48ª semana de 2012

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“A obesidade é uma doença definida como aumento de gordura corpórea. Mas não é verdade: ela é uma doença muito complexa. Trata-se do acúmulo de gordura corpórea, aumento da ansiedade, da compulsividade, imediatismo, certo grau de depressão. Há alterações culturais e emocionais. Gosto de dar o exemplo do gordo e do magro que saem para comprar um carro. O gordo volta de tarde com o carro, sem placa, sem documento e não tem problemas com isso. O magro foi a dez concessionárias e volta para casa com uma planilha para escolher o carro na semana seguinte. Quando pergunto ao obeso quando vamos operar, ele responde: ontem. A doença não está no estômago. Ela está no metabolismo, na cultura, na cabeça, no comportamento. Preciso tratar esse paciente observando essa abrangência. […] Tive vários casos de pessoas que passam a apresentar comportamentos exagerados. Dizem que quem opera (cirurgia bariátrica) vira alcoólatra, mas há pesquisas mostrando que isso não é verdade. A pessoa não vira alcoólatra. Ela já bebia, mas ninguém percebia. Agora que come pouco, chama a atenção a bebida. Pode ocorrer [de transferir a fonte de prazer para outras coisas], mas não é a regra. Porém, muita coisa que estava sublimada aparece. Tive uma paciente que operou e o marido me disse que não consegue mais pagar as contas dela, virou uma compradora compulsiva. Mas ela já era assim, só que não saía de casa porque não conseguia andar. Agora pode e vai às compras. Houve também uma jovem que operei que depois competia com a amiga para ver quem ficava com mais rapazes. Seguiu fazendo terapia e hoje está equilibrada.”
Thomas Szegö, “Revista IstoÉ” – 28/11/2012

“A Bíblia ensina: salvação da alma para os que não aceitam e praticam essa fé e condenação para os que não aceitam. Isso está escrito de maneira simples e objetiva. Acredita quem quer. O destino após a morte é definido pelas escolhas que o ser humano faz em vida. O céu e o inferno não são folclore. Aceitar o Senhor Jesus como seu Salvador é o único caminho da salvação eterna da alma. E essa é a maior riqueza de qualquer pessoa. Não existe bem maior do que a salvação da nossa alma. […] Não me considero um empresário. Não tenho riqueza maior na vida do que minha fé. Não tenho nada a perder.”
Edir Macedo, “Revista IstoÉ” – 28/11/2012

“Hoje em dia, várias pessoas, sobretudo as mais jovens, olham para sua igreja e acham que ela não se importa com o sofrimento real que temos no mundo hoje, aqui e agora. No entanto, é disso que Jesus mais falou. Esses jovens têm amigos, inclusive amigos ateus, que parecem ter mais compaixão pelos outros, pelos pobres e marginalizados, do que a própria igreja à qual pertencem. […] Precisamos entender que temos verdadeiros infernos na Terra neste exato momento. Há gente faminta, gente sem acesso a água potável. A Terra está cheia de sofrimento humano. […] Acredito em céu e inferno como dimensões da nossa existência aqui e agora.”
Rob Bell, “Revista Veja” – 28/11/2012

“O Senado acaba de incluir disciplinas de ética no currículo do ensino fundamental e médio. Espero que se evite a monumental estupidez de ensinar ética normativa, ou seja, de querer enfiar valores em nossas crianças – goela abaixo, como se fossem partículas consagradas. Para crianças como para adultos, “aprender” ética significa aprimorar a disposição a pensar moralmente, ou seja, a capacidade de debater, em nosso foro íntimo, os enigmas complexos (e, muitas vezes, insolúveis) que a realidade nos apresenta.”
Contardo Calligaris – “Folha de S.Paulo”, 29/11/2012

“A corrupção no Brasil ‘pinga do teto e escorre pelas paredes’. Só assim Rosemary Noronha, simples secretária de certo órgão, poderia nomear pessoas para cargos tão acima de sua posição na hierarquia. O único a não se espantar com isso talvez fosse Nelson Rodrigues. Para ele, não havia pessoa insignificante: ‘O mais humilde mata-mosquito pode se julgar um Napoleão, um César, e agir de acordo’. Como tinha costas quentes, Rosemary convenceu-se de que era a Cleópatra de si mesma.”
Ruy Castro – “Folha de S.Paulo”, 30/11/2012

“Pesquisa determinou que idosos religiosos sofrem menos com transtornos mentais. Ao todo 1.980 idosos moradores de uma região de baixa renda de São Paulo responderam a diversas questões, que fizeram parte do Investigando o papel do suporte social na associação entre religiosidade e saúde mental em idosos de baixa renda: resultados do São Paulo Ageing & Health Study (SPAH). Os autores contam que o objetivo do trabalho foi analisar a associação entre dimensões de religiosidade e a prevalência de transtornos mentais comuns entre idosos. Eles testaram ainda o suporte social como mecanismo de mediação dessa suposta associação. Segundo os pesquisadores, 90,7% dos idosos consideram-se religiosos, sendo que 66,6% eram católicos e 41,2% frequentavam uma ou mais vezes alguma atividade religiosa semanalmente. O artigo mostra que ‘a prevalência de transtorno mental comum para os que frequentam serviço religioso foi aproximadamente a metade daqueles que nunca frequentam’. Essa relação pode ser positiva quando se pensa em suportes para tratamentos diversos na terceira idade.”
“Revista Psique” – novembro de 2012

“Por várias vezes senti completo controle da situação até perceber que não havia previsto tudo – mesmo porque isso é impossível -, e o excesso de autoconfiança acabou sendo meu algoz.”
Eugenio Mussak, “Revista Vida Simples” – novembro de 2012

“Quer ser feliz agora? Comece esquecendo essa história de ter filhos – eles não irão trazer a epifania que você tanto espera. Não perca seu tempo jogando na loteria – se você agarrar a lei das probabilidades pelos chifres e ganhar, depois de um ou dois anos não estará nem um grama mais contente do que hoje. Talvez esteja até pior. E, para alcançar a bem-aventurança no trabalho, não se importe tanto com o salário. É um pormenor, uma bobaginha. […] Variáveis de estudos evidenciam que tentar fechar essa tal felicidade em estatísticas e aprisiona-la num modelo de regras a seguir pode levar a um atoleiro difícil de escapar”.
Fabiana Corrêa, “Revista Lola” – novembro de 2012

47ª semana de 2012

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“A América Latina ‘é a região mais desigual do mundo’, como fez questão de ressaltar Alícia Bárcena, a secretária-executiva da Cepal (Comissão Econômica para a América Latina, braço da ONU). O que mais dói, para quem acompanha cúpulas internacionais há uns 30 anos, é ouvir uma frase como essa ano após ano, cúpula após cúpula. Dói mais ainda quando se somam duas informações: 1 – O Brasil, apesar de ser o país mais rico do subcontinente, é um dos mais desiguais. 2 – A queda da desigualdade, no Brasil, diminuiu nos últimos 10 anos apenas entre salários, não entre o rendimento do capital e do trabalho, que é a mais obscena. Desigualdade não é o único capítulo em que a América Latina, conjunturalmente feliz, precisa progredir -e muito. A tributação, por exemplo, “é baixa para proporcionar serviços públicos de qualidade, que atendam à demanda social”, como diz Ángel Gurría, secretário-geral da OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico). Os impostos, na região, pularam de 14% para 19% do Produto Interno Bruto, entre 1990 e 2010, em grande medida pelo que ocorreu no Brasil. Ainda assim, é uma porcentagem baixa, se comparada aos 34% da média da OCDE. Mas, atenção, aqui o Brasil não entra na foto geral: tanto ele como a Argentina arrecadam basicamente os 34% dos países ricos. Pena que não ofereçam serviços públicos do nível dos países desenvolvidos. Só cabe uma conclusão: dinheiro existe, falta empregá-lo de maneira correta. Pulemos para educação: 50% dos estudantes latino-americanos não alcançam os níveis mínimos de compreensão de leitura, nos testes internacionais, quando, no mundo rico, a porcentagem de fracassados é de 20%. Passemos ao investimento em inovação e tecnologia: não supera nunca de 0,7% do PIB, quando na Coreia, por exemplo, é de 3%. “Se não corrigirmos o rumo, seremos todos empregados dos coreanos”, fulmina Gurría. Poderia ter acrescentado “ou dos chineses”, que investem nessa área vital tanto quanto os coreanos. Mais um dado: a América Latina está investindo 2% de seu PIB em infraestrutura, quando precisaria de 5%, ano a ano, até 2020, pelas contas de Gurría.”
Clóvis Rossi – “Folha de S.Paulo”, 18/11/2012

“Sou ateu, mas convivo bem com diferenças. Se a religião torna um sujeito feliz, minha recomendação para ele é que se entregue de corpo e alma. O mesmo vale para quem curte esportes, meditação e literatura. Cada qual deve procurar aquilo que o satisfaz, seja no plano físico ou espiritual. Desde que a busca não cause mal a terceiros, tudo é permitido.”
Hélio Schwartsman – “Folha de S.Paulo”, 18/11/2012

“Quando Sartre disse que o inferno é o outro, ele quis dizer que o outro, com sua diversidade, a sua mundividência, seu peculiar modo de conceber e praticar a vida, afeta o nosso ego. Então, podemos traduzir as palavras dele como “o inferno é outro” ou como “o inferno é o ego”. Tenho dito para mim mesmo que, sem o eclipse do ego, ninguém se ilumina. […] Entusiasmo é Deus dentro da gente. Os gregos dizem isso. Eu ponho alegria e amor no que faço. […] Chega uma época em que você, em tudo o que você faz, já não precisa ser reconhecido, precisa se reconhecer.”
Carlos Ayres Brito, ex-ministro do Supremo Tribunal Federal – “Folha de S.Paulo”, 18/11/2012

“De bem com a própria vida, Carlos Ayres Britto melhorou a dos outros.”
Elio Gaspari – “Folha de S.Paulo”, 18/11/2012

“Ao disponibilizar instantaneamente dados até há pouco inacessíveis, a rede mundial de informação deveria ter como finalidades únicas o estímulo à reflexão e o aumento do intelecto, não a propagação de boatos e a superficialidade generalizada.[…] Ao contrário do que sugere nossa bandeira, ordem não leva necessariamente ao progresso. A ideia de velocidade e volume para redução de erros é característica dos avanços tecnológicos do século 20, em que o vagar de processos e o limite na oferta eram grandes problemas. Com a abundância de conteúdo, passamos a viver um paradoxo de eficiência: há respostas demais para que se possa fazer bom uso delas. Por mais que um passeio nas paisagens informativas digitais dê a impressão de que a cultura se enriquece, o que acontece muitas vezes é o contrário: nos tornamos depósitos de dados e citações impensadas.”
Luli Radfahrer – “Folha de S.Paulo”, 19/11/2012

“As redes sociais são mesmo a maior vitrine da humanidade, nelas vemos sua rara inteligência e sua quase hegemônica banalidade. […] Adultos condenados a infância moral seguramente viram pessoas de mau-caráter com o tempo. Recentemente, numa conversa profissional, surgiu a questão do porquê o mundo hoje tenderia à banalidade e ao ridículo. A resposta me parece simples: porque a banalidade e o ridículo foram dados a nós seres humanos em grandes quantidades e, por isso, quando muitos de nós se juntam, a banalidade e o ridículo se impõem como paisagem da alma. O ridículo é uma das caras da democracia. O poeta russo Joseph Brodsky no seu ensaio “Discurso Inaugural”, parte da coletânea “Menos que Um” (Cia. das Letras; esgotado), diz que os maus sentimentos são os mais comuns na humanidade; por isso, quando a humanidade se reúne em bandos, a tendência é a de que os maus sentimentos nos sufoquem. Eu digo a mesma coisa da banalidade e do ridículo. A mediocridade só anda em bando. Por isso, apesar de as redes sociais servirem para muita coisa, entre elas coisas boas, na maior parte do tempo elas são o espelho social do ridículo na sua forma mais obscena.”
Luiz Felipe Pondé – “Folha de S.Paulo”, 19/11/2012

“Tudo o que escrevo é centrado na mesma pergunta: o que aconteceria se, em meio a nossa vida cotidiana, deparássemos com as ações de um Deus que trabalha a nosso favor, que nos ama e quer que sejamos pessoas melhores? […] Atravessamos a vida sem pensar, mas momentos traumáticos como doenças e grandes perdas nos fazem parar e pensar em como nossas escolhas afetam quem está a nosso redor. […] A polêmica é um convite ao crescimento espiritual. Minhas crenças de hoje são muito diferentes das que eu tinha há dez anos. E há dez anos achava que estava certo sobre tudo.”
William P. Young, autor do best-seller A Cabana – “Revista Época”, 19/11/2012

“Não temos ouvido os pedidos de ajuda que nos são lançados ou ouvimos, mas acreditamos que, mesmo em dificuldade, eles conseguirão se virar sozinhos e superar o obstáculo que enfrentam. Alguns irão mesmo, não duvido disso. Mas poderiam sofrer bem menos e chegar ao mesmo resultado se sentissem que não estão sozinhos no final de sua jornada. Outros, entretanto, poderão ficar rodando em círculos justamente por não encontrarem um incentivo, uma ajuda, uma companhia no momento difícil pelo qual passam. E, depois de um tempo, até podem achar um caminho, mas não precisariam passar por esse sofrimento inútil.”
Rosely Sayão – “Folha de S.Paulo”, 20/11/2012

“Na verdade, por trás da defesa de tal modalidade de “livre expressão” há o desejo mal escondido de continuar repetindo os mesmos velhos preconceitos e a mesma violência contra os grupos vulneráveis de sempre. Por trás da atitude do adolescente que parece se deleitar com a descoberta de que é capaz de enunciar, à mesa do jantar, comentários “chocantes” que fazem seus pais liberais revirarem-se, há a tentativa de travestir desprezo social com a maquiagem da revolta do homem comum contra a ditadura dos intelectuais. No entanto, é bom lembrar que uma democracia sabe separar a opinião do preconceito. Uma opinião é aquilo que é, por definição, indiferente. Ela abre um espaço de indiferença a respeito de enunciados e discursos. Mas há enunciações que não podem ser recebidas em indiferença, já que trazem, atrás de si, as marcas da violência que produziram ao serem enunciados. Uma sociedade tem a obrigação moral de defender-se deles. Colocar uma advertência em um livro por ter conteúdo que pode ser sentido por minorias raciais como violência, impedir que pessoas escarneçam de grupos socialmente vulneráveis é condição para um vínculo social mínimo. Claro, tais pessoas que julgam normal fazer piadas com negros nunca mudarão de ideia. Mas elas devem saber que há certas coisas que não se diz impunemente. A falsa revolta é apenas mais uma arma daqueles que querem continuar com as exclusões de sempre.”
Vladimir Safatle – “Folha de S.Paulo”, 21/11/2012

“Os brasileiro demonstram dificuldade para se desligar do trabalho: 60% dos entrevistados (estudo do site de viagens Expedia) responderam checar seus e-mails profissionais regularmente durante as férias. Somente 7% nunca olham suas caixas de entrada.”
“Folha de S.Paulo”, 21/11/2012

“Quem tem filho na escola percebe logo: o que mais se espera da família é participação e mais participação. […] Mas, mesmo quando não tem brechas na agenda para tanto pode contribuir com a aprendizagem. ‘Existe uma ideia de que família presente é só aquela que fica, diariamente, ao lado do filho para ajudar a fazer a lição, informando, corrigindo, ensinando. Mas há outras formas efetivas de participação’, avisa a pedagoga Débora Vaz, diretora da Escola Castanheiras, em Tamboré, na Grande São Paulo. Na prática, o papel da família inclui garantir um espaço adequado para a realização das tarefas, dar acesso a fontes de pesquisa, fornecer os materiais necessários, estabelecer com a criança ou o adolescente uma rotina de estudos, cobrar pontualidade, concentração e capricho – até solicitar que o trabalho seja refeito quando, visivelmente, foi produzido só para se livrar da obrigação. Sua principal missão é estimular o comprometimento e uma noção de responsabilidade. ‘Não se trata de estar do lado no momento da lição para exigir a resposta correta, mas de incentivar desde cedo atitudes coerentes em relação aos estudos’, ressalta Débora. E isso não requer saber os conteúdos ensinados em classe nem ter de reservar muito tempo. […] A educadora Luciana Fevorin enfatiza que, nas chances de falar sobre a escola ou de estar nela, a família deve observar o tipo de vínculo estabelecido pela criança ou pelo adolescente com o ato de aprender. ‘Os pais precisam ver se o filho aceita desafios ou se intimida diante deles, se lida bem com correções, se é muito exigente consigo mesmo ou, pelo contrário, faz qualquer coisa para se livrar das tarefas e o que diz sobre professores e amigos’, explica.”
Paulo de Camargo, “Revista Claudia” – novembro de 2012

46ª semana de 2012

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“A razão irracional não se manca: ofende a inteligência e a consciência do público e acha que ninguém se dá conta.”
Eugênio Bucci, “Revista Época” – 12/11/2012

“A função do intelectual é ler, escrever, dar aula, orientar pesquisas, participar do debate público, mas não assumir funções executivas porque somos obcecados por nossas visões de mundo, corretas ou não, somos monstruosamente vaidosos e pouco democráticos, pelo contrário, adoramos o poder, e nos achamos superiores moralmente.”
Luiz Felipe Pondé – “Folha de S.Paulo”, 12/11/2012

“Narciso é um jovem magnífico que se apaixona pela própria imagem refletida na água. Acabou consumido pelo amor-próprio e se tornou o nome da flor encontrada onde ele desapareceu. Somos todos Narcisos no Facebook, Orkut ou Instagram, quando publicamos fotos dos nossos sorrisos e melhores momentos.”
Marion Strecker – “Folha de S.Paulo”, 12/11/2012

“As pessoas de 50 anos querem – e precisam – manter-se ocupadas e remuneradas. […] Houve um tempo em que o desemprego rondava quem passasse dos 50 anos. Esse cenário já mudou. O grupo dos 50 foi o único em que o índice de emprego aumentou significativamente, de acordo com o último levantamento do IBGE: de 16,7%, em 2003, para 22% em 2011. Isso corresponde a 22,5 milhões de pessoas. Nas outras faixas etárias, o índice manteve-se estável ou diminuiu. Esse também é o grupo que menos sofre com o desemprego. O ranking mais recente do IBGE mostra que é a faixa de idade com o menor percentual de desocupação. Apenas 2,1% dos trabalhadores dessa idade estão sem trabalho, em comparação aos 4,4% entre os que têm de 25 a 29 anos. O que está por trás disso: ‘Entenderam que essas pessoas estão no auge de sua vida em termos de competências técnicas, atitudes e inteligência emocional’, diz Betty Dabkiewicz, consultora de Sinergia Consultoria. A experiência profissional e a maturidade dos profissionais de 50 anos são especialmente valorizados para cargos de confiança. É a idade dos líderes.”
Flávia Oshima, Margarida Telles e Natália Spinacé, “Revista Época” – 12/11/2012

“A fama é traiçoeira. Quando ela se vai, o artista passa a viver dos farrapos dos dias dourados. […] A pessoa se destrói na esperança de recuperar um sucesso que nunca mais voltará a acontecer. A fama é um vício do qual poucos conseguem se livrar.”
Walcyr Carrasco, “Revista Época” – 12/11/2012

“Um uso pesado da internet por parte dos jovens, sem muito controle dos pais e, ainda, sem a noção precisa dos riscos de se exibir, enviar fotos ou revelar informações íntimas. O pior é que, mesmo sabendo de alguns desses riscos, os jovens lidam mal com a exposição. Para muitos, aparecer na rede (independentemente de como isso acontece) é melhor do que sumir do mapa virtual. Ser ‘popular’, nesse contexto, poderia compensar alguns riscos.”
Jairo Bouer, “Revista Época” – 12/11/2012

“Na história, nada é garantido: tudo é, sempre, conquistado. O que nos separa de outros mundos possíveis (e horríveis) não é a inelutabilidade do progresso, mas a obstinação de pequenos grandes gestos. Entre nós e as trevas, há o corpo ferido de Malala Yousafzai, 14, baleada na cabeça pelo Talibã paquistanês porque promovia o ‘secularismo’ (ou seja, queria ir para a escola e pensar com a sua cabeça). Ou, a coragem da catarinense Isadora Faber, 13, que continua seu ‘Diário de Classe’ on-line, embora hostilizada por professores, por administradores.”
Contardo Calligaris – “Folha de S.Paulo”, 15/11/2012

“Para mim, é evidente que essa droga se tornou uma epidemia, não há outro termo, não há como amenizar. Por isso, a ação não pode ser exclusiva coordenação de ações de segurança pública, de educação, de reinserção social. Nós, da Saúde, queremos pôr o dedo nessa ferida do crack e ajudar a cicatrizá-la. Já não é sem tempo, a epidemia avançou mais rápido do que as ações de combate. […] Precisamos ter serviços diferentes para situações diferentes. É grave ter centenas de pessoas se drogando na Cracolândia, com suas famílias desestruturadas, sem perspectiva de reabilitação. Nesses espaços, é necessário ter consultórios de rua e pessoas capacitadas. Para esses casos, eu tenho a convicção clara, dentro do que a Organização Mundial de Saúde defende, de que a internação involuntária é fundamental para proteger a vida das pessoas viciadas. Temos regras e protocolos para isso. Não é usar a polícia para carregar o dependente para uma clínica qualquer. É preciso a avaliação de um profissional de saúde, é preciso escolher um local adeq2uado. Sou contra o recolhimento compulsório por policiais. Agora, eu defendo, sim, a internação involuntária em caso de risco de vida.”
Alexandre Padilha, “Revista Veja” – 16/11/2012

“Vivemos uma situação em que a força da competição, da imagem e do poder duela com o respeito e a cooperação. A Educação está percebendo a crise e entendendo que tem de enfrentá-la. Querendo ou não, os educadores promovem esse tipo de reflexão em cada relacionamento, julgamento, avaliação, crítica e proposição de regras. Assim, eles e a família devem atuar. No entanto, de formas diferentes. Os primeiros lidam com o coletivo e trabalham e trabalham com a questão da igualdade. Têm de tratar todos com as mesmas regras e os mesmos princípios. Já os familiares trabalham com os valores individuais, como a cooperação, a solidariedade, a generosidade e a bondade, e protegem os seus. Na família, como na escola, moral vivida é moral ensinada. De nada adianta fazer discursos se as práticas os contradizem.”
Maria Suzana Menin, “Revista Nova Escola” – novembro de 2012

45ª semana de 2012

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“Quanto mais alto você chega em uma hierarquia, mais o componente relações humanas se torna importante para o bom líder. É preciso saber desenvolver a si próprio e desenvolver as pessoas que você lidera. Sem isso, abre-se um vazio em comando e liderança.”
Eduardo Bom Angelo – “Folha de S.Paulo”, 04/11/2012

“O mundo está cada vez mais complexo. […] De uma rede de comunicação global, a internet evoluiu para uma espécie de memória coletiva, a que boa parte dos processos é delegada. Smartphones, computação em nuvem e internet das coisas, cada vez mais familiares, mensuram cada transação e, por meio da compilação de dados, definem quem é você, o que faz e onde passa a cada instante.”
Luli Radfahrer – “Folha de S.Paulo”, 05/11/2012

“A universidade está morta e só não sente o cheiro do cadáver quem tem vocação para se alimentar de lixo.”
Luiz Felipe Pondé – “Folha de S.Paulo”, 05/11/2012

“Se ler é tão bom assim, por que é que nós, os adultos, lemos tão pouco? Pesquisas mostram que o índice de leitura espontânea no Brasil é de pouco mais de um livro por ano! Muito pouco, quase nada, na verdade. Isso significa que, depois que o jovem sai da escola, ele simplesmente deixa de ler.[…] As famílias poderiam incluir a ida à biblioteca como um programa familiar, não é verdade? Ler sempre – mesmo que por pouco tempo -, comentar sobre os livros que estão lendo e incluir alguns exemplares na bagagem das férias são atitudes que os pais podem adotar para mostrar aos filhos, na prática, que ler é bom de verdade.”
Rosely Sayão – “Folha de S.Paulo”, 05/11/2012

“Há hoje um estado de espírito em que a pessoa tem vergonha de dizer que é político. Não é assim não. A política bem entendida é uma das coisas mais importantes. Não sou político; sou um escritor que tem preocupação política, porque sei da importância da política. […] Não sou nem otimista nem pessimista. Os otimistas são ingênuos e os pessimistas, amargos. Sou um realista esperançoso. Sou homem da esperança. Sei que é para um futuro muito longínquo.”
Ariano Suassuna – “Folha de S.Paulo”, 09/11/2012

“A principal atividade matinal de 90% dos jovens brasileiros que têm smartphone é checar o celular, mostra uma pesquisa da Cisco que mapeou 1.800 pessoas de 18 a 30 anos, a chamada geração Y, em 18 países. No México, na Alemanha, na China, na Índia e no Japão, o índice chega a ultrapassar a marca brasileira. “É uma geração que checa o smartphone antes de levantar e de ir dormir”, Oscar Gutiérrez, gerente de desenvolvimento de negócios da Cisco. No mundo, 3 em cada 4 conferem os smartphones durante o banho e 1 a cada 5 envia SMS ao volante. Em refeições, mais da metade reveza os talheres com o celular. O Brasil é o país em que mais jovens dizem ter mais contato com os amigos pela internet, 73%. No mundo, esse percentual é de 40%. Os contatos pessoais são maioria para apenas 10%. A densidade de jovens brasileiros que fazem compras na web sobre o total também é a maior do mundo: 94%. “Essa geração é uma grande geradora de tráfego”, lembra Gutiérrez. A cada minuto, 72 horas de vídeo são hospedadas no YouTube.”
Helton Simões Gomes – “Folha de S.Paulo”, 09/11/2012

“Um dos pecados que mais corrói os ambientes profissionais atualmente: a ganância, a necessidade de ter mais o tempo todo. Mais poder, mais status, mais grana, mais sucesso. Como diz o psicanalista Jorge Forbes, o ganancioso comporta-se em sua carreira como o guloso com a comida. É um glutão cujo único termômetro é o quanto consegue ‘comer’ de oportunidades que vê pela frente.”
Juliana De Mari, “Revista VocêS/A” – novembro de 2012

“Estimular uma ‘oposição criativa’ dentro da empresa permite abarcar todo o espectro de suas atividades, tornando clara a consciência de que são complexas e multipolares, comportam verdades múltiplas e são capazes de se alargar e realizar seu potencial total.”
Paulo Eduardo Nogueira, “Revista Época Negócios” – novembro de 2012

44ª semana de 2012

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“Parece que a vida escolar do filho se tornou uma espécie de avaliação de seus pais. Bons pais produzem alunos dedicados aos estudos e com bons resultados em qualquer tipo de avaliação. Essa parece ser a máxima em vigor. Ocorre que, enquanto a vida escolar for uma questão vital para os pais, os filhos não a assumirão como sua. […] Quanto às pequenas responsabilidades com os afazeres domésticos é preciso, em primeiro lugar, que a criança sinta que pertence àquele grupo familiar e que isso acarreta ônus e bônus. […] Ensinar aos filhos que eles devem assumir suas próprias responsabilidades dá trabalho, exige paciência e persistência, porque é uma tarefa que dura mais ou menos uns 18 anos. Com sorte.”
Rosely Sayão – Folha de S.Paulo, 30/10/2012

“Saí pensando em um texto que li de Maria Rita Kehl no qual ela dizia que nossa biografia não deveria se basear somente em nossos feitos. Às vezes, nossos desejos e intenções nos configuram de forma muito mais plena. Seria nossa ‘biografia em baixo-relevo’. Mas como exigir desse mundo objetivo em que vivemos tamanha delicadeza? Continuamos por aí nos afogando em números e perdendo nossos ‘quases’ que tanto têm a dizer.”
Denise Fraga – Folha de S.Paulo, 30/10/2012

“Quem for rápido no julgamento deixará de contemplar a imensa complexidade humana, tirará o outro por si, será rasteiro.”
Francisco Daudt – Folha de S.Paulo, 30/10/2012

“A revolução no Brasil não acontece com os cidadãos pegando em armas, mas pegando em cartões de crédito. O Brasil tem uma nova geração de consumidores que não quer apenas produtos e serviços básicos. Eles conquistaram acesso ao que antes era distante e inalcançável e não admitem regresso. Querem produtos excitantes, de maior valor e maior encantamento. Esse é o grande fenômeno do novo mercado brasileiro. A nova classe média brasileira pode parecer um conceito surrado, mas ela mal começou a transformar a economia, o país e o seu negócio. Ela quer comprar o que não comprava, de iogurtes a carros a entretenimento. Não há gôndola no supermercado nem setor da economia que não seja afetado. O mercado brasileiro de produtos de higiene e beleza, por exemplo, já está entre os três maiores do mundo, depois dos Estados Unidos e do Japão e à frente dos sofisticados países da Europa. As mulheres brasileiras já consomem duas vezes mais condicionadores de cabelo do que as americanas, ou 19 vezes mais quando comparadas com as russas, 20 vezes mais em relação às chinesas. […]São mudanças de consumo tão abrangentes que as oportunidades aparecem em toda parte: de comidas congeladas à educação ao uísque escocês, cujas vendas no Brasil cresceram mais do que em qualquer lugar do planeta: uma alta de 48% em 2011, puxada pelo Nordeste. E os gastos da classe média com viagens subiram 242% de 2002 a 2010. Pela primeira vez, os brasileiros estão pegando mais avião do que ônibus para viajar pelo país.”
Nizan Guanaes – Folha de S.Paulo, 30/10/2012

“O livro ‘Nada a Perder’, biografia do bispo Edir Macedo, ultrapassou o fenômeno ‘Cinquenta Tons de Cinza’ em vendas na semana. O livro de Macedo teve 30 mil exemplares vendidos em uma semana, Cinquenta Tons…’ vendeu 20 mil exemplares. ‘Nada a Perder’ será lançado em novembro no mercado internacinal: dia 17, em Buenso Aires, dia 20, em Bogotá, e dia 22 em Caracas.”
Folha de S.Paulo, 01/11/2012

“Melhorias socioeconômicas não implicam necessariamente melhorias do tecido social da comunidade. Hoje, como naquela época, é pífia, se não nula, a confiança dos cidadãos no socorro da força pública. A certeza de que o socorro será precário, lento ou ausente alimenta a sensação de insegurança. Diminuir a sensação de insegurança seria uma maneira de combater a insegurança efetiva da cidade.”
Contardo Calligaris – Folha de S.Paulo, 01/11/2012

“É possível ‘perder ganhando’, quando se consegue avançar nos ideais, e é possível ‘ganhar perdendo’, quando se abandona os ideais em acordos puramente pragmáticos. […] Para enfrentar o sectarismo maniqueísta enraizado em nossa política, é preciso uma mudança. Não em enunciados de ‘boas’ intenções e vazias de compromisso, mas naquilo que, como disse C. S. Lewis, ‘se deduz de milhares de conversas, por um princípio revelado em centenas de decisões relativas a assuntos menores’.”
Marina Silva – Folha de S.Paulo, 02/11/2012

“Dados da CBL mostram que o livro está mais barato e o brasileiro anda lendo mais. O preço médio do livro caiu 6,1% em 2011, considerando apenas preços praticados no mercado privado. Incluindo compras de governo, o preço médio ficou estável (alta de 0,1%). O governo representa 39,5% do mercado. Em volume, as vendas subiram 7,2% -o brasileiro comprou 3,34% mais, e o governo,13,7% mais.”
Mariana Barbosa – Folha de S.Paulo, 03/11/2012

“A guinada conservadora católica, o acelerado declínio numérico da filial brasileira da Santa Sé e a avalanche pentecostal acirraram a competição entre católicos e evangélicos a partir de 1980. Essa peleja deflagrou uma disputa religiosa pelo espaço público e uma desenfreada ocupação religiosa da mídia e da política partidária. Desde então tele-evangelistas, padres-celebridades e cantores gospel tornaram-se onipresentes na mídia eletrônica, emissoras de TV pentecostais e católicas brotaram como cogumelos, rebanhos religiosos viram-se tratados como currais eleitorais, igrejas passaram a formar bancadas parlamentares, a expandir seu poder nos legislativos e a controlar partidos, discursos moralistas reacionários de inspiração bíblica tomaram de assalto as eleições. […] No novo santuário, Marcelo Rossi ocupará um palco muito maior e mais reluzente para cantar seus louvores e baladas, coreografar a “aeróbica do Senhor”, receber celebridades, agitar, entreter e emocionar as multidões de seguidores, benzer seus objetos pessoais e lançar-lhes baldes de água benta ao fim de cada show-missa. Assim ele vai contribuindo para configurar um catolicismo de massas alegre, corpóreo, sensorial, emotivo, mágico, midiático, terapêutico, taumatúrgico, moral e teologicamente conservador. Mais popular, mas menos intelectualizado e menos atento aos problemas socioeconômicos.”
Ricardo Mariano – Folha de S.Paulo, 03/11/2012

43ª semana de 2012

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“Afinal, o que todos queremos da vida – além do básico, claro? mais que tudo, o que todos queremos, do berçário até a mais provecta idade, é o bem mais precioso: um pouco de atenção. […] Qualquer coisa na vida, qualquer, é melhor do que a indiferença. Se ninguém te dá atenção você não existe Se ninguém te dá atenção você não existe. […] Não adianta ter todo o poder e todo o dinheiro do mundo se ninguém pergunta se você melhorou da gripe.”
Danuza Leão – Folha de S.Paulo, 21/10/2012

“Em situações de risco, em guerras, a covardia é a regra. No dia a dia, isso tem outro nome: honestidade não vale nada, o que vale é ter uma ‘vida decente’: segurança para os filhos, uma esposa feliz porque pode comprar o que quiser (dentro do orçamento, claro, mas quanto menor o orçamento menor o amor…), enfim, um ‘futuro melhor’.”
Luiz Felipe Pondé – Folha de S.Paulo, 22/10/2012

“ ‘Quando perdemos o controle emocional, é difícil recuar um passo e ver o que está realmente acontecendo’, diz Lynn Friedman, psicanalista e consultora de carreiras em Washington. Ao sentir uma reação intensa no trabalho, pergunte a si mesmo se a reação é realista e justificável. Às vezes o que está motivando esses sentimentos guarda pouca relação com o momento. Em vez de reagir na hora, dê algum tempo para você mesmo, dizendo: ‘Preciso refletir. Podemos voltar ao assunto dentro de um ou dois dias?’ Então procure analisar o mais objetivamente possível o que causou o aborrecimento.”
Eilene Zimmerman – Folha de S.Paulo, 22/10/2012

“Que as crianças têm cada vez menos infância é um fato já constatado e conhecido por muita gente. […] O que acontece, na verdade, é que as crianças são estimuladas desde o primeiro minuto de vida, e os adultos que as cercam estão ocupados demais consigo mesmos e com sua juventude para ter a disponibilidade de construir autoridade sobre as crianças. […] Com a expectativa de vida em torno dos 75 anos, por que não deixamos nossas crianças em paz para que possam viver sua infância? Afinal, depois de crescidas, elas terão muito tempo para fazer o que é característico do mundo adulto. Adiantar por quê?”
Rosely Sayão – Folha de S.Paulo, 23/10/2012

“Fala-se da internação compulsória, mas onde seria esta internação, mesmo que não fosse compulsória? Quais equipes iriam cuidar destes pacientes? Abrigar não é tratar! Não há quase locais para internação de adolescentes no Rio, nem equipes capacitadas para acolhê-los e efetivamente tratá-los. Se houvesse, poderia transformar a internação compulsória no direito de tratamento que a Constituição garante: “saúde é um direito de todos e um dever do Estado”. Tal mudança de enfoque é fundamental e faz toda a diferença. O tratamento para dependentes de droga requer uma equipe interdisciplinar de saúde capacitada para as especificidades desse atendimento.”
Ivone Stefania Ponczek – Folha de S.Paulo, 23/10/2012

“Todas as emoções – da paixão partidária ao espírito torcedor, passando pelo amor, a saudade, o ciúme, o ódio etc. -, aos meus olhos, são quase sempre excessivas: transportes descontrolados ou atuações caricatas. Longe de serem reações adequadas a circunstâncias externas, elas me parecem ser teatralizadas (se não produzidas) por nós mesmos. […] As máscaras que pesam e nos sufocam talvez sejam as que vestimos para expressar e teatralizar emoções excessivas e obrigatórias, que todos esperam de nós.”
Contardo Calligaris – Folha de S.Paulo, 25/10/2012

“O otimista tende a interpretar a realidade ruim como algo passageiro. O viés otimista está relacionado a outros vieses comuns: a ‘ilusão de superioridade’ e o ‘efeito melhor que a média’, em que acreditamos ser melhores do que realmente somos e melhores e do que as outras pessoas. Se você se acha especial, o próximo passo lógico é acreditar que tudo vai dar certo, que seu futuro será melhor que o dos outros. […] Quando você espera o melhor de si mesmo, também aprende mais com os erros, porque eles são interpretados com surpresa pelo cérebro. […] Não acho que ter expectativas realistas seja sábio. Ser otimista torna sua vida melhor.”
Tali Sharot, neurocientista israelense – Revista Lola, outubro de 2012

“Existe uma paranoia em ser belo, perfeito, bem-sucedido e feliz a todo custo. E essa é uma busca muito dolorosa. Vivemos uma era louca das cirurgias plásticas. Soube até que existe uma em que é possível colocar barriga de tanquinho de silicone! E aí o camarada engorda e vira uma tartaruga ninja. Bizarro, não?”
Selton Mello – Revista Lola, outubro de 2012

Quais são suas perguntas nessa estação?

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Quanto mais imaturos emocionalmente, mais a ansiedade tende a ganhar espaços. Logo, imaturidade é uma fase (ao menos, espera-se que seja só uma fase), onde se tem muitas perguntas e pouca paciência para respostas longas e complexas. Assim, o desejo pelas respostas prontas não costuma ser um bom indício para a maturidade emocional.
Um sinal interessante de transição rumo à maturidade é perceber que mais do que respostas, é importante atentar para quais perguntas estamos fazendo. Privilegiar determinadas perguntas pode ser mais sábio, mais estratégico, enfim, mais saudável para a vida.
E o tempo de cessar as perguntas, quando chega? Tendo a pensar que chega quando a vida acaba. Contudo, o que tenho visto na vida de gente madura que me inspira é que as perguntas diminuem em quantidade, mas, crescem em profundidade. Vão rareando, mas trazem raízes de uma vida. Descortinam dilemas assustadores, porém, amansados pelo tempo. Um apaziguamento de quem não precisou se agarrar às culpas para amenizar questões ainda mais comprometedoras.
Não é mais mera curiosidade ingênua, nem gula da alma, pois essa já entrou na dieta existencial. É querer menos, entretanto, saborear mais. É a dinâmica de quem não mais cai nas ciladas fáceis de ilusões baratas, na ânsia do comércio de bajulações, bijuterias de conhecimento, nas cifras do suposto saber, no consumismo da prateleira das ideias em promoção.
A maturidade é acompanhada da sabedoria em como usar o tempo cada vez mais precioso. Deixou de ser banal, não mais um bem descartável, nada de desperdícios.
O aproveitamento do tempo pode se manifestar com singeleza. Nada extraordinário aos olhos, provavelmente, da maioria, mas de uma riqueza singular para quem foi enriquecido com a maturidade. Pode ser uma simples e descontraída conversa, porém, o olhar que se dá não se encontra em qualquer lugar. É um colo oferecido que ganha dimensões de eternidade. Gestos delicados que comunicam mais do que longos diálogos. Onde o silêncio já não mais incomoda, antes, torna-se espaço de contemplação e acolhimento. E as pausas fazem parte da harmonia melódica da vida.
Há uma fase da vida onde tudo o que se quer é crescer, há outra onde o que se deseja é amadurecer. Nela o menos é mais. Aí o burburinho vai sumindo e o som denso do surdo (tambor) vai ditando novo ritmo. Há suavidade, apesar da firmeza. Há nitidez – ruídos desfalecem. Aí uma só voz é ouvida e os antigos gemidos cessam.
Ah! Com eu quero chegar lá!

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