03 de outubro de 2010
0“Pela primeira vez na história, 22 países latino-americanos assinaram um pacto em favor da qualidade na educação. O documento Metas 2011 foi firmado no mês passado, em Buenos Aires, por ministros e representantes de ministérios da Educação e será ratificado na cúpula de chefes de Estado em dezembro, na Argentina.
O documento foi costurado durante dois anos pela Organização dos Estados Ibero-Americanos (OEI) e prevê 9 metas gerais e 27 específicas, além da dotação de recursos e de um processo permanente de avaliação, que será coordenado pelo México. […]
Alguns objetivos:
Ensino fundamental – ampliar para 50% o número de escolas em período integral.
Educação Básica – pelo menos 70% dos docentes com ensino superior.
Multidisciplinaridade – currículo deve incorporar leitura, tecnologia, artes e esporte.”
Paulo de Camargo, Estado de S.Paulo, 03/10/2010
“Segundo Relatório Norton Online Family Report, elaborado em julho deste ano, as crianças brasileiras são as que mais ficam online, passando, em média, 18,3 horas por semana. E mais:
– 79% das crianças brasileiras já tiveram alguma experiência negativa online.
– dessas 79%, 58% adicionaram um desconhecido na rede social; 53% baixaram algum vírus no PC da família; 34% viram imagens violentas ou de nudez.
– só 65% dos pais acham que os filhos tiveram uma experiência negativa.
– 17% das crianças brasileiras acham que seus pais não sabem o que elas fazem online.
– apenas 31% dos pais entrariam em contato com os pais das crianças que cometeram o bullying contra seu filho, caso tomassem conhecimento de uma experiência negativa online. […]
Estão os jovens preparados para lidar com o grau de abertura proporcionado pela internet? Segundo pesquisa realizada, em 2009, pelo Laboratório de Estudos em Ética nos Meios Eletrônicos (Leeme) da Universidade Mackenzie, com 2.039 jovens entre 11 e 18 anos, de escolas públicas e particulares, a resposta é não. De acordo com o estudo, coordenado pela professora Solange Barros, os adolescentes estão suscetíveis a problemas como exposição à pornografia, divulgação indevida de imagem e dados pessoais, boatos, pedofilia e incitação à violência. […]
Para o psicólogo Rodrigo Nejm, diretor da ONG Safer Net Brasil – que, além de receber denúncias de pornografia infantil e pedofilia, atua na área de educação -, o ‘sexting’ traz à tona algo muito mais complexo e delicado, que é o sexo pelo sexo, sem afetividade. […] ‘Quanto mais acessos tiverem, maior a fama. Esse comportamento é fruto do culto ao corpo e da erotização precoce por meio da música, roupas, TV. Nos realities shows, é ‘legal’ mostrar a intimidade e ter minutos de fama’.”
Vera Fiori, Estado de S.Paulo, 03/10/2010
02 de outubro de 2010
0“Passar a limpo um texto é retirar-lhe tudo o que não lhe pertence por direito, modificar o que deve ser modificado, adicionar o que falta, reduzi-lo ao que deve ser e apenas ao que deve ser. No caso de um poema, faz-se isso até o impossível, isto é, até que ele resplandeça. O que resplandece é o que vale por si: o que merece existir.
Para tentar chegar a esse ponto, o poeta necessita pôr em jogo, até aonde não possam mais ir, todos os recursos de que dispõe: todo seu intelecto, sua sensibilidade, sua intuição, sua razão, sua sensualidade, sua experiência, seu vocabulário, seu conhecimento, seu senso de humor etc. E entre os “cetera” encontra-se a capacidade de, a cada momento, intuir o que interessa e o que não interessa naquilo que o acaso e o inconsciente ofereçam.”
Antonio Cicero, Folha de S.Paulo, 02/10/2010
01 de outubro de 2010
0“Uma aparente onda de suicídios entres militares da base de Fort Hood, no Estado do Texas, EUA, passou a preocupar o Exército americano.
Segundo o serviço de prevenção a suicídios das Forças Armadas americanas, pelo menos quatro veteranos da guerra no Iraque e no Afeganistão mataram-se na última semana, em um total de 14 casos registrados em 2010.
Existem ainda seis mortes em análise. Desta forma, o índice de suicídios neste ano pode chegar a 20. O número mais alto ocorreu em 2008, com 14 registros em Fort Hood, entre 32 mil soldados”.
Folha de S.Paulo, 01/10/2010
“Promotores de Nova Jersey acusaram dois colegas de Tyler Clementi, 18, que se jogou de uma ponte no último dia 21 -e cujo corpo foi encontrado anteontem no rio Hudson-, de invasão de privacidade por divulgar um vídeo gravado secretamente da vítima mantendo relações sexuais com um colega seu da Universidade Rutgers.
Segundo a Promotoria, a divulgação do vídeo teria levado o jovem a se matar.”
Folha de S.Paulo, 01/10/2010
29 de setembro de 2010
0“No Brasil, das mais de 32,3 milhões de pessoas que usam a internet em casa, 14% são crianças de 2 a 11 anos de idade – o que representa cerca de 4,5 milhões de menores on-line. Os dados são de pesquisa realizada em agosto pelo Ibope Nielsen Online-NetView.
Esse número representa um crescimento de mais de 10% em relação a agosto do ano passado, quando eram cerca de 4 milhões de crianças on-line. […]
A televisão reina absoluta na vida da criança até os três anos, mas, depois disso, elas passam a ser atraídas pela internet, que disputa a atenção com o videogame, o tocador de MP3 e o celular. A rede vira preferência entre os pequenos de 8 a 12 anos, segundo estudo de Gisele Agnelli e Aline Souza, da Millward Brown Brasil, apresentado em março de 2010 e divulgado pelo Ibope.
Elas observaram crianças de 2 a 12 anos e suas mães.
Também se descobriu o que elas tanto procuram na web: jogos e redes sociais.”
Folha de S.Paulo, 29/09/2010
Que dias são esses?
1O que dizer desses dias que vivemos? Por que optamos pelas buscas que fazemos? Por que o investimento de nosso tempo se perde tanto em coisas não perenes, nem sempre sublimes, e em boa parte, de valor questionável e favorável a arrependimentos futuros?
Será que não poderíamos pensar numa ética do tempo? “Tempo é dinheiro” tornou-se um slogan que norteia a vida de muitos. E o tempo que se gasta atrás de dinheiro é escandaloso!
A ética do reformador Martinho Lutero dizia: “Se nossos bens não estão disponíveis à comunidade, são bens roubados”. Mas, hoje, já pouco se fala em ética e em reforma além do discurso.
Nosso tempo nos mostra que é comum cada um viver para si, e essa vida para si é uma luta para ter, acumular e convencer.
A maioria parte do pressuposto que “mais é bom”. Então, primeiro você busca ter, e uma vez que isso não satisfaz, passada a euforia da conquista, procura-se acumular. E muito do que leva as pessoas a tanto desejarem ter cada vez mais e acumular sempre é a esperança de convencer o outro que você vale por isso que você tem, acumulou, ou ao menos, aparenta ser a partir do que conquistou.
O sociólogo francês, Gilles Lipovetsky, afirma que “todas as esferas de vida estão subjugadas à lógica do mercado”. E ainda comenta que o acesso ao conforto não aproximou a sociedade da felicidade. Venceu o estresse, a angústia e o medo, que são tão abundantes em nós que a sensação do vazio se faz maior. E nem sempre percebemos com o que temos tentado inutilmente preencher tais espaços.
O tédio e o vício pela novidade, a apatia e a adrenalina esticada são dois pesos de uma mesma balança. E a rotina tenta alguma estabilidade em vão.
O que fiz do meu dia? O que faço com o que tenho? O que faço com a vida que temporariamente me habita?
28 de setembro de 2010
0“Parece mesmo que obter a aprovação torna-se a coisa mais importante na vida de todos na família: é quase uma sentença de vida ou morte do futuro. […] Muitos jovens estudantes, alguns com apoio e até incentivo dos pais e outros às escondidas, estão apelando para as drogas, medicamentosas ou não, na busca de aprovação escolar.
Que relação é essa que eles fizeram e qual a nossa contribuição para que eles chegassem a esse ponto? Um ingrediente fundamental nessa história é, sem dúvida, o clima competitivo que introduzimos pouco a pouco na vida escolar.
A nota, a aprovação, a colocação do aluno em relação aos colegas passaram a ser mais importantes do que o conhecimento adquirido.”
Rosely Sayão, Folha de S.Paulo – 28/09/2010
“Que padrões sonoros afetam o cérebro humano suscitando emoções não é exatamente novidade. É justamente isso que torna a música interessante. Vendedores de e-drugs sugerem que suas faixas são mais poderosas que Beethoven e causam efeitos semelhantes aos de LSD e haxixe. É possível, mas altamente improvável. […]
Dizer que uma dada manifestação se deve ao efeito placebo está longe de significar que ela não exista. O placebo é, a um só tempo, um dos mais extraordinários aspectos da neurologia humana e um dos mais mal compreendidos. Ele é extraordinário porque mostra que o cérebro produz reações que normalmente só ocorrem com recurso a drogas poderosíssimas. E é mal compreendido porque costuma ser descrito meio pejorativamente como algo que ‘está apenas na sua cabeça’.
A verdade, contudo, é que o efeito placebo é bastante poderoso e incrivelmente real. Só não o utilizamos a torto e a direito na medicina por razões éticas. Placebos sempre envolvem algum grau de enganação. A confiança no médico e parte do efeito curativo se perdem se o paciente descobre que estava tomando pílula de farinha em vez de remédio ‘real’.”
Hélio Schwartsman, Folha de S.Paulo – 28/09/2010
“Música e transe são temas bastante ligados, basta ver os efeitos de um canto gregoriano, das batidas ritmadas das raves e até do acid rock.”
Henrique Carneiro, historiador, membro do Núcleo de Estudos Interdisciplinares sobre Psicotrópicos, Folha de S.Paulo – 28/09/2010
“Puro placebo. A pessoa atribui um significado ao som que não existe e acaba surfando na onda, sentindo exatamente o que quer sentir. É uma grande exploração de incautos que estão em busca de algum recurso que possa anestesiá-los das pressões”.
Cristiano Nabuco, psicólogo, coordenador do programa de dependentes de internet do Instituto de Psiquiatria do HC, Folha de S.Paulo – 28/09/2010
“A obsessão com a saúde e a prevenção é o lado obscuro do hiperconsumismo. […] O consumo de exames, para nos fazer sentir “seguros”, cresce exponencialmente. Sintoma do hiperconsumismo: queremos comprar nossa saúde.[…] No hiperindividualismo, a gestão do corpo é central. […]
Gilles Lipovetsky, sociólogo francês, Folha de S.Paulo – 28/09/2010
27 de setembro de 2010
0“Tristezas, inseguranças, ansiedades e inquietações, que são normais na vida de qualquer um, passaram a ser mais facilmente medicadas, tirando um pouco nossa responsabilidade de resolver conflitos pessoais.
Assim, por exemplo, um final de namoro pode ganhar a ajudinha extra de um antidepressivo.”
Jairo Bouer, psiquiatra, Folha de S.Paulo – 27/09/2010
“Estudos têm demonstrado que há um empobrecimento psicológico e social quando a vida toda cabe em um espaço delimitado. Seja ele um condomínio, um manicômio ou uma prisão. Parte-se da ideia de que o desenvolvimento psíquico se dá na vida cotidiana. As experiências do dia a dia, as relações sociais e o contato com a cultura de nosso tempo nos permitem um triplo processo:
De humanização (nos tornamos humanos à imagem e semelhança dos humanos adultos de nosso tempo), nos socializamos (nos apropriamos das especificidades da cultura de nosso lugar) e nos individualizamos (nos singularizamos).
Quanto mais rico é todo esse processo, melhores são os resultados em termos de desenvolvimento pessoal e coletivo.”
Ana Mercês Bahia Bock, psicóloga, Folha de S.Paulo – 27/09/2010
“A depressão é, essencialmente, um embotamento do seu sistema nervoso autônomo, da parte que controla a reação “lutar ou fugir” do sistema nervoso, e que nos dá uma explosão de energia quando as coisas são interessantes ou assustadoras.
Pessoas deprimidas permanecem desvinculadas do que acontece ao seu redor, vivendo em um mundo “cinza”, sem preto nem branco. Às vezes isso resulta em uma falta de motivação e energia totais, e a vida dessas pessoas entra em uma espiral descendente incontrolável.”
Alex “Sandy” Pentland, 59, cientista norte-americano, Folha de S.Paulo – 27/09/2010
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