Opinião
- 01 de dezembro de 2016
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Os eleitores de Donald Trump são racistas, homofóbicos e xenófobos?
Os “Trumpistas” são racistas, homofóbicos, misóginos? Como moradora da costa leste, mas vinda há pouco tempo da América Trumpista, não me surpreendi com o resultado das eleições. Me surpreendi sim com a toupeirisse e ignorância de meus colegas aqui na bolha intelectual da Ivy League americana. Afinal não são eles que se dizem donos da virtude moral, da tolerância e da inclusão? Não são capazes de ser empáticos com culturas tão diferentes da deles como por exemplo o radicalismo Islâmico? Como não conseguem entender o ABC religioso do seu próprio país?
Não, o americano Trumpista não é xenofóbico. Ele só quer ser capaz de ir a um jogo de baseball no final de semana sem que se lhe exploda uma bomba na fuça. Quer dormir tranquilo à noite sem ter que se proteger de um imigrante criminoso que, mesmo preso e libertado três vezes, continua circulando livremente, protegido pelo sistema, e vai ter a ousadia de entrar em sua casa e lhe matar à facadas ou a tiros.
Na quarta-feira, 28 de novembro, houve um ataque terrorista na Universidade Estadual de Ohio. A CNN começa sua reportagem sobre o ataque assim:
(CNN) Um estudante da Universidade de Ohio que atacou à facadas outros alunos no campus na Segunda-feira, disse em sua página do Facebook que estava cansado de ver outros muçulmanos mortos, torturados… Investigadores estão examinando o Facebook de Abdul RazaK Ali Artan para determinar se o ataque foi terrorista... Mas os oficiais encarregados do caso disseram que vai demorar para determinar o motivo.“
A notícia foi virada de cabeça para baixo para fazer do imigrante da Somália uma vítima. Ele era muçulmano praticante, tinha 18 anos e estudava como bolsista. Ontem enfiou o carro em cima de pessoas paradas numa esquina do campus, saiu do carro e atacou as que escaparam do atropelamento à facadas. A narrativa imprimida nesta noticia tem um exemplo mais do que suficiente para demonstrar a distância entre um mundo e o outro. O mundo onde as notícias são fabricadas e o mundo do dia a dia americano. Para a CNN o menino sofria de rejeição porque outros muçulmanos sofrem pelo mundo. Para o americano pai dos jovens que frequentam as universidades do país, ele é um criminoso com ímpeto sanguinário.
Onde foi que erramos, perguntam-se as elites americanas. Repórteres, escritores, artistas, professores e cientistas, a elite intelectual, não se conforma com a derrota de Hillary e, pior ainda, com a vitória do ser agora considerado o mais abjeto da política americana. Esqueceram-se que há alguns meses a maioria da mídia era toda louvores ao Trump, seguindo-o em cada esquina em sua campanha nas primárias, gravando cada pequena frase, rindo da verve rude do magnata, tratando-o como um querido personagem folclórico e não como alguém que pudesse ser levado à sério na disputa presidencial. Trump era um deles, como ele mesmo diz, portador dos “valores de Nova York”.
Só que como bom homem de negócios, Trump soube olhar mais à frente e perceber o que é que realmente o cliente queria. Seu cliente era a América a quem as elites se referem como “América de se voar por cima”, ou seja, o centro do país, isolado das elites da costa leste e oeste.
A América do meio estava cansada da retórica multiculturalista de Obama. À exemplo da esquerda alienada da Europa, os democratas evitaram, durante toda a campanha, diagnosticar e propor soluções para dois problemas claros que os americanos de classe média estão sentindo na pele há oito anos. O primeiro, e alarmante problema, é o começo de uma estagnação econômica que só iria piorar com as regulamentações ambientalistas que Obama queria impingir à força às indústrias e à vida americana em geral. Trump percebeu o problema e prometeu trazer a América de volta à frente do bonde do crescimento econômico. Suas soluções podem nem ser brilhantes do ponto de vista econômico (e não são mesmo), mas o diagnóstico foi perfeito. Os americanos operários estavam sofrendo e precisavam ser ouvidos. Hillary tentou, mas tudo o que pode fazer foi articular promessas vazias, mais intervenção estatal, mais ajuda aos pobres. Discurso errado. O americano “normal” não quer ser carregado no colo. Quer emprego.
O segundo problema, com muitas implicações “deselegantes” filosoficamente – no mínimo –, é a imigração fora de controle. Hillary prometeu “fronteiras abertas” com o México, confirmou a decisão de Obama de continuar a trazer refugiados do Oriente Médio e ignorou 3 ataques terroristas perpetrados por radicais muçulmanos que aconteceram durante a campanha. Para Hillary, Obama e seus acólitos, muçulmanos são pacíficos, os radicais então são apenas “freedom fighterst” reivindicando atenção e liberdade, os imigrantes latinos criminosos também são meras vítimas do sistema, e os trabalhadores de colarinho azul, classe proletária americana são gordos, porcos e egoístas que não querem dividir o que têm com ninguém. Ela não podia prometer protegê-los e não o fez.
Donald Trump, por sua vez, ousou repetir ad-nauseum a frase proibida “terrorismo islâmico”, prometeu fechar as fronteiras para a migração desenfreada da América Central, deportar criminosos e reconheceu o problema grave que seria permitir uma entrada em massa de refugiados muçulmanos que o país não teria condições de investigar adequadamente, antes de permitir sua entrada. Pronto, foi o suficiente.
Não, sinto muito meus amigos, estes colarinhos-azuis não votaram no Trump porque são xenófobos. Votaram nele porque são gente como todo mundo e tudo o que querem é um país que funcione. Uma retórica bonita e humanitária não substitui para eles a decência, a verdade e o trabalho honesto. Trump representa esta honestidade? Não, mas era quem se tinha para se fazer parar a devastadora patrola esquerdista. Em poucos momentos da história a América esteve tão polarizada. A elite esquerdificada não consegue mais entender nem dialogar com a América que considera ter parado no passado. O problema é que as eleições aqui provaram, eles não estão no passado. Eles são o país trabalhador que frequenta as igrejas aos domingos e crê na existência do bem e do mal, a única esperança de futuro que o país tem.
1http://www.foxnews.com/us/2016/03/09/ice-admits-september-mistake-let-suspect-in-kansas-murder-spree-go-free.html
2http://www.cnn.com/2016/11/29/us/ohio-state-university-attack/index.html
Leia mais
A Vitória de Donald Trump prejudicará o testemunho da Igreja
Não, o americano Trumpista não é xenofóbico. Ele só quer ser capaz de ir a um jogo de baseball no final de semana sem que se lhe exploda uma bomba na fuça. Quer dormir tranquilo à noite sem ter que se proteger de um imigrante criminoso que, mesmo preso e libertado três vezes, continua circulando livremente, protegido pelo sistema, e vai ter a ousadia de entrar em sua casa e lhe matar à facadas ou a tiros.
Na quarta-feira, 28 de novembro, houve um ataque terrorista na Universidade Estadual de Ohio. A CNN começa sua reportagem sobre o ataque assim:
(CNN) Um estudante da Universidade de Ohio que atacou à facadas outros alunos no campus na Segunda-feira, disse em sua página do Facebook que estava cansado de ver outros muçulmanos mortos, torturados… Investigadores estão examinando o Facebook de Abdul RazaK Ali Artan para determinar se o ataque foi terrorista... Mas os oficiais encarregados do caso disseram que vai demorar para determinar o motivo.“
A notícia foi virada de cabeça para baixo para fazer do imigrante da Somália uma vítima. Ele era muçulmano praticante, tinha 18 anos e estudava como bolsista. Ontem enfiou o carro em cima de pessoas paradas numa esquina do campus, saiu do carro e atacou as que escaparam do atropelamento à facadas. A narrativa imprimida nesta noticia tem um exemplo mais do que suficiente para demonstrar a distância entre um mundo e o outro. O mundo onde as notícias são fabricadas e o mundo do dia a dia americano. Para a CNN o menino sofria de rejeição porque outros muçulmanos sofrem pelo mundo. Para o americano pai dos jovens que frequentam as universidades do país, ele é um criminoso com ímpeto sanguinário.
Onde foi que erramos, perguntam-se as elites americanas. Repórteres, escritores, artistas, professores e cientistas, a elite intelectual, não se conforma com a derrota de Hillary e, pior ainda, com a vitória do ser agora considerado o mais abjeto da política americana. Esqueceram-se que há alguns meses a maioria da mídia era toda louvores ao Trump, seguindo-o em cada esquina em sua campanha nas primárias, gravando cada pequena frase, rindo da verve rude do magnata, tratando-o como um querido personagem folclórico e não como alguém que pudesse ser levado à sério na disputa presidencial. Trump era um deles, como ele mesmo diz, portador dos “valores de Nova York”.
Só que como bom homem de negócios, Trump soube olhar mais à frente e perceber o que é que realmente o cliente queria. Seu cliente era a América a quem as elites se referem como “América de se voar por cima”, ou seja, o centro do país, isolado das elites da costa leste e oeste.
A América do meio estava cansada da retórica multiculturalista de Obama. À exemplo da esquerda alienada da Europa, os democratas evitaram, durante toda a campanha, diagnosticar e propor soluções para dois problemas claros que os americanos de classe média estão sentindo na pele há oito anos. O primeiro, e alarmante problema, é o começo de uma estagnação econômica que só iria piorar com as regulamentações ambientalistas que Obama queria impingir à força às indústrias e à vida americana em geral. Trump percebeu o problema e prometeu trazer a América de volta à frente do bonde do crescimento econômico. Suas soluções podem nem ser brilhantes do ponto de vista econômico (e não são mesmo), mas o diagnóstico foi perfeito. Os americanos operários estavam sofrendo e precisavam ser ouvidos. Hillary tentou, mas tudo o que pode fazer foi articular promessas vazias, mais intervenção estatal, mais ajuda aos pobres. Discurso errado. O americano “normal” não quer ser carregado no colo. Quer emprego.
O segundo problema, com muitas implicações “deselegantes” filosoficamente – no mínimo –, é a imigração fora de controle. Hillary prometeu “fronteiras abertas” com o México, confirmou a decisão de Obama de continuar a trazer refugiados do Oriente Médio e ignorou 3 ataques terroristas perpetrados por radicais muçulmanos que aconteceram durante a campanha. Para Hillary, Obama e seus acólitos, muçulmanos são pacíficos, os radicais então são apenas “freedom fighterst” reivindicando atenção e liberdade, os imigrantes latinos criminosos também são meras vítimas do sistema, e os trabalhadores de colarinho azul, classe proletária americana são gordos, porcos e egoístas que não querem dividir o que têm com ninguém. Ela não podia prometer protegê-los e não o fez.
Donald Trump, por sua vez, ousou repetir ad-nauseum a frase proibida “terrorismo islâmico”, prometeu fechar as fronteiras para a migração desenfreada da América Central, deportar criminosos e reconheceu o problema grave que seria permitir uma entrada em massa de refugiados muçulmanos que o país não teria condições de investigar adequadamente, antes de permitir sua entrada. Pronto, foi o suficiente.
Não, sinto muito meus amigos, estes colarinhos-azuis não votaram no Trump porque são xenófobos. Votaram nele porque são gente como todo mundo e tudo o que querem é um país que funcione. Uma retórica bonita e humanitária não substitui para eles a decência, a verdade e o trabalho honesto. Trump representa esta honestidade? Não, mas era quem se tinha para se fazer parar a devastadora patrola esquerdista. Em poucos momentos da história a América esteve tão polarizada. A elite esquerdificada não consegue mais entender nem dialogar com a América que considera ter parado no passado. O problema é que as eleições aqui provaram, eles não estão no passado. Eles são o país trabalhador que frequenta as igrejas aos domingos e crê na existência do bem e do mal, a única esperança de futuro que o país tem.
1http://www.foxnews.com/us/2016/03/09/ice-admits-september-mistake-let-suspect-in-kansas-murder-spree-go-free.html
2http://www.cnn.com/2016/11/29/us/ohio-state-university-attack/index.html
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A Vitória de Donald Trump prejudicará o testemunho da Igreja
Trabalhou como missionária na Amazônia durante trinta anos e no Pacífico por seis anos. Hoje é aluna de teologia na Universidade de Yale, Estados Unidos, e candidata ao doutorado pela Universidade de Aberdeen, Escócia. Mora em New Haven, CT, com sua família. É autora de Chamado Radical e Tem Alguém Aí em Cima?
Para saber mais, acesse: braulia.com.br
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