SUMÁRIO

Edição 327
Novembro-Dezembro 2010

Os adultos e os jovens de hoje não conhecem a recente história dos horrores do antissemitismo e da Segunda Guerra Mundial. Os que dela participaram como causadores, vítimas ou expectadores, quase todos já morreram. Esse é o motivo da matéria de capa desta edição.

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Colunas — Ponto final

Novembro-Dezembro 2010
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O veterinário

Rubem AmoreseQuando pequeno, eu sonhava em ser tratado por um veterinário -- um médico muito especial, que consegue descobrir e curar as doenças dos animais sem que eles falem uma só palavra. Que descobre sozinho o que há de errado com o paciente. Ah, que sonho! Eu tinha consciência da dificuldade em dizer o que havia de errado comigo. Mesmo para meus pais. Sabia apenas que havia coisas doentes e doendo. Porém, como explicá-las? Com que palavras? Como fazer isso se meu vocabulário era o de um menino de oito anos? Era melhor subir numa árvore bem alta e ficar por lá. Ou nadar para minha Ilha [...]

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Opinião do leitor

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Eduardo

P - RN

A cabeça de uma criança é um mistério. Até pensei que o autor ia, em algum ponto ou momento, trocar o 'veterinário' por um 'pediatra neonatal'. Mas o sonho com a imaginação fundiu-se na figura do veterinário. Quais seriam as razões em antever um desses no lugar de um afável senhor especialmente em crianças que nem balbuciam, de modo a sentir e ouvir as angústias do Amorese de oito anos, à época. Vai entender a mente de uma criança! Pensando bem, o mundo animal deve mesmo exercer um fascínio. A besta de Balaão fala, na estrebaria o mundo agro pastoril berra, bale, muge; serve de animal de carga para uma fuga espetacular rumo ao Egito e de montaria para uma entrada triunfal em Jerusalém ao que vem em nome de Davi! Agora, novidade mesmo é essa 'ordem sacerdotal veterinária' na reconciliação. É novidade mesmo. Vivemos tempos eco-teológicos? Lembrei-me da cozinha de Ruben Alves. Teriam os anjos dito um sonoro amém numa linguagem humana, ou optaram por outro som mais agro-pastoril?

Postado em 14/12/2010 às 19:03:45

Itamar Batista

Belo Horizonte - MG

O mundo descomplicado de uma criança é construído/demonstrado com linguagem simbólica. A dor se comunica com o silêncio e com a forma pacata de fugir do espaço lúdico: criança doente deixa de brincar. Quando doente a criança simplesmente se entristece e foge do mundo da brincadeira. Na linguagem de sentimento (tristeza), ela expressa objetivamente o que não pode ser comunicado em linguagem verbal gramaticalmente estruturada. No ideário de uma criança, o veterinário representa a figura do "herói". Para este você não comunica sua necessidade, mas "espera" dele a solução para um problema considerado inequacionável. Acho que o Amorese fala disso: a complexidade da doença/dor deve ser descomplicada por alguém que satisfaz o arquétipo de salvador implacável: o herói/veterinário. Este não é o que demonstra poderes especiais, mas simplesmente o que aponta a direção para uma vida que se processa desnorteada no mundo 'surdo' e 'mudo' da dor. Reflexão inteligente. Parabéns! Discordo do Edu N/RN!!

Postado em 08/03/2011 às 10:52:08

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