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44ª semana de 2012

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“Parece que a vida escolar do filho se tornou uma espécie de avaliação de seus pais. Bons pais produzem alunos dedicados aos estudos e com bons resultados em qualquer tipo de avaliação. Essa parece ser a máxima em vigor. Ocorre que, enquanto a vida escolar for uma questão vital para os pais, os filhos não a assumirão como sua. […] Quanto às pequenas responsabilidades com os afazeres domésticos é preciso, em primeiro lugar, que a criança sinta que pertence àquele grupo familiar e que isso acarreta ônus e bônus. […] Ensinar aos filhos que eles devem assumir suas próprias responsabilidades dá trabalho, exige paciência e persistência, porque é uma tarefa que dura mais ou menos uns 18 anos. Com sorte.”
Rosely Sayão – Folha de S.Paulo, 30/10/2012

“Saí pensando em um texto que li de Maria Rita Kehl no qual ela dizia que nossa biografia não deveria se basear somente em nossos feitos. Às vezes, nossos desejos e intenções nos configuram de forma muito mais plena. Seria nossa ‘biografia em baixo-relevo’. Mas como exigir desse mundo objetivo em que vivemos tamanha delicadeza? Continuamos por aí nos afogando em números e perdendo nossos ‘quases’ que tanto têm a dizer.”
Denise Fraga – Folha de S.Paulo, 30/10/2012

“Quem for rápido no julgamento deixará de contemplar a imensa complexidade humana, tirará o outro por si, será rasteiro.”
Francisco Daudt – Folha de S.Paulo, 30/10/2012

“A revolução no Brasil não acontece com os cidadãos pegando em armas, mas pegando em cartões de crédito. O Brasil tem uma nova geração de consumidores que não quer apenas produtos e serviços básicos. Eles conquistaram acesso ao que antes era distante e inalcançável e não admitem regresso. Querem produtos excitantes, de maior valor e maior encantamento. Esse é o grande fenômeno do novo mercado brasileiro. A nova classe média brasileira pode parecer um conceito surrado, mas ela mal começou a transformar a economia, o país e o seu negócio. Ela quer comprar o que não comprava, de iogurtes a carros a entretenimento. Não há gôndola no supermercado nem setor da economia que não seja afetado. O mercado brasileiro de produtos de higiene e beleza, por exemplo, já está entre os três maiores do mundo, depois dos Estados Unidos e do Japão e à frente dos sofisticados países da Europa. As mulheres brasileiras já consomem duas vezes mais condicionadores de cabelo do que as americanas, ou 19 vezes mais quando comparadas com as russas, 20 vezes mais em relação às chinesas. […]São mudanças de consumo tão abrangentes que as oportunidades aparecem em toda parte: de comidas congeladas à educação ao uísque escocês, cujas vendas no Brasil cresceram mais do que em qualquer lugar do planeta: uma alta de 48% em 2011, puxada pelo Nordeste. E os gastos da classe média com viagens subiram 242% de 2002 a 2010. Pela primeira vez, os brasileiros estão pegando mais avião do que ônibus para viajar pelo país.”
Nizan Guanaes – Folha de S.Paulo, 30/10/2012

“O livro ‘Nada a Perder’, biografia do bispo Edir Macedo, ultrapassou o fenômeno ‘Cinquenta Tons de Cinza’ em vendas na semana. O livro de Macedo teve 30 mil exemplares vendidos em uma semana, Cinquenta Tons…’ vendeu 20 mil exemplares. ‘Nada a Perder’ será lançado em novembro no mercado internacinal: dia 17, em Buenso Aires, dia 20, em Bogotá, e dia 22 em Caracas.”
Folha de S.Paulo, 01/11/2012

“Melhorias socioeconômicas não implicam necessariamente melhorias do tecido social da comunidade. Hoje, como naquela época, é pífia, se não nula, a confiança dos cidadãos no socorro da força pública. A certeza de que o socorro será precário, lento ou ausente alimenta a sensação de insegurança. Diminuir a sensação de insegurança seria uma maneira de combater a insegurança efetiva da cidade.”
Contardo Calligaris – Folha de S.Paulo, 01/11/2012

“É possível ‘perder ganhando’, quando se consegue avançar nos ideais, e é possível ‘ganhar perdendo’, quando se abandona os ideais em acordos puramente pragmáticos. […] Para enfrentar o sectarismo maniqueísta enraizado em nossa política, é preciso uma mudança. Não em enunciados de ‘boas’ intenções e vazias de compromisso, mas naquilo que, como disse C. S. Lewis, ‘se deduz de milhares de conversas, por um princípio revelado em centenas de decisões relativas a assuntos menores’.”
Marina Silva – Folha de S.Paulo, 02/11/2012

“Dados da CBL mostram que o livro está mais barato e o brasileiro anda lendo mais. O preço médio do livro caiu 6,1% em 2011, considerando apenas preços praticados no mercado privado. Incluindo compras de governo, o preço médio ficou estável (alta de 0,1%). O governo representa 39,5% do mercado. Em volume, as vendas subiram 7,2% -o brasileiro comprou 3,34% mais, e o governo,13,7% mais.”
Mariana Barbosa – Folha de S.Paulo, 03/11/2012

“A guinada conservadora católica, o acelerado declínio numérico da filial brasileira da Santa Sé e a avalanche pentecostal acirraram a competição entre católicos e evangélicos a partir de 1980. Essa peleja deflagrou uma disputa religiosa pelo espaço público e uma desenfreada ocupação religiosa da mídia e da política partidária. Desde então tele-evangelistas, padres-celebridades e cantores gospel tornaram-se onipresentes na mídia eletrônica, emissoras de TV pentecostais e católicas brotaram como cogumelos, rebanhos religiosos viram-se tratados como currais eleitorais, igrejas passaram a formar bancadas parlamentares, a expandir seu poder nos legislativos e a controlar partidos, discursos moralistas reacionários de inspiração bíblica tomaram de assalto as eleições. […] No novo santuário, Marcelo Rossi ocupará um palco muito maior e mais reluzente para cantar seus louvores e baladas, coreografar a “aeróbica do Senhor”, receber celebridades, agitar, entreter e emocionar as multidões de seguidores, benzer seus objetos pessoais e lançar-lhes baldes de água benta ao fim de cada show-missa. Assim ele vai contribuindo para configurar um catolicismo de massas alegre, corpóreo, sensorial, emotivo, mágico, midiático, terapêutico, taumatúrgico, moral e teologicamente conservador. Mais popular, mas menos intelectualizado e menos atento aos problemas socioeconômicos.”
Ricardo Mariano – Folha de S.Paulo, 03/11/2012

43ª semana de 2012

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“Afinal, o que todos queremos da vida – além do básico, claro? mais que tudo, o que todos queremos, do berçário até a mais provecta idade, é o bem mais precioso: um pouco de atenção. […] Qualquer coisa na vida, qualquer, é melhor do que a indiferença. Se ninguém te dá atenção você não existe Se ninguém te dá atenção você não existe. […] Não adianta ter todo o poder e todo o dinheiro do mundo se ninguém pergunta se você melhorou da gripe.”
Danuza Leão – Folha de S.Paulo, 21/10/2012

“Em situações de risco, em guerras, a covardia é a regra. No dia a dia, isso tem outro nome: honestidade não vale nada, o que vale é ter uma ‘vida decente’: segurança para os filhos, uma esposa feliz porque pode comprar o que quiser (dentro do orçamento, claro, mas quanto menor o orçamento menor o amor…), enfim, um ‘futuro melhor’.”
Luiz Felipe Pondé – Folha de S.Paulo, 22/10/2012

“ ‘Quando perdemos o controle emocional, é difícil recuar um passo e ver o que está realmente acontecendo’, diz Lynn Friedman, psicanalista e consultora de carreiras em Washington. Ao sentir uma reação intensa no trabalho, pergunte a si mesmo se a reação é realista e justificável. Às vezes o que está motivando esses sentimentos guarda pouca relação com o momento. Em vez de reagir na hora, dê algum tempo para você mesmo, dizendo: ‘Preciso refletir. Podemos voltar ao assunto dentro de um ou dois dias?’ Então procure analisar o mais objetivamente possível o que causou o aborrecimento.”
Eilene Zimmerman – Folha de S.Paulo, 22/10/2012

“Que as crianças têm cada vez menos infância é um fato já constatado e conhecido por muita gente. […] O que acontece, na verdade, é que as crianças são estimuladas desde o primeiro minuto de vida, e os adultos que as cercam estão ocupados demais consigo mesmos e com sua juventude para ter a disponibilidade de construir autoridade sobre as crianças. […] Com a expectativa de vida em torno dos 75 anos, por que não deixamos nossas crianças em paz para que possam viver sua infância? Afinal, depois de crescidas, elas terão muito tempo para fazer o que é característico do mundo adulto. Adiantar por quê?”
Rosely Sayão – Folha de S.Paulo, 23/10/2012

“Fala-se da internação compulsória, mas onde seria esta internação, mesmo que não fosse compulsória? Quais equipes iriam cuidar destes pacientes? Abrigar não é tratar! Não há quase locais para internação de adolescentes no Rio, nem equipes capacitadas para acolhê-los e efetivamente tratá-los. Se houvesse, poderia transformar a internação compulsória no direito de tratamento que a Constituição garante: “saúde é um direito de todos e um dever do Estado”. Tal mudança de enfoque é fundamental e faz toda a diferença. O tratamento para dependentes de droga requer uma equipe interdisciplinar de saúde capacitada para as especificidades desse atendimento.”
Ivone Stefania Ponczek – Folha de S.Paulo, 23/10/2012

“Todas as emoções – da paixão partidária ao espírito torcedor, passando pelo amor, a saudade, o ciúme, o ódio etc. -, aos meus olhos, são quase sempre excessivas: transportes descontrolados ou atuações caricatas. Longe de serem reações adequadas a circunstâncias externas, elas me parecem ser teatralizadas (se não produzidas) por nós mesmos. […] As máscaras que pesam e nos sufocam talvez sejam as que vestimos para expressar e teatralizar emoções excessivas e obrigatórias, que todos esperam de nós.”
Contardo Calligaris – Folha de S.Paulo, 25/10/2012

“O otimista tende a interpretar a realidade ruim como algo passageiro. O viés otimista está relacionado a outros vieses comuns: a ‘ilusão de superioridade’ e o ‘efeito melhor que a média’, em que acreditamos ser melhores do que realmente somos e melhores e do que as outras pessoas. Se você se acha especial, o próximo passo lógico é acreditar que tudo vai dar certo, que seu futuro será melhor que o dos outros. […] Quando você espera o melhor de si mesmo, também aprende mais com os erros, porque eles são interpretados com surpresa pelo cérebro. […] Não acho que ter expectativas realistas seja sábio. Ser otimista torna sua vida melhor.”
Tali Sharot, neurocientista israelense – Revista Lola, outubro de 2012

“Existe uma paranoia em ser belo, perfeito, bem-sucedido e feliz a todo custo. E essa é uma busca muito dolorosa. Vivemos uma era louca das cirurgias plásticas. Soube até que existe uma em que é possível colocar barriga de tanquinho de silicone! E aí o camarada engorda e vira uma tartaruga ninja. Bizarro, não?”
Selton Mello – Revista Lola, outubro de 2012

42ª semana de 2012

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“Todo mundo se empluma para ser visto. A noiva é a construção da ideia de perfeição para o olhar do outro. A gente se veste querendo que o outro nos veja de um modo perfeito. O outro não quer a perfeição, mas desnudar essas camadas de ilusão, de mentira.”
Fernanda Young – Folha de S.Paulo, 14/10/2012

“Há algumas semanas, uma falha em minha conexão de internet me fez perceber que havia algo errado comigo. Talvez você tenha o mesmo problema. Graças a uma dessas panes súbitas que fazem da informática uma ciência inexata, todos os e-mails que mandei durante o dia inteiro não conseguiram sair do computador. Ao final do dia, movido por um tédio que só a desconexão forçada é capaz de provocar, decidi reler as mensagens presas na minha caixa de saída. O resultado foi revelador. Por dedicar muito pouco tempo a cada mensagem, escrevi respostas lacônicas para pessoas que haviam me mandado sugestões elaboradas. Aceitei um convite para um jantar ao qual não poderia ir. Enviei a um colega um recado com erros inaceitáveis para alguém que ganha a vida escrevendo. A vontade de resolver vários problemas instantaneamente, típica dos tempos digitais, me tornara afobado, distraído e monossilábico. Não curti.”
Danilo Venticinque – Revista Época, 15/10/2012

“Ouvir é o maior talento que um arquiteto deve ter. […] Não vejo graça em repetir. Quero me surpreender. Prefiro errar tentando algo novo a acertar repetindo uma solução que já sei que dá certo. […] Acho que não existe bom gosto ou mau gosto. Existe o meu gosto e o seu gosto. Quando vejo uma pessoa de bom gosto, é porque ela tem o meu gosto. […] Nunca faço o que quero, do jeito que quero. Sempre faço o que o cliente quer, só que do meu jeito. A diferença é sutil. […] Sempre me interessei pela diversidade. Das pessoas e trabalhos. A arquitetura é um mero pretexto para eu me relacionar com as pessoas. A única coisa que tem importância é que haja afinidade na maneira como vemos a vida.”
Isay Weinfeld – O Estado de S.Paulo, 15/10/2012

“Essa coisa de criar o parceiro ou a parceira ideal é muito ruim. Quando idealizam, as pessoas tendem a enquadrar os outros num conceito, uma ideia. Não dá certo. O amor tem de ser uma invenção diárias, a dois. Há uma cobrança de que o amor tem de durar para sempre, e essa é outra pressão que também pode sufocar uma relação. O importante é que não existem fórmulas para o amor. Cada dupla, cada casal faz sua história e tem de encontrar a fórmula apropriada para os dois.”
Jonathan Dayton, diretor de cinema – O Estado de S.Paulo, 16/10/2012

“Marxismo e religião são iguais: não podem ser comprovados ou contestados.”
David Pryce-Jones, Revista Exame, 17/10/2012

“O papel do artista é questionar. E, de repente, a gente se transformou nessa coisa arrumadinha, de bom gosto, enquadrada. O louco ainda pode ser alguém que propaga as verdades que ninguém quer escutar.”
Elias Andreato, ator e diretor – O Estado de S.Paulo, 18/10/2012

“Em 2010, a parcela de divorciados chegou a 3,1%, quase o dobro dos 1,7% de 2000. O aumento das separações tem diferentes explicações, como a maior aceitação social do divórcio e a simplificação dos trâmites legais. Além disso, há a maior inserção da mulher no mercado de trabalho, que deu a ela autonomia financeira para se livrar de relacionamentos. O retrato mostra ainda que cresce a parcela de casais sem filhos – um quinto do total.”
Denise Menchen – Folha de S.Paulo, 18/10/2012

“Você tem duas opções: a) envelhecer; b) morrer. Se tudo der certo, você fica com a primeira opção. Nesse caso, a próxima pergunta de múltipla escolha estético-existencial será algo como: a) envelhecer, tentando desesperadamente se transformar em outra pessoa – alguém que se parece vagamente com você, a não ser pela testa congelada, pelos olhos levemente assimétricos e pelos lábios que parecem mais um sashimi do que uma boca. Separando as duas opções, resta apenas o bom senso, que alguém já definiu como ‘a coisa mais mal distribuída do mundo’. […] O paradoxo é que, num país cada vez mais velho, a velhice esteja se tornando sinônimo de defeito, de prazo de validade expirado antes da hora – e aí aparecem eufemismos do tipo ‘melhor idade’. De acordo com o IBGE, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, a expectativa de vida aumentou incríveis 25 anos de 1960 para cá.”
Carol Sganzerla – Revista TPM, outubro de 2012

“Em um mundo com 7 bilhões de habitantes, já existem 6,39 bilhões de linhas de telefonia móvel. O celular chegou até onde nem sequer tem água potável. Só no Brasil, há mais aparelhos habilitados do que habitantes. ‘Símbolo de status, inclusão social e autonomia, o celular atende à exigência de estar disponível o tempo todo – e derruba as fronteiras entre trabalho e vida pessoal’, explica a antropóloga Sandra Rubia Silvia, professora da Universidade Federal de Santa Maria, RS, que investiga o impacto dessa tecnologia nas relações sociais. ‘A rotina acaba sendo cadenciada por esse aparelho e há grandes chances de ultrapassar o limite de uso que seria razoável’, alerta o psicólogo Cristiano Nabuco, coordenador do Ambulatório Integrado dos Transtornos do Impulso do Instituto de Psiquiatria da USP. Na velha e boa linguagem analógica, todos esses dados e evidências querem dizer o seguinte: com tantos aparelhos à disposição, aumenta a probabilidade de que eles virem uma espécie de extensão do corpo. Portanto, aparece a probabilidade de que os usuários fiquem conectados demais, dependentes demais, doidões demais – até os limites do vício. […] No Brasil, pesquisa da Ipsos feita com mil moradores de 70 cidades, de ambos os sexos, mostrou: 18% admitiram ter dependência de seus aparelhinhos. O número, claro, pode ser bem maior. ‘Nem sempre existe a noção da dependência. É comum as pessoas alegarem que vivem conectadas por causa do trabalho ou da família’, diz a psicóloga Iracema Teixeira, professora de Pós-Graduação da Universidade Gama Filho, no Rio de Janeiro.”
Cristina Nabuco – Revista Lola, outubro de 2012

41ª semana de 2012

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“Victor quase terminou o casamento, Eduardo infartou e Rodrigo engordou 20 quilos em dois anos. Com idades entre 30 e 59 anos, os três são exemplos de profissionais que, depois de uma situação extrema, perceberam que falharam ao tentar equilibrar carreira e vida pessoal. Talvez um dos “vícios” mais aceitos – e incentivados – socialmente, a compulsão por trabalho ganhou uma nova escala desenvolvida por um grupo de pesquisadores da Noruega. Ståle Pallesen, professor de psicologia da Universidade de Bergen e um dos responsáveis pelo estudo, diz que traços da personalidade, como ambição desmedida ou comportamento obsessivo, são fatores determinantes nesse tipo de compulsão. Segundo os pesquisadores, os “workaholics” trabalham para reduzir sentimentos como culpa, ansiedade, desamparo ou depressão.”
Felipe Maia – Folha de S.Paulo, 07/10/2012

“É preciso estudar, é necessário ter conhecimento. É importante, mas não é suficiente. Uma das coisas mais importantes que um CEO tem de fazer é mostrar a direção. […] Eu tento liderar pelo exemplo. As pessoas na empresa costumam ouvir o que os líderes dizem. O mais importante, no entanto, é que elas observam o que os líderes fazem. Se eu disser que algo é um valor importante para a empresa, mas fizer o contrário, as pessoas não vão acreditar em mim. […] Eu gosto do conceito de “dar o meu melhor no trabalho”. Eu aprendi isso com um professor importante lá no meu país, o Japão. […] Acho que um bom líder precisa aprender com a experiência e com o coração. […] Eu gosto de ter contato com tantas pessoas aqui no Brasil, não gosto de ficar no escritório, porque não tenho contato com pessoas e não consigo entender a realidade.”
Akira Harashima – O Estado de S.Paulo, 07/10/2012

“Dados da Câmara Brasileira do Livro (CBL) e da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) apontam que em 2010 73,8% dos livros vendidos eram religiosos. Entre 2009 e 2010 categoria cresceu 17,74%. Aumento do poder de compra da classe C e da população evangélica, que soma 40 milhões de brasileiros, impulsionam vendas. […] Em 2010, o mercado fonográfico nacional vendeu 25 milhões de cópias entre CDs e DVDs. Em 2011, entre os dez CDs mais vendidos, cinco eram religiosos.”
O Estado de S.Paulo, 07/10/2012

“A realidade é que o planeta está morrendo. Temos democracia – falando de modo geral -, ela funciona, mas não está nos levando a lugar algum. Do ponto de vista religioso, a oposição entre islamismo e cristianismo nunca esteve tão grande. Politicamente, tem-se gastado mais dinheiro em suítes de hotel do que em ações que melhoram a vida das pessoas. No campo econômico idem: toda vez que se fala em reorganizar o sistema bancário, por exemplo, é uma grita. Estão levando o mundo para o colapso. A verdade é que o dinheiro manda, e estamos perdendo o respeito por quem trabalha. Estamos sendo governados por gente do sistema financeiro, que dita as regras. O mundo está ficando desumanizado. Estamos perdendo a noção de nossos cinco sentidos. Só que o mundo, para ser salvo, depende deles e da nossa criatividade. […] A missão é aguçar a criatividade das pessoas, abrir suas mentes, fazer com que elas saiam de lá pensando em cultura e em como ser mais criativas.. Para mim, não há nada mais lindo do que isso. Chego mesmo a chorar. Nada é mais poético do que o sentido de criatividade – porque é a razão de ser da humanidade, é a única maneira de salvar o mundo e a nós mesmos.”
Alex Allard – O Estado de S.Paulo, 10/10/2012

“Organizações neuróticas frequentemente induzem seus funcionários a aceitar e praticar seus vícios. Com o tempo, elas desenvolvem normas implícitas e sistemas formais de incentivo condicionadores de seus quadros para se conformarem com o estilo dominante. Organizações neuróticas nutrem líderes neuróticos. Líderes neuróticos, por sua vez, fomentam atitudes e comportamentos consistentes com suas características. Fecha-se, assim, um ciclo vicioso com boa chance de se perpetuar.”
Thomaz Wood Jr. – Carta Capital, 10/10/2012

“Na sociedade atual o corpo perfeito tem sido o ‘tudo’. O corpo perfeito, belo, tem sido considerado como a ‘porta de entrada’ para uma maior aceitação social e um troféu a ser conquistado com muito esforço nos consultórios médicos, nas clínicas de estética, nas academias de ginástica, dentre outros. […] Criam-se falsas imagens de mulheres perfeitas, através do tratamento de fotografias. O público feminino passa então a buscar um corpo idealizado pelas diversas mídias. Paralelamente, as mulheres se tornam escravas de um modelo social ficando, muitas vezes, suscetíveis à depressão e a transtornos alimentares.”
Claudinéa Justino Franchett – Jornal da Tarde, 12/10/2012

40ª semana de 2012

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“Quem nasce e cresce num vilarejo rural acaba assumindo padrões mentais que vêm do mundo agrário e da presença iminente de um cavalo pastando na praça matriz. Quem vive na metrópole, em São Paulo, terá inscritos em seu cérebro a neurose do trânsito, o medo de assalto, a pressão alta e a falta de ar. A cidade dita a personalidade de seus habitantes mais ou menos como a língua materna nos ensina a pensar. “somos ‘filhos’ das cidades em que moramos. As cidades criam os humanos (embora sejam criadas por eles). […] Num filme argentino recente, Medianeras, de Gustavo Taretto, o narrador joga na cidade a culpa por todos os males do mundo. Ele diz que ‘as separações, a violência familiar, a bulimia, a depressão, os suicídios, os ataques de pânico, a obesidade, a hipocondria, o estresse e o sedentarismo são responsabilidades dos arquitetos e empresários da construção.’.”
Eugênio Bucci – Carta Capital, 01/10/2012

“O que é uma cidade? Não existe definição ideal. A cidade sou eu, é você. Se é o lugar onde se dorme, acorda, trabalha, caminha e trafega, onde se ama, briga e morre, a cidade é bem mais que um amontoado de concreto e verde – é uma experiência de bem-estar ou mal-estar. Alguns se tornam reféns de sua cidade, sequestrados por circunstâncias profissionais, financeiras e familiares. Alguns vivem onde desejam. É aí que os defeitos da cidade incomodam como traições de mulher amada. Só nós podemos criticar – forasteiros não.”
Ruth de Aquino – Revista Época, 01/10/2012

“Somos muito cegos com os olhos abertos. Vivemos bombardeados de estímulos. Quando fechamos os olhos, a princípio, já ouvimos mais. Se conseguimos permanecer assim por um tempo, então, vamos entrando no túnel de nós mesmos. No poder do escuro, do nada.”
Denise Fraga – Folha de S.Paulo, 03/10/2012

“É comum ouvirmos reclamações sobre a falta de ética dos homens públicos ou da sociedade em geral. Talvez pudéssemos manifestar essa mesma indignação falando da feiura que, infelizmente, muitas vezes encontramos: rostos que poderiam expressar humanidade, mas são artificiais, não em razão das plásticas, mas pela falta de sinceridade de vida. […] Seja na esfera privada ou pública, sempre estamos analisando comportamentos humanos, complexos, irredutíveis ao seu aspecto quantitativo. E é preciso saber ver.”
Nicolau da Rocha Cavalcanti – O Estado de S.Paulo, 03/10/2012

“Precisamos abandonar a noção de que democracia funciona porque cidadãos se debruçam sobre os problemas e, após cuidadosa análise, escolhem as melhores propostas. Esse modelo existiu apenas na cabeça de alguns filósofos do século 18 e do TSE. Democracias dão certo principalmente porque canalizam para formas menos violentas os conflitos existentes em qualquer sociedade.”
Hélio Schwartsman – Folha de S.Paulo, 03/10/2012

“Afortunadamente, hoje temos um monte de pessoas que têm acesso cada vez maior à educação. Mas ser executivo de uma companhia exige qualidades que vão além das técnicas, como a confiança de que as pessoas realmente queiram trabalhar com você, que seja capaz de transmitir motivação para as pessoas, de sonhar e motivar os colegas para acompanhá-lo. Também ter valores como integridade, honestidade, transparência, entre outros são fundamentais para ser um líder e, no futuro, possa ser um executivo.”
Teodoro López – O Estado de S.Paulo, 05/10/2012

39ª semana de 2012

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“Meu ponto de vista é que não existe ‘nós e eles’. A diferença entre ‘nós e eles’ é acidental, uma questão geográfica. Então, não importa se somos radicais muçulmanos ou extremistas cristãos malucos de direita de algum lugar do Meio-Oeste americano, isso depende totalmente de onde nascemos e do que nossos pais nos ensinaram. Isso se partimos do princípio de que há um grande plano, coisa que não acredito. Se existe um plano, do meu ponto de vista, se Deus tiver planejado tudo e feito tudo isso, ele não criaria extremistas mulçumanos na Arábia Saudita e extremistas cristãos no Kansas. Isso não seria evidência de seu trabalho. É a diferença entre todas essas posições extremas que me leva a crer que não há uma mão que nos guie.”
Roger Waters, 68, baixista inglês, ex-integrante do Pink Floyd – Revista Billboard – setembro de 2012

“É fundamental saber lidar com um aluno que diz não entendi’. Não adianta repetir a explicação. Ele precisa de outros recursos ou acessar a informação de um jeito diferente.”
Maria Auxiliadora Megid – Revista Nova Escola – setembro de 2012

“É uma geração mais introspectiva, de relacionamentos virtuais. Apesar disso, à medida que vai ficando mais velho, o adolescente tende a se tornar mais materialista. Garotos e garotas de 17 anos são mais consumistas que seus pares de 14 anos.”
Época Negócios – setembro de 2012

“O ator George Clooney, afirmou preferir um exame de próstata em público a ter um perfil no Facebook. Não vou a esse extremo… mas está claro que a vulgarização do uso das redes sociais afugente cada vez mais gente. A falta de regras de privacidade é outro temor real. O Facebook coleta nome de usuário, senha, contatos e localização. Cada vez que você visita uma página na web com o botão ‘curtir’, a rede social é avisada. Qualquer um acessa seus dados a partir de visitas a seu perfil por pessoas de sua rede de contatos.”
Ruth de Aquino – Revista Época – 24/09/2012

“A moralidade é uma virtude disputada. Mesmo aqueles que dela conhecem apenas o nome gostam de falar sobre virtudes morais como se fossem íntimos de longa data.”
Vladimir Safatle – Folha de S.Paulo, 25/09/2012

“O que é sagrado para mim não é tal ou tal outra opinião –ainda menos a minha. O que é sagrado é o próprio direito de expressar uma opinião e de viver segundo ela manda.”
Contardo Calligaris – Folha de S.Paulo, 27/09/2012

“Atribui-se a um famoso político brasileiro a frase ‘A política é a arte de fazer com que aquelas coisas que já iam mesmo acontecer aconteçam, porque nós fizemos acontecer.’ Além de irônica, essa máxima revela a ideia de política como fingimento. A política real é aquela que faz acontecer o que dificilmente aconteceria sem a nossa vontade e ação. Naquela ideia, política é oportunismo que se apropria da ação de outrem. Nesta outra, é resultado da ação de diferentes sujeitos que, para o bem ou para o mal, escolhem fazer algo além do já feito.”
Marina Silva – Folha de S.Paulo, 28/09/2012

“O escritor é um saqueador de histórias. Mas, ao contrário do paparazzo ou do colunista de fofocas de celebridades, não tem como objetivo precípuo a exposição da privacidade alheia, não faz da indiscrição maldosa sua meta. Na banalidade ou estranheza das histórias que recolhe, ele consegue divisar um filão secreto – o veio sagrado da vida, do sinuoso movimento do tempo, das forças maiores que se abatem sobre a fragilidade do homem, e a partir daí cria uma peça que dá testemunho do inefável acontecimento da existência.”
Sérgio Telles – O Estado de S.Paulo, 29/09/2012

“O Brasil está envelhecendo rapidamente segundo os últimos dados coletados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A expectativa de vida do brasileiro cresceu 25,4 anos, de 1960 a 210, indo de uma média de 48 anos para 73,4 anos de idade. Na ocasião da pesquisa (2010), o país possuía cerca de 19,4 milhões de pessoas com mais de 60 anos. Número maior do que as crianças até seis anos: um efeito da redução da natalidade e o aumento da longevidade. Este número se torna mais impressionante se levarmos em conta que, nos próximos 20 anos, espera-se que haja duas vezes mais idosos do que registrado em 2010. Os estudos de progressão apontam para essa possível realidade em 2050: quando 30% da população brasileira terá mais de 60 anos. Essa afirmação é de uma pesquisa realizada pelo IBGE, apenas avaliando uma taxa de aritmética – ela não leva em conta os avanços da medicina e a possibilidade de melhoria das condições de vida das classes média e baixa, fatores bem conhecido de influência nesses índices. Dos estados brasileiros, o que apresenta maior índice de longevidade é o Rio de Janeiro. No Rio, a proporção de idosos com 60 anos ou mais (14,9%) é próximo à de menores de 14 anos. Também possui a menor taxa de fecundidade do país 1,54% e, na região metropolitana do Rio cai para 0,9%, índice menor que o do Japão (1%), país cuja população vem diminuindo há muitos anos.”
João Oliveira – Revista Psique – setembro de 2012

38ª semana de 2012

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“O princípio constitucional é claro: governo e instituições religiosas devem ser mantidos separados e independentes uns dos outros. Infelizmente, as relações entre cultos e poder político se imbricam, frequentemente, sob uma teia de interesses esparsos e difusos. Daí a busca de apoio religioso pelos candidatos. Mas essa é a prática do mercado político, não sendo exclusiva de um ou outro partido.”
Gaudêncio Torquato – O Estado de S.Paulo, 16/09/2012

“A ideia é que nosso Universo (com “U” maiúsculo) é só um entre uma multidão de outros universos, todos parte de um multiverso que pode ter existido por toda a eternidade. Com isso, o que chamamos de Big Bang seria apenas o evento que marcou o início da nossa narrativa cósmica. Outros universos teriam os seus big bangs e as suas histórias. Existem vários tipo de multiverso, mas todos têm essa característica em comum, de serem genitores de universos.”
Marcelo Gleiser – Folha de S.Paulo, 16/09/2012

“A tecnologia tem crescimento exponencial. Hoje, um guerreiro massai com seu smartphone tem acesso a mais informações do que dispunha o presidente dos EUA apenas 15 anos atrás.”
Hélio Schwartsman – Folha de S.Paulo, 16/09/2012

“O Brasil é o maior mercado mundial de crack. Cerca de 1 milhão de pessoas são ‘usuárias’ -eufemismo que esconde a palavra adequada, dependentes, já que não existe usuário recreativo desta droga. Crack, como se sabe, é cocaína fumada. Se somarmos os que a inalam, teremos 2,8 milhões de brasileiros que consumiram cocaína de um ano para cá. Os números são do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia para Políticas Públicas do Álcool e Outras Drogas. Esses dados podem ser conservadores. O número de brasileiros que admite já ter cheirado, por exemplo, está pelos 6 milhões. O consumo também mudou. Há 30 anos, ela era uma droga “de salão” -não era fácil adquiri-la, e seus consumidores regulares estavam entre os artistas, intelectuais, publicitários e profissionais liberais. Era uma droga ‘adulta’. Os jovens não lhe tinham acesso. Nas clínicas de tratamento, os dependentes de cocaína não chegavam a 20% dos de álcool. Hoje, nessas clínicas, as internações continuam a ter o álcool como componente, mas agora associado a maconha, medicamentos e cocaína. E esta já se tornou também uma droga para crianças e adolescentes – eles a conseguem com a mesma facilidade com que compram maconha, e da mesma fonte. Liberada a maconha, os traficantes continuarão operando e com a mesma clientela. No Brasil, as discussões sobre drogas parecem limitar-se aos aspectos jurídicos ou policiais. É como se suas únicas consequências estivessem em legalismos, tecnicalidades e estatísticas criminais. Raro ler a respeito envolvendo questões de saúde pública como programas de esclarecimento e prevenção, de tratamento para dependentes e de reintegração desses à vida.”
Ruy Castro – Folha de S.Paulo, 17/09/2012

“Vivemos numa era narcísica. Mas o narcisismo pode assumir formas mais sofisticadas do que ficar se olhando no espelho e escrevendo imbecilidades no Facebook. Mesmo ter filhos, hoje, pode ser uma das faces mais comuns do narcisismo. Ter filho é narcisismo quando ele é parte de seu ferramental de sucesso: trabalho, casa própria, sexo saudável, carro novo, ioga, alimentação balanceada, filho. Quando vir uma mãe tirando muitas fotos histéricas dela mesma com seu filho, saiba que você está diante de um poço de narcisismo que afoga a pobre criança num mar de projeções de si mesma. Segura o filho nas mãos como troféu de sua própria suposta beleza e saúde.”
Luiz Felipe Pondé – Folha de S.Paulo, 17/09/2012

“Pelo menos 2,8 milhões de pessoas no Brasil usaram cocaína de forma inalada ou fumada – via consumo de crack ou de oxi – nos últimos 12 meses. Esses números transformam o País no segundo principal mercado consumidor de cocaína do mundo, atrás só dos Estados Unidos, onde 4,1 milhões usaram cocaína no último ano. Caso sejam considerados somente os que consumiram crack, o total chega a 1 milhão de pessoas no País, o que torna o Brasil o principal mercado consumidor do planeta. Os dados constam do 2.º Levantamento Nacional de Álcool e Drogas – o uso de cocaína e crack no Brasil, divulgado recentemente pela Universidade Federal de São Paulo e pelo Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia para Políticas Públicas do Álcool e Drogas. Foram ouvidas 4.607 pessoas com mais de 14 anos em 149 cidades. Em relação ao mercado de cocaína, o Brasil fica à frente até mesmo de continentes inteiros, como a Ásia, onde 2,3 milhões de pessoas usaram cocaína no mesmo período. No Reino Unido, que ocupa a terceira posição no número de consumidores, há 1,1 milhão de usuários. ‘Há 30 anos o mercado de cocaína era quase inexistente. O Brasil foi um dos países com mais rápido crescimento do consumo de cocaína’, diz o médico Ronaldo Laranjeira, organizador do estudo. ‘Esse trabalho mostra a necessidade de que haja um pensamento estratégico capaz de desmontar essa rede’.”
Carlos Alberto Di Franco – O Estado de S.Paulo, 17/09/2012

“A mente humana discrimina da mesma forma que respiramos, isto é, sem nem perceber.”
Hélio Schwartsman – Folha de S.Paulo, 22/09/2012

“Pelos dados do IBGE, 57,1% dos brasileiros viviam sob união conjugal, formalizada ou não. Desse total, 37,2% eram casados no civil e/ou no religioso e 19,8% coabitavam em uma união consensual. Outros 42,9% permaneciam solteiros. Dos que estavam sob união consensual, 76,6% eram solteiros pela força da lei e 11,5% ainda estavam casados oficialmente com outra pessoa. Outros 8,9% eram divorciados ou separados judicialmente. Apenas 3% eram viúvos. A pesquisa mostrou ainda que 7,8 milhões de lares tinham um único morador – 12,7% do total.”
Folha de S.Paulo, 22/09/2012

“Chama atenção o fato de que 41,9% das crianças e jovens entre 10 e 14 anos têm celular, um contingente de 10,9 milhões. Refletem um crescimento de 43%. Os maiores consumidores de celulares no país, porém, são os que têm entre 25 e 29 anos – 83,1%.”
Folha de S.Paulo, 22/09/2012

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