos, é ele mesmo uma máquina geradora de profundas desigualdades sociais.”
Fernando Luís Schüler – Folha de S.Paulo, 02/02/2012

“A maior parte dos entrevistados (todos com pelo menos 21 anos), ou 40%, afirma que tem dúvida se vai casar. Os demais dizem que não pretendem oficializar a relação, de acordo com pesquisa realizada pelo site de relacionamento ‘Match.com’.”
Folha de S.Paulo, 03/02/2012

“Para o ressentido, o esquecimento não existe e o prazer é ficar no poço da insatisfação. Às vezes, até quem provocou a ofensa já está em outra, mas a vida para o ressentido continua nublada e sem graça e empacada.”
Marta Suplicy – Folha de S.Paulo, 04/02/2012

04ª semana de 2012

0

“Essa desconfiança do conhecimento científico é muito estranha, dada a nossa dependência dele no século 21. (De onde vêm os antibióticos e iPhones?) O problema parece estar ligado ao Deus-dos-Vãos, a noção de que quanto mais aprendemos sobre o mundo, menos Deus é necessário. Os que interpretam a Bíblia literalmente veem nisso uma perda de rumo. Uma teologia que insiste em contrapor a fé ao conhecimento científico só leva a um maior obscurantismo. Mesmo que não acredite em Deus, imagino que existam outras formas de encontrar Deus ou outros caminhos em busca de uma espiritualidade maior na vida.”
Marcelo Gleiser – Folha de S.Paulo, 22/01/2012

“Neymar parece não saber a diferença entre o público e o privado nem que a sociedade do espetáculo tem pressa em promover, consumir, trocar e descartar seus ídolos. Neymar, abra o olho!”
Tostão – Folha de S.Paulo, 22/01/2012

“Tudo é política. Até a negação da política é um ato político. Não dá para dissociar. A política faz parte da nossa vida. Participando ou não, estamos sujeitos a essa atividade. Interessados ou não, não há como escapar da política.”
Euclydes Marinho – O Estado de S. Paulo, 23/01/2012

“A cada instante nossas decisões são influenciadas, guiadas talvez, por essas interações entre ‘natureza e ambiente’, acumuladas em todas as nossas experiências anteriores. […] Emoções são a maneira de o cérebro manifestar no corpo sua resposta mais sincera ao que a vida nos oferece e assim tornar palpável para si mesmo -para nós, portanto- nossos sentimentos sobre algo ou alguém. Concordo que quem nos desperta paixões, ira ou prazer não é algo que possamos influenciar: apenas nos cabe reconhecer. Mas é aqui justamente que podemos mudar a história: a partir do momento em que tomamos ciência de nossos sentimentos. […] Não escolhemos por quem nos apaixonamos – mas temos, sim, o poder de decidir o que fazer a respeito…”
Suzana Herculano-Houzel – Folha de S.Paulo, 24/01/2012

“O número de norte-americanos que possuem tablet ou leitor digital praticamente dobrou entre o fim do ano passado e o início de janeiro, de acordo com levantamento realizado consultoria Pew Internet. Em dezembro, 10% dos 2.986 entrevistados com mais de 16 anos tinham um dos dois aparelhos, número que saltou a 19% neste mês, em uma base de 2.000 pessoas. A Amazon e a livraria Barnes e Noble introduziram, cada uma, novos tablets e versões mais baratas do seus aparelhos Kindle e Nook, antes das férias. O iPad, da Apple, entretanto, continua como o aparelho mais popular. De acordo com a consultoria IDG, 60 milhões de pessoas tinham o iPad no ano passado, ante 17 milhões em 2010.”
Folha de S.Paulo, 24/01/2012

“Na medida em que a liberdade do homem deixa de ser levada em consideração e se dá mais peso às determinações do meio ambiente ou da genética, o que existe de único em cada indivíduo perde valor.”
Marcelo Coelho – Folha de S.Paulo, 25/01/2012

“Pastores da Igreja Universal do Reino de Deus inovam. Pela TV, em Brasília, prometem bom desempenho em concursos públicos. O fiel só precisa levar caneta ou comprovante de inscrição ao templo para ser ungido. O discurso? ‘Se Deus te iluminar, te der a direção, nada dá errado’.”
Sonia Racy – O Estado de S. Paulo, 27/01/2012

“Será preciso esforço, ideias e tempo para que amadureçam soluções democráticas consistentes para os problemas que estão a emergir da revolução atual, que está revirando os fundamentos do viver coletivo, e desta crise orgânica que está fazendo com que o capitalismo aprofunde suas imperfeições, desorganize os sistemas de produção e distribuição, as formas de vida, as identidades e os modelos políticos, complicando e problematizando as capacidades coletivas de reação e emancipação.”
Marco Aurélio Nogueira – O Estado de S. Paulo, 28/01/2012

“Eu me preparei para a velhice. Eu venho ficando velho há muito tempo, me preparo para a velhice, me preparo para a morte, coisas que não interessam a muita gente. […] Entro com tranquilidade em cada novo portal da vida, sendo que a morte é o ultimo deles. Você entra em um, em dois, três, quatro, cinco… A morte é o último e faz parte da vida.”
Gilberto Gil – O Estado de S. Paulo, 28/01/2012

“Criamos ficções porque, por meio delas, saímos do cárcere real e vivemos as mil vidas que de outra forma não poderíamos viver. Ademais, porque no ir r vir da ficção vemos as imperfeições do mundo real e se afina nossa consciência crítica, a ferramenta que impede que as sociedades se paralisem na resignação e na apatia. Aspirar ao impossível, como fazem Victor Hugo e, em maior ou menor grau, todos os grandes criadores de ficção, é um antídoto contra o conformismo e a indolência. Esta é a razão de ser do romance, está é a razão pela qual há escritores que põem todo seu empenho em se deixar tentar pelo impossível.”
Carlos Granés – O Estado de S. Paulo, 28/01/2012

“Seja qual for a história, nós todos podemos nos reconhecer nela, porque a escuta humaniza. Quando escutado, o drama do outro pode se tornar meu. Além de curar, a escuta aproxima. Permite encontrar a semelhança no seio da diferença e superar a intolerância. É um recurso que depende da capacidade de incluir o outro em nosso espaço vital. […] a resposta é sempre decorrente da particularidade de cada um. É normal as pessoas da particularidade de cada um. É normal as pessoas procurarem as regras gerais porque querem garantias. […] A pessoa tem de se debruçar na própria história e decifrar esse inconsciente. Nem sempre ela consegue, mas é preciso tentar. Somos responsáveis quando não nos valemos dos recursos da análise para descobrir por que agimos de uma determinada maneira. São três as paixões humanas: o amor, o ódio e a ignorância, esta é a mais nefasta de todas. […] Quem ama não se vale do outro, quem ama quer contentar o amado.”
Betty Milan, psicanalista, Revista Lola – janeiro de 2012

“Você não pode fazer o que é certo para sua empresa em detrimento do que é certo para a sociedade. Tempos difíceis não são exclusividade das empresas: elas atingem a todos. Por isso mesmo esta é a hora de investir em projetos criativos de filantropia junto às comunidades. É dever do líder enxergar a sua corporação como fonte de mudança positiva.”
Howard Schultz, Revista Época Negócios – janeiro de 2012

“Quando você é jovem, está sempre tentando desesperadamente deixar a sua marca. […] Eu não preciso mais provar que sei. Essa é a beleza de envelhecer. Você não precisa provar nada a ninguém. Só precisa dar as caras, fazer o seu trabalho e gostar do tempo que você gasta tentando conseguir as coisas que quer.”
George Clooney, 50, ator – Revista Alfa – janeiro de 2012

“Não fui atrás de um sonho, sonho é coisa de criança. Fui atrás de uma convicção. E acho que vai dar certo.”
Falcão – Revista Alfa – janeiro de 2012

03ª semana de 2012

0

“Outro problema é que umas das maiores contradições da vida é que o cotidiano das relações quase sempre inviabiliza afetos espontâneos e nos arremessa a convivência estratégica que apenas ‘lida’ com problemas.”
Luiz Felipe Pondé – Folha de S.Paulo, 17/01/2012

“Homens e mulheres estão extremamente infelizes em suas relações amorosas. Mas não querem ficar sozinhos. São reincidentes: casam, separam, casam de novo, separam de novo… A falta de compreensão e de escuta parece explicar grande parte das insatisfações masculinas e femininas. Parece tão simples, mas que tal perguntar para o outro o que ele realmente quer? E ouvir com atenção e carinho a resposta, sem julgar, rotular e condenar?”
Mirian Goldenberg – Folha de S.Paulo, 17/01/2012

“Aquele que é vítima de sofrimento psíquico (e a drogadição é um deles) só será curado quando o terapeuta for capaz de criar uma aliança com a dimensão da vontade que luta por se conservar como autônoma. Não será à base de balas e internação forçada que tal aliança se construirá.”
Vladimir Safatle – Folha de S.Paulo, 17/01/2012

“O Facebook ultrapassou o Orkut como a rede social com maior audiência em número de visitantes na internet brasileira em dezembro, segundo dados da consultoria norte-americana comScore. A rede social de Mark Zuckerberg teve 36,1 milhões de visitantes no fim do ano passado, enquanto o concorrente Orkut, do Google, registrou 34,4 milhões de visitantes.”
Paula Leite – Folha de S.Paulo, 18/01/2012

“É o corpo que permite a peregrinação da alma. A alma é difícil de encontrar. Quantas pessoas sem alma você já encontrou na sua vida? O Diabo leva as almas. Antigamente ele as comprava caro, com moedas de ouro; hoje elas estão se oferecendo num vasto mercado e valem menos do que um político blindado. Deus, por outro lado, quer o corpo que, conforme diz a nossa esperança, voltará a viver para sempre no dia da ressurreição. Eis uma imagem amada por um menino canhoto. No dia em que os mortos acordarem do seu longo sono haverá a reconciliação de todos os dualismos. A vida vai englobar a morte. Nesse dia glorioso todos vamos nos ver de novo e nos abraçar enternecidos. Seremos então jovens, fortes, bonitos, puros, alegres, e sem conflitos, debaixo daquela luz gloriosa que virá de um céu que não conhecemos. Esse é o dia do encontro com todos os nossos mortos queridos. A experiência do corpo e com o corpo nos leva para essa imagem mágica e redentora de todas as nossas dúvidas e sofrimento. Amém.”
Roberto DaMatta – O Estado de S. Paulo, 18/01/2012

“O respeito ao direito do outro de acreditar no que bem entender não exclui um exame secular da sua crença, ou do que ele precisa aceitar para aceitá-la. Não é julgamento, é curiosidade intelectual. Todas as religiões têm origens sobrenaturais e exigem de seus fiéis diferentes graus de suspensão de descrença, em alguns casos espantosos, e por isso mesmo fascinantes. Ou assustadores, quando levam ao fanatismo e à intolerância.”
Luis Fernando Verissimo- O Estado de S. Paulo, 19/01/2012

“Atrás da face indulgente do poder que se inspira no modelo da peste (o infrator estava doente, não fez por querer, está “desculpado”), esconde-se uma face especialmente tirânica: qualquer ato dissonante é reconhecido não como fruto de rebeldia ou originalidade, mas como efeito de uma patologia. Você é contra? Você é diferente? Pois bem, você está doente. Não há mais dissenso -só enfermos e loucos.”
Contardo Calligaris – Folha de S.Paulo, 19/01/2012

“Como queremos criar nossos filhos? Que contribuição queremos dar a eles? Quais princípios éticos desejamos que eles vivam e replicam em seus relacionamentos? Em que medida queremos a interferência do Estado em nossas famílias? Como expressamos nosso amor aos nosso filhos? Enfrentando tais questionamentos vamos poder decidir como queremos cuidar do futuro do Brasil.”
Marina Silva – Folha de S.Paulo, 20/01/2012

“Nem toda ciência, filosofia e poesia do mundo nos fazem deixar de lamentar o passado e temer o futuro. Quem traduziu bem esse sentimento foi Virgílio: ‘Sed fugit interea, fugit irreparabile tempus’ (mas ele foge: foge irreparavelmente o tempo).”
Hélio Schwartsman – Folha de S.Paulo, 20/01/2012

“Nós, modernos, passamos a prezar singularmente nossa sobrevivência. Mesmo quando acreditamos no além, achamos que o término de nossa vida terrena é o fim de tudo o que importa.”
Contardo Calligaris – Folha de S.Paulo, 20/01/2012

“Passei o Ano-Novo em Salvador. Na despedida, assisti à extraordinária missa da irmandade de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos. […] ‘Eu sou ateu, posso sair?’ Perguntou entediado meu filho de 12 anos. Eu o deixei ir. Jamais induzi minhas crias a essa ou aquela religião, mas também não cultivei o ateísmo. Caetano riu da certeza categórica em tão tenra idade. Confessou que também não acreditava em Deus na adolescência. […] É mesmo impossível negar a fé na Bahia. Ela não é imposta, é um hábito concreto, festivo, que domina o calendário anual. Cada igreja tem o seu dia; cada terreiro, uma agenda; cada imagem, uma adoração. E, mesmo no Carnaval, o mais pagão dos blocos só põe o pé na folia depois de ungido.”
Fernanda Torres – Folha de S.Paulo, 20/01/2012

“Estamos a caminho de ser um destino mais relevante para imigrantes. No entanto, nos faltam parâmetros e controles. Que tipo de imigrantes queremos no Brasil? Que tipo de trabalhadores e de empreendedores desejamos importar? Existem necessidades regionais particulares que desejamos suprir? Ou simplesmente vamos deixar os imigrantes rumarem para São Paulo atrás de empregos? Pois bem, o governo e a sociedade devem olhar para a questão a partir de alguns princípios. O primeiro deles é que o Brasil jamais deve deixar de ser uma opção para estrangeiros que venham para cá por razões humanitárias.”
Murillo de Aragão – Folha de S.Paulo, 21/01/2012

“Se quisermos apoiar a reconstrução do Haiti, a última coisa a fazer é estabelecer barreiras arbitrárias à circulação de trabalhadores do país.Logo após o terremoto, uma onda de genuína solidariedade mobilizou a população brasileira em prol dos haitianos. Mas as estruturas governamentais e diplomáticas demonstraram não ter preparo e capacidade para lidar com as ofertas de cá ou com as demandas de lá. Agora, a forma como o governo e seus agentes encaminham o debate revela novamente o divórcio com a sensibilidade da opinião pública, a recusa ao diálogo com organizações que oferecem apoio aos recém-chegados e o recurso a estereótipos e mistificações para disfarçar a necessidade de amplas reformas nas instituições voltadas para a absorção de imigrantes.”
Omar Ribeiro e Sebastião nascimento – Folha de S.Paulo, 21/01/2012

“A conferência Rio+20 terá uma avaliação da implementação de medidas em favor do ambiente nos últimos 20 anos. […] O objetivo não é ter uma forma mundial de fazer as coisas, é inculcar em tudo o desenvolvimento sustentável. Todo tipo de investimento no país deveria ter como paradigma o desenvolvimento sustentável.”
André Corrêa do Lago – Folha de S.Paulo, 21/01/2012

“É impossível colaborar de verdade quando uma pessoa não pode contar com a franqueza da outra. Para a solução de problemas, um membro da equipe não pode ter medo de fazer perguntas ou sugerir respostas erradas. […] É preciso esforço para criar um ambiente de honestidade respaldado por relações francas e de respeito – mas é um desafio que todo líder deve encarar.”
Keith Ferrazzi, Harvard Business Review – janeiro de 2012

02ª semana de 2012

1

“Eventos hoje têm agenda publicitária e pragmática. Apresentados como um lugar mágico em que não há dúvidas e todos se sentem mais inteligentes no final, a maioria tem um forte componente de autoajuda, principalmente quando levado em conta o currículo e conteúdo apresentado. No TED, a mais popular (e copiada) entre as conferências “new age”, apresentações curtas, rasas e emotivas são intercaladas com números musicais ou cômicos. […] O resultado é um ambiente raso e hipócrita, em que críticas são desencorajadas. As apresentações, quase religiosas, pregam que só há um lado “certo” a seguir: aquele apresentado pela celebridade que ocupa o palco e apresenta, para uma plateia ignorante, sua visão particular de Paraíso.Todos estão livres para expressar suas opiniões, desde que concordem. O milenar hábito de discordar e debater vem se tornando, aos poucos, fora de moda. A maior crítica permitida é uma ironia covarde, camuflada sob perfis anônimos ou mascarados.”
Luli Radfahrer – Folha de S.Paulo, 09/01/2012

“Pecado aqui significa a consciência de que você não é dono de si mesmo. Suas reações, pensamentos e esquemas rotineiros de enfrentamento da vida entram em colapso. E dói. E mais: é pecado porque o adultério faz você ver que existe alguém dentro de você que é despertado do sono por outra pessoa que não aquela que divide honestamente e cotidianamente o dia a dia da sua vida. Aquela pessoa que envelhece com você ao longo de uma vida de ‘pequenos detalhes’ que, ao serem somados, representam uma parceria de confiança, retribuição e generosidade.”
Luiz Felipe Pondé – Folha de S.Paulo, 09/01/2012

“Por dados recentes do IBGE, descobre-se que a segunda maior favela do país, a Sol Nascente, com 56.483 moradores, fica em Brasília, a 30 km do Palácio do Planalto. Você dirá: como pôde esse complexo de ilegalidade e miséria, composto de 15.737 domicílios, expandir-se sob as barbas do governo federal? E a resposta será: Por que não? A 30 km, tal complexo não é visível a olho nu. E Brasília foi concebida para não ver nada além de seu núcleo.”
Ruy Castro – Folha de S.Paulo, 09/01/2012

“Tática contumaz do especialista preguiçoso é fazer-nos supor que todo problema é muito mais amplo do que parece. Depois, faz firula até mostrar que não há solução.”
Vinicius Mota – Folha de S.Paulo, 09/01/2012

“Steven Spierlberg é o cineasta mais influente de Hollywood. Com 43 anos de carreira, o diretor e produtor se mantém atual, e as imagens de seus filmes continuam a evocar simplicidade e sofisticação. Ele não só inova em tecnologias com o mesmo entusiasmo de um jovem estreante, como é fiel às fontes clássicas. ‘A fonte da minha juventude está no entusiasmo que algumas ideias me despertam’, disse Spielberg em entrevista a Época. ‘Há momentos em que saio pulando de alegria de uma sessão de cinema, porque vejo nascer em mim uma nova aventura’.”
Luís Antônio Giron e Marcelo Bernardes, Revista Época – 09/01/2012

“Métodos inovadores para estimular a poupança estão em estudo no mundo todo porque a abordagem tradicional – dizer às pessoas que elas precisam guardar para o futuro – simplesmente não está funcionando. Talvez porque a sociedade ofereça estímulos desproporcionais para o consumo imediato e o endividamento. Talvez porque a natureza humana seja resistente a encarar o futuro. ‘Em vez de fazer a melhor opção, simplesmente escolhemos a mais fácil’, afirma Vera Rita Ferreira, doutora em psicologia econômica pela PUC-SP.”
Revista Época – 09/01/2012

“Brasileiros apostaram R$ 9,73 bilhões nas loterias da Caixa Econômica Federal no ano passado, aumento de 10,5 em relação a 2010. A Mega-Sena segue como carro-chefe: arrecadou R$4,6 bilhões, 16% a mais que no ano anterior.”
O Estado de S. Paulo, 10/01/2012

“Como serão os hábitos de leitura dos brasileiros? Os resultados não são nada lisonjeiros. A média brasileira é de 1,8 livro por habitante/ano. Isso se compara com 2,4 para nossos vizinhos colombianos, cinco para os americanos e sete para os franceses.”
Claudio de Moura Castro, Revista Veja – 11/02/2012

“Na internet, nada sobrevive sem criatividade, inovação constante e confiança na marca.”
Marion Strecker – Folha de S.Paulo, 12/01/2012

“Não agimos segundo o que achamos certo, por “força de vontade”, mas para evitar punições e vergonhas. Ou seja, não somos nunca verdadeira e corajosamente bons, apenas queremos fazer bonito e não perder dinheiro (ainda menos em prol de nossos inimigos).”
Contardo Calligaris – Folha de S.Paulo, 12/01/2012

“Ao contrário do que dizem os advogados da internação compulsória, dependentes conservam algum grau de controle sobre a continuidade do uso. Estudos mostram que, quando o preço da droga sobe, cresce a procura por programas de tratamento. Considerando que o cérebro humano, com seus 90 bilhões de neurônios interligados em 100 trilhões de sinapses, é a estrutura mais complexa do Universo, o surpreendente seria se nossos comportamentos fossem unívocos e 100% previsíveis. O que os trabalhos neurocientíficos sugerem é que a mente é o resultado de uma cacofonia de módulos e sistemas autônomos atuando em rede.”
Hélio Schwartsman – Folha de S.Paulo, 13/01/2012

“No Brasil, nos palanques, os candidatos dizem as piores verdades um sobre o outro. Dois anos depois, esquecidas as eleições, vencedor e vencido são vistos aos abraços. Campanha é uma coisa; política, outra. E nenhuma é para valer.”
Ruy Castro – Folha de S.Paulo, 13/01/2012

“É nessa direção que caminhamos. A educação é uma ferramenta de grande alcance para conquistas individuais e coletivas. Com ela, poderemos redesenhar o futuro de milhões de jovens brasileiros.”
Marconi Perillo – Folha de S.Paulo, 13/01/2012

“Uma reportagem da revista britânica The Economist mostrou que as asiáticas, de modo geral, estão fugindo do casamento. Mesmo em países com culturas que defendem a união precoce, às vezes arranjada, e para a vida toda, as mudanças ocorrem. Taiwan, Coreia do Sul e Hong Kong seguem a tendência japonesa. Na capital tailandesa, 20% das mulheres de 40 a 44 anos estão solteiras e, em Cingapura, o percentual chega a 27%. Nesses locais, a taxa de natalidade cai: com valores arraigados, as mulheres não se arriscam a providenciar filhos sem pais. A produção independente não é bem assimilada e corresponde a 2% dos bebês, número pequeno se comparado à Suécia, onde 55% das crianças nascidas em 2008 foram concebidas fora do casamento.”
Revista Claudia – janeiro de 2012

Go to Top