24ª semana de 2013

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“O cansaço é maior quando a gente faz aquilo que não gosta. Não tem sido muito pesado, não. Já fiz teatro, TV e filme ao mesmo tempo. Diante desse passado, minha vida está leve agora. A melhor coisa é fazer nada. Vou ao teatro, cinema, leio, ando na praia, viajo com meus filhos e netos e arrumo gavetas. É ótimo ficas bestando completamente, jiboiando como se diz.”

Fernanda Montenegro, 83, atriz, O Estado de S.Paulo – 09/06/2013

 

“O número de americanos que estão se matando atingiu um nível sem precedentes. No período de 1999 a 2010, o suicídio de americanos entre 35 e 64 anos de idade cresceu quase 30%. Mais pessoas nos Estados Unidos morrem hoje pelas próprias mãos do que em acidentes de carro. Entre homens na faixa dos 50 anos, a taxa de suicídio cresceu 50%.”

Lee Siegel, O Estado de S.Paulo – 09/06/2013

 

“A coisa é a seguinte: escrever ou não escrever poesia não é coisa que se decida. Na verdade, sempre que termino de escrever um livro de poemas, tenho a impressão de que não vou escrever mais, de que a fonte secou. […] Creio que isso se deve ao fato de que não planejo nada, muito menos meus livros de poemas. De repente, descubro um tema novo, um veio que passo a explorar até esgotá-lo. Isso demora anos, porque, também, ao concluir cada poema, tenho a impressão de que o veio se esgotou. […] Sempre digo que meus poemas nascem do espanto, ou seja, de algo que põe diante de mim um mundo sem explicação. É essa perplexidade que me faz escrever.”

Ferreira Gullar, Folha de S.Paulo – 09/06/2013

 

“Dos 260 mil inscritos até agora na Jornada Mundial da Juventude, a maioria são mulheres (55,32%). Peregrinos entre 19 e 24 anos respondem por 35% das inscrições. Os maiores de 65 anos não são nem 1%.”

O Globo – 09/06/2013

 

“O mundo de hoje está aterrorizado. E a economia não está florescente. Isto leva a um enclausuramento.”

Carla Bruni, O Globo – 09/06/2013

 

“A reportagem de qualidade é sempre substantiva. O adjetivo é o adorno da desinformação, o farrapo que tenta cobrir a nudez da falta da apuração. […] Uma imprensa ética sabe reconhecer os seus erros. As palavras podem informar corretamente, denunciar situações injustas, cobrar soluções. Mas podem também esquartejar reputações, destruir patrimônios, desinformar. Confessar um erro de português ou uma troca de legenda é fácil. Mas admitir a prática de prejulgamento, de engajamento ideológico ou de leviandade noticiosa exige pulso e coragem moral. Reconhecer o erro, limpa e abertamente, é condição da qualidade e, por isso, um dos alicerces da credibilidade.”

Carlos Alberto Di Franco, O Estado de S.Paulo – 10/06/2013

 

“A lição assustadora da psicologia social é a de que o ser humano pode passar por cima de suas convicções e de várias barreiras morais se for devidamente compelido por seus pares. E nem precisa ser uma pressão muito intensa.”

Hélio Schwartsman, Folha de S.Paulo – 11/06/2013

 

“Nunca nos livraremos de jovens desajustados que montam bombas caseiras ou fanáticos empunhando machadinha. Não há absolutamente nada que possamos fazer para evitar isso. Podemos minorar a letalidade dessas pessoas controlando a circulação de armas, e só. O verdadeiro problema é termos chegado à situação de todo um país entrar em pânico quando se associa um crime comum à palavra ‘terrorismo’. […] A insegurança da submissão voluntária ao controle contínuo de alguém que reforça sua autoridade alimentando-se de nossos medos. A insegurança do fim da vida privada.”

Vladimir Safatle, Folha de S.Paulo – 11/06/2013

 

“Aqui, a tradição é entrar na iniciação científica em um laboratório e continuar nele durante o mestrado, o doutorado e o pós-doutorado. E a tendência é a pessoa se aprofundar cada vez mais em um único assunto. Com isso, formamos jovens cientistas bitolados, tudo o que eles sabem é pensar em detalhes daquele único assunto que vêm desenvolvendo desde a iniciação científica. Além disso, a política de contratação nas universidades privilegia os ex-alunos. Criam-se colônias sem diversidade.”

Suzana Herculano-Houzel, Folha de S.Paulo – 11/06/2013

 

“A criança costuma dar sinais claros de que ela quer aprender a usar o banheiro. Os pais não precisam se preocupar tanto. O que não podemos é antecipar o processo. […] Quando ela pergunta do uso do banheiro, pede para ir, quer ficar por lá mais tempo, por exemplo. Quanto mais natural for o processo, melhor para a criança. Os pais não devem atrapalhar. Para isso, precisam munir-se de calma e paciência. A criança nem sempre vai acertar, e, mesmo depois de os pais acharem que ela já aprendeu, ela vai querer usar o banheiro quando tiver vontade, não quando os pais quiserem. E mais: ganhar prêmios por fazer a coisa que os pais julgam certa confunde a criança.”

Rosely Sayão, Folha de S.Paulo – 11/06/2013

 

“Como as bandas de jazz, as empresas precisam de regras básicas para operar, de forma que cada profissional possa, no momento correto, improvisar e criar.”

Thomaz Wood Jr., Carta Capital, 12/06/2013

 

“Somos anjos e demônios. Viver na internet tem um perigo: nós mesmos.”

Manuel Castells, Folha de S.Paulo – 13/06/2013

 

23ª semana de 2013

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“Os negócios tradicionais têm o objetivo de maximizar o lucro. São voltados para o ganho individual, para o acúmulo individual da riqueza. Não somos máquinas de fazer dinheiro. Somos mais que isso. Temos outras dimensões. Há uma dimensão que não é voltada para nós mesmos, mas para os outros, para o coletivo – e os negócios tradicionais não atendem essa outra dimensão. O modelo atual do capitalismo não é suficiente para nos satisfazer como seres humanos, porque não contempla todas as nossas dimensões.”

Muhammad Yunus (Prêmio Nobel da Paz/2006), Revista Época, 03/06/2013

 

“A natureza é uma vítima, não uma oprimida. As outras espécies, sim. O homem é predador das outras espécies. A natureza é maior. O alarme está tocando. O aquecimento global é verdadeiro. Mas a natureza vai se refazer. Se a gente compreender sua força, poderemos conviver com ela. Se não, ela expulsará a gente.”

Sebastião Salgado, Revista Época, 03/06/2013

 

“Pelo menos em teoria, criamos os filhos para que eles cresçam, não é? Não criamos nossas crianças para que permaneçam crianças para sempre. O crescimento resulta em assumir a própria vida e, portanto, separar-se dos pais.”

Rosely Sayão, Folha de S.Paulo – 04/06/2013

 

“A escola como o primeiro espaço público de socialização das crianças pode dar as condições para construção de valores e conhecimentos contextualizados que possibilitem a participação exigida pela sociedade contemporânea.”

Maria Alice Setubal, Folha de S.Paulo – 04/06/2013

 

“Céticos ou apenas interessados em não enxergar, os condutores da política e da economia guiam-se uns aos outros e empurram a humanidade para o desastre.”

Marina Silva, Folha de S.Paulo – 07/06/2013

 

“Uma das formas sutis de perseguição religiosa é o tratamento preconceituoso e discriminatório dos praticantes de alguma fé religiosa, como se fossem cidadãos ‘desqualificados’, com menos direitos e credibilidade, cujas convicções não devem ser levadas em consideração, ainda que não sejam sobre questões religiosas. Toleram-se até as convicções religiosas nos espaços da vida privada, mas nega-se a sua contribuição para o convívio social e a cultura. […] A liberdade religiosa e de consciência é um direito humano fundamental, que pode ser assegurado somente quando a postura do Estado é pautada pela verdadeira laicidade, que não é de intolerância nem discriminação, mas de garantia para que todos os cidadãos exerçam, sem impedimento, suas escolhas em relação à religião.”

Dom Odilo P. Scherer, O Estado de S.Paulo – 08/06/2013

 

“O medo é uma ilha, não um oceano. Acho que a gente consegue partir do medo, mas ele não pode ser limitador e paralisar. É um obstáculo para ser ultrapassado. O medo é muito necessário, do contrário a gente vira inconsequente total.” Leandra Leral, Revista Lola – junho de 2013 “Preste atenção nos mais velhos. Só eles podem falar da força de um sorriso, do sabor do desafio ou do silêncio ensurdecedor que tomou conta de determinada reunião. Respeite quem consegue perceber além do óbvio, pois o essencial, muitas vezes, é invisível aos olhos não preparados.” Eugênio Mussak, Revista VocêS/A – junho de 2013

 

“O que afeta a relação leitor-escritor hoje é o pouco tempo que devotamos à leitura. Quando achamos tempo para isso, ler ainda é, eu acredito, um dos maiores prazeres conhecidos do homem.”

Lila Azam Zanganeh, escritora franco-iraniana, Revista Claudia – junho de 2013

22ª semana de 2013

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“O conhecimento do cérebro só engatinha.”

Hélio Schwartsman , “Folha de S.Paulo” – 26/05/2013

 

“John Wheeler extrapolou: ‘Não somos observadores no Universo, somos participadores. Sem consciência, o mundo não existe! O Universo gera a consciência e a consciência dá significado ao Universo’. Essa visão traz o dilema: será que o Universo só faz sentido porque existimos?”

Marcelo Gleiser, “Folha de S.Paulo” – 26/05/2013

 

“O homem com quem se sonha não tem nada a ver com o homem que se ama. […] Para um homem ser amado é preciso que ele tenha um mundo particular – ou vários – só dele, e no qual ela não consiga, jamais, penetrar.”

Danuza Leão, “Folha de S.Paulo” – 26/05/2013

 

“Você esconderia judeus em sua casa durante a França ocupada pelos nazistas? Não, não precisa responder em voz alta. Melhor assim, para não passarmos a vergonha de ouvirmos nossas mentiras quando na realidade a janta, o bom emprego e a normalidade do cotidiano sempre valeram mais do que qualquer vida humana. Passado o terror, todos viramos corajosos e éticos.”

Luiz Felipe Pondé, “Folha de S.Paulo” – 27/05/2013

 

“Em 10 mil anos de história, é a primeira vez que a humanidade tem o poder de cometer suicídio coletivo. Era essa a tese central de Emmanuel Mounier em ‘O Grande Medo do Século 20’. Publicado em 1947, o livro se referia à ameaça de uma catástrofe atômica, angústia constante na fase aguda da Guerra Fria entre EUA e URSS. Passaram-se 66 anos e conseguimos evitar o pior. Na época de Mounier não se sabia que os homens poderiam liquidar o mundo não só com bombas, mas com o aumento desenfreado da produção econômica e do abuso dos combustíveis fósseis. Quinze dias atrás, ultrapassamos o sinal amarelo no rumo da destruição. A atmosfera registrou 400 partículas de dióxido de carbono por um milhão. […] Como explicar tal indiferença diante da morte anunciada que espera o mundo dos homens? O silêncio é inexplicável numa sociedade na qual a ciência substituiu a religião como crença unificadora. Ora, a ciência climática não permite dúvidas: de 12 mil estudos científicos sobre o tema em 20 anos, 98,4% confirmam as previsões!”

Rubens Ricupero, “Folha de S.Paulo” – 27/05/2013

 

“Todos sabem que, assim como não existe meia gravidez, também não há meia dependência. É raro encontrar um consumidor ocasional. Existe, sim, usuário iniciante, mas que muito cedo se transforma em dependente crônico. Afinal, a compulsão é a principal característica do adicto. Um cigarro da ‘inofensiva’ maconha preconizada pelos arautos da liberação pode ser o passaporte para uma overdose de cocaína. Não estou falando de teorias, mas da realidade cotidiana e dramática de muitos dependentes. As drogas estão matando a juventude. A dependência química não admite discursos ingênuos ou campanhas ideológicas, mas ações firmes e investimentos na prevenção e recuperação de dependentes.”

Carlos Alberto Di Franco, “O Estado de S.Paulo” – 27/05/2013

 

“Eu adoro a tecnologia e adoro mais ainda as pessoas. […] As pessoas são tratadas como pequenos elementos de uma grande máquina de informação quando, de fato, as pessoas são as únicas fontes e destino da informação, ou de qualquer significado. […] Tenho saudade do futuro.”

Jaron Lanier, “O Estado de S.Paulo” – 27/05/2013

 

“Mudar o mundo não significa necessariamente fazer grandes coisas. Podemos mudar o mundo sendo um bom cidadão, um bom amigo, um bom familiar, um bom pai. Se eu for uma boa profissional e ajudar as pessoas ao meu redor, nisso já estarei mudando o mundo.”

Beatriz Cardoso, 15 anos – “Revista Época” – 27/05/2013

 

“Melhorar a qualidade da educação é o maior desafio do país. Apesar dos avanços, é preciso diminuir as taxas de distorção idade-série (alunos que não sabem o que deveriam saber naquela etapa do ensino) e fazer com que a qualidade chegue a todos, independentemente da situação socioeconômica. O esforço a fazer é imenso.”

Camila Guimarães, “Revista Época” – 27/05/2013

 

“Ser gay não é orgulho nem vergonha, não é ideologia nem espetáculo, não é chique nem brega. Não é revanche. Não é moderno. Não é moda. É apenas humano. A luta contra o preconceito precisa ser urgentemente tirada das mãos dos mercadores da bondade.”

Guilherme Fiuza, “Revista Época” – 27/05/2013

 

“ ‘Muitos são falsos arrependidos, pois toda escolha inclui uma perda. Perde-se de uma lado, mas ganha-se de outro. Lamenta-se a perda sem considerar o ganho que, inclusive, pode não ser imediato nem aparente, mas que depois revela-se muito maior’, diz a psicóloga paulista Ineide Soares, especialista em terapia familiar e bioenergética. E, se o que perdemos for melhor do que o que ganhamos, isso também faz parte do jogo. Tudo bem, de vez em quando acontece, é normal. ‘O problema é que tem gente que odeia perder. Importa-se muito com que o outro tem e conseguiu, mesmo que não seja de seu interesse pessoal real, diz Ineide. Também há os que desejam tudo para si, sem querer abrir mão de nada. ‘Querem ganhar sempre e não se arrepender nunca de nenhuma decisão. Ora, isso é pouco humano, uma fantasia infantil de onipotência.”

Liane Alves, “Revista Vida Simples” – maio de 2013

 

“Quase 70 anos depois da Segunda Guerra Mundial, ainda se publicam diários sobre o Holocausto. Qual o sentido de tantas e tão detalhadas narrativas? Será que já não sabemos o suficiente? […] É preciso transformar o vivido em narrativa; recordar para, minimamente, esquecer. Já quem não o viveu precisa encontrar, nas narrativas, aquilo que foi vivido. E, ao imaginá-lo, se lembrar e se dar conta de que o horror não está só no passado.”

Noemi Jaffe, “Revista Bravo” – maio de 2013

21ª semana de 2013

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“O empreendedorismo, hoje, está na moda. No entanto, abrir um negócio não é a única opção para extravasar esse seu perfil. Você pode trabalhar em uma companhia e mesmo assim ter atitude de dono de empresa. É o que chamamos de empreendedorismo corporativo. Cada vez mais, as organizações estão buscando funcionários com esse tipo de talento: pessoas que idealizam um novo produto ou processo e movem mundos e fundos para colocar sua ideia em prática valem ouro no mercado.”

Tales Andreassi, “Folha de S.Paulo” – 19/05/2013

 

“A nossa classe média é singularmente perversa e infantilizada, apenas por ser o suporte social mais típico de uma visão de mundo narcísica que transforma exploração em generosidade impedindo todo aprendizado possível e toda crítica. Mas a cegueira e o atraso da consciência moral comprometem a sociedade como um todo.”

Jessé de Souza, “O Estado de S.Paulo” – 19/05/2013

 

“É um fluxo perverso: muitas vezes, os médicos com formação frágil acabam atendendo justamente as populações mais necessitadas. Uma medicina pobre para pobres.”

Mário Scheffer, “O Estado de S.Paulo” – 19/05/2013

 

“ ‘Todas as famílias felizes se parecem, cada família infeliz é infeliz à sua maneira’. A conhecida abertura de ‘Anna Kariênina’ já se integrou ao senso comum entre os leitores de romances. A felicidade é um clichê; só a infelicidade é singular. Nem sempre. Nas guerras, nas ditaduras, nas crises de desemprego, a experiência da dor também segue um padrão previsível. […] Questionar a desvalorização da vida, a atitude no trânsito, o porte de armas, o machismo, o descaso com segurança nos eventos, a insegurança pública e a justeza das punições são atos que alimentam o debate da nossa pobre cidadania. […] Cobrar maior eficiência e rigor do Estado no enfrentamento das transgressões e delitos menores, maior equidade na distribuição da justiça parece ser mais eficiente na prevenção de novas tragédias violentas e no combate a impunidade que alterar a maioridade penal. Precisamos evitar promover a barbárie com a boa intenção de combatê-la.”

Maria Rita Kehl/Paulo Fernando de Souza, “Folha de S.Paulo” – 19/05/2013

 

“Meu câncer foi na vesícula, e aconteceu muito pelo fato de eu ter protelado a retirada da mesma. Sempre tinha uma novela para fazer, uma viagem incrível depois da novela e depois mais novelas e mais viagens… Como? Não existe viagem mais incrível do que estar viva e com saúde. Mas isso eu não tinha a capacidade de enxergar, porque, sem querer, me acreditava imortal. Nós vamos vivendo e nem percebemos o tempo passar. Não enxergamos nossa vulnerabilidade, ou não queremos enxergá-la. Clichê? Sim, mas é a pura verdade.”

Betty Lago, “Folha de S.Paulo” – 19/05/2013

 

“A permissão do aborto e do casamento gay será muito difícil, senão impossível, pois são temas tabus, que chocam milhões de pessoas. Para ser sincera, considero o aborto e o homossexualismo reflexo da civilização egoísta, materialista e consumista em que vivemos. São temas pouco relevantes numa revolução religiosa.”

Karen Armstrong, “Revista Época” – 20/05/2013

 

“Os professores simplesmente tendem a exagerar a importância de suas atividades pessoais, como se fossem a ‘força’ central que impele o mundo.”

Isaiah Berlin, “Folha de S.Paulo” – 20/05/2013

 

“Nossas escolas estão muito mais interessadas na competitividade, no planejamento do professor, mesmo que seja burocrático, na massificação, tanto dos docentes quanto dos alunos.”

Rosely Sayão, “Folha de S.Paulo” – 23/05/2013

 

“Pense em todas as tecnologias descobertas e popularizadas nos últimos 200 anos e seu potencial impacto sobre a educação. […] Talvez a internet seja a revolução mais importante de todas, mas ela certamente vem num contínuo tecnológico em que as distâncias e os tempos são encurtados. Durante todas essas disrupções tecnológicas, a educação não só continuou a funcionar como melhorou: nunca antes na história deste planeta tantas pessoas tiveram acesso ao conhecimento quanto hoje.”

Gustavo Ioschpe, “Revista Veja” – 22/05/2013

 

“A modernidade é sedenta de técnicas de controle de si (dietas, prescrições, treinos, meditações etc.). Há menos controle externo (religioso ou político) sobre nossa vida; aumenta a necessidade de controle que nós mesmos exerceríamos sobre nós. Nessa tarefa, a ajuda de drogas e remédios é bem-vinda -para controlar nossa vida cotidiana, conter a tristeza, as variações de humor, a ansiedade, a preocupação etc. […] Queremos remédios como formas de controle e poder sobre nós mesmos.”

Contardo Calligaris, “Folha de S.Paulo” – 23/05/2013

 

“São muitos os problemas sociais, econômicos e políticos gerados pela lógica que incentiva a dominação, a ganância e a agressão em detrimento da empatia, do cuidado e da colaboração”.

Jennifer Siebel Newesom, 38, cineasta americana – “Revista Claudia” – maio de 2013

20ª semana de 2013

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“Os inimigos dos brasileiros são pelotões de políticos corruptos, juízes vendidos e empresários desonestos. São os criminosos que pilham o progresso do país e deixam miséria e injustiça no rastro de suas tropas. São todos os que semeiam mazelas que, encadeadas, transformam cidades em áreas deflagradas. São eles os que devemos combater.”

Alexandre Vidal Porto, “Folha de S.Paulo” – 11/05/2013

 

“O novo racismo, em vez de envolver atos que prejudicam membros de outro grupo, assume cada vez mais a forma de atos de favorecimento a membros do próprio grupo. […] Se o novo racismo traz o benefício de não ser violento como o tradicional, apresenta a desvantagem de ser algo muito mais difícil de combater. Afinal, não dá para recriminar alguém por tentar ajudar seus amigos.”

Hélio Schwartsman, “Folha de S.Paulo” – 12/05/2013

 

“Por que discutimos a redução da maioridade penal antes de apontar para aqueles que, tendo atingido a maioridade, são capazes de violar bárbara e impunemente os direitos humanos de crianças e adolescentes que não têm como se defender, criando profundas e irreversíveis iniquidades na origem?”

Ana Estela Haddad, “Folha de S.Paulo” – 12/05/2013

 

“Não importa a classe social. Não importa a idade. Ou o endereço e a profissão. Não importa se é casada ou solteira. O maior medo da mãe é que seu filho ou sua filha não seja feliz. Por mais impalpável que seja esse medo, por mais subjetivo que seja o conceito de felicidade, a mãe, em sua onipotência, acredita ser a pessoa mais essencial para fazer de seu filho ou de sua filha um adulto feliz. Um dos medos comuns é não ser uma boa mãe – e esse adjetivo tem dezenas de significados. O que é ser boa mãe? Ela costuma ter obsessão em manter o filho e a filha alimentados, agasalhados e saudáveis, qualquer que seja a idade, como se isso os livrasse de todas as maldades do mundo. Tantas mulheres se culpam pelas desventuras dos filhos. Onde foi que errei? É uma culpa inútil, não leva a nada. Uma culpa perigosa, porque retira dos filhos a responsabilidade por seus caminhos e os infantiliza.”

Ruth Aquino, “Revista Época” – 13/05/2013

 

“‘O estresse pode estimular as pessoas a dar o melhor de si no que fazem: um projeto, um concurso ou uma palestra’. Paulo Yazigi Sabbag, presidente da Sabbag Consultoria diz que o estresse potencializa algumas de suas habilidades, como bolar estratégias alternativas – o popular ‘pensar fora da caixa’. ‘Consigo sustentar a concentração por mais tempo. Com foco no desafio, o pensamento não é vago nem catastrófico, o que permite tomar melhores decisões’, diz Paulo.”

“Revista Alfa” – maio de 2013

 

Rumos

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Inquietações não nos faltam, desejos também não.

O mundo gira e é cada vez mais rápido.

Há tanta coisa acontecendo, e numa pausa consciente, retomo os versos da música “Os Possíveis” (1991), da Banda Titãs: “tudo ao mesmo tempo agora, tudo para ontem, sem demora”. O que pensar? Como assimilar? Viver de adaptações? Seguir o fluxo sem mais? Para onde a maré nos leva? Remar contra chega aonde?

Perguntava Thomas Merton: “Qual é o meu lugar no meio deste mundo caótico e barulhento?”

Observar o mundo, atentar para os movimentos, ouvir os gritos e entender do que se trata. Refletir tendo como referência o compromisso com o Evangelho, ou melhor, com o que se consegue ouvir, apreender e ver do evangelho; eis desafios que parecem pertinentes aos discípulos de Jesus Cristo.

O que Merton fazia era comentar os acontecimentos do dia-a-dia, a partir do silêncio contemplativo. E corajosamente ele confessava: “Não tenho resposta clara para as perguntas atuais. Tenho perguntas e, de fato, acredito que melhor se conhece uma pessoa pelas perguntas que faz do que pelas respostas”.

Em seu exercício honesto de olhar para as Escrituras e olhar para os acontecimentos de seu tempo, e então, contemplar, ele aprofundava em si e para os outros a compreensão da pessoa de Deus, da força do evangelho, do significado de Cristo.

Com o passar do tempo ia clareando como ele viveria sua vocação naquele trecho da história. E então, comentava: “Que eu tenha nascido em 1915 e tenha sido contemporâneo de Auschwitz, Hiroshima, Vietnã são coisas sobre as quais não fui consultado previamente. Entretanto, são acontecimentos nos quais estou pessoal e profundamente envolvido, quer queira quer não”. Ou, nas palavras de Frei Betto: “Todos fazemos política. Por participação ou por omissão.”

Quais são as questões sérias do nosso tempo? Até onde temos consciência de nosso envolvimento? Nos ocupamos do quê?

A ciência e a tecnologia estão revolucionando nossa existência num ritmo jamais visto; nosso consumismo tem inviabilizado e comprometido a vida de muitos, e futuras gerações podem pagar um preço ainda maior; as novas configurações de família tem causado estranhamento, escândalo e confusão em muitos; aliás, os papéis tradicionais de homem e mulher num contexto machista estão caindo, e o que resta? Como será agora? Crises sobram.

É tempo de repensar valores, posturas, conversar mais sobre ética, aprofundar a fé, rever a esperança, conhecer mais do amor.

Além de pensarmos sobre qual o nosso lugar nesse mundo, talvez, seria bom perguntarmo-nos se ainda há espaço para nós nesse mundo, e analisar um pouco mais do que realmente se trata. Como diz Alvin e Heidi Toffler: “Em todos os lugares, jogadores on-line pagam milhares de dólares em dinheiro real por espadas virtuais que não existem, para que seus ‘eus’ virtuais possam usá-las e conquistar castelos e donzelas – também virtuais, é claro. A irrealidade alastra-se rapidamente entre nós”. Sim, talvez a pergunta contemporânea seja: “O que é real hoje em dia?”.

Qual a realidade brasileira? A fome e a desigualdade são reais, para quem? A saúde pública é um problema? E a maioridade penal é algo simples e satisfatório? A questão de segurança, educação, moradia, creches, como tratar disso tudo? Direitos e deveres, quais? Muitos simplesmente respondem: “já tenho problemas suficientes, não quero saber de mais nada”. Será que alguém eu identifica com Cristo pode assim viver?

Frequentemente se encontra aqueles que já não querem mais perguntas, nem se importam com respostas, apenas vivem para seu sustento, para se protegerem com suas conquistas, tentando acumular e oferecer mais conforto aos seus. Mas, como diz Eclesiastes: “O trabalho do tolo o deixa tão exausto que ele nem consegue achar o caminho de casa” (Ec 10.15). Sim, perdidos que se acham seguros; esgotados que se acham satisfeitos pelo simples fato de se esforçarem. Quanta ilusão!

Não há muito conforto na reflexão, e o pensar também pode ser nada além de vaidade. Mas, o viver alienado trata-se de uma vida sem rumo.

O que é real? Se há hoje uma realidade virtual, diria que também cresce a “virtualidade do real”, aquilo que parece, mas não é, contudo, engana nossos sentidos e ilude bem nossa mente, oferece sensações convincentes, anjos de luz do século XXI, e deixamo-nos levar, afinal é tudo sem sentido…

O rumo do evangelho, no entanto, é a comunidade. Somos arrancados de nossos isolamentos, do ensimesmamento tão natural de nossa época, para viver considerando aquele que nos chamou, que se entregou por nós. Sua oração por nós é: “para que todos sejam um, Pai. Que eles também estejam em nós, para que o mundo creia…” (Jo 17.21), e o apóstolo Paulo, seguidor de Cristo, salienta: “Nenhum de nós vive apenas para si, e nenhum de nós morre apenas para si. (…) Pertencemos ao Senhor” (Rm 14.8). Em sendo assim, a reflexão e o viver comunitário pode ensinar e transformar nosso coração, pode sinalizar novo rumo, alternativas nesse mundo agitado, de imediatismos, e buscas incessantes. A vida comunitária pode proclamar mais verdades do que meros eventos.

Deus está fazendo novas todas as coisas e nos convida a participar (II Co 5.17-19), ele nos confiou uma mensagem de reconciliação a ser entregue a essa geração. Vamos?

Há um lugar, em Cristo, que pode ser nosso, e o apaziguamento pode ser real. Ele dá as boas-vindas aos interessados.

19ª semana de 2013

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“Uma mãe extraordinária é aquela que ama incondicionalmente seu filho. Que permite que ele erre e o ajuda a se encontrar neste mundo. Aquela que ensina que, antes de qualquer coisa, você deve ser uma boa pessoa. Tento passar valores morais sólidos para meu filho, ensiná-lo a ser criativo e a nunca, nunca ter medo de falhar. Porque as falhas e os erros são ingredientes necessários para o sucesso e para ser feliz. Felicidade é algo relacionado a fazer o que se gosta, a ter coragem, amor e força moral.”

Christiane Amanpour, “Revista Época” – 06/05/2013

 

“A internação é importante, sim, mas como parte do tratamento e apenas para uma pequena parcela dos dependentes. Nem toda doença é tratada com internação. O poder público vende internação como solução mágica. Alguns familiares de usuários estão tão cansados que querem mesmo isso solução, mas é importante dizer que não há saída mágica. […] Dados mostram que de 70% a 90% dos dependentes apresentam problema psicológico. Nem todas as clínicas têm um psiquiatra.”

Thiago Fidalgo, “O Estado de S.Paulo” – 08/05/2013

 

“Uma pesquisa recente feita com ingressantes nos cursos de licenciatura em matemática e física na Universidade de São Paulo (USP) mostra que cerca de 50% deles não estão muito dispostos a dar uma aula nas respectivas áreas. O resultado é particularmente importante quando se leva em conta o fato óbvio de que os cursos de licenciatura são justamente aqueles que formam professores para o ensino fundamental e o médio. […] Os salários são considerados baixos em vista da importância da profissão. Pretende-se exigir dos professores que sejam conscientes de sua importância social, mas o magro contracheque diz outra coisa. […] Há um abismo entre o ideal de uma carreira e sua realidade, demonstrado cabalmente pelo desinteresse dos estudantes de licenciatura. Assim, o déficit de professores de matemática, física e química, que já é de 170 mil, tende a crescer. O resultado disso é que o desempenho dos alunos da rede pública em ciências exatas, que já é um dos mais fracos do mundo, tem tudo para piorar – a não ser que o governo aja radicalmente e, sem mais delongas, restitua ao magistério o orgulho profissional.”

“O Estado de S.Paulo” – 08/05/2013

 

“Ação pública em favor da alternativa é o imperativo da hora. A maldição das gerações futuras, a que teremos entregue país apequenado, recairá sobre nós se aguardamos para ver o que nos vão aprontar. Tratemos de propor e de construir, nós mesmos, cidadãos, outro futuro brasileiro.”

Roberto Mangabeira Unger, “Folha de S.Paulo” – 09/05/2013

 

“Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) de orientação sexual foram lançados em 1998, num contexto em que crescia a gravidez entre as adolescentes e a contaminação pelo HIV era um dos grandes temores. Cerca de 15 anos depois, esses problemas estão longe de ser superados: 19,3% dos partos realizados no país são de garotas até 17 anos e o número de jovens com Aids cresceu 33% só nos últimos cinco anos segundo o Ministério da Saúde. […] Cada faixa etária exige um modo de abordar a sexualidade, mas vale sempre estimular a expressão de ideias. ‘O mais recomendado é não impor opiniões, mas, sim, incentivar a turma a pesquisar e refletir, deixando de lado a transmissão mecânica de informação’, diz Elizabete Franco Cruz, professora da Universidade de São Paulo (USP) e integrante do Anahi – Grupo de Estudos Interinstitucional de Relações de Gênero e Sexualidade.”

Bruna Nicolielo, “Revista Nova Escola” – maio de 2013

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