Opinião
- 22 de agosto de 2017
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Uma pintura que ensina
Por Martin Weingaertner
Lembro muito bem do impacto que esta pintura de Lucas Cranach, o mais velho (* 1472 † 1553), causou em mim ao contemplá-la na “Igreja da Cidade” de Wittenberg há 44 anos. Ela foi feita no atelier do pintor em 1546/47, depois da morte de Lutero, talvez com a colaboração do seu filho também chamado Lucas¹.
Especialmente o quadro na base do altar cativou-me por me fazer perceber o que importa no ensino do evangelho! Diante da minha escrivaninha há, desde então, uma cópia dele a lembrar e advertir-me. No preparo de cada sermão desafia-me a pôr de lado minhas ideias, teorias e dúvidas e buscar o que Deus revelou.
Ninguém pode colocar outro fundamento
No quadro na base da pintura o pintor sintetiza a essência do culto a Deus: No seu centro está Jesus Cristo, não o da nossa imaginação, mas o testemunhado pela Bíblia! Aquele que morreu por nossos pecados e foi ressuscitado gloriosamente por Deus. A hábil conexão entre cruz e ressurreição expressa pelo lençol esvoaçante impressiona.
À volta de Cristo há apenas a parede vazia, sem qualquer enfeite a desviar nossa atenção. Assim a pintura destaca que “somente Cristo” é a boa nova de Deus a ser anunciada no ensino e acolhida pelos ouvintes. Não há outro assunto ou pessoa a competir com ele. O testemunho bíblico da salvação não admite nenhum “e”: não é “Jesus e Maria”, nem “Jesus e o sábado”, muito menos “Jesus e eu” ou “eu e Jesus”. Ao contemplar o quadro entendemos o que o apóstolo afirma: “Porque ninguém pode colocar outro alicerce além do que já está posto, que é Jesus Cristo” (1Co 3.11).
A fé vem pelo ouvir da pregação
Esta mensagem central é ladeada, de um lado, pelo pregador no púlpito e, do outro, pelos ouvintes, indicando como chegamos a crer nesta boa notícia. Paulo explica: “… a fé vem por se ouvir a mensagem, e a mensagem é ouvida mediante a palavra de Cristo” (Rm 10.17).
O pregador retratado é Lutero. Mas não é sua pessoa que importa e, sim, os seus gestos: com uma mão aponta para a Bíblia aberta e, com a outra para Cristo, num gesto de juramento. O pintor resume bem a tarefa do mensageiro: sua fonte é somente a Escritura que ele anuncia “sob juramento”, sendo fiel ao testemunho dos profetas e apóstolos. Não lhe acrescenta nenhum “eu acho” ou “talvez”. Nas Cartas aos Coríntios, Paulo nos exemplifica como esta fidelidade não lhe permite evitar assuntos espinhentos: “Ao contrário de muitos, não negociamos a palavra de Deus visando lucro; antes, em Cristo falamos diante de Deus com sinceridade, como homens enviados por Deus” (2Co 2.17).
Do lado oposto estão os que ouvem a palavra. Observe que eles não encaram o pregador, mas olham para Cristo e sua obra. Isto significa que a igreja precisa distinguir entre o Senhor e seu mensageiro! Ela não venera o pastor, mas avalia sua mensagem. Confere na Bíblia se ela aponta para Cristo. Lutero traduziu a Bíblia justamente para que os cristãos do seu tempo também pudessem receber “a mensagem com grande interesse, examinando todos os dias as Escrituras, para ver se tudo era assim mesmo” (At 17.11). Há mais um detalhe na cena dos ouvintes: duas pessoas olham para o pintor. Ele nos lembra que podemos estar num culto sem perceber a presença de Cristo!
A Palavra de Deus tornou-se pessoa em Jesus Cristo que morreu e ressuscitou (Jo 1) e é anunciada por mensageiros e acolhida pelos ouvintes. Este alicerce da fé perfaz adoração de Deus: tudo o que anunciamos, cantamos e oramos no culto deve expressá-lo. Assim este quadro do altar retrata que o evangelho chega a nós como palavra audível. Os três quadros sobrepostos a ele retratam a mesma palavra sendo sentida na pele pela água do batismo, degustada no pão e vinho da ceia e acolhida na consciência pela confissão.
Sentindo a morte na própria pele
Cranach retrata o batismo de uma criança não como estamos acostumados com algumas gotas de água na testa. A mão de Meláncton derrama água sobre o lombo da criança nua. Dela, porém, a água escorre tão copiosamente que ela parece ter sido imersa na banheira. No seu catecismo Lutero lembra que no batismo, “por arrependimento diário, a velha pessoa em nós deve ser afogada e morrer com todos os pecados e maus desejos. E, por sua vez, deve sair e ressurgir nova pessoa, que viva em justiça e pureza diante de Deus para sempre.”². Assim o batismo nos faz sentir e participar na própria pele da morte e ressurreição de Cristo (Rm 6.3s.).
Ao lado de Meláncton, outro cooperador da Reforma segura uma Bíblia aberta, expressando que Lutero ensinou que “não é a água que faz isso, mas é a palavra de Deus unida à água e a fé que confia nesta palavra. Pois sem a palavra de Deus a água é só água e não é batismo. Mas unida à palavra de Deus ela é batismo, isto é, água de vida, cheia de graça, um banho de novo nascimento no Espírito Santo...”³.
Do outro lado estão os pais que assumem a tarefa de ensinar a criança na Palavra de Deus. Vale lembrar, aqui, um conselho que Lutero deu aos pais: “Por querer educar pessoas Cristo teve de tornar-se humano. Se devemos educar crianças, então também devemos tornar-nos crianças com elas”4.
O batismo é realizado na presença da comunidade na qual o batizando é integrado por Cristo. Também nela o pintor retrata várias pessoas que não estão atentas ao batismo, mas preocupadas com o “fotógrafo”!
Degustando a Palavra de Deus ofertada por nós
O quadro da ceia retrata doze pessoas com Jesus à mesa. O cordeiro sobre ela relaciona a ceia instituída por Jesus com a ceia pascoal que os israelitas celebravam desde a apressada saída do Egito.
Na ocasião, cada família sacrificou um cordeiro cujo sangue a poupou do juízo de Deus. Na santa ceia o próprio “cordeiro de Deus” dá o seu corpo e sangue para libertar da escravidão do pecado quem os degusta com fé.
O pintor retrata os discípulos com personagens do seu tempo. Entre eles, Lutero recebe o cálice das mãos de um cavaleiro, ressaltando a distribuição de pão e vinho a todos os participantes da ceia, em distinção à praxe católica que reserva o cálice ao clero.
Nos fundos desta cena vê-se dois quadros: em um, a árvore do conhecimento do bem e do mal alude à queda (Gn 3); no outro, a cidade fortificada no alto, a Nova Jerusalém (Ap 21s.). Na ceia celebramos que, ao morrer por nós, Jesus reestabeleceu o acesso a Deus perdido desde a queda.
O impacto da Palavra na consciência
O último quadro retrata a confissão de pecados. A palavra de Deus ouvida na mensagem, sentida no batismo e degustada na ceia gera impacto na consciência que induz ao arrependimento.
Lutero explica que “a confissão tem duas partes: primeiro, confessamos os nossos pecados; segundo, aceitamos a absolvição que a pessoa que ouve a nossa confissão nos anuncia. Podemos aceitá-la como vinda de Deus mesmo, não duvidando de modo algum, mas crendo firmemente que por ela os pecados estão perdoados perante Deus no céu.”5
No quadro estão dois príncipes da época: um permite que a palavra de Deus o atinja em sua consciência; ele curva-se arrependido e ouve a promessa do perdão divino. O outro recusa a interferência de Deus na sua vida e se retira indignado.
No decorrer da história da igreja luterana o ministério da confissão de pecados e do anúncio ou da retenção do perdão acabou marginalizado. No meu ensino confirmatório há mais de 50 anos decoramos o catecismo todo, menos esta parte. Assim, este ministério ficou restrito à confissão de pecados coletiva na liturgia e deixou de ser uma experiência individual para muitos. A pintura de Cranach nos desafia a repensar este desleixo à luz dos ensinamentos bíblicos.
Alusão ao sacerdócio geral dos crentes
Por fim chamo a atenção a um último aspecto importante: O pintor alude ao sacerdócio geral dos crentes ao distribuir papéis a “ministros ordenados” como a pessoas “não ordenadas”: como leigos, Meláncton ministra o batismo e o cavaleiro, a ceia; enquanto que os pastores Lutero e Bugenhagen ministram a palavra e a absolvição. Esta nivelação também se expressa nas vestes, pois tanto a toga de Lutero como a de Bugenhagen não distoam das vestes dos demais. A toga era o traje com que se aparecia em público, papel hoje em dia exercido, digamos, pelo traje social.
Para refletir e praticar
Encerro esta apreciação da pintura do altar da igreja em Wittenberg com algumas perguntas:
- Na sua comunidade, o centro do culto é o anúncio da morte e ressurreição de Jesus?
- Nossa prática de batismo conecta água com costumes herdados ou com a palavra?
- Você já participou duma ceia celebrada como comunhão de mesa?
- De que forma prática poderíamos retomar a confissão individual em nosso meio?
- Como podemos concretizar o ministério compartilhado de todos os crentes em nossa comunidade?
Notas:
* Publicado pela Revista MOSAICO do Sínodo Centro-Sul Catarinense Ano III, n 5, agosto 2017). Redação final 02/06/2017
1. WALCH, Josef: Der Wittenberger Reformationsaltar, sítio http://www.denkwege-zu-luther.de/sehwege/media/dwl2016_sehwege-zu-luther_baustein_2.pdf, acessado em 1/06/17 às 10h.
2. LUTERO, Martim, Catecismo Menor, Quarta Parte: O sacramento do santo batismo. Sitio: http://www.luteranos.com.br/textos/catecismo-menor-martim-lutero acessado em 3/06/2017 às 11,25h.
3. Ibidem
4. LUTHER, Martin, WA 19,78,13-15 (LL329 p.94).
5. LUTERO, Martim, Catecismo Menor, Quinta Parte: O ministério da absolvição e a confissão. Sitio: http://www.luteranos.com.br/textos/catecismo-menor-martim-lutero acessado em 3/06/2017 às 11,25h.
• Martin Weingaertner, nascido em Santa Catarina (1949), é professor na Faculdade de Teologia Evangélica em Curitiba (FATEV). Seu casamento com Ursula foi abençoado com 5 filhos e 9 netos.
Leia mais
Arte e mente cristã
A arte não precisa de justificativa, nem religiosa, nem "evangélica"
A cosmovisão cristã e as artes
Lembro muito bem do impacto que esta pintura de Lucas Cranach, o mais velho (* 1472 † 1553), causou em mim ao contemplá-la na “Igreja da Cidade” de Wittenberg há 44 anos. Ela foi feita no atelier do pintor em 1546/47, depois da morte de Lutero, talvez com a colaboração do seu filho também chamado Lucas¹.
Especialmente o quadro na base do altar cativou-me por me fazer perceber o que importa no ensino do evangelho! Diante da minha escrivaninha há, desde então, uma cópia dele a lembrar e advertir-me. No preparo de cada sermão desafia-me a pôr de lado minhas ideias, teorias e dúvidas e buscar o que Deus revelou.
Ninguém pode colocar outro fundamento
No quadro na base da pintura o pintor sintetiza a essência do culto a Deus: No seu centro está Jesus Cristo, não o da nossa imaginação, mas o testemunhado pela Bíblia! Aquele que morreu por nossos pecados e foi ressuscitado gloriosamente por Deus. A hábil conexão entre cruz e ressurreição expressa pelo lençol esvoaçante impressiona.
À volta de Cristo há apenas a parede vazia, sem qualquer enfeite a desviar nossa atenção. Assim a pintura destaca que “somente Cristo” é a boa nova de Deus a ser anunciada no ensino e acolhida pelos ouvintes. Não há outro assunto ou pessoa a competir com ele. O testemunho bíblico da salvação não admite nenhum “e”: não é “Jesus e Maria”, nem “Jesus e o sábado”, muito menos “Jesus e eu” ou “eu e Jesus”. Ao contemplar o quadro entendemos o que o apóstolo afirma: “Porque ninguém pode colocar outro alicerce além do que já está posto, que é Jesus Cristo” (1Co 3.11).
A fé vem pelo ouvir da pregação
Esta mensagem central é ladeada, de um lado, pelo pregador no púlpito e, do outro, pelos ouvintes, indicando como chegamos a crer nesta boa notícia. Paulo explica: “… a fé vem por se ouvir a mensagem, e a mensagem é ouvida mediante a palavra de Cristo” (Rm 10.17).
O pregador retratado é Lutero. Mas não é sua pessoa que importa e, sim, os seus gestos: com uma mão aponta para a Bíblia aberta e, com a outra para Cristo, num gesto de juramento. O pintor resume bem a tarefa do mensageiro: sua fonte é somente a Escritura que ele anuncia “sob juramento”, sendo fiel ao testemunho dos profetas e apóstolos. Não lhe acrescenta nenhum “eu acho” ou “talvez”. Nas Cartas aos Coríntios, Paulo nos exemplifica como esta fidelidade não lhe permite evitar assuntos espinhentos: “Ao contrário de muitos, não negociamos a palavra de Deus visando lucro; antes, em Cristo falamos diante de Deus com sinceridade, como homens enviados por Deus” (2Co 2.17).
Do lado oposto estão os que ouvem a palavra. Observe que eles não encaram o pregador, mas olham para Cristo e sua obra. Isto significa que a igreja precisa distinguir entre o Senhor e seu mensageiro! Ela não venera o pastor, mas avalia sua mensagem. Confere na Bíblia se ela aponta para Cristo. Lutero traduziu a Bíblia justamente para que os cristãos do seu tempo também pudessem receber “a mensagem com grande interesse, examinando todos os dias as Escrituras, para ver se tudo era assim mesmo” (At 17.11). Há mais um detalhe na cena dos ouvintes: duas pessoas olham para o pintor. Ele nos lembra que podemos estar num culto sem perceber a presença de Cristo!
A Palavra de Deus tornou-se pessoa em Jesus Cristo que morreu e ressuscitou (Jo 1) e é anunciada por mensageiros e acolhida pelos ouvintes. Este alicerce da fé perfaz adoração de Deus: tudo o que anunciamos, cantamos e oramos no culto deve expressá-lo. Assim este quadro do altar retrata que o evangelho chega a nós como palavra audível. Os três quadros sobrepostos a ele retratam a mesma palavra sendo sentida na pele pela água do batismo, degustada no pão e vinho da ceia e acolhida na consciência pela confissão.
Sentindo a morte na própria pele
Cranach retrata o batismo de uma criança não como estamos acostumados com algumas gotas de água na testa. A mão de Meláncton derrama água sobre o lombo da criança nua. Dela, porém, a água escorre tão copiosamente que ela parece ter sido imersa na banheira. No seu catecismo Lutero lembra que no batismo, “por arrependimento diário, a velha pessoa em nós deve ser afogada e morrer com todos os pecados e maus desejos. E, por sua vez, deve sair e ressurgir nova pessoa, que viva em justiça e pureza diante de Deus para sempre.”². Assim o batismo nos faz sentir e participar na própria pele da morte e ressurreição de Cristo (Rm 6.3s.).
Ao lado de Meláncton, outro cooperador da Reforma segura uma Bíblia aberta, expressando que Lutero ensinou que “não é a água que faz isso, mas é a palavra de Deus unida à água e a fé que confia nesta palavra. Pois sem a palavra de Deus a água é só água e não é batismo. Mas unida à palavra de Deus ela é batismo, isto é, água de vida, cheia de graça, um banho de novo nascimento no Espírito Santo...”³.
Do outro lado estão os pais que assumem a tarefa de ensinar a criança na Palavra de Deus. Vale lembrar, aqui, um conselho que Lutero deu aos pais: “Por querer educar pessoas Cristo teve de tornar-se humano. Se devemos educar crianças, então também devemos tornar-nos crianças com elas”4.
O batismo é realizado na presença da comunidade na qual o batizando é integrado por Cristo. Também nela o pintor retrata várias pessoas que não estão atentas ao batismo, mas preocupadas com o “fotógrafo”!
Degustando a Palavra de Deus ofertada por nós
O quadro da ceia retrata doze pessoas com Jesus à mesa. O cordeiro sobre ela relaciona a ceia instituída por Jesus com a ceia pascoal que os israelitas celebravam desde a apressada saída do Egito.
Na ocasião, cada família sacrificou um cordeiro cujo sangue a poupou do juízo de Deus. Na santa ceia o próprio “cordeiro de Deus” dá o seu corpo e sangue para libertar da escravidão do pecado quem os degusta com fé.
O pintor retrata os discípulos com personagens do seu tempo. Entre eles, Lutero recebe o cálice das mãos de um cavaleiro, ressaltando a distribuição de pão e vinho a todos os participantes da ceia, em distinção à praxe católica que reserva o cálice ao clero.
Nos fundos desta cena vê-se dois quadros: em um, a árvore do conhecimento do bem e do mal alude à queda (Gn 3); no outro, a cidade fortificada no alto, a Nova Jerusalém (Ap 21s.). Na ceia celebramos que, ao morrer por nós, Jesus reestabeleceu o acesso a Deus perdido desde a queda.
O impacto da Palavra na consciência
O último quadro retrata a confissão de pecados. A palavra de Deus ouvida na mensagem, sentida no batismo e degustada na ceia gera impacto na consciência que induz ao arrependimento.
Lutero explica que “a confissão tem duas partes: primeiro, confessamos os nossos pecados; segundo, aceitamos a absolvição que a pessoa que ouve a nossa confissão nos anuncia. Podemos aceitá-la como vinda de Deus mesmo, não duvidando de modo algum, mas crendo firmemente que por ela os pecados estão perdoados perante Deus no céu.”5
No quadro estão dois príncipes da época: um permite que a palavra de Deus o atinja em sua consciência; ele curva-se arrependido e ouve a promessa do perdão divino. O outro recusa a interferência de Deus na sua vida e se retira indignado.
No decorrer da história da igreja luterana o ministério da confissão de pecados e do anúncio ou da retenção do perdão acabou marginalizado. No meu ensino confirmatório há mais de 50 anos decoramos o catecismo todo, menos esta parte. Assim, este ministério ficou restrito à confissão de pecados coletiva na liturgia e deixou de ser uma experiência individual para muitos. A pintura de Cranach nos desafia a repensar este desleixo à luz dos ensinamentos bíblicos.
Alusão ao sacerdócio geral dos crentes
Por fim chamo a atenção a um último aspecto importante: O pintor alude ao sacerdócio geral dos crentes ao distribuir papéis a “ministros ordenados” como a pessoas “não ordenadas”: como leigos, Meláncton ministra o batismo e o cavaleiro, a ceia; enquanto que os pastores Lutero e Bugenhagen ministram a palavra e a absolvição. Esta nivelação também se expressa nas vestes, pois tanto a toga de Lutero como a de Bugenhagen não distoam das vestes dos demais. A toga era o traje com que se aparecia em público, papel hoje em dia exercido, digamos, pelo traje social.
Para refletir e praticar
Encerro esta apreciação da pintura do altar da igreja em Wittenberg com algumas perguntas:
- Na sua comunidade, o centro do culto é o anúncio da morte e ressurreição de Jesus?
- Nossa prática de batismo conecta água com costumes herdados ou com a palavra?
- Você já participou duma ceia celebrada como comunhão de mesa?
- De que forma prática poderíamos retomar a confissão individual em nosso meio?
- Como podemos concretizar o ministério compartilhado de todos os crentes em nossa comunidade?
Notas:
* Publicado pela Revista MOSAICO do Sínodo Centro-Sul Catarinense Ano III, n 5, agosto 2017). Redação final 02/06/2017
1. WALCH, Josef: Der Wittenberger Reformationsaltar, sítio http://www.denkwege-zu-luther.de/sehwege/media/dwl2016_sehwege-zu-luther_baustein_2.pdf, acessado em 1/06/17 às 10h.
2. LUTERO, Martim, Catecismo Menor, Quarta Parte: O sacramento do santo batismo. Sitio: http://www.luteranos.com.br/textos/catecismo-menor-martim-lutero acessado em 3/06/2017 às 11,25h.
3. Ibidem
4. LUTHER, Martin, WA 19,78,13-15 (LL329 p.94).
5. LUTERO, Martim, Catecismo Menor, Quinta Parte: O ministério da absolvição e a confissão. Sitio: http://www.luteranos.com.br/textos/catecismo-menor-martim-lutero acessado em 3/06/2017 às 11,25h.
• Martin Weingaertner, nascido em Santa Catarina (1949), é professor na Faculdade de Teologia Evangélica em Curitiba (FATEV). Seu casamento com Ursula foi abençoado com 5 filhos e 9 netos.
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Arte e mente cristã
A arte não precisa de justificativa, nem religiosa, nem "evangélica"
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