Posts tagged crianças

35ª semana de 2013

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“Segundo Pesquisa Nacional de Saúde Escolar – IBGE 2013: 28,7% dos alunos brasileiros do 9º ano dizem já ter perdido a virgindade; 75,3% deles afirmam ter usado camisinha na última relação.”

Nova Escola – agosto de 2013

 

“Sempre que tentamos regular uma multiplicidade de casos complexos por meio de uma regra linear, produzimos paradoxos e injustiças.”

Hélio Schwartsman, Folha de S.Paulo – 25/08/2013

 

“Acho que todo mundo poderia considerar uma mudança nas suas escolhas alimentares e, se tiverem alguma sobra de dinheiro, considerar sua responsabilidade perante os pobres do globo. Não é uma questão de tudo ou nada, ou você se torna um vegetariano ou não faz nada. Várias pessoas nos Estados Unidos, por exemplo, estão dizendo: “Bem, eu como carne todos os dias…”. Existe uma prática chamada Segunda-Feira Sem Carne. Outros escolhem dois ou três dias por semana em que não comem carne. Penso que seja algo fácil de fazer, uma coisa saudável, e obviamente faz diferença, pelo menos do ponto de vista de reduzir a pecuária industrial e a emissão de gases do efeito estufa.”

Peter Singer, Folha de S.Paulo – 25/08/2013

 

“Ser criança é um fato biológico, mas o modo como ela vive essa etapa da vida, que vai até a adolescência, depende de múltiplos e complexos fatores, entre eles o modo social de pensar a criança. […] Temos deixado a criança cada vez mais tempo na escola. As três ou quatro horas iniciais se transformaram, progressivamente, em cinco, seis, oito, dez e até 12 horas de permanência no espaço escolar! Se considerarmos que ir para a escola é o trabalho da criança, elas têm trabalhado demais, à semelhança de seus pais, os adultos. […] Crianças têm se alimentado como adultos que se alimentam mal. E, como estes, têm enfrentado doenças por causa disso.”

Rosely Sayão, Folha de S.Paulo – 27/08/2013

 

“O médico não quer olhar na cara e muito menos explicar a doença, o político não quer parar de roubar nem trabalhar às sextas-feiras, o jornalista não colhe notícia boa. Está lançado o movimento ‘Alguém para se inspirar’.”

Jairo Marques, Folha de S.Paulo – 28/08/2013

 

“A Alemanha criou o gênero ‘indefinido’ para os pais que não querem ‘impor a identidade sexual’ aos seus filhos na certidão de nascimento.”

Veja – 28/08/2013

 

“Pesquisa do Ministério da Saúde feita em todas as capitais e em Brasília revela que 51% dos brasileiros têm sobrepeso. Em 2006, eram 43%. A obesidade aumentou de 11% para 17% no período. O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, disse que hora de se adotar hábitos saudáveis.”

O Estado de S.Paulo – 28/08/2013

 

“Quando o ‘self’ é só uma imagem, inevitavelmente, ele é feito de bugiganga, quinquilharia, objetos de consumo.”

Contardo Calligaris, Folha de S.Paulo – 29/08/2013

 

“O que faz com que esses jovens tenham perdido o desejo de investir em si mesmos? Sua pobreza de esperanças não nos deve restringir à falta de oportunidade material como causa única, ainda que esta seja muito relevante. Talvez nossa sociedade esteja sendo acometida de um adoecimento ainda mais grave, que se caracteriza pela ausência da capacidade de acreditar “em”, da capacidade de desejar. Claude Le Guen, em seu “Édipo Originário”, diz que é impossível amar a si mesmo sem antes ter amado ao outro. Talvez seja também impossível investir em si mesmo sem antes ter investido no outro. Isso pode ocorrer quando somos privados do investimento do outro, sejam eles cuidadores próximos, pais, avós, professores e amigos, mas também cuidadores distantes, associados às instituições civis ou religiosas. Sem a inscrição de seus ideais identificatórios em nós não há como elaborarmos uma promessa de existência significativa, digna de auto-investimento relevante.”

Marina Silva, Folha de S.Paulo – 30/08/2013

 

“A criatividade deriva da falta de opções ou o descontentamento com as existentes. A criatividade desorganiza o mundo, pois cria novos caminhos, o que provoca uma subversão da estabilidade anterior. Esse é o motivo pelo qual os criativos são às vezes incompreendidos, criticados e até perseguidos. Eles subvertem, portanto incomodam. Mas, se por uma lado a criatividade incomoda, por outro é ela que provoca mudanças.”

Eugenio Mussak, Vida Simples – agosto de 2013

 

34ª semana de 2013

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“Apesar da culpa que as mães costumam sentir por se afastar dos filhos para trabalhar fora, as crianças de hoje recebem muito mais atenção dos pais do que nas décadas de 60 e 70. É o que revela a American Time Use Survey, pesquisa do departamento de estatísticas do trabalho do governo americano. A explicação é que, naquela época, as donas de casa monitoravam menos as crianças para se dedicar aos afazeres domésticos e à vida social.”

VocêS/A – agosto 2013

 

“Segundo Pesquisa TIC KIDS Brasil 2012, ‘Quem aconselha os estudantes sobre segurança na internet?’: 59% parente; 55% professor; 33% televisão, rádio, jornais e revistas; 20% igrejas ou grupos de jovens; 16% bibliotecário ou monitor de lan house. Crianças e adolescentes rejeitam o controle dos adultos quanto ao uso da rede, mas querem orientação. ‘Ao mesmo tempo que não aceitam interferências, eles demandam intermediações sobre o uso seguro’, diz Regina de Assis, consultora em Educação e Mídia.”

Nova Escola – agosto de 2013

 

“Líderes que têm como principal característica o comando e controle, em geral, serão menos eficazes do que os catalizadores de colaboração e inovação. Conduzir a diversidade de opiniões será a chave para gerar mais inovação. De fato, o último estudo da IBM com CEOs em todo o mundo revelou que 71% dos executivos consideram o capital humano como a principal fonte interna de valor econômico sustentável das empresas. Serão os líderes com esse perfil que transformarão isto em realidade.”

Alessandro Bonorino, O Estado de S.Paulo – 18/08/2013

 

“É possível um mundo melhor? Sim e não. Sim, é possível um mundo melhor a começar por melhores remédios, casas, escolas, hospitais, aviões, democracia (ainda acredito nela, apesar de ficar de bode às vezes). Não, não é possível um mundo melhor porque algumas coisas não mudam, como o caráter humano, suas mentiras e vaidades, sua violência, mesmo que travestida de civilidade, nossas inseguranças, nossa miséria física e mental, nossa hipocrisia. Nossas ambivalências sem cura. […] O mundo melhor parece ser aquele no qual as pessoas podem errar, pedir perdão e ser perdoadas. Um mundo melhor não é um mundo sem violência ou ambivalência, mas um mundo onde existe o perdão.”

Luiz Felipe Pondé, Folha de S.Paulo – 19/08/2013

 

“Continuo cheia. Cheia de tecnologia. Cheia de pessoas que acham que estão inventando a roda. Cheia de empreendedores cujo grande objetivo na vida é ficar rico. Cheia de espertalhões que criam problemas para vender soluções. Farta dos que espalham terror para vender segurança. Estou cada vez mais cheia de fazer cadastros, preencher formulários, alimentar estatísticas. Não suporto marketing invasivo. Não aceito como herança tanto lixo industrial. […] Hoje não quero ser amiga de todo o mundo. Não quero que todo o mundo goste de mim. Não quero ter razão. Não quero ser popular. Não quero ser forçada a gostar de nada nem de ninguém. Hoje não quero conhecer uma nova rede social. Não acho que tudo na vida tenha de se transformar em software ou sistema. Não acredito que tecnologia seja solução para todos os problemas.”

Marion Strecker, Folha de S.Paulo – 19/08/2013

 

“É maravilhoso fazer amigos pela internet. Encontrar antigos conhecidos, colegas de infância. Manter contato com quem não se pode ver sempre. Mas a maldade me assusta. Não tenho uma solução para o problema, mesmo porque sou contra qualquer tipo de restrição. O problema é que as pessoas gostam de maldades. Ler uma notícia fantasiosa sobre alguém famoso, ou mesmo sobre uma pessoa comum, dá uma falsa sensação de intimidade. E, na constelação da internet, o veneno está em expansão.”

Walcyr Carrasco, Época – 19/08/2013

 

“A religião muda as pessoas para o bem e para o mal. Sempre fui fascinado pelo poder que a religião tem de mudar o comportamento das pessoas e da sociedade. Um de meus objetivos em meus livros é analisar o processo da crença: o que leva alguém a acreditar numa religião. No caso da cientologia, não é uma conversão, uma iluminação, como ocorre na maioria das religiões. É uma espécie de lavagem cerebral, uma passagem em que pessoas instruídas, inteligentes e céticas se tornam crentes.”

Lawrence Wright, 66, escritor americano, Época – 19/08/2013

 

“Se a humanidade se comprometesse a consumir a cada ano só os recursos naturais que pudessem ser repostos pelo planeta no mesmo período, em 2013 teríamos de fechar a Terra para balanço hoje, 20 de agosto. Essa é a estimativa da Global Footprint Network, ONG de pesquisa que há dez anos calcula o ‘Dia da Sobrecarga’. Para sustentar o atual padrão médio de consumo da humanidade, a Terra precisaria ter 50% mais recursos. Segundo a ONG WWF-Brasil, que faz o cálculo da pegada ambiental do país, nossa margem de manobra está diminuindo (veja quadro à dir.), e exibe grandes desigualdades regionais. ‘Na cidade de São Paulo, usamos mais de duas vezes e meia a área correspondente a tudo o que consumimos’, diz Maria Cecília Wey de Brito, da WWF. O número é similar ao da China, um dos maiores ‘devedores’ ambientais.”

Rafael Garcia, Folha de S.Paulo – 20/08/2013

 

“A capacidade dos uruguaios em assumir riscos e procurar inventar novas respostas para velhos problemas é louvável. […] Eles optaram por colocar à frente do processo político uma espécie de antilíder [José Mujica], cujo carisma vem exatamente de seu desconforto aberto em relação aos ritos do poder. Alguém que parece a todo momento dizer não se enxergar como um presidente e que se recusa a abandonar sua vida espartana, seu sítio modesto e seus hábitos e roupas comuns. Alguém que tem a liberalidade de deixar o lugar do poder vazio e, por isso, encontra uma força inaudita por meio exatamente da expressão de seu franco desprendimento. Trata-se de uma lição política merecedora de nossa admiração, a saber, a compreensão de que o melhor líder é aquele que sistematicamente recusa-se a se ver como tal.”

Vladimir Safatle, Carta Capital – 21/08/2013

 

“A inveja é uma mistura de idealização, amor e ódio. sonha-se ser o que os outros sonham. […] Nesse mundo, em que a inveja é um regulador social, as aparências são decisivas porque elas comandam a inveja dos outros. Por exemplo, o que conta não é “ser feliz”, mas parecer invejavelmente feliz. Nesse mundo, o ter é mais importante do que o ser apenas porque, à diferença do ser, o ter pode ser mostrado facilmente. É simples mostrar o brilho de roupas e bugiganga aos olhos dos invejosos. Complicado seria lhes mostrar vestígios de vida interior e pedir que nos invejem por isso. O Facebook é o instrumento perfeito para um mundo em que a inveja é um regulador social. Nele, quase todos mentem, mas circula uma verdade de nossa cultura: o valor social de cada um se confunde com a inveja que ele consegue suscitar.”

Contardo Calligaris, Folha de S.Paulo – 22/08/2013

 

“Se entre dez mandamentos, apenas dez, cobiçar a mulher alheia estava entre eles, com a mesma relevância de “não matarás” e “não furtarás”, porque é um princípio que deve ser seguido à risca. Talvez, um dos pilares da civilização. Deus não queria baderna. Foi sucinto, porque Deus não tinha tempo a perder. E soube como ninguém usar aquilo que criou em primeiro, o verbo.”

Marcelo Rubens Piva, O Estado de S.Paulo – 24/08/2013

 

“O apelo do papa Francisco aos jovens na Jornada carioca – ‘manifestem-se’ – não pode ter resposta universal. Em regimes políticos fechados, manifestar-se não é exatamente uma opção. Além disso, a expectativa das sociedades em torno dos jovens difere muito. Quem conversar com jovens chineses de classe média urbana, por exemplo, vai se dar conta de que o seu espectro de liberdade pessoal é limitado. Eles são alegres, mas frequentemente usam a palavra ‘yali’ (pressão) para qualificar a vida. A sociedade espera que, entre 22 e 28 anos, as pessoas assegurem um emprego estável, casem-se, tenham seu filho único e o deixem sob a responsabilidade dos avós. Esse até pode ser o curso normal da vida em outros lugares. Na China, contudo, a cobrança para segui-lo é determinada. Enquanto a economia crescia a dois dígitos, encontrar trabalho não era problema. Com o crescimento mais baixo, o cenário fica difícil. Em 2011, 17.5 % dos que se formaram ficaram desempregados. O número em 2013 deve ser bem maior. Nesta semana, o premiê Li Keqiang encontrou-se com um grupo de graduandos e lhes sugeriu: criem oportunidades para si mesmos, inovem, abram negócios, tomem riscos. Em outras palavras, sua mensagem foi a seguinte: faremos o possível, mas vocês têm de se mexer.”

Marcos Caramuru de Paiva, Folha de S.Paulo – 24/08/2013

 

“Não vi nada melhorar. Cada vez parece que vai piorando. Muita gente perde a vida. O Brasil não é um país tão atrasado assim, até intelectualmente era para melhorar esse negócio da violência. Saber que a vida do ser humano tem valor.”

Wagner dos Santos, 41, sobrevivente da chacina da Candelária, Folha de S.Paulo – 24/08/2013

33ª semana de 2013

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“No cristianismo, amor não é mero afeto, mas a ação que nos faz existir. Sem ele, a vida esvazia. […] Nossa natureza ‘caída’ não suporta o ‘peso’ do amor. […] Longe do amor, somos todos doentes, umas criaturas da noite que vagam numa escuridão sem fim. No escuro, não é só o outro que desaparece, mas nós também. […] Quando nos distanciamos do amor, nos dissipamos num desejo que nos leva ao nada. […] Quando nos sentimos longe do amor (de Deus), vemos nosso nada, isso deixa nossa alma inquieta, sedenta. […] O drama maior não é não ser amado, mas ser incapaz de amar.”

Luiz Felipe Pondé, Folha de S.Paulo – 12/08/2013

 

“Criados livres de um aprendizado restrito, compartimentalizado e unidisciplinar, jovens que cresceram com a internet tiveram, pela primeira vez na história, tutores incansáveis, de capacidades infinitas, oscilando entre canais quando necessário. […] Sua forma de pensar é chamada de “mente da Renascença”, em referência a um período em que, depois de séculos isoladas, as pessoas voltaram a compartilhar conhecimento. A visão multimídia não é exclusiva da Renascença. Pitágoras, na Grécia antiga, cresceu na ilha de Samos entre tutores e navios, e sua curiosidade e formação vasta o ajudaram a influenciar áreas tão diversas quanto filosofia, ética, política, matemática, religião e música. No século 18, Goethe teve aulas de diversas línguas ainda na infância. Bom desenhista e leitor ávido, virou poeta, novelista, dramaturgo, cientista, filósofo e diplomata. […] O símbolo do raciocínio da Renascença é, naturalmente, Leonardo da Vinci. Pintor, escultor, arquiteto, músico, matemático, engenheiro, inventor, anatomista, geólogo, cartógrafo, botânico e escritor, ele imaginou helicópteros, tanques, calculadoras e baterias solares em seus cadernos, sem se preocupar em publicá-los, ou mesmo se os protótipos poderiam ser executados.”

Luli Radfahrer, Folha de S.Paulo – 12/08/2013

 

“Foi só quando pude sentir as dores de meu pai é que aprendi a ser um filho.”

Walcyr Carrasco, Época – 12/08/2013

 

“A função do escritor é enfrentar os poderes constituídos. Isso em todo o mundo. Os grandes autores são aqueles que desafiam os regimes totalitários e desumanos. Todo dia escritores são presos por se expressar criticamente contra os governos em países da África, do Oriente Médio e da Ásia. Tenho o privilégio de trabalhar num país democrático, em que a liberdade de expressão é um ponto inegociável. Mas não deixa de ser também um país em que o poder e os poderes se organizam e se mascaram rapidamente.”

Don DeLillo,76, escritor americano, Época – 12/08/2013

 

“Há um ano, a Igreja Mundial do Reino de Deus usava 320 retransmissoras de TV para propagar as palavras do apóstolo Valdemiro Santiago. Desde então, encerrou contratos com metade delas. Saiu do ar em capitais como Belém e Fortaleza.”

Época – 12/08/2013

 

“A presença feminina no conselho de empresas brasileiras ainda é pequena. Apenas 13% dessas cadeiras são ocupadas por mulheres. As que chegaram lá costumam figurar nos seguintes postos: 32% diretora de Recursos Humanos; 27% diretora de Finanças (CFO); 27% diretora de Vendas (segundo International Business Report 2013).”

VocêS/A – agosto 2013

 

“A certeza, essa deusa em cujo altar depositamos flores (e grana), é tão difícil quanto a Verdade.”

Roberto DaMatta, O Estado de S.Paulo – 14/08/2013

 

“Teremos, todos, de mudar nossos hábitos e visões. E trabalhar com otimismo em novas direções urbanas.”

Washington Novaes, O Estado de S.Paulo – 17/08/2013

 

“A religião tornou-se a única forma ideológica em Israel. Não há mais a ideologia do sionismo, do kibutz. Os religiosos é que vivem como judeus, gostemos ou não, Quem é judeu hoje? Quem reza três vezes por dia. Assim era há 2 mil anos. Assim é hoje.”

Aharon Appelfeld, 82, escritor, O Estado de S.Paulo – 17/08/2013

 

“A Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) alerta que existem 28,5 milhões de crianças fora das salas de aula em áreas de conflito. Elas sofrem não só com escolas fechadas ou falta de professores, mas também com ataques às instituições, estupro e outras formas de violência sexual (44% África Subsaariana; 14% Países Árabes; 19% Sul e oeste da Ásia/ 23% Outra regiões).

Nova Escola – agosto de 2013

 

“Acredito que esse é o grande segredo para chegar aos 40 anos melhor do que aos 20: ter a consciência de que fizemos o possível para vencer os percalços da vida com honestidade, sem passar por cima de ninguém e sem tentar levar vantagem. Todas as vezes em que agi sem pensar, por pressa ou ansiedade, a vida cobrou um preço muito caro depois. […] Eu me preocupei em construir um caminho em que o dinheiro não fosse o mais importante (há anos não faço comerciais. Não quero contribuir para o excesso de consumo). Não queria um padrão de vida luxuoso. Queria, sim, usar minha criatividade ao máximo. Para mim, a realização plena é dar conta do essencial, das coisas simples da vida.”

Letícia Sabetella, 42, atriz, Claudia – agosto de 2013

30ª semana de 2013

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“O que Martin Luther King fez foi tornar a consciência universal e a hipocrisia visível, e insuportável.”

Verissimo, O Estado de S.Paulo – 25/07/2013

 

“Firme no protagonismo da Igreja na sociedade atual, o pontífice disse que ‘frequentemente uma sensação de solidão e de vazio entra no coração de muitos e conduz à busca de compensações, destes ídolos passageiros’. Francisco conclamou os fiéis a serem ‘luzeiros da esperança’ e focou sua mensagem nas novas gerações: ‘Os jovens não precisam apenas de coisas, precisam, sobretudo, que lhes sejam propostos aqueles valores imateriais que são o coração espiritual de um povo, a memória de um povo’.”

Ocimara Balmant, O Estado de S.Paulo – 25/07/2013

 

“O papa Francisco parece ter dado um choque de energia da Igreja. Isso porque foi explícito ao trazer de volta à tradição cristã um tema fundamental do Evangelho: o da pobreza. O Evangelho nasce exatamente desse ponto. Existe uma proximidade com os pobres, com os sofredores. Francisco traz à tona um debate sufocado pela economia, pela tecnologia e também pela cultura. Ao afirmar que existe ‘outra coisa’ mais importante, o papa tornou-se radical. Ele tem essa força de dizer ‘não’ àquilo a fazer parte do poder dominante. E faz esse discurso com simplicidade e com base na lógica do Evangelho. Francisco usa a simplificação como um desafio cultural para transmitir uma linguagem mais radical.”

Gaetano Lettieri, Carta Capital – 24/07/2013

 

“A juventude é a janela pela qual o futuro entre no mundo e, por isso, nos impõe grandes desafios. A nossa geração se mostrará à altura da promessa contida em cada jovem quando souber abrir-lhes espaço.”

Leonardo Boff , Valor – 26/07/2013

 

“O papa fala muito mais por seus gestos do que pelos testemunhos formais. Ele insiste muito na credibilidade entre o discurso e o que você faz, no ato de dar exemplo.”

José Oscar Beozzo, teólogo e doutor em história social, Valor – 26/07/2013

 

“Se há algo que ficou claro com os protestos de junho e seus mais modestos sucedâneos de julho é o despreparo, para não dizer leviandade, de nossos governantes. É verdade que eles foram apanhados de surpresa e corretamente detectaram a necessidade de dar respostas. Admite-se ainda que sejam apenas humanos e não tenham muita ideia do que deve ser feito. O problema é que, em vez de reconhecer que não contam com soluções definitivas e de tentar buscá-las em diálogo com a sociedade (tanto a produção de conhecimento como a construção de instituições sólidas são necessariamente esforços coletivos), nossos dirigentes se põem e baixar medidas provisórias e decretos, que produzem efeitos legais imediatos, como se possuíssem todas as respostas sem margem a dúvidas; […] Legislar é tarefa séria demais para ficar a cargo de uma pessoa ou grupo restrito.”

Hélio Schwartsman, Folha de S.Paulo – 27/07/2013

 

“O Datafolha comparou os católicos que foram a Copacabana com os evangélicos que participaram da Marcha para Jesus, realizada em São Paulo em junho. A única coincidência é a idade média dos participantes, de 31 anos. De resto, há um fosso entre os fiéis. Os evangélicos dizem ir mais a cultos do que os católicos. Enquanto 50% dos católicos afirmam que vão à igreja mais de uma vez por semana, esse índice atinge 75% entre os evangélicos. Os evangélicos também dizem doar mais à igreja do que os católicos: R$ 220 de média mensal ante R$ 86,08. Os católicos são mais escolarizados do que os evangélicos e por isso tendem a ter mais renda. Entre os peregrinos de Copacabana, 59% têm curso superior, quase o dobro do que os evangélicos (34%). A maioria dos evangélicos (56%) cursou o ensino médio. Os índices de escolaridade nos dois eventos são diferentes dos encontrados na população adulta brasileira. De acordo com o Datafolha, só 17% no país têm curso superior e 42%, ensino médio.”

Mario Cesar Carvalho, Folha de S.Paulo – 27/07/2013

 

“Um Estado laico tem direito de submeter a sociedade inteira a uma minoria de fanáticos decididos a impor suas idiossincrasias e intolerâncias em nome de Deus? Em que documento está registrada a palavra do Criador que os nomeia detentores exclusivos da verdade? Quanto sofrimento humano será necessário para aplacar-lhes a insensibilidade social e a sanha punitiva?”

Drauzio Varella, Folha de S.Paulo – 27/07/2013

 

“Os jovens veem que seus pais não estão em condições de orientá-los na carreira – muitas vezes, por desatualização profissional – e esperam dos chefes a capacidade de orientá-los. Só que esses líderes em geral não tiveram preparação para a gestão de pessoas.”

Danilca Galdini, HSM Management – julho de 2013

 

“Prejuízos na estimulação do desenvolvimento nos primeiros cinco anos de vida, por serem de caráter irremediável, promovem empobrecimento nas aprendizagens futuras, e podem comprometer o desenvolvimento pleno da pessoa, do cidadão, do trabalhador.”

Maria Irene Maluf, Psique&vida – julho de 2013

 

“Podemos nos perguntar que espaço existe para o lírico num mundo cruelmente desigual e devastado. Mas a dificuldade que expresso nos meus poemas tem a ver com a própria escrita do poema. […] Não compartilho com a ideia de que a poesia refletir necessariamente a experiência cotidiana, o que está acontecendo neste momento, e que se não fizer isso será mera abstração amorosa ou lírica, e por aí afora. Eu acho que o lírico pode ser um lugar de resistência no mundo em que vivemos.”

Ana Luísa Amaral, Cult – julho de 2013

25ª semana de 2013

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“Desde cedo, os pais devem aproveitar qualquer oportunidade, como uma briga entre irmãos, para conversar sobre sentimentos. Isso ajuda a criar crianças, especialmente meninos, mais sensíveis.”

Amanda Polato, Revista Época – 17/06/2013

 

“A criança se desespera com a ideia de que vai morrer – só que ela ainda não sabe quando. E, na atualidade, em que o mundo adulto foi devassado para as crianças, elas sabem que não são apenas os velhos que morrem: criança também morre. Não é a idade, a saúde ou qualquer outra coisa que possibilita a morte. É o fato de estar vivo. Mas é a partir desse momento que a criança cresce e passa a pensar. Por isso, as crianças não devem ser poupadas do fato, mas acolhidas em seu sofrimento, acompanhadas em sua angústia, apoiadas em seu crescimento. É: testemunhar o processo de humanização dos filhos não é simples. Exige força e coragem.”

Rosely Sayão, Folha de S.Paulo – 18/06/2013

 

“O Brasil não é um país de sair à rua, salvo em Mundiais. Que saia agora, em massa, ainda por cima para protestar também contra as obras da Copa, é de atordoar qualquer um.”

Clóvis Rossi, Folha de S.Paulo – 18/06/2013

 

“Em uma cidade onde o metrô é alvo de acusações de corrupção que pararam até em tribunais suíços e onde a passagem de ônibus é uma das mais caras do mundo, manifestantes eram, até a semana passada, tratados ou como jovens com ideias delirantes ou como simples vândalos que mereciam uma Polícia Militar que age como manada enfurecida de porcos. Vários deleitaram-se em ridicularizar a proposta de tarifa zero. No entanto, a ideia original não nasceu da cabeça de ‘grupelhos protorrevolucionários’. Ela foi resultado de grupos de trabalho da própria Prefeitura de São Paulo, quando comandada pelo mesmo partido que agora está no poder. […] Apenas nos EUA, ao menos 35 cidades, todas com mais de 200 mil habitantes, adotaram o transporte totalmente subsidiado. Da mesma forma, Hasselt, na Bélgica, e Tallinn, na Estônia. Mas, em vez de discussão concreta sobre o tema, a população de São Paulo só ouviu, até agora, ironias contra os manifestantes.”

Vladimir Safatle, Folha de S.Paulo – 18/06/2013

 

“Precisamos, antes de mais nada, desfazer alguns equívocos sobre a democracia. Ela até que funciona, mas não pelas virtudes que normalmente lhe atribuímos. Para começar, é preciso esquecer o mito do eleitor racional que compara propostas, as analisa e toma a melhor decisão. Se há um momento em que o cidadão tende a ser especialmente emocional, é o instante do voto. A coisa só dá certo porque, em condições ordinárias, as posições mais extremadas tendem a anular-se, empurrando a escolha para grupos menos radicais. A democracia também não tem o dom de eliminar os conflitos presentes na sociedade. O que ela procura fazer é institucionalizá-los e discipliná-los, para que se resolvam da forma menos violenta possível. Daí que é impossível e indesejável eliminar completamente o caráter meio baderneiro de protestos e atos públicos. Eu não diria que o fato de as ações de movimentos como ‘Occupy’ e ‘Indignados’ não terem se materializado em propostas concretas signifique uma derrota. Ao contrário, mesmo com sua pauta imprecisa e vagamente metafísica, eles contribuíram para modificar as percepções de governantes e da própria sociedade.”

Hélio Schwartsman, Folha de S.Paulo – 18/06/2013

 

“É óbvio que R$ 0,20 a mais nas passagens em São Paulo não seria suficiente para botar o povo nas ruas do país, em multidões cada vez maiores, com imagens impressionantes. Esse foi apenas o detonador, o gatilho de manifestações de grupos distintos e de motivações difusas. […] A fantasia de que o país está um paraíso, uma maravilha, acabou. A verdade dói, mas ajuda a melhorar.”

Eliane Cantanhêde, Folha de S.Paulo – 18/06/2013

 

“A cidade de São Paulo é vítima de uma concepção urbanística inapropriada às necessidades de sua população. Segue um modelo composto por um núcleo rodeado por áreas densamente povoadas. Essa concepção espacial induz à construção de custosas vias arteriais de integração que, contraditoriamente, se transformaram nos principais focos de congestionamento. É necessário rever o modelo viário para atenuar os impactos negativos dos congestionamentos, ao menos enquanto se aguarda a maturação dos investimentos de longo prazo em transporte coletivo de massa. É preciso abandonar a visão que privilegia os megaprojetos como construção de vistosas pontes, gigantescos viadutos, vias expressas e túneis que apenas movem os pontos de engarrafamentos para alguns metros adiante, quando não se transformam, eles mesmos, em novos focos de paralisação. É urgente revascularizar o trânsito por meio de intervenções, em geral pequenas, capazes de criar vias alternativas de circulação em áreas de congestionamento.”

Marcos Cintra, Folha de S.Paulo – 18/06/2013

 

 

“Ora, quem há de negar que a qualidade de vida nos centros urbanos tangencia o desespero? A imobilidade urbana, a vertiginosa e sufocante verticalização, a baixa qualidade da saúde, o descaso com a educação, as enchentes, o custo de vida… E, é claro, a insegurança: já esquecemos que o noticiário dos últimos meses veio recheado de casos os mais escabrosos, os quais o governador teima em transformar em mera questão de menoridade penal? […] Voltado quase que exclusivamente à manutenção mecânica de espaços de poder, o sistema político nacional deixou de olhar e sentir a pulsação social, o clima das ruas; a nova sociedade. E é hoje incapaz de compreender, canalizar demandas e representar os cidadãos. Sim, ainda que menos comuns e mais difusos que no passado, há cidades e cidadãos que reagem ao mal-estar que suas autoridades não percebem. Será sempre questão de tempo para que uma fagulha ilumine perigosamente o paiol. Coisa pouca, vinte centavos bastam!”

Carlo Melo, O Estado de S.Paulo – 18/06/2013

 

“Desqualificar os protestos dos jovens em São Paulo e outras capitais ‘como se fossem ação de baderneiros’ constitui, na avaliação do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, ‘um grave erro’. Para ele, ‘dizer que (essas manifestações) são violentas é parcial e não resolve’. Na análise FHC aconselhou: ‘Justificar a repressão é inútil: não encontra apoio no sentimento da sociedade. Por isso, ‘é melhor entendê-las’, perceber que essas manifestações ‘decorrem da carestia, da má qualidade dos serviços públicos, das injustiças, da corrupção’. Ele recorreu a um dos mais respeitados estudiosos dos problemas contemporâneos, o espanhol Manuel Castells. ‘Reações em cadeia, utilizando as atuais tecnologias de comunicação, constituem marca registrada das sociedades contemporâneas, como meu velho amigo e colega Manuel Castells mostrou há tantos anos.’ A saída é entender, não reprimir. ‘Quem tem responsabilidade política deve agir, entendendo o porquê desses acontecimentos.’ Esse entendimento pressupõe buscar a razão da insatisfação geral com os governos. As manifestações ‘decorrem de um sentimento difuso de descontentamento e do desejo de um tratamento digno para as pessoas’, concluiu.”

Gabriel Mazano, O Estado de S.Paulo – 18/06/2013

 

“Utilizando redes sociais, os jovens concentram suas insatisfações num objeto de protesto, saem às ruas e passam a se confrontar com as autoridades locais. E o movimento se repete e se espalha. Entre nós espanta a rapidez com que se tem multiplicado pelo País afora. […] Os jovens simplesmente estão dizendo que recebem um serviço inadequado e que não encontram canais políticos para exprimir suas insatisfações. Trata-se de uma crise de representação. Se eles estão subordinados ao ritual das eleições periódicas, estas pouco dizem a respeito de sua vida cotidiana. Os manifestantes são vozes sem voto efetivo. […] Os jovens foram para as ruas vociferando contra o beco no qual foram empurrados. Os jovens já têm demonstrado suas opções por outras formas de vida, o que demanda novas formas de politização. […] E os jovens se defrontam de imediato com a farsa em que se transformou a educação nacional, obviamente com raras e nobilíssimas exceções. Diante do problema mais urgente, pleiteiam mais verbas sem se dar conta da podridão do sistema. Mais do que verbas, é urgente uma completa revisão das instituições educativas vigentes. A começar pela reeducação dos educadores, que, na maioria das vezes, ignoram o que estão a ensinar.”

José Arthur Giannotti, O Estado de S.Paulo – 19/06/2013

 

“Sei que a ideia de complexidade é vista como ‘frescura’ e que macho mesmo é simplista, radical e totalizante. Mas, no mundo atual, a inovação está no parcial, no pensamento indutivo, em descobrir o Mal entranhado em aparências de Bem.”

Arnaldo Jabor, O Estado de S.Paulo – 19/06/2013

 

“Seria possível mudar o mundo, mudando por pouco que seja os princípios e valores de cada um de nós? Ou é um velho ideal ultrapassado, e juvenil? Talvez haja um modo de transformar nossa louca futilidade e desvairada busca de poder. […] A gente podia mudar: se cada um mudasse um pouquinho, exigisse muito mais dos líderes em todos os setores, e aspirasse a algo muito melhor. […] Amadurecer não precisa ser renunciar a todas as nossas crenças.”

Lya Luft, Revista Veja – 19/06/2013

 

“Mesmo quem tem emprego e renda é torturado no cotidiano por um país em que o trânsito é infernal, a violência é aterradora, há eternas carências graves na educação e na saúde, os serviços públicos são precários, para não usar uma palavra feia. Na verdade, deveria haver espanto não com os protestos de agora mas com o fato de que nunca tenha havido manifestações de massa contra esse massacre cotidiano (as que ocorreram foram por motivos institucionais).”

Clóvis Rossi, Folha de S.Paulo – 20/06/2013

 

“Os R$ 0,20 de aumento do transporte público foi o gatilho nesse processo de deterioração nas relações entre representantes e representados. Mais uma dentre tantas outras demandas sociais feridas pelo poder público ao longo de anos. Até aí, nenhuma novidade. Mas foi o suficiente para fertilizar um campo minado. Ao deixar o virtual para protestar no mundo real, da universidade às ruas, provocou a identificação imediata dos mais diferentes estratos sociais. A imagem da repressão policial contra os jovens escolarizados despertou o apoio tanto de setores conservadores da classe média, que sofrem de insegurança crônica quanto, ainda que timidamente, quanto dos moradores da periferia, já familiarizados com a violência da instituição. Nesse momento o apoio aos protestos atinge patamar semelhante ao do início da campanha das Diretas, acima de 70%, conferindo-lhe legitimidade. […] Esses episódios alertam o poder público para a urgência da criação de canais de participação adequados aos contrastes da cidade. É preciso ouvir a população, antes que ela grite.”

Mauro Paulino, Folha de S.Paulo – 20/06/2013

 

“Na principal capital do país, incendeiam-se dentistas, mata-se à toa. Na cidade maravilhosa, os estupros são uma rotina macabra. Enquanto isso, os juros voltam a subir, impostos, tarifas e preços de alimentos estão de amargar. E os serviços continuam péssimos. É por essas e outras que a irritação popular explode sem líderes, partidos, organicidade. Graças à internet e à exaustão pelo que está aí.”

Eliane Cantanhêde, Folha de S.Paulo – 20/06/2013

 

“Não haverá mais política como conhecemos até agora. Daqui para a frente ela irá em direção aos extremos. Uma sociedade, quando passa por mobilizações populares como as que vimos nas últimas semanas, fica para sempre marcada. Nesse sentido, devemos nos preparar para um embate de outra natureza. Quando a política popular ganha as ruas em uma reação em cadeia, todo o espectro de demandas sobe à cena. Uma contradição de exigências que pode dar a impressão de estarmos em um buraco negro da política. No entanto, não há que temê-la, pois tal contradição é a primeira manifestação de um novo conflito de ideias que servirá de eixo de combate. Por isso, a política brasileira não se dará mais no interior de partidos que há muito perderam sua função de caixa de ressonância dos embates sociais. Ela será decidida nas ruas. […] Agora é hora de compreender que o verdadeiro embate começou e será longo. Agora não é hora de medo. Agora é hora de luta.”

Vladimir Safatle, Folha de S.Paulo – 22/06/2013

 

“É uma espécie de grito da sociedade, rebelada contra as condições de vida nas cidades. Não se trata apenas de transporte, mas, também, de violência, educação, saúde, dívidas a pagar… E uma juventude que não consegue se empregar e não enxerga um futuro.”

Silvio Caccia Bava, O Estado de S.Paulo – 22/06/2013

24ª semana de 2013

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“O cansaço é maior quando a gente faz aquilo que não gosta. Não tem sido muito pesado, não. Já fiz teatro, TV e filme ao mesmo tempo. Diante desse passado, minha vida está leve agora. A melhor coisa é fazer nada. Vou ao teatro, cinema, leio, ando na praia, viajo com meus filhos e netos e arrumo gavetas. É ótimo ficas bestando completamente, jiboiando como se diz.”

Fernanda Montenegro, 83, atriz, O Estado de S.Paulo – 09/06/2013

 

“O número de americanos que estão se matando atingiu um nível sem precedentes. No período de 1999 a 2010, o suicídio de americanos entre 35 e 64 anos de idade cresceu quase 30%. Mais pessoas nos Estados Unidos morrem hoje pelas próprias mãos do que em acidentes de carro. Entre homens na faixa dos 50 anos, a taxa de suicídio cresceu 50%.”

Lee Siegel, O Estado de S.Paulo – 09/06/2013

 

“A coisa é a seguinte: escrever ou não escrever poesia não é coisa que se decida. Na verdade, sempre que termino de escrever um livro de poemas, tenho a impressão de que não vou escrever mais, de que a fonte secou. […] Creio que isso se deve ao fato de que não planejo nada, muito menos meus livros de poemas. De repente, descubro um tema novo, um veio que passo a explorar até esgotá-lo. Isso demora anos, porque, também, ao concluir cada poema, tenho a impressão de que o veio se esgotou. […] Sempre digo que meus poemas nascem do espanto, ou seja, de algo que põe diante de mim um mundo sem explicação. É essa perplexidade que me faz escrever.”

Ferreira Gullar, Folha de S.Paulo – 09/06/2013

 

“Dos 260 mil inscritos até agora na Jornada Mundial da Juventude, a maioria são mulheres (55,32%). Peregrinos entre 19 e 24 anos respondem por 35% das inscrições. Os maiores de 65 anos não são nem 1%.”

O Globo – 09/06/2013

 

“O mundo de hoje está aterrorizado. E a economia não está florescente. Isto leva a um enclausuramento.”

Carla Bruni, O Globo – 09/06/2013

 

“A reportagem de qualidade é sempre substantiva. O adjetivo é o adorno da desinformação, o farrapo que tenta cobrir a nudez da falta da apuração. […] Uma imprensa ética sabe reconhecer os seus erros. As palavras podem informar corretamente, denunciar situações injustas, cobrar soluções. Mas podem também esquartejar reputações, destruir patrimônios, desinformar. Confessar um erro de português ou uma troca de legenda é fácil. Mas admitir a prática de prejulgamento, de engajamento ideológico ou de leviandade noticiosa exige pulso e coragem moral. Reconhecer o erro, limpa e abertamente, é condição da qualidade e, por isso, um dos alicerces da credibilidade.”

Carlos Alberto Di Franco, O Estado de S.Paulo – 10/06/2013

 

“A lição assustadora da psicologia social é a de que o ser humano pode passar por cima de suas convicções e de várias barreiras morais se for devidamente compelido por seus pares. E nem precisa ser uma pressão muito intensa.”

Hélio Schwartsman, Folha de S.Paulo – 11/06/2013

 

“Nunca nos livraremos de jovens desajustados que montam bombas caseiras ou fanáticos empunhando machadinha. Não há absolutamente nada que possamos fazer para evitar isso. Podemos minorar a letalidade dessas pessoas controlando a circulação de armas, e só. O verdadeiro problema é termos chegado à situação de todo um país entrar em pânico quando se associa um crime comum à palavra ‘terrorismo’. […] A insegurança da submissão voluntária ao controle contínuo de alguém que reforça sua autoridade alimentando-se de nossos medos. A insegurança do fim da vida privada.”

Vladimir Safatle, Folha de S.Paulo – 11/06/2013

 

“Aqui, a tradição é entrar na iniciação científica em um laboratório e continuar nele durante o mestrado, o doutorado e o pós-doutorado. E a tendência é a pessoa se aprofundar cada vez mais em um único assunto. Com isso, formamos jovens cientistas bitolados, tudo o que eles sabem é pensar em detalhes daquele único assunto que vêm desenvolvendo desde a iniciação científica. Além disso, a política de contratação nas universidades privilegia os ex-alunos. Criam-se colônias sem diversidade.”

Suzana Herculano-Houzel, Folha de S.Paulo – 11/06/2013

 

“A criança costuma dar sinais claros de que ela quer aprender a usar o banheiro. Os pais não precisam se preocupar tanto. O que não podemos é antecipar o processo. […] Quando ela pergunta do uso do banheiro, pede para ir, quer ficar por lá mais tempo, por exemplo. Quanto mais natural for o processo, melhor para a criança. Os pais não devem atrapalhar. Para isso, precisam munir-se de calma e paciência. A criança nem sempre vai acertar, e, mesmo depois de os pais acharem que ela já aprendeu, ela vai querer usar o banheiro quando tiver vontade, não quando os pais quiserem. E mais: ganhar prêmios por fazer a coisa que os pais julgam certa confunde a criança.”

Rosely Sayão, Folha de S.Paulo – 11/06/2013

 

“Como as bandas de jazz, as empresas precisam de regras básicas para operar, de forma que cada profissional possa, no momento correto, improvisar e criar.”

Thomaz Wood Jr., Carta Capital, 12/06/2013

 

“Somos anjos e demônios. Viver na internet tem um perigo: nós mesmos.”

Manuel Castells, Folha de S.Paulo – 13/06/2013

 

19ª semana de 2013

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“Uma mãe extraordinária é aquela que ama incondicionalmente seu filho. Que permite que ele erre e o ajuda a se encontrar neste mundo. Aquela que ensina que, antes de qualquer coisa, você deve ser uma boa pessoa. Tento passar valores morais sólidos para meu filho, ensiná-lo a ser criativo e a nunca, nunca ter medo de falhar. Porque as falhas e os erros são ingredientes necessários para o sucesso e para ser feliz. Felicidade é algo relacionado a fazer o que se gosta, a ter coragem, amor e força moral.”

Christiane Amanpour, “Revista Época” – 06/05/2013

 

“A internação é importante, sim, mas como parte do tratamento e apenas para uma pequena parcela dos dependentes. Nem toda doença é tratada com internação. O poder público vende internação como solução mágica. Alguns familiares de usuários estão tão cansados que querem mesmo isso solução, mas é importante dizer que não há saída mágica. […] Dados mostram que de 70% a 90% dos dependentes apresentam problema psicológico. Nem todas as clínicas têm um psiquiatra.”

Thiago Fidalgo, “O Estado de S.Paulo” – 08/05/2013

 

“Uma pesquisa recente feita com ingressantes nos cursos de licenciatura em matemática e física na Universidade de São Paulo (USP) mostra que cerca de 50% deles não estão muito dispostos a dar uma aula nas respectivas áreas. O resultado é particularmente importante quando se leva em conta o fato óbvio de que os cursos de licenciatura são justamente aqueles que formam professores para o ensino fundamental e o médio. […] Os salários são considerados baixos em vista da importância da profissão. Pretende-se exigir dos professores que sejam conscientes de sua importância social, mas o magro contracheque diz outra coisa. […] Há um abismo entre o ideal de uma carreira e sua realidade, demonstrado cabalmente pelo desinteresse dos estudantes de licenciatura. Assim, o déficit de professores de matemática, física e química, que já é de 170 mil, tende a crescer. O resultado disso é que o desempenho dos alunos da rede pública em ciências exatas, que já é um dos mais fracos do mundo, tem tudo para piorar – a não ser que o governo aja radicalmente e, sem mais delongas, restitua ao magistério o orgulho profissional.”

“O Estado de S.Paulo” – 08/05/2013

 

“Ação pública em favor da alternativa é o imperativo da hora. A maldição das gerações futuras, a que teremos entregue país apequenado, recairá sobre nós se aguardamos para ver o que nos vão aprontar. Tratemos de propor e de construir, nós mesmos, cidadãos, outro futuro brasileiro.”

Roberto Mangabeira Unger, “Folha de S.Paulo” – 09/05/2013

 

“Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) de orientação sexual foram lançados em 1998, num contexto em que crescia a gravidez entre as adolescentes e a contaminação pelo HIV era um dos grandes temores. Cerca de 15 anos depois, esses problemas estão longe de ser superados: 19,3% dos partos realizados no país são de garotas até 17 anos e o número de jovens com Aids cresceu 33% só nos últimos cinco anos segundo o Ministério da Saúde. […] Cada faixa etária exige um modo de abordar a sexualidade, mas vale sempre estimular a expressão de ideias. ‘O mais recomendado é não impor opiniões, mas, sim, incentivar a turma a pesquisar e refletir, deixando de lado a transmissão mecânica de informação’, diz Elizabete Franco Cruz, professora da Universidade de São Paulo (USP) e integrante do Anahi – Grupo de Estudos Interinstitucional de Relações de Gênero e Sexualidade.”

Bruna Nicolielo, “Revista Nova Escola” – maio de 2013

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