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29 de novembro de 2010

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 “Dúvidas são como neblina numa estrada. Escondem curvas e acidentes mortais ou nada além da própria monótona neblina.”

Luiz Felipe Pondé, Folha de S. Paulo – 29/11/2010

 

“É complicado falar de dinheiro com amigos, em família, com colegas de trabalho e até mesmo na intimidade de um casal. […] Dinheiro continua sendo um tabu, assunto proibido, uma conversa difícil mesmo quando o nosso interlocutor é o espelho. […] Trata-se de uma conversa nada romântica, mas o casal precisa falar abertamente sobre a forma como cada um se relaciona como o dinheiro, e como será essa relação depois do casamento. O casamento é um projeto de vida que reúne duas pessoas que querem compartilhar, juntas, muitos projetos. Serão cúmplices, amigos, amantes, viverão um pelo outro, para o que der e vier. […] O casamento não anula a individualidade de cada um e os projetos do casal se juntar aos projetos individuais.”

Marcia Dessen, Folha de S. Paulo – 29/11/2010

Que dias são esses?

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O que dizer desses dias que vivemos? Por que optamos pelas buscas que fazemos? Por que o investimento de nosso tempo se perde tanto em coisas não perenes, nem sempre sublimes, e em boa parte, de valor questionável e favorável a arrependimentos futuros?

Será que não poderíamos pensar numa ética do tempo? “Tempo é dinheiro” tornou-se um slogan que norteia a vida de muitos. E o tempo que se gasta atrás de dinheiro é escandaloso!

A ética do reformador Martinho Lutero dizia: “Se nossos bens não estão disponíveis à comunidade, são bens roubados”. Mas, hoje, já pouco se fala em ética e em reforma além do discurso.

Nosso tempo nos mostra que é comum cada um viver para si, e essa vida para si é uma luta para ter, acumular e convencer.

A maioria parte do pressuposto que “mais é bom”. Então, primeiro você busca ter, e uma vez que isso não satisfaz, passada a euforia da conquista, procura-se acumular. E muito do que leva as pessoas a tanto desejarem ter cada vez mais e acumular sempre é a esperança de convencer o outro que você vale por isso que você tem, acumulou, ou ao menos, aparenta ser a partir do que conquistou.

O sociólogo francês, Gilles Lipovetsky, afirma que “todas as esferas de vida estão subjugadas à lógica do mercado”. E ainda comenta que o acesso ao conforto não aproximou a sociedade da felicidade. Venceu o estresse, a angústia e o medo, que são tão abundantes em nós que a sensação do vazio se faz maior. E nem sempre percebemos com o que temos tentado inutilmente preencher tais espaços.

O tédio e o vício pela novidade, a apatia e a adrenalina esticada são dois pesos de uma mesma balança. E a rotina tenta alguma estabilidade em vão.

O que fiz do meu dia? O que faço com o que tenho? O que faço com a vida que temporariamente me habita?

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