29 de outubro de 2010

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“Para você ter uma ideia, após Titanic, eu nunca mais precisaria trabalhar se não quisesse. Eu poderia simplesmente comprar um iate e ficar viajando pelo mundo. Eu procuro por desafios pessoais. Avatar foi provavelmente o projeto mais desafiador em que me envolvi. […] Sou muito curioso, gosto de engenharia, de construir máquinas, inventar coisas. Adoro divertir públicos com histórias e imagens que eles nunca imaginaram. Ainda consigo me ver encontrando maneiras de me sentir desafiado com cineasta. Indefinidamente ou enquanto o cérebro e o corpo aguentarem.”

James Cameron, diretor, Rolling Stone – outubro de 2010

 

“Uma análise dialética da realidade supõe a apreensão das contradições que articulam o concreto, desembocando em linhas de ação e não apenas na perplexidade, na melancolia ou no ceticismo. […] O otimismo, por si só, não é revolucionário, mas todos os grandes líderes revolucionários foram e são otimistas, porque se acreditam sempre nas possibilidades de transformação revolucionária da realidade. Enquanto que o ceticismo leva à inação e, muitas vezes, até mesmo ao cinismo.”

Emir Sader, Revista Caros Amigos – outubro de 2010

28 de outubro de 2010

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“A capacidade de superar crises está associada à possibilidade de mudança e de aprendizado; é ótimo quando podemos aproveitar eventos estressantes como oportunidades de amadurecimento.”

Wassilios Fthenakis, psicólogo, pedagogo e geneticista grego, Revista Mente e Cérebro, outubro de 2010

 

“A experiência amorosa exige sacrifício. Não se ama para ser recompensado. O amor é sua própria recompensa. Não resisto em Citar Drummond falando da poesia coisa parecida: ‘Poesia, o perfume que exalas é tua justificação’. Não há amor fácil, mas todo amor é maravilha, saúde, ‘remédio contra a loucura’, coisa que Guimarães Rosa ensinou. É a experiência humana mais exigente; não é contrato, troca de favores, investimento, é entrega e compromisso. Do ‘sacrifício’ de amar nasce a mais perfeita alegria. Ninguém faz cara feia quando se sacrifica por amor. Não se trata de anulação, subserviência de quem ama, trata-se da morte do ego, tarefa a ser feita até o último suspiro.”

Adélia Prado, 74, escritora, Lola Magazine, outubro de 2010

27 de outubro de 2010

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“Nunca estamos em paz com nossa consciência – ela é feita para nos atormentar, para rever continuamente as consequências, causas e razões de nossos atos. Estar ‘em paz com a consciência’ é, no fundo, não ter consciência.”

Christian Dunker, psicanalista, Revista Mente e Cérebro, outubro de 2010

 

“Vou me convencendo que escrever poesia, pelo menos na situação contemporânea, exige do autor a atitude de quem sabe posar para uma foto. O segredo, naturalmente, é relaxar o rosto, abandonar aquela fixidez que normalmente nos deixa com um ar assustado e burro diante das lentes do fotágrafo.”

Marcelo Coelho, Folha de S.Paulo, 27 de outubro de 2010

 

“Merleau-Ponty sempre dizia que a filosofia não é um ídolo a ser adorado e venerado, pois ela nasce e se desenvolve para explicitar os problemas de nossa experiência cotidiana, as questões suscitadas por nossa vida individual e coletiva. […] Procuro fazer com que a descoberta das ideias e dos conceitos seja uma aventura ao mesmo tempo trabalhosa e prazerosa, um esforço para percorrer uma trilha em que as palavras aumentem de sentido, os pensamentos se alarguem e nos façam descobrir sempre o novo e nos tragam a alegria do conhecimento.”

Marilena Chaui, Revista Cult, outubro de 2010

Pai Nosso

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Pai nosso, ensina-nos a ser família.

Por ser Pai e ser nosso

não posso

requerer exclusividade

assumir-me como única

antes, aprendendo com o Pai e sua bondade

preciso aprender a repartir minha túnica

A diferença deve ser celebrada

A família maior festeja a diversidade

que o Pai previu e criou

com liberdade, e amou

O Pai é nosso

então, melhor será não me fechar

sair ao encontro e ouvir

perceber a riqueza disfarçada na diferença

e cultivar, em Cristo, a crença.

26 de outubro de 2010

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“Processos informáticos, sistemas de circulação (como o trânsito) e automatismos mentais (no sentido de discursos que repetimos sem nos darmos conta) são metáforas que sintetizam nossa forma de vida baseada na administração de si como uma empresa, ao modo do que Foucaut chamou de biopolítica. Ou seja, sentimos que as máquinas se voltam contra nós não porque elas são alienígenas que representam uma forma de vida destituída de humanidade, graça ou espontaneidade, disposta a vampirizar invejosamente nossas almas, mas porque elas passam a representar o ideal acabado de nós mesmos – como coisas que funcionam ou não funcionam. Coisas que aspiramos que venham nos punir para nos lembrar de nossa humanidade perdida.”

Christian Dunker, Revista Cult, outubro de 2010

 

“A cultura não existe para respeitar as nossas certezas ou crenças; a cultura existe para as testar, provocar, até insultar – um ringue onde a liberdade de expressão é o único oxigênio permitido.”

João Pereira Coutinho, Folha de S.Paulo, 26 de outubro de 2010

 

“A literatura precisa mostrar o que as pessoas se recusam a ver. O livro (Veneno, Sombras e Adeus – Javier Marías) parece recomendar que voltemos os olhos o mais rápido possível para a lama em que nos colocamos, pois nosso rosto amanhã pode ficar ainda mais sujo. A literatura avisa, mas quem deve ouvir é o leitor.”

Ricardo Lísias, escritor, Revista Cult, outubro de 2010

25 de outubro de 2010

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“Não queremos o Haiti de antes do terremoto. Não queremos as pessoas vivendo em morros, como era antes. Queremos refundar o país. O que você vê aqui no Haiti não é resultado do terremoto. É resultado do problema social que existia antes.Essa é a oportunidade de tentar sanar esse problema histórico. Temos de fazer este país ser autosustentável. Acho que não há muitos países-membros da ONU que queiram ficar subsidiando o Haiti para sempre.”

Edmond Mulet, 59, chefe da Minustah (missão da ONU no Haiti), Folha de S.Paulo, 25 de outubro de 2010

 

“Desde o século 17, a natureza tem sido considerada um obstáculo ao progresso do ser humano, considerado o ‘centro’ da civilização. Esta concepção levou à destruição em massa de várias formas de vida na Terra, pondo em risco, agora, a própria sobrevivência da humanidade. A nova civilização que precisa ser erguida tem de ser a civilização do ‘cuidado’ – com o ambiente, com as pessoas e com a vida, no sentido mais amplo. Os valores norteadores desta empreitada estão contidos na Carta da Terra, uma declaração de princípios éticos fundamentais para a construção, no século 21, de uma sociedade global justa, sustentável e pacífica (www.cartadaterra.com.org). Neste momento em que é urgente mudar a maneira de viver, a Carta da Terra nos desafia a rever nossos valores e a buscar um caminho melhor para a nossa existência. O desafio é também seu.”

Ricardo Young, Folha de S.Paulo, 25 de outubro de 2010

 

“Segundo levantamento (Instituto de Política de Harvard), que ouviu 2.004 eleitores de 18 a 29 anos pelo país entre 24 de setembro e 4 de outubro, só 27% dos jovens dizem que vão votar nas legislativas de 2 de novembro. […] ‘Em 2008, a geração do milênio assumiu o controle do seu destino, entrou no processo político e mudou a direção do país’, disse John Della Volpe, diretor de pesquisa do instituto. […] Após participarem ativamente da campanha de Obama, hoje só 18% dos jovens se dizem ‘engajados’, contra 24% em novembro, quando os EUA já estavam mergulhados na crise, diz a pergunta. Nascidos após 1982, a geração do milênio é vista como mais engajada do que a geração X, que vai do meio dos anos 60 ao começo dos 80. Em termos demográficos, superam a geração anterior na proporção de 2 para 1 e os baby-boomers em 1 milhão.”

Luciana Coelho, Folha de S.Paulo, 25 de outubro de 2010

24 de outubro de 2010

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“Dados do Banco Central mostram que, nos últimos cinco anos, o número de brasileiros com dívidas superiores a R$ 5 mil, considerando todos os tipos de empréstimos, saltou de 10 milhões para 25,7 milhões. […] Hoje, o volume de dívidas dos brasileiros corresponde a 39,1% da renda, de acordo com o Banco Central. E uma parcela de 23,8% fica comprometida mensalmente com o pagamento dos débitos existentes. Sem detalhes sobre a qualidade das dívidas, esses percentuais já preocupam, na avaliação da Serasa.”

Carolina Matos, Folha de S.Paulo, 24 de outubro de 2010

 

“Olhar para o céu é olhar para o passado. Isso porque a luz tem uma velocidade finita, sempre demora um pouco para ir de um ponto a outro. Por exemplo, o Sol fica a oito minutos-luz da Terra: a luz demora oito minutos para viajar do Sol até nós. Nada do que vemos no céu existe no presente. Objetos distantes podem até mesmo não existir mais, ou ter mudado completamente.”

Marcelo Gleiser, físico, Folha de S.Paulo, 24 de outubro de 2010

 

“Tem gente que é artista e gente que está artista. Alguns usam o primeiro salário para comprar carrão com vidro fumê, mas andam com a janela aberta para ser reconhecido por todo mundo. Quem é artista passa a vida inteira construindo uma carreira sem se preocupar em aparecer e, bem velhinho, olha para trás e sente orgulho. […] Já tive que pagar para trabalhar, encenar uma peça e, ao final, em vez de receber, deixar um cheque de R$ 5.000 para pagar os custos. Mas o fracasso nos dá caráter, faz a gente refletir e provar nossas convicções.”

André Mattos, 49, ator, Folha de S.Paulo, 24 de outubro de 2010

 

“Pastores deram a bênção aos políticos que compartilhavam da sua obsessão com a vida pessoal alheia. Desnecessário dizer que esses mesmos pastores logo se tornaram um espetáculo nacional, caindo um atrás do outro em escândalos, quer sexuais, quer financeiros. Mas os políticos covardes já entregaram a essa gente o direito de mandar em assuntos ‘morais’.”

Benjamin Moser, 34, escritor americano, Folha de S.Paulo, 24 de outubro de 2010

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