Opinião
- 22 de outubro de 2010
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Pequena, franzina, oriental, 16 ou 17anos, ela também teve um sonho
Fabrício Cunha
A noite já está para terminar suficientemente profunda e emocionante depois dos vídeos das igrejas asiáticas, dos testemunhos de pessoas perseguidas e da carta da igreja da China, quando entra uma menina no enorme palco principal do evento. Pequena, franzina, oriental. Aparenta 16 ou 17 anos. Depois de tanto impacto e de um dia bem cansativo, não dou muita atenção. A voz doce e firme da menina vai ganhando meus ouvidos quando diz que nasceu na Coréia do Norte e teve que fugir com a família pelo fato de seu pai estar sendo perseguido pela ditadura. Refugiados na China, encontraram-se com Cristo e se converteram. Sua mãe, grávida do segundo filho, morreu de leucemia. Em seguida o pai foi descoberto, detido, deportado e preso na Coréia. Ela ficou sozinha e foi cuidada por um pastor americano e sua família, que residia na China. Poucos anos depois, seu pai foi solto e voltou para a China. O tempo de prisão não arrefeceu a sua fé, pelo contrário, serviu como combustível para inflamar seu coração para continuar vivendo e transbordando sua fé na Coréia do Norte, seu país. Pediu que a filha continuasse por um tempo com a família da China para que ele levasse um carregamento de Bíblias para a Coréia. Ele o fez, mas foi novamente preso e, dessa vez, executado.
Uma menina de 17anos, completamente órfã.
Quando a família se preparava para voltar aos Estados Unidos, a menina teve um sonho no qual via Jesus. Ele a dizia: “Gyeong Joo, não tenha medo. Eu estou contigo e quero que vá para a Coréia do Norte falar do meu amor. Por que ainda está esperando?” Ela acordou decidida a ficar na China e a se preparar para voltar para seu país, compartilhar o amor de Deus que alcançou e transformou sua família.
Pergunto-me: Depois de tanto sofrimento e desgraça, como uma menina tão nova, tão frágil, consegue ver a beleza do amor de Deus a ponto de entregar-se até às últimas conseqüências? Só quem conhece de fato esse amor saberá me responder.
Ela termina dizendo: “Vou para a Coréia do Norte expressar o amor de meu Deus, honrar o sangue de meu pai e o de meu irmão, Jesus Cristo”.
Silêncio. Ela começa a chorar. O rosto de menina do início, que transformou-se no de uma heroína enquanto contava sua história, voltou a ser rosto de menina enquanto chorava. Chorei junto com ela. Queria muito abraçá-la bem apertado, enxugar suas lágrimas e lavar seus pés. Um pastor chinês o fez e senti-me representado.
• Fabrício Cunha, casado, pai de três filhos, é pastor de jovens na Igreja Batista de Água Branca (SP), mestrando em Ciências da Religião na Universidade Metodista de São Paulo, e também está envolvido com o Fórum Jovem de Missão Integral, com a Fraternidade Teológica Latino Americana, com o Usina 21, com a JUMOC, com o comitê de Lausanne e com a formação de uma Aliança Evangélica no Brasil. www.fabriciocunha.com.br
A noite já está para terminar suficientemente profunda e emocionante depois dos vídeos das igrejas asiáticas, dos testemunhos de pessoas perseguidas e da carta da igreja da China, quando entra uma menina no enorme palco principal do evento. Pequena, franzina, oriental. Aparenta 16 ou 17 anos. Depois de tanto impacto e de um dia bem cansativo, não dou muita atenção. A voz doce e firme da menina vai ganhando meus ouvidos quando diz que nasceu na Coréia do Norte e teve que fugir com a família pelo fato de seu pai estar sendo perseguido pela ditadura. Refugiados na China, encontraram-se com Cristo e se converteram. Sua mãe, grávida do segundo filho, morreu de leucemia. Em seguida o pai foi descoberto, detido, deportado e preso na Coréia. Ela ficou sozinha e foi cuidada por um pastor americano e sua família, que residia na China. Poucos anos depois, seu pai foi solto e voltou para a China. O tempo de prisão não arrefeceu a sua fé, pelo contrário, serviu como combustível para inflamar seu coração para continuar vivendo e transbordando sua fé na Coréia do Norte, seu país. Pediu que a filha continuasse por um tempo com a família da China para que ele levasse um carregamento de Bíblias para a Coréia. Ele o fez, mas foi novamente preso e, dessa vez, executado.
Uma menina de 17anos, completamente órfã.
Quando a família se preparava para voltar aos Estados Unidos, a menina teve um sonho no qual via Jesus. Ele a dizia: “Gyeong Joo, não tenha medo. Eu estou contigo e quero que vá para a Coréia do Norte falar do meu amor. Por que ainda está esperando?” Ela acordou decidida a ficar na China e a se preparar para voltar para seu país, compartilhar o amor de Deus que alcançou e transformou sua família.
Pergunto-me: Depois de tanto sofrimento e desgraça, como uma menina tão nova, tão frágil, consegue ver a beleza do amor de Deus a ponto de entregar-se até às últimas conseqüências? Só quem conhece de fato esse amor saberá me responder.
Ela termina dizendo: “Vou para a Coréia do Norte expressar o amor de meu Deus, honrar o sangue de meu pai e o de meu irmão, Jesus Cristo”.
Silêncio. Ela começa a chorar. O rosto de menina do início, que transformou-se no de uma heroína enquanto contava sua história, voltou a ser rosto de menina enquanto chorava. Chorei junto com ela. Queria muito abraçá-la bem apertado, enxugar suas lágrimas e lavar seus pés. Um pastor chinês o fez e senti-me representado.
• Fabrício Cunha, casado, pai de três filhos, é pastor de jovens na Igreja Batista de Água Branca (SP), mestrando em Ciências da Religião na Universidade Metodista de São Paulo, e também está envolvido com o Fórum Jovem de Missão Integral, com a Fraternidade Teológica Latino Americana, com o Usina 21, com a JUMOC, com o comitê de Lausanne e com a formação de uma Aliança Evangélica no Brasil. www.fabriciocunha.com.br
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