Contando os dias

33ª semana de 2012

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“Hoje em dia, a expressão ‘tolerância’ é comumente utilizada por fanáticos que querem afirmar que tudo que vem do “outro” é lindo e maravilhoso.”
Luiz Felipe Pondé – Folha de S.Paulo, 13/08/2012

“Considerando a fragilidade do ensino brasileiro, será mesmo que descobrir atletas deve ser uma prioridade das nossas escolas? […] Os benefícios físicos e psicológicos obtidos com a prática esportiva são inegáveis. A questão é de foco. O objetivo é estimular hábitos saudáveis nas escolas –para os quais bastam uma bola, uma quadra e um bom professor de educação física– ou vamos gastar milhões em diversos equipamentos esportivos para formar campeões em dezenas de modalidades? Antes de pensar em mudar de patamar olímpico, o Brasil precisa elevar o seu padrão de ensino.”
Rogério Gentile – Folha de S.Paulo, 16/08/2012

“A experiência do divórcio dos pais criou jovens interessantes. A sensação de que eles não foram uma razão suficiente para que os pais ficassem juntos produziu, em alguns, uma insegurança doentia para a vida toda, mas, em outros, deixou um fundo de sabedoria melancólica que resiste bravamente às ideias narcisistas mais estupidamente grandiosas.”
Contardo Calligaris – Folha de S.Paulo, 16/08/2012

“Sou a favor da descriminalização do usuário, mas totalmente contra a liberação. Existem modelos muito específicos de liberação da droga e nenhum deles se aplica ao Brasil, um país de tamanho continental e que não tem como dar conta, na assistência médica, do número de pacientes que pode surgir. A pergunta que eu faço é: se liberar, como a gente faz com as crianças? Porque hoje não se consegue evitar a venda de álcool e tabaco para as crianças. A gente tem de discutir é se a venda de álcool e tabaco deve permanecer liberada no País.”
Jorge Jaber – O Estado de S.Paulo, 18/08/2012

“Interações entre pessoas de diferentes origens, como as que trabalham em áreas variadas mas relacionadas, ou as que trabalham em outros lugares, podem ser muito benéficas para promover a síntese e o desenvolvimento de novas ideias. Porém, mesmo com pensamentos criativos, ainda há um grande obstáculo a ultrapassar: nosso medo de correr ricos. As pessoas em geral preferem rotas seguras, mas a segurança não propicia novas soluções radicais. Afinal, ter ideias boas é fundamental, mas na maioria das vezes não basta. Abandonar uma solução satisfatória, segura, para buscar um novo conceito pode ser o maior desafio para tirar proveito do potencial criativo.”
Evangelia G. Chrysikou – MenteCérebro – agosto de 2012

“Existe uma espécie de complô que faz com que as mulheres não se sintam felizes com os seus próprios corpos. O número de revistas e livros de dietas cresceu exponencialmente desde os anos 80. Existe um mercado que vive dessa insatisfação feminina. Até médicos. Muitos lucram com promessas de milagre. É preciso entender que ser magra não tem nenhuma ligação com ser saudável. O que mede a saúde de alguém não é o peso. Mas a taxa de açúcar no sangue, a hereditariedade, uma série de fatores que não podem ser medidos pelo peso. Muitas vezes emagrecer pode ser tudo, menos saudável.”
Marle Alvarenga, diretora do Grupo Especializado em Nutrição e Transtornos Alimentares (Genta) – Revista TPM – agosto de 2012

“O ser humano, como ser de relações sociais, necessita do outro desde seu nascimento até a morte. O modo como o outro, o ambiente e as questões socioculturais influenciam o desenvolvimento do ser também influenciam a compreensão de si mesmo. Cada qual tem um modo único e especial de experimentar a vida, associando novas vivências com experiências passadas e aspectos cognitivo-afetivos. Ao nascer, o bebê depende de cuidados maternais, sem os quais não viveria. Aquele(a) que cuida torna-se uma espécie de espelho para a criança, que vai desenvolvendo seu processo de individuação por meio da interpretação do outro, compreendendo-se com um ser que faz parte do outro. Por intermédio dessa relação de cuidado, a criança vai construindo a si mesma, seu autoconceito, até apreender-se com um ser separado desse outro: único, com desejos e necessidades. O senso de valor próprio e competência, a avaliação pessoal que um indivíduo faz de si constituem a autoestima. Já a imagem interna ou a descrição interna que alguém tem de si mesmo é a autoimagem. A autoimagem é construída na interação indivíduo e meio ambiente. Portanto, o feedback positivo ou negativo dessas interações influencia a autoimagem. A autoestima possui um nível importante de contribuição na atitude das pessoas em relação à autoimagem, que engloba, entre outros, o conhecimento acerca dos papéis sociais desempenhados.”
Beatriz Acampora – Revista Psique – agosto de 2012

32ª semana de 2012

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“A leitura é crucial para a aprendizagem de todo ser humano, isso não é novidade. Mas a leitura essencial é a que fazemos em direção a nós mesmos, lendo nossas necessidades, aspirações, gostos, defeitos, angústias, qualidades e interesses.”
Marisa Eboli – O Estado de S.Paulo, 05/08/2012

“O sentimento de culpa mistura vergonha com arrependimento e supõe uma certa integridade moral de quem o tem. […] Ouvi dizer que a Igreja não considera mais a masturbação como pecado mortal. Numa festa do colégio jesuíta em que me formei, apresentei esta questão ao nosso antigo padre prefeito: “E aqueles que morreram em pecado antes da mudança da lei? Queimam no inferno assim mesmo?”. Ele, que não tinha cacife intelectual para uma resposta teológica, e pressionado pela gargalhada dos colegas, disse-me que eu já havia bebido vinho o bastante. Fato é que, como instrumento de dominação, a nossa espécie não inventou arma melhor.”
Francisco Daudt – Folha de S.Paulo, 07/08/2012

“De todos os alunos matriculados no 6.º ano do ensino fundamental das redes estaduais de Alagoas, Sergipe e Rio Grande do Norte, no ano passado, apenas a metade foi aprovada para a série seguinte. A outra parte foi reprovada ou abandonou a escola. Os dados – divulgados pelo Inep e tabulados para o jornal O Estado de S.Paulo pelo economista Ernesto Martins Faria, da Fundação Lemann – mostram como as primeiras séries de cada ciclo escolar são as que concentram os picos de reprovação e abandono. Considerando as 27 unidades da Federação, por exemplo, só 11 delas aprovam mais de 80% dos estudantes no 6.º ano (antiga 5.ª série). Uma situação que se agrava ainda mais no primeiro ano do ensino médio, quando nenhuma unidade da Federação atinge os 80% de aprovação. Nesse caso, além do alto índice de reprovação, cresce também o porcentual de alunos que abandonam os estudos. No Rio Grande do Norte, o índice dos que saíram da escola chegou a 29%. […] Um sinal claro de que a escola não está cumprindo o seu papel. “Em um bom sistema educacional, o índice de aprovação beira os 100%”, afirma Márcio da Costa, do grupo de pesquisas de sistemas educacionais da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). ‘Mas não adianta só decidir aprovar, é preciso verificar as causas da repetência e combatê-las’.”
Ocimara Balmant – O Estado de S.Paulo, 08/08/2012

“Para o hoje quase esquecido historiador holandês Johan Huizinga (1872-1945), a ideia de jogo é central para a civilização. Em seu ‘Homo Ludens’, o autor afirma que todas as atividades humanas, incluindo filosofia, guerra, arte, leis e linguagem, podem ser vistas como o resultado de um jogo, ou, para usarmos a terminologia técnica, ‘sub specie ludi’ (a título de brincadeira). […] Huizinga define jogo como ‘atividade ou ocupação voluntária executada dentro de certos limites fixos de tempo e espaço, de acordo com regras livremente aceitas, mas absolutamente restritivas, que tenha seu fim em si mesma e que se faça acompanhar de um sentimento de tensão, alegria e da consciência de que ela difere da vida ordinária’. Paradoxalmente, é porque não serve para nada que o esporte provoca tanto fascínio. Ele nos lança num mundo de brincadeira, tão afastado das agruras do dia a dia que não precisamos nem nos curvar aos imperativos da razão.”
Hélio Schwartsman – Folha de S.Paulo, 08/08/2012

“Esporte é ciência, treino, coração, arte e tecnologia. Tudo ao mesmo tempo. Por aqui ainda falta quase tudo: educação, saúde, moradia, investimento e planejamento. Como e por que vamos superar isso?”
Paula Cesarino Costa – Folha de S.Paulo, 09/08/2012

“É habitual que, na infância e na adolescência, um jovem sonhe com vitórias e aplausos, sem pensar nos esforços necessários para merecê-los. […] O problema é que os elogios incondicionais dos pais e dos adultos não produzem “autoconfiança”, mas dependência: os filhos se tornam cronicamente dependentes da aprovação dos pais e, mais tarde, dos outros. “Treinados” dessa forma, eles passam a vida se esforçando, não para alcançar o que desejam, mas para ganhar um aplauso.”
Contardo Calligaris – Folha de S.Paulo, 09/08/2012

31ª semana de 2012

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“São três as paixões humanas: a do amor, a do ódio e a da ignorância, que é a paixão do não saber, de negar a realidade.”
Betty Milan – O Estado de S.Paulo, 29/07/2012

“Vivemos em um ambiente cada vez mais cibernético e social, em que as fronteiras entre o físico e o digital e entre o pessoal e o coletivo se tornam cada vez mais difusas. Como nas outras interações virtualizadas, perde-se intensidade para ganhar abrangência.”
Luli Radfahrer – Folha de S.Paulo, 30/07/2012

“Na escola, sair-se bem é aprender – e não simplesmente alcançar boas notas. E aprender, caro leitor, é uma tarefa que a criança precisa realizar sem a ajuda dos pais. Com o estilo de vida que nós adotamos, cada vez mais uma enorme quantidade de pais acredita que precisa acompanhar os estudos do filho e até realiza isso de bom grado. Quer dizer, mais ou menos. No início, até que a coisa vai bem, mas logo a paciência acaba e a relação entre os pais e o filho fica conturbada. É que os pais cobram esforço, dedicação e lição correta. E não costuma ser isso o que os filhos produzem. Para muitos desses pais, a tarefa parental se resume a esse acompanhamento da vida escolar e à gestão da vida do filho. A função dos pais é bem maior do que isso: é acompanhar a vida do filho. A função dos pais é dar ao filho a oportunidade de ele próprio se responsabilizar por sua vida escolar. É estimular no filho a vontade de formular perguntas que envolvem o conhecimento, de dirigi-las aos pais e de ficar interessado nas respostas. É, também, dar ao filho a chance de ele saber que é capaz de enfrentar sua própria batalha sozinho e dar conta dela. Essas são coisas muito mais importantes para a criança do que ter a mãe ou o pai sempre presente nos trabalhos, nas provas etc. Os pais precisam se lembrar de o que filho já tem professores na escola, que é o local especializado no ensino. Em casa, a criança precisa é de pais, e não de professores particulares ou tutores.”
Rosely Sayão – Folha de S.Paulo, 31/07/2012

“O significado dos filmes está além deles. Interessa ver os conceitos que estão por baixo das cenas, a intenção por baixo da ação.”
Arnaldo Jabor – O Estado de S.Paulo, 31/07/2012

“Falar de si é bom, mas falar de si para os outros é melhor ainda. Não é à toa, portanto, que a liberdade de expressão pessoal e de opinião é altamente valorizada.”
Suzana Herculano-Houzel – Folha de S.Paulo, 31/07/2012

“O tempo é engraçado. O corpo fica mais lento, tudo cria nova intensidade. […] Sempre existe uma exposição meio ridícula quando falamos de nós mesmos.”
Cristovão Tezza – Folha de S.Paulo, 31/07/2012

“A crise atual é um momento privilegiado para se avançar na transição para novos modelos de governança, capazes de redirecionar os diversos capitais na criação de oportunidades de negócios e empregos que representam alternativas de desenvolvimento sustentável e sustentado.”
Frei Betto, Revista Caros Amigos – julho de 2012

“Se o País quiser melhorar o índice de leitura dos seus habitantes, é fundamental investir na capacitação do professor para esse fim. A pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, feita pelo Instituto Pró-Livro no ano passado, mostrou que os professores são os maiores influenciadores desse hábito. Entre as 5 mil pessoas ouvidas em todo o Brasil, 45% apontaram os mestres como tal. […] No Brasil, no entanto, muita gente ainda corre dos livros. O resultado da pesquisa mostrou que apenas 50% dos brasileiros são considerados leitores – segundo a metodologia, pessoas que leram pelo menos um livro nos três meses precedentes ao questionário da pesquisa. É um índice menor que os 55% registrados em 2007. Nesses quatro anos, o número de livros lidos por ano também caiu de 4,7 para 4. A queda pode ser entendida pela preferência das atividades de lazer. […] No Brasil, são os livros didáticos, lidos por obrigação, os campeões. […] A pesquisa mostrou que 75% da população não frequenta uma biblioteca. Dentre os que frequentam, a maioria (71%) considera o espaço um lugar para estudar; para 61% é um lugar para pesquisa; em seguida, aparece como um ambiente voltado para estudantes para 28% dos entrevistados; e, em quarto, com 17%, a biblioteca é apontada como um local para emprestar livros de literatura.”
Ocimara Balmant – O Estado de S.Paulo, 30/07/2012

“Carlos tem 18 anos e é estudante de arquitetura. Começou a fumar maconha há dois anos. Tentou parar três vezes e não conseguiu. Só de pensar em ficar sem seu ‘baseado’ diário, começa a se sentir ansioso e ‘um pouco’ fora de controle, disse. Assim como ele há cerca de 1,3 milhão de brasileiros dependentes de maconha de acordo com o 2º Levantamento Nacional de Álcool e Drogas. […] Os dados, divulgados ontem, trazem uma informação considerada preocupante pelos formuladores do trabalho: o número de jovens que admitiu consumir a droga. Em 2006, a cada adulto que consumia a droga havia também um jovem. Neste ano essa proporção foi de um adulto para 1,4 adolescentes. […] ‘Há pesquisas que mostram que um a cada dez jovens que consomem maconha terão, no futuro, transtornos psiquiátricos’, disse o psiquiatra Ronaldo Laranjeira.”
Afonso Benites – Folha de S.Paulo, 02/08/2012

“A massificação da arte e da informação seduz quem produz e consome peças, novelas, livros, jornais e filmes. As pesquisas de opinião dominam o comportamento, a moral, a política e o entretenimento. Cada vez mais, a balança para medir o valor de uma obra é a sua penetração no grande público e o retorno financeiro. É preciso reconhecer o valor de quem fura o bloqueio. […] O ser ou não ser de qualquer intelectual praticante é produzir algo que agrade a gregos e troianos, que instigue as cabeças pensantes, ao mesmo tempo que alcance as multidões. Esse, não há dúvida, é o milagre de Shakespeare, das tragédias gregas e de grande parte da música popular brasileira, mas não é todo dia que acontece. […] Existe uma condenação velada à erudição. A exaltação do popular é um posicionamento inatacável. Discordar dela, mesmo que parcialmente, é como discursar em favor da monarquia em meio à Revolução Francesa.”
Fernanda Torres – Folha de S.Paulo, 03/08/2012

30ª semana de 2012

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“Quem acredita que improviso é importante é músico de jazz. Executivo que improvisa o tempo todo vai ter problema. O Meu perfil é o seguinte: sou uma pessoa que trabalha em time sem abdicar da liderança. Em outras palavras: eu delego atividades, mas não delego a responsabilidade de liderar a empresa. Eu acho que ninguém constrói nada sem uma grande equipe, mas não abro mão de que essa equipe precisa ter uma direção e uma liderança adequada. Agora, eu não consigo trabalhar num ambiente que não seja alegre, light, num ambiente onde a cobrança existe, mas o ambiente não precisa ser mal humorado.”
José Luiz Rossi, da C. Braxis Capgemini, – O Estado de S.Paulo, 22/07/2012

“Igreja que mais cresce no Brasil e com a maior representação na bancada evangélica do Congresso Nacional, a Assembleia de Deus prepara a sua ofensiva para as eleições municipais. A expectativa da liderança deste grupo do movimento pentecostal é ter um vereador em cada uma das 5.565 cidades brasileiras. Para alcançar o resultado, a igreja aposta em números revelados no recém-divulgado Censo 2010. Dos 42 milhões evangélicos identificados pela pesquisa, 12 milhões são fiéis da Assembleia de Deus, que registrou um aumento de 4 milhões de pessoas em relação ao levantamento anterior do IBGE, de 2000. […] ‘Temos igrejas em 95% dos municípios e isso favorece a divulgação dos candidatos. Nosso projeto é ter um vereador em cada cidade do país’, revela o pastor Lélis Washington Marinhos, presidente do conselho político nacional da Convenção Geral das Igrejas Assembleia de Deus no Brasil (CGIADB).”
Denise Menchen – Folha de S.Paulo, 22/07/2012

“Uma paixão é a melhor coisa do mundo -para quem a está vivendo. Mas para as testemunhas desse sentimento inigualável, tema de inspiração dos poetas, o assunto é discutível. Por mais que se torça para que as pessoas de quem gostamos se apaixonem e sejam muito felizes, quando isso acontece, a tendência é guardar uma certa distância; com o tempo, essa distância vai ficando cada vez maior, pois quem está apaixonado se transforma em outra pessoa, e tão diferente que ninguém reconhece mais. […] As coisas acontecem naturalmente: os amigos se afastam, eles se afastam dos amigos e se tornam pessoas sem passado -e uma pessoa sem passado não é ninguém; aliás, não é nada. Ninguém pode abrir mão do seu, e olha que cada um de nós tem pelo menos uma coisa -ou várias- que preferia que não tivesse acontecido ou que pelo menos ninguém jamais soubesse. […] Ah, a paixão. É muito boa enquanto dura, mas impede que se viva qualquer outra coisa, a não ser ela mesma. Um dia -que me perdoem os que estão apaixonados- cansa. Cansa, não: exaure.”
Danuza Leão – Folha de S.Paulo, 22/07/2012

“Juventude batalhadora sabe que não se levanta um país na base do quebra-galho e do jogo de cintura. O futuro depende de esforços pessoais que se somam e começam a mudar pequenas coisas. É preciso fazer o que é correto, e não o que pega bem. Mudar os rumos exige, acima de tudo, a coragem de assumir mudanças pessoais. nova tendência tem raízes profundas. Os filhos da permissividade e do jeitinho sentem intensa necessidade de consistência profissional e de âncoras éticas. O Brasil do corporativismo, da impunidade do dinheiro e da força do sobrenome vai, aos poucos, abrindo espaço para a cultura do trabalho, da competência e do talento. O auê vai sendo substituído pela transpiração.”
Carlos Alberto Di Franco – O Estado de S.Paulo, 23/07/2012

“A comparação talvez soe esdrúxula, mas não é tão absurda assim: a Marcha para Jesus e a Parada Gay têm em comum a pretensão de afirmar a legitimidade e o poder de uma forma de vida (ou de culto) até então tida como minoritária. São manifestações politicamente equivalentes. A multidão é um sujeito político muito recente, que só entrou em cena a partir do crescimento das cidades e da ordem democrática. Multidões tomam as ruas para mostrar força e, graças a Deus, são diversas. Um dia são ecológicas. No outro, andam de bicicleta. Numa noite, é corintiana. Noutra noite, é Carnaval. Multidões também festejam o esquecimento e a antipolítica, como quando vão ouvir pagode e comprar rifa nos megashows de Primeiro de Maio – o mais despolitizado de todos os comícios.”
Eugênio Bucci – Revista Época – 23/07/2012

“Os dependentes em tecnologia têm sempre mil desculpas para defender o vício. Falo por experiência. Quando a gente fica cansado de olhares de censura, usa aparelho escondido ou procura outros dependentes para conviver sem repressão. Os profissionais vão dizer que precisam ficar noite e dia disponíveis. Hoje em dia, pega bem se intitular workaholic (viciado em trabalho) ou contar como vive com tão poucas horas de sono e tantas doses de café. Será que alguém fica mais inteligente ou criativo assim? Duvido. Cafeína é sabidamente um alcaloide que causa dependência. Quem precisa tomar café para raciocinar está apenas provando sua dependência. […] A grande maioria dos dependentes elogia todos os benefícios da vida on-line: fazer muitas coisas ao mesmo tempo, reduzir distâncias, ter acesso a mais informações, descobrir coisas novas, fazer mais contatos, expor-se para o mundo. […] Checar e rechecar a cada minuto e-mails, notícias e redes sociais pode ser algo angustiante e improdutivo. Vejo milhares de pessoas on-line, mas pouquíssimas pessoalmente. Tenho acesso à informação de toda a internet mundial, mas frequentemente não sei nem por onde começar, de tanta bobagem que me rouba o tempo. Posso me expressar livremente, mas sou obrigada a me deparar com comentários preconceituosos, mal informados e mal escritos de pessoas que nem conheço. O lado B da internet é imenso. Mas qual é a linha que separa o uso produtivo, divertido, enriquecedor da pura dependência, improdutiva, que traz sofrimento? O problema em ficar distraído ou simplesmente entretido na internet é a perda de tempo e a dificuldade de se aprofundar. O problema das mensagens curtas e rápidas é que nos consomem um tempo enorme e raramente são profundas. O problema do excesso de informação é nossa dificuldade em selecionar, processar e reter o que importa. Quem se preocupa com o futuro dos adolescentes hiperconectados de hoje teme a hipótese de que eles possam deixar de desenvolver capacidade de pensar com profundidade e possam perder o traquejo social na vida real, além de ficarem dependentes das funcionalidades de seus eletrônicos.”
Marion Strecker – Folha de S.Paulo, 26/07/2012

“Na madrugada do dia 20, em Aurora, Colorado, um tal James Holmes, 24, vestido à la Bane e armado de rifle, espingarda e duas pistolas, atirou na plateia que assistia à pré-estreia do filme. Ele matou 12 pessoas e feriu dezenas. Por sorte, a arma mais letal, o rifle, travou no meio da matança. […] James Holmes estava disfarçado de Bane e com os cabelos do Curinga. A moral dessa história é que os ‘ruins’ se vestem de Bane ou de Curinga: eles querem se destacar, mostrar ao mundo que eles são únicos e confirmar seu ‘glamour’ graças ao nosso olhar – admirativo ou apavorado, pouco importa, contanto que fiquemos vidrados neles.”
Contardo Calligaris – Folha de S.Paulo, 26/07/2012

“Acho que estamos condenados a vagar numa espécie de limbo, sem nunca entender por que esse é o nosso destino. Eu sempre tive a sensação de que, como seres humanos, estamos presos em nosso próprio pesadelo. A realidade é opressiva e desgastante, e estamos constantemente à procura de um meio de fuga, seja um livro, um evento esportivo ou um filme. Tendemos a querer estar em outro lugar. Para a maioria dos meus fãs, eu levo uma vida muito boa. É um engano que eu quero manter por tanto tempo quanto possível.”
Wood Allen, Revista Alfa – julho de 2012

29ª semana de 2012

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“Eu digo aos meus gestores: você já entende qual é o real problema do cliente? Não é o que ele diz ter, mal o real problema dele? […] Tem um outro ponto: durante esse desenvolvimento, um comportamento que eu tenho é escutar todo mundo, em todos os sentidos, e extrair o que tem de bom. Eu tenho prazer no que eu faço e gosto de contar. Eu fico energizado para contar, porque é essa paixão que faz o sucesso. O resto, é sua capacidade de direcionar o resto da equipe.”
Alysson Barros Paolinelli, 40, CEO da Aqces Logística – O Estado de S.Paulo, 15/07/2012

“A composição da força de trabalho mudou muito nos últimos anos. As equipes estão cada vez mais diversas, multidisciplinares, multiétnicas e jovens – impulsionadas pela inclusão da geração Y no mercado de trabalho. Para se manterem competitivas, empresas precisam aprender a unir culturas, línguas, origens e profissões, transformar tudo num conjunto integrado e ainda abrir espaço para a valorização do indivíduo. As organizações devem manter uma comunicação eficiente com essa força de trabalho diversa e, principalmente, promover a interação entre funcionários num ambiente colaborativo que estimula a inovação.”
Christiana C. Martins – O Estado de S.Paulo, 15/07/2012

“Ser feliz hoje é excluir o mundo em torno. Ser feliz é uma vivência pelo avesso, pelo “não”. Ser feliz é não ver, não pensar, é não se deixar impressionar pelas desgraças do País ou dos outros.”
Arnaldo Jabor – O Estado de S.Paulo, 17/07/2012

“Entre os estudantes do ensino superior, 38% não dominam habilidades básicas de leitura e escrita, segundo o Indicador de Alfabetismo Funcional (Inaf), divulgado pelo Instituto Paulo Montenegro (IPM) e pela ONG Ação Educativa. O indicador reflete o expressivo crescimento de universidades de baixa qualidade. […] Segundo dados do IBGE e da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), cerca de 30 milhões de estudantes ingressaram nos ensinos médio e superior entre 2000 e 2009. Para a diretora do IPM, o aumento foi bom, pois possibilitou a difusão da educação em vários estratos da sociedade. No entanto, a qualidade do ensino caiu por conta do crescimento acelerado. “Algumas universidades só pegam a nata e as outras se adaptaram ao público menos qualificado por uma questão de sobrevivência”, comenta. […] Entre as pessoas de 50 a 64 anos, o índice de analfabetismo funcional é ainda maior, atingindo 52%. Levando em conta os 60 milhões de brasileiros que deixaram de completar o ensino fundamental de acordo com dados do Censo 2010, a oferta de vagas em EJA não chega a 5% da necessidade nacional.”
Luis Carrasco – O Estado de S.Paulo, 17/07/2012

“A cada 4 pessoas ao redor do mundo, 3 possuem um celular, aponta um estudo do Banco Mundial, que será divulgado hoje. O número de aparelhos, que era de 700 milhões em 2000, multiplicou-se por mais de 8 e chegou a 5,9 bilhões em 2010. O aumento foi liderado pelos países emergentes. Em dez anos, nações como China e Brasil ampliaram sua participação de 29% do total para 71% – cerca de 5 bilhões.”
Folha de S.Paulo, 17/07/2012

“Mais do que excesso de hormônios, a neurociência já identificou na imaturidade do córtex órbito-frontal dos jovens – área cérebro responsável por cálculos de custo-benefício – uma das causas do excesso de decisões equivocadas nessa faixa etária. A imaturidade leva o jovem a não pensar nas consequências de longo prazo e a sobrevalorizar os ganhos de curto prazo.”
Bruno Paes Manso – O Estado de S.Paulo, 18/07/2012

“O último Censo do IBGE mostrou que 43 mil meninas menores de 14 anos vivem relacionamentos estáveis no Brasil. Como a prática é ilegal, a maioria vive em união consensual, sem registro. É o retrato de uma cultura atrasada que ainda sobrevive nos grotões de nosso país. Na maioria dos casos, fruto do esquecimento secular por parte dos governantes. […]Nos países pobres, mais de 30% das jovens se casam antes de completar 18 anos. Muitas meninas enfrentam pressões para terem filhos o mais rapidamente possível, engravidam e morrem de hemorragia. Os maridos não são fiéis e elas, com maior vulnerabilidade por causa da idade, frequentemente também sucumbem a DSTs. É uma realidade com nuances distintas. Na África ocidental, a fome empurra jovens para o casamento precoce. Pais casam suas filhas mais cedo em busca de dotes para ajudar as famílias a sobreviver. O Níger tem o mais alto índice de casamento infantil no mundo, com uma em cada duas jovens se casando antes dos 15 anos -algumas delas com apenas sete anos. As noivas meninas têm seu futuro comprometido e seus direitos básicos de brincar e estudar violados. Se tornam meninas sem presente e mulheres sem futuro.”
Marta Suplicy – Folha de S.Paulo, 21/07/2012

28ª semana de 2012

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“Não resta dúvida de que vivemos, atualmente, na era da busca da sustentabilidade. Se o termo sustentabilidade ainda não provocou nos indivíduos a reflexão necessária e urgente no tocante à preservação planetária, deve pelo menos ter plantado uma semente de preocupação em relação ao efeito devastador de qualquer descaso ambiental. […] Os profissionais devem buscar compreender as transformações globais, manter seus valores em sincronia com os da organização ou do seu negócio, fortalecer a sua rede de relacionamentos, adotar princípios éticos em sua conduta, valorizar o bom trato social e sua qualidade de vida. Devem, ainda, ter ações que contribuam para a conservação ambiental e, desta maneira, potencializar sua sustentabilidade profissional. Como podemos perceber o termo sustentabilidade vai além do modismo, trata-se de uma necessidade emergencial. De acordo com Leonardo Boff, não existe sustentabilidade sem o cuidado. Assim, cuide do seu convívio social, do seu bem-estar, da sua carreira, do seu planeta. Dê um olhar de delicadeza a todas estas esferas da sua vida.”
Ruth Duarte – O Estado de S.Paulo, 08/07/2012

“A antropóloga Diana Nogueira, da Universidade Estadual do Rio de Janeiro, faz um paralelo com pessoas que querem perder peso e vão migrando de médico em médico. ‘A religião fortalece e ajuda as pessoas, mas não resolve muitos dos desafios que uma vida de periferia urbana lhes impõe. Com isso, algumas dessas pessoas vão de igreja em igreja, buscando soluções’, diz Diana.”
O Estado de S.Paulo, 08/07/2012

“A febre de plásticas tem motivo. A juventude é valorizada, a velhice não. Ninguém quer ser tratado como vovô. É bom se sentir charmoso. É chato estar distante do padrão estético: barriga zero, gordura zero, rugas zero, juízo abaixo de zero. As pessoas esticam o rosto para rejuvenescer. Que engano! A esticada de 50 não parece uma garota de 20. E sim o que é: uma esticada madura. Quanto mais vezes alguém se estica, mais esquisito se torna. Todas as plastificadas e todos os plastificados parecem clones, de boca puxada, olhos esbugalhados. E os incômodos? Eu digo, eu digo! Desde que puxei o queixo, faço barba atrás da orelha! Quanto mais plásticas, menos a identidade. Cadê a pessoa estava ali? É o pior da plástica repetida: a pessoa se torna uma caricatura de si mesma.”
Walcyr Carrasco – Revista Época, 09/07/2012

“Nicholas Carr, formado em Harvard e autor de livros de tecnologia e administração, a dependência da troca de informações pela internet está empobrecendo nossa cultura. Segundo Carr, o uso exagerado da internet está reduzindo nossa capacidade de pensar com profundidade: ‘Você fica pulando de um site para o outro. Recebe várias mensagens ao mesmo tempo. É chamado pelo Twitter, pelo Facebook ou pelo Messenger. Isso desenvolve um novo tipo de intelecto, mais adaptado a lidar com as múltiplas funções simultâneas, mas que está perdendo a capacidade de se concentrar, ler atentamente ou pensar com profundidade’. A nova geração de adolescentes tem mais acesso à informação do que qualquer outra antes dela. Mas isso não se reflete num ganho cultural. Os índices de leitura e de compreensão de texto vêm caindo desde o início dos anos 1990. A conclusão é de que, apesar do maior acesso às novas tecnologias, não se vê um ganho expressivo em termos de apreensão de conhecimento. A internet é uma magnífica ferramenta. Mas não deve perder o seu caráter instrumental. O excesso de internet termina em compulsão, um tipo de dependência que já começa a preocupar os especialistas em saúde mental. Usemos a internet, mas tenhamos moderação. Ler é preciso. Jovens, e adultos, precisam investir em leitura e reflexão. Só assim, com discernimento e liberdade, se capacitam para conduzir a aventura da própria vida.”
Carlos Alberto Di Franco – O Estado de S.Paulo, 09/07/2012

“Entre adultos, há uma falsa impressão de que a leitura infantil deveria ser simples e representar coisas próximas às crianças. Essa visão é equivocada e tem a ver com preconceitos e versões simplistas de teorias psicopedagógicas. O professor não pode agir assim. Ele precisa saber quem são seus leitores e pensar em didáticas mais profundas e flexíveis, em vez de simplesmente ignorar o tipo de leitura que, previamente, ele pode considerar inadequada. Qualquer coisa é adequada. Desde que se considere o leitor como poderoso, potente. Não se pode esquecer, nunca, que a valorização dos leitores passa por colocar à disposição deles textos desafiantes, que comovem e colocam para funcionar a inteligência e o coração ao mesmo tempo. Quando se faz isso, fica clara a constatação: as crianças são ávidas leitoras de mundos estranhos, distantes e metafóricos, e se sentem muito agradecidas quando os adultos as tratam como gente que pode, que consegue. Todo pai e todo professor deveria ter isso em mente.”
Cecilia Bonjur – O Estado de S.Paulo, 09/07/2012

“A maternidade pode ser uma ambição, mas não uma aspiração exclusiva. O que choca é a mãe se tornar uma serviçal da cria. Uma coisa é valorizar os laços afetivos, outras é ser escrava deles.”
Rosiska Darcy de Oliveira, Revista Claudia – julho/2012

“Se eu tivesse direito a um pedido, seria viver o suficiente para chegar ao ponto em que você conhece a si mesmo. Será que isso é possível? Bem, não é e nem será, mas é preciso manter um senso de maravilhar-se.”
Dustin Hoffman, ator, Revista Lola – julho/2012

“Decidi tirar uma semana de férias e tomei coragem de me desconectar totalmente. Sofri de um certo ‘estresse pré-férias’. […] Confesso que sofri no início de uma espécie de síndrome de abstinência profissional. Bateu uma certa ansiedade para saber o que estava acontecendo e involuntariamente talvez uma ponta de medo da desconexão do trabalho –mesmo que por curto período de tempo. Mas, no fim, percebi que é preciso um pouco de ócio para poder seguir adiante no nosso louco mundo digital. Consegui refletir sobre muitas coisas em que não consigo pensar quando estou superatribulado. Como disse há algumas semanas o colunista Tim Kreider, do “New York Times”: estar ocupado virou uma espécie de síndrome do século 21, na qual as pessoas ficam ansiosas quando não estão trabalhando. E essa “presente histeria”, como define, não é uma condição de vida ou algo inevitável. Nós escolhemos viver assim.”
Alexandre Hohagen – Folha de S.Paulo, 12/07/2012

“Pensar na minha caixa de entrada de e-mails me deixa triste. Somente este mês, recebi mais de 6 mil e-mails. Isso sem falar nos spams, notificações ou promoções diárias. Com todas essas mensagens, não tenho a menor vontade de responder nem mesmo a uma fração delas. Fico imaginando a lápide sobre meu túmulo: Aqui jaz Nick Bilton, que respondia a milhares de e-mails por mês. Descanse em paz. Não que eu seja uma figura tão popular. No ano passado, a Royal Pingdom, que monitora o uso da internet, informou que, em 2010, foram enviados 107 trilhões de mensagens eletrônicas. Segundo um relatório divulgado este ano, em 2011 havia 3,1 bilhões de contas de e-mails ativas no mundo.”
Nick Bilton – O Estado de S.Paulo, 12/07/2012

27ª semana de 2012

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“Hoje, na maior parte dos casos, em particular nas sociedades mais abastadas, os homens parecem mais escravos das coisas do que seus beneficiários. O caráter contraditório do crédito não é estranho a essa sociedade na qual, a depender do ângulo em que se olha, tudo parece de cabeça para baixo.”
Leda Maria Paulani – O Estado de S.Paulo, 01/07/2012

“A segurança não deveria ser ‘o mais importante’ – não em detrimento da liberdade, da aventura e do desconhecido. Não é porque existem cada vez mais ferramentas para controlar as pessoas que as autoridades devam usá-las. Não é porque acidentes acontecem que a vida deva ser vivida como se eles fossem sempre iminentes. […] Estamos criando conformistas mimados, inclinados a verem perigo por todos os lados. Recentemente, me chamaram para uma palestra em uma escola. Eu disse: ‘Deixem seus desejos respirarem. Observem com paciência. Ouçam através dos silêncios. Olhem além da próxima esquina. Confiem no alvoroço da intuição. Escutem o murmúrio do universo. Liberem a sua imaginação. Sigam a bússola do seu coração, esse grande demolidor da sabedoria convencional, rumo ao desconhecido’.”
Roger Cohen – Folha de S.Paulo, 02/07/2012

“No Reino Unido, um levantamento com base em 5.000 petições de divórcio, feito por uma empresa, constatou que a palavra ‘Facebook’ aparecia em 33% dos processos movidos em 2011 por “conduta inapropriada” do parceiro. Para Fonseca, a internet inflacionou o número de traições e diversificou as modalidades: ‘Adultério antigamente dava o maior trabalho. Era só o telefone fixo no meio da sala de casa. Hoje tem celular e gente conversando com o amante no chat enquanto o parceiro oficial está bem ao lado’.”
Juliana Cunha – Folha de S.Paulo, 03/07/2012

“O aumento dos rompimentos, no entanto, não pode ser atribuído apenas às facilidades legais. ‘Muitos fatores demográficos contribuem para que haja mais divórcio: o aumento da renda feminina e da escolaridade, a queda no número de filhos’, diz José Eustaquio Alves, professor da Escola Nacional de Ciências Estatísticas, do IBGE. Em dez anos, a taxa de divórcios no Brasil quase dobrou, de 1,7% a 3,1%. ‘Parece pouco, mas em demografia é uma taxa muito expressiva, indica transição no perfil da população’, diz Alves.”
Folha de S.Paulo, 03/07/2012

“Busco coisas em que as pessoas se equivalem. Situações nas quais todo mundo se encontra. A risada é uma delas. Assim como o sexo, a morte e o amor. Uma pessoa apaixonada é sempre uma pessoa apaixonada. Com 12 anos ou 95, na favela, no convés de um iate. E o riso também. A graça da arte se dá nesses temas que diminuem as diferenças.”
Marisa Orth, atriz – O Estado de S.Paulo, 03/07/2012

“Aos poucos, contudo, fui chegando à constatação óbvia de que todo perfil de rede social é um retrato ideal de nós mesmos. Se ponho um link para um filme do Woody Allen, se cito uma frase de Nietzsche; mesmo quando posto uma foto de um churrasco, não estou eu, também, editando-me? Tentando pegar esse aglomerado de defeitos, qualidades, ansiedades, desejos e frustrações e emoldurá-lo de modo a valorizar o quadro -engraçado, profundo, hedonista?”
Antonio Prata – Folha de S.Paulo, 04/07/2012

“O que diferencia o empreendedor dos outros é a atitude diante da vida. Pense num compositor de música. As palavras estão à disposição de todo mundo, mas Chico Buarque faz poesia com elas. Os sons também estão disponíveis, mas tem gente que os transforma em música. As pessoas, os espaços, as tecnologias estão ao alcance de todos, mas só alguns conseguem ver oportunidades de negócios. Esses são os empreendedores.”
William Ling – O Estado de S.Paulo, 05/07/2012

“A lógica econômica tem prevalecido sobre a dinâmica puramente religiosa. A teologia da prosperidade tem atendido melhor as expectativas de consumo e os interesses egoísticos das diferentes camadas sociais. Como disse o sociólogo Flávio Pierucci em artigo póstumo, a sociedade não precisa mais de um Deus transcendente quando os indivíduos pagam pelos serviços prestados em nome dele e transformam os bens tangíveis em ideal divino. Atualmente, o que se considera sagrado é o consumo. O crescimento das correntes evangélicas pentecostais no país tem sido compatível com o fato de que o sagrado está cada vez mais comercializado e dessacralizado. É o Brasil cada vez mais desencantado.”
José Eustáquio Diniz Alves – Folha de S.Paulo, 06/07/2012

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