Contando os dias

09 de novembro de 2010

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“De acordo com o documento n.º 63 do Observatório Universitário, menos de 30% dos brasileiros graduados em um curso superior em comunicação trabalham na área em que se formaram.

Esse mesmo percentual é de 33% para os engenheiros e de cerca de 50% para advogados, administradores e pedagogos.

Muitos educadores atribuem os números acima em parte à visão de que a educação superior existe apenas ou principalmente para oferecer formação profissional específica. Essa visão atrasada é a mãe da exigência da escolha a que nossos jovens se veem obrigados assim que chegam ao ensino médio e começam a pensar no vestibular.
Não é surpreendente que, mais tarde, muitos busquem atividades em áreas distintas daquelas em que se formaram. Há alguns anos, contudo, surgiu uma nova abordagem pedagógica para essas questões.

São os chamados bacharelados interdisciplinares (BIs), iniciados na Universidade Federal do ABC e hoje oferecidos em diversas universidades, entre elas na Universidade Federal de São Paulo, que oferecerá um BI em ciência e tecnologia a partir de 2011.

Focados em uma grande área do conhecimento, os BIs se propõem a ensinar os fundamentos de várias áreas do saber, relacionando-as entre si. O bacharel em ciência e tecnologia terá sólidos conhecimentos nas ciências básicas, aliados a uma formação humanística.
Um valor fundamental dos BIs é que, neles, o aluno é responsável pela escolha de 50% da sua grade curricular, adquirindo na universidade o hábito da busca pelo conhecimento e conquistando uma autonomia que deverá usar ao longo de toda a vida.
A capacidade de adquirir conhecimento novo com autonomia, aliás, parece ser a chave da habilitação profissional no século 21, e esse é o propósito dos BIs.”

Helio Waldman e Armando Zeferino Milioni, Folha de S.Paulo, 09/11/2010

 

“A internet – e o Twitter em particular- está dando publicidade a comportamentos que só tinham vigência no âmbito da vida pessoal de cada um. Assim como muitos expõem sua vida privada à visitação coletiva sem nenhum receio do ridículo, vários preconceitos também estão se tornando visíveis nas redes sociais.
Talvez seja positivo que as barbaridades que as pessoas dizem no escritório, no clube ou no bar, só entre amigos, possam agora ser objeto de discussão pública, mesmo que isso possa nos virar o estômago ou levar à conclusão de que, definitivamente, o inferno são os outros.”

Fernando de Barros e Silva, Folha de S.Paulo, 09/11/2010 

08 de novembro de 2010

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“Menos de 14% dos cargos de diretoria das 500 maiores empresas do Brasil são ocupados por mulheres, de acordo com pesquisa realizada pelo Instituto Ethos e pelo Ibope Inteligência, em parceria com a Fundação Getulio Vargas de São Paulo e outras instituições.”

Maria Cristina Frias, Folha de S.Paulo, 08/11/2010

 

“Nos acostumamos à guerra, mas vamos sendo minados por ela.”

Mahamat-Saleh Haroun, cineasta africano (República do Chade), Folha de S.Paulo, 08/11/2010

 

“O ‘Tea Party’ representa um grito histérico de “não se metam em minha vida”. A histeria de Obama criou a histeria do ‘Tea Party’.”

Luiz Felipe Pondé, Folha de S.Paulo, 08/11/2010

07 de novembro de 2010

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“A luta por sobreviver, ganhar dinheiro todos os dias, faz com que os pais não possam se ocupar da educação, do lazer. Um tipo de problema comum nessas famílias é a dificuldade de se divertir junto. Quando as pessoas têm de se ocupar em sobreviver, pensam que não podem se dedicar ao lúdico. E muitos problemas vêm daí. Mas podem. Além disso, há falta de perspectiva de futuro. O resultado de tudo é que a família não sabe para que está junta.”

Alberto Eiguer, psicanalista francês, O Estado de S.Paulo, 07/11/2010

 

“As emissões de gases-estufa provenientes dos resíduos sólidos aumentaram 58% no Estado de São Paulo entre 1990 e 2008. No primeiro ano avaliado, o setor lançou para a atmosfera 5,8 milhões de toneladas desses gases, que provocam o aquecimento global. Após 18 anos o número passou para 9,2 milhões de toneladas. […]

O estudo faz o cálculo também das emissões decorrentes do lixo por habitante: passaram de 205 quilos de gases-estufa em 1990 para 234 quilos em 2008 – em crescimento de 14%.”

Afra Balazina, O Estado de S.Paulo, 07/11/2010

 

“Nossa causa é a construção de um país competitivo internacionalmente e capaz de manter um crescimento que se traduza em melhoria de qualidade de vida para a população, com o fim dos desníveis sociais. O tamanho de nossos sonhos e de nossas aspirações deve ser a medida de nosso engajamento e de nossa disposição de trilhar o caminho certo.”

Emílio Odebrecht, Folha de S.Paulo, 07/11/2010

 

“Refletir sobre a tolerância que temos com pequenos delitos, desde jogar o lixo nas ruas, passar pelo acostamento, até a compra de produtos pirata, ou a busca do “atalho” na obtenção da carteira de habilitação, que são encarados como se mal maior não causassem.
Recordo-me de um diálogo que mantive há anos sobre a sonegação praticada por alguém. Essa pessoa se dizia revoltada com relatos de desvios de recursos públicos e por causa disso decidira que o natural seria evitar pagar seus impostos.
Respondi dizendo que, de fato, desviar dinheiro dos cofres públicos era condenável, mas não pagar os impostos e assim deixar de colocar a sua parte no cofre público é também condenável e com o mesmo impacto econômico. Não é isso?
O que quero reforçar é que precisamos praticar a cidadania no dia a dia. Em outras palavras, precisamos cumprir com os nossos deveres, para nos qualificarmos, inclusive em termos morais, a fim de fazermos as cobranças que sonhamos. É só isso, mas é tudo isso!”

Fábio Colletti Barbosa, Folha de S.Paulo, 07/11/2010

06 de novembro de 2010

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“Conviver com as diferenças e aceitar a diversidade é uma obrigação cívica. Sociedades como a brasileira, ao contrário da lenda, são atrasadas e pouco propensas à tolerância. O desenvolvimento do país explicita esse traço.

“Não é por acaso a xenofobia palpável em São Paulo nos comentários sobre coreanos, bolivianos e outros imigrantes dedicados ao comércio ou trabalhos braçais. A cidade, em certos círculos, virou um poço de intransigência. O estranhamento piorará com a ascensão de milhões à classe média.”

Fernando Rodrigues, Folha de S.Paulo, 06/11/2010

 

“Todo domingo de manhã, cerca de 600 mil americanos ligam o rádio para ouvir uma mulher de 49 anos, voz suave e acolhedora, entrevistar cientistas, filósofos e pesquisadores de diversas áreas sobre espiritualidade. Ouvem uma conversa informal. Não há debates acalorados, muito menos pregações com tom messiânico ou fundamentalista – comuns em setores religiosos da mídia americana. O que ela tenta é buscar respostas para questões como: o que significa sermos humanos? O que é o amor? Qual é nosso papel no mundo? Como a religiosidade e a espiritualidade podem nos ajudar no dia a dia? O programa Being (algo como Existindo) e é transmitido por 240 emissoras, além do podcast na internet, que registra 1,3 milhão de downloads por mês. A apresentadora se chama Krista Tippett e se torna cada vez mais popular no país. Recentemente, o jornal The New York Times a classificou como um fenômeno. ‘Religião é um assunto delicado, que nos permite entrar no cerne da identidade de uma pessoa. […] Vivemos uma época em que as coisas são muito fluidas. Isso nos leva a nos questionar o que significa sermos humanos. Estamos redescobrindo a espiritualidade e a religiosidade. Não como uma reação ou fuga da complexidade de nossos tempos, mas como uma forma de lidarmos melhor com essas questões’, diz Krista.”

Humberto Maia Junior, Revista Época, 08/11/2010

05 de novembro de 2010

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“O Brasil é um dos dez países mais ricos do mundo, mas está em 73° lugar no IDH, entre 169 países. E o calcanhar de aquiles é justamente a educação”.

Eliane Cantanhêde, Folha de S.Paulo, 05/11/2010

 

“O Brasil foi o país que mais avançou no ranking do índice de Desenvolvimento Humano (IDH) preparado pelo Programa das Nações Unidas. Foram quatro posições a mais em comparação ao ano passado. Com isso, o Brasil passa a ocupar a 73ª colocação, de um total de 169 países – desempenho suficiente para que ele integre o grupo de nações consideradas de desenvolvimento humano elevado. […] Ao longo da década, o Brasil teve um crescimento médio anual de 0,73% n IDH. Um ritmo considerado muito bom. Mas entre grupo de países de alto desenvolvimento humano há exemplos de velocidade maior. Casaquistão, por exemplo, cresceu 1,51% e Azerbaijão, 1,77%. A Romênia, em 2005, dividia com Brasil a mesma colocação. Agora ela está 22 à frente.”

Lígia Formenti, Estado de S.Paulo, 05/11/2010

 

“Apesar dos avanços mostrados pelo IDH, a educação brasileira ainda apresenta problemas estruturais graves, que, segundo especialistas, não devem ser resolvidos a curto prazo. Embora o País tenha praticamente universalizado a oferta de ensino fundamental, itens com a educação infantil, a evasão do ensino médio e a qualidade da aprendizagem persistem como alguns dos maiores gargalos do sistema. […] ‘A educação é um fator limitante do desenvolvimento’, afirma Daniel Cara, coordenador da Campanha Nacional pelo Direito à Educação. ‘É claro que o País melhorou, mas esses avanços ainda não são suficientes para as nossas necessidades’. Para Mozart Neves Ramos, do movimento Todos Pela Educação, a obrigatoriedade do ensino dos 4 aos 17 anos, recém-aprovada pelo governo federal, vai ajudar o País a avançar mais’.”

Mariana Mandelli, Estado de S.Paulo, 05/11/2010

 

“A escolha de mulheres para exercer um cargo político ainda é exceção no Brasil. Apesar da vitória de Dilma Rousseff nas eleições presidenciais, o País exibe um baixo porcentual de políticas com mandato. Das vagas existentes, apenas 9,4% são ocupadas pelo grupo feminino. Um índice bem inferior ao apresentado pela vizinha Argentina, com 39,8%, mostra o Relatório de Desenvolvimento Humano preparado pelas Nações Unidas. […] Taxa de mortalidade materna e fertilidade na adolescência são os que mais pesam para a queda de classificação no Brasil. Os índices mostram que 110 mulheres a cada 100 mil nascidos vivos morrem em decorrência de complicações do parto. Um índice 18 vezes maior do que o primeiro colocado no índice de Desigualdade de Gênero, Países Baixos: 6 mortes. A diferença se repete nas taxas de fertilidade entre adolescentes. A cada 100m mil mulheres com idade entre 15 e 19 anos, 75,6 engravidam no Brasil. Número 19,8 vezes maior do que o registrado nos Países Baixos: 3,8.”

Thiago Décimo, Estado de S.Paulo, 05/11/2010

 

“Já participei de várias celebrações com pastores. Não queremos agradar para conquistar, mas expor nossos pontos de vista. É trabalho de entendimento, mas não com todos os protestantes. Esses donos de TV e rádio atacam a igreja. Não vou atacar porque fui atacado. A questão não é o número de fiéis, mas viver em Deus.”

Dom Eugenio Sales, 90, cardeal, Folha de S.Paulo, 05/11/2010

04 de novembro de 2010

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“Metade dos adolescentes que se recuperam de depressão tem uma recaída até cincos anos depois, não importando qual tenha sido o tratamento recebido. O dado é de um estudo publicado na revista ‘Archives of General Psychiatry’. A pesquisa mostra também que as meninas têm mais risco do que os meninos de sofrer um segundo caso de depressão. Isso surpreendeu os pesquisadores porque, na idade adulta, as mulheres não têm uma taxa de recaída maior do que a dos homens.
A nova pesquisa foi feita com 200 adolescentes de 12 a 17 anos que receberam antidepressivo (fluoxetina), terapia cognitivo-comportamental, ambos ou uma pílula placebo, por 12 semanas.

Os pesquisadores já sabiam que os adolescentes que tomassem antidepressivo e fizessem terapia ao mesmo tempo se recuperariam mais rápido de sua primeira depressão. Por isso, esperava-se que eles teriam menos risco de sofrer uma recaída.
Não foi o que aconteceu. […]

David Brent, professor de psiquiatria na Universidade de Pittsburgh, afirma que o estudo mostra a necessidade de um cuidado após o tratamento, para prevenir a volta do problema.”

Pam Belluck, do “The New York Times”, Folha de S.Paulo, 04/11/2010

 

“O Brasil é um Estado laico, sim, mas é (ou pretende ser) acima de tudo um Estado democrático, que abriga e protege todos os cultos e formas de pensamento.”

Carlos Heitor Cony, Folha de S.Paulo, 04/11/2010

03 de novembro de 2010

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“A mão de obra tornou-se transitória como nunca num sistema de produção marcado pela extrema tecnologia. A velha “ética” do trabalhador, tanto na relação com seus colegas quanto com o resultado de seus esforços, pulverizou-se no que, com certa visão moralizante, gosta-se de denominar o “hiperindividualismo” contemporâneo.
O “hiperindividualismo” existe, antes de tudo, porque o próprio trabalho deixou de ser algo coletivo e perdeu o pouco sentido que antes possuía. Como exigir “motivação” de quem não passa de um apertador de botões e passador de cartões de crédito? […]

Por trás de tudo, está o fato de que o trabalho se autoinventa; criam-se funções e projetos para justificar o que nunca teve tão pouco sentido; o desemprego, ou na melhor das hipóteses, o trabalho temporário, é o pesadelo do qual todos, gerentes ou não gerentes, gostariam de acordar.”

Marcelo Coelho, Folha de S.Paulo, 03/11/2010

 

“Quando se olha no espelho, o brasileiro só vê bondade: honesto, ele valoriza a família e as amizades; tem esperança e paciência; é alegre e justo. Quando olha para o lado, enxerga um país tomado por corrupção, pobreza, violência, burocracia e outros males. Entre um extremos e outro, o brasileiro espera o dia em que esta nação imperfeita seja tomada pela paz e pela justiça social, onde haja respeito às pessoas e boas condições de vida para todos. Esse é o quadro que emerge da pesquisa Valores Brasil 2010, feita pela Marcondes Consultoria, aplicada pelo Datafolha e publicada com exclusividade por ÉPOCA.”

Celso Masson, Rodrigo Turrer e Humberto Maia Juior, Revista Época, 01 de novembro de 2010

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