Contando os dias

02 de novembro de 2010

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“Pesquisa da Nielsen aqui nos Estados Unidos no primeiro semestre deste ano revelou que o adolescente norte-americano (13 a 17 anos) enviava e recebia, em média, 3.339 mensagens de texto, todo mês, de seus celulares -são mais de cem torpedos por dia, ou seis por hora que passava acordado. O fenômeno é global. […]Esses adolescentes podem estar abandonando em massa os grandes textos literários, mas estão produzindo em massa microtextos que podem muito bem ser o caminho da literatura vindoura. Será que o próximo Shakespeare, ou Machado de Assis ou Tolstói virá em “bullet phrases”?”

Nizan Guanaes, Folha de S.Paulo, 02/11/2010

 

“Você deve ser exigente em suas escolhas. Decidir exige esforço. Tente fazê-las pensando no que é realmente importante para você. E quando escolher use sua “intuição informada”, que nada mais é do que usar seu instinto, o impulso que o leva àquela decisão, misturado à apuração e à informação sobre o assunto. Não tema usar papel e caneta para anotar prós e contras ou dividir em pontos positivos e negativos. Estudos sugerem que quem escolhe um lugar para morar ou companheiros de casa dessa maneira costuma ser bem-sucedido. Esse é o método que altos executivos usam para contratar ou demitir. Se você aprender a usar esse método simples irá sofrer menos e escolher melhor.”

Sheena Iyengar, 41, canadense, psicóloga e economista, professora na Universidade de Columbia/EUA, Folha de S.Paulo, 02/11/2010

01 de novembro de 2010

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“É mais fácil para os mais jovens conseguir esmolas. Quanto mais garotos e garotas num mesmo grupo, mais dinheiro arrecadado. Tudo isso, sem o “aborrecimento” de adultos por perto. Mais: em muitos casos, pais e mães não se importam com a saída dos filhos. Pelo contrário. Ganham uma preocupação a menos. Não há estatísticas, não há projeções. Mas há a realidade. O fenômeno é perceptível por toda Porto Príncipe, e preocupa o governo do Haiti.

‘Começamos a perceber há quatro meses… Tendas, nos acampamentos, em que só vivem jovens. Toda manhã, eles se juntam e saem às ruas, pois sabem que podem conseguir comida e dinheiro mais facilmente’, conta à Folha Witchner Orméus, diretor de Juventude e Integração do Ministério da Juventude, Esportes e Ação Civil.
“No cenário dos acampamentos, as vozes dos pais não funcionam mais”, diz.
O ministério já imagina o próximo problema. ‘Esperamos um ‘baby boom’ para daqui a alguns meses. E isso será decisivo para a vida desses jovens, porque uma menina que tem um bebê dificilmente voltará para o banco da escola. O governo não pode fazer muita coisa’, afirma Orméus. O alto número de órfãos é outra preocupação.”

Fábio Seixas, Folha de S.Paulo, 01/11/2010

 

“A mídia (TV, cinema, rádio, jornais, publicidade) deve ser absolutamente livre. Deve ter seus próprios mecanismos de autorregulação e jamais ser objeto de “fiscalização externa” (que será sempre ideológica, mesmo que contem historinhas de fadas para dizer que não é).

As melhores intenções neste caso serão sempre criminosas a serviço do “mal”. Mídia boa é mídia incômoda. Para além de qualquer crítica que se possa fazer à mídia, ela é a principal arma contra sistemas totalitários que amam a burrice pública da unanimidade.”

Luiz Felipe Pondé, Folha de S.Paulo, 01/11/2010

31 de outubro de 2010

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“A vida universitária deveria ser um momento de crescimento intelectual e emocional. Infelizmente, alguns jovens se sentem no direito de postergar sua maturidade às custas de outros.”

Allan Beane, professor e autor de “Proteja já seu Filho do Bullying”, O Estado de S.Paulo – 31/10/2010

 

“A vida, sem dúvida, é um grande e essencial assunto político. Por que, então, não se debateu a vida? Vida não é meramente a sobrevivência do ser que corre o risco de ser abortado, roubado no privilégio de viver. Vida é muito mais. Deveria ser.”

José de Souza Martins, O Estado de S.Paulo – 31/10/2010

 

“A décima Conferência das Partes (COP-10) da Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB) terminou ontem (horário do Japão) da maneira mais inesperada [consenso entre 193 países em conferência sobre biodiversidade gera o Protocolo de Nagoya]. Com sucesso. E com um espírito renovado de esperança, não só sobre o futuro da biodiversidade do planeta, mas também sobre a capacidade do ser humano de tomar decisões coletivas para a sua própria sobrevivência. Ainda que a única saída para isso seja colocar um valor monetário na vida. […] Os textos aprovados não são perfeitos. Mas são realistas, do ponto de vista da sua viabilidade política e financeira. As metas deveriam ser mais ambiciosas, mas são suficientemente fortes para dar à COP-10 o rótulo de sucesso. O que isso representará para o futuro, só o tempo vai dizer. As decisões não têm força de lei. São acordos políticos. E assim como no caso das mudanças climáticas e do Protocolo de Kyoto, a obrigatoriedade de coloca-los em prática cabe a cada país.”

Herton Escobar, O Estado de S.Paulo – 31/10/2010

 

“Ao contrário de um Richard Dawkins, não quero converter ninguém à crença na descrença. Conheço muitas pessoas cuja religiosidade não tem nada a ver com fanatismo ou aversão à ciência. Por que eu ia querer convencê-las a mudar de opinião?”

Daniel Piza, O Estado de S.Paulo – 31/10/2010

 

“Você se torna um músico porque gosta de música… mas, com o tempo, quando você tem um emprego e começa a trabalhar semanalmente, a música se torna uma rotina. Minha preocupação é evitar a rotina. O desafio não é tanto modificar o som, mas conectar-se e criar algo especial. Um concerto é como um ritual, mas às vezes o ritual se torna cansativo. E é por isso que mesmo eu, às vezes, quando vou a um concerto, penso, ‘Oh, meu Deus, precisamos de alguma coisa mais!’ Os músicos precisam dar mais. Não precisam pular, nem gritar, mas precisam comunicar seus sentimentos.”

Gustavo Dudamel, 29, maestro venezuelano, O Estado de S.Paulo – 31/10/2010

 

“Há tantas ideias novas em desenvolvimento, inspiradas por velhas estruturas. O negócio é que não dá para passear pelo jardim da música e da dança sem ouvir tudo que a oportunidade permite. Estou aqui para a viagem toda, para a aventura inteira, até o fim”.

Robert Plant, cantor, Rolling Stone – outubro de 2010

30 de outubro de 2010

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“Segundo pesquisa da TNS Research com 601 pessoas – encomendada pela Nokia -, 56% dos entrevistados são totalmente a favor de baixar arquivos de música e vídeo pela internet. Ao mesmo tempo 50% dos pesquisados não consideram criminosa a troca online de arquivos, enquanto 73% afirmam questões financeiras para a prática. […] ‘As gerações que cresceram com as novas tecnologias foram pautadas pela crítica ao alto custo dos bens culturais, discutem acesso à cultura, mas nunca se esclareceu à custa de quem’, diz Ivana Crivelli, presidente da Associação Paulista da Propriedade Intelectual.”

Camila Fusco, Folha de S.Paulo – 30/10/2010

 

“Uma noite maldormida é suficiente para alterar todo o sistema de defesa do organismo. Isso é o que mostra uma pesquisa inédita, realizada na Universidade Federal de São Paulo.”

Gabriela Cupani, Folha de S.Paulo – 30/10/2010

 

“Minha literatura é metapolítica. Os personagens discutem política, mas o livro não carrega uma mensagem específica. Se quero escrever sobre isso, escrevo um artigo e mando ao governo. Escrevo o mesmo artigo há 50 anos, mandando o governo para o inferno, mas eles não me obedecem. Não foram para o inferno. Se quero escrever uma história, escrevo um livro. […] Eu apago mais do que escrevo. Faço mais de 15 versões de um livro. Vou apagando até a versão final. Escrevo tudo à mão e, no final, digito com dois dedos. Não uso o computador para nada.”

Amós Oz, escritor israelense, Folha de S.Paulo – 30/10/2010

 

“Éramos maduros o bastante para saber manter nosso próprio espaço. Mas podíamos dividir muito porque éramos ambos leitores vorazes, militantes cívicos e políticos, tínhamos um mesmo estilo de vida. […] Quem não teve acesso a Saramago diz que ele era uma pessoa difícil. Quem conviveu com ele sabe que era um homem afável e generoso. Tampouco era pessimista, era um intelectual que observava o mundo e via que nós estamos sendo conduzidos ao abismo.”

Pilar Del Río, jornalista espanhola, viúva do escritor José Saramago, Folha de S.Paulo – 30/10/2010

 

“A nossa política é sempre de duas faces: uma face externa, civilizada, respeitadora dos direitos, e uma face interna, cruel, sem eira nem beira.”

 Fábio Konder Comparato, Revista Caros Amigos – outubro de 2010

29 de outubro de 2010

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“Para você ter uma ideia, após Titanic, eu nunca mais precisaria trabalhar se não quisesse. Eu poderia simplesmente comprar um iate e ficar viajando pelo mundo. Eu procuro por desafios pessoais. Avatar foi provavelmente o projeto mais desafiador em que me envolvi. […] Sou muito curioso, gosto de engenharia, de construir máquinas, inventar coisas. Adoro divertir públicos com histórias e imagens que eles nunca imaginaram. Ainda consigo me ver encontrando maneiras de me sentir desafiado com cineasta. Indefinidamente ou enquanto o cérebro e o corpo aguentarem.”

James Cameron, diretor, Rolling Stone – outubro de 2010

 

“Uma análise dialética da realidade supõe a apreensão das contradições que articulam o concreto, desembocando em linhas de ação e não apenas na perplexidade, na melancolia ou no ceticismo. […] O otimismo, por si só, não é revolucionário, mas todos os grandes líderes revolucionários foram e são otimistas, porque se acreditam sempre nas possibilidades de transformação revolucionária da realidade. Enquanto que o ceticismo leva à inação e, muitas vezes, até mesmo ao cinismo.”

Emir Sader, Revista Caros Amigos – outubro de 2010

28 de outubro de 2010

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“A capacidade de superar crises está associada à possibilidade de mudança e de aprendizado; é ótimo quando podemos aproveitar eventos estressantes como oportunidades de amadurecimento.”

Wassilios Fthenakis, psicólogo, pedagogo e geneticista grego, Revista Mente e Cérebro, outubro de 2010

 

“A experiência amorosa exige sacrifício. Não se ama para ser recompensado. O amor é sua própria recompensa. Não resisto em Citar Drummond falando da poesia coisa parecida: ‘Poesia, o perfume que exalas é tua justificação’. Não há amor fácil, mas todo amor é maravilha, saúde, ‘remédio contra a loucura’, coisa que Guimarães Rosa ensinou. É a experiência humana mais exigente; não é contrato, troca de favores, investimento, é entrega e compromisso. Do ‘sacrifício’ de amar nasce a mais perfeita alegria. Ninguém faz cara feia quando se sacrifica por amor. Não se trata de anulação, subserviência de quem ama, trata-se da morte do ego, tarefa a ser feita até o último suspiro.”

Adélia Prado, 74, escritora, Lola Magazine, outubro de 2010

26 de outubro de 2010

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“Processos informáticos, sistemas de circulação (como o trânsito) e automatismos mentais (no sentido de discursos que repetimos sem nos darmos conta) são metáforas que sintetizam nossa forma de vida baseada na administração de si como uma empresa, ao modo do que Foucaut chamou de biopolítica. Ou seja, sentimos que as máquinas se voltam contra nós não porque elas são alienígenas que representam uma forma de vida destituída de humanidade, graça ou espontaneidade, disposta a vampirizar invejosamente nossas almas, mas porque elas passam a representar o ideal acabado de nós mesmos – como coisas que funcionam ou não funcionam. Coisas que aspiramos que venham nos punir para nos lembrar de nossa humanidade perdida.”

Christian Dunker, Revista Cult, outubro de 2010

 

“A cultura não existe para respeitar as nossas certezas ou crenças; a cultura existe para as testar, provocar, até insultar – um ringue onde a liberdade de expressão é o único oxigênio permitido.”

João Pereira Coutinho, Folha de S.Paulo, 26 de outubro de 2010

 

“A literatura precisa mostrar o que as pessoas se recusam a ver. O livro (Veneno, Sombras e Adeus – Javier Marías) parece recomendar que voltemos os olhos o mais rápido possível para a lama em que nos colocamos, pois nosso rosto amanhã pode ficar ainda mais sujo. A literatura avisa, mas quem deve ouvir é o leitor.”

Ricardo Lísias, escritor, Revista Cult, outubro de 2010

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