“Parece mesmo que obter a aprovação torna-se a coisa mais importante na vida de todos na família: é quase uma sentença de vida ou morte do futuro. […] Muitos jovens estudantes, alguns com apoio e até incentivo dos pais e outros às escondidas, estão apelando para as drogas, medicamentosas ou não, na busca de aprovação escolar.
Que relação é essa que eles fizeram e qual a nossa contribuição para que eles chegassem a esse ponto? Um ingrediente fundamental nessa história é, sem dúvida, o clima competitivo que introduzimos pouco a pouco na vida escolar.
A nota, a aprovação, a colocação do aluno em relação aos colegas passaram a ser mais importantes do que o conhecimento adquirido.”

Rosely Sayão, Folha de S.Paulo – 28/09/2010

 

“Que padrões sonoros afetam o cérebro humano suscitando emoções não é exatamente novidade. É justamente isso que torna a música interessante. Vendedores de e-drugs sugerem que suas faixas são mais poderosas que Beethoven e causam efeitos semelhantes aos de LSD e haxixe. É possível, mas altamente improvável. […]

Dizer que uma dada manifestação se deve ao efeito placebo está longe de significar que ela não exista. O placebo é, a um só tempo, um dos mais extraordinários aspectos da neurologia humana e um dos mais mal compreendidos. Ele é extraordinário porque mostra que o cérebro produz reações que normalmente só ocorrem com recurso a drogas poderosíssimas. E é mal compreendido porque costuma ser descrito meio pejorativamente como algo que ‘está apenas na sua cabeça’.
A verdade, contudo, é que o efeito placebo é bastante poderoso e incrivelmente real. Só não o utilizamos a torto e a direito na medicina por razões éticas. Placebos sempre envolvem algum grau de enganação. A confiança no médico e parte do efeito curativo se perdem se o paciente descobre que estava tomando pílula de farinha em vez de remédio ‘real’.”

Hélio Schwartsman, Folha de S.Paulo – 28/09/2010

 

“Música e transe são temas bastante ligados, basta ver os efeitos de um canto gregoriano, das batidas ritmadas das raves e até do acid rock.”

Henrique Carneiro, historiador, membro do Núcleo de Estudos Interdisciplinares sobre Psicotrópicos, Folha de S.Paulo – 28/09/2010

 

“Puro placebo. A pessoa atribui um significado ao som que não existe e acaba surfando na onda, sentindo exatamente o que quer sentir. É uma grande exploração de incautos que estão em busca de algum recurso que possa anestesiá-los das pressões”.

Cristiano Nabuco, psicólogo, coordenador do programa de dependentes de internet do Instituto de Psiquiatria do HC, Folha de S.Paulo – 28/09/2010

 

“A obsessão com a saúde e a prevenção é o lado obscuro do hiperconsumismo. […] O consumo de exames, para nos fazer sentir “seguros”, cresce exponencialmente. Sintoma do hiperconsumismo: queremos comprar nossa saúde.[…] No hiperindividualismo, a gestão do corpo é central. […]

Gilles Lipovetsky, sociólogo francês, Folha de S.Paulo – 28/09/2010