Opinião
- 26 de abril de 2017
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Onde há corrupção, há corrompidos e corruptores
Com as mãos prontas para fazer o mal, o governante exige presentes, o juiz aceita suborno, os poderosos impõem o que querem; todos tramam em conjunto. (Mq 7.3)
O ser humano caiu e tornou-se corrupto, aberto para todo tipo de maldade. Ele passou a viver por conta de seus próprios desígnios e se afastou do bem querer de Deus.
Deus sempre chamou seu povo para cuidar dos grupos mais vulneráveis da sociedade e buscar a justiça, conforme Isaías 1.17 e 59.15. O profeta Miquéias condena o abuso dos tribunais por defraudarem as pessoas tomando seus meios de vida (Miquéias 2.2), o abuso dos cargos públicos através do suborno (3.11), as riquezas adquiridas através de práticas comerciais desonestas (6.10, 11) e a conspiração das pessoas no poder para o seu próprio benefício (7.3). As palavras de Tiago contra os ricos corruptos também são duras (Tiago 5.1-6).
Uma das formas de corrupção é o suborno. Onde há corrupção, há corrompidos e corruptores. Do lado do corruptor há a desonestidade e também de abuso de poder econômico, ao usar do dinheiro para obter favor, facilitação ou vantagem ilegal. Do lado do corrompido, há também desonestidade associada à ganância, que o leva ao ganho indevido e muitas vezes ilegal.
Dados da corrupção
É muito difícil quantificar a corrupção, admitem ONG´s como Transparência Brasil e Contas Abertas. Mas podemos citar alguns dados:
• A corrupção consome entre R$ 50 bilhões e R$ 85 bilhões por ano, segundo estudo de 2010 da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo. Isso corresponde a 2,3% de toda riqueza produzida no Brasil em um ano.
• No Índice de Percepção da Corrupção (IPC) de 2013, o Brasil tem nota 42, ficando em 72º lugar dentre as nações. A nota varia entre zero (um país mais íntegro) a 100 (um país mais corrupto).
• Diariamente, 230 crianças com menos de cinco anos poderiam ser salvas se os prejuízos financeiros com a corrupção fossem disponibilizados para se alcançar os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio.
• Estima-se que os países em desenvolvimento perderam cerca de 850 milhões de dólares em 2010, devido aos fluxos financeiros ilícitos (dados do Banco Mundial).
O que fazer para combater a corrupção?
Esta é a pergunta mais importante. O combate à corrupção passa por ações coletivas, desenvolvidas pela sociedade, efetuadas de modo sistêmico, contra a contaminação das práticas, dos processos, dos negócios, da aplicação da lei e da justiça. E, certamente, implica também em atitudes que, como cidadãos e cristãos, somos chamados a contribuir pessoalmente.
A Igreja precisa comprometer-se com ações de combate à corrupção
Nossa sociedade tem dado alguns passos positivos no combate a esse mal. A Lei de Acesso à Informação é importante para que haja controle social das verbas públicas e de sua destinação. Mas falta-nos ainda aprimoramento do controle social e mecanismos efetivos que punam os corruptores. [Leia o que alguns grupos cristãos têm feito no Brasil e no mundo]
Cada cristão, seguidor e seguidora de Jesus Cristo, é sal e luz na sociedade onde vive. Temos o dever de ser vigilantes e participar da vida em sociedade, fiscalizando e denunciando atos de corrupção, inclusive no espaço eclesiástico, nas denominações, nas instituições, nas empresas de comunicação e na política.
A Igreja precisa comprometer-se contra a corrupção a partir da oração
Cremos que a oração é instrumento de mudança. Mudança que vem pelo agir de Deus. Mudança que vem pelo nosso agir em compromisso com a vontade de Deus que se estabelece em nossos corações em nosso viver como povo de Deus. Oremos:
• Para que os cristãos sejam luz e sal onde quer que estejam e que sejam intolerantes com qualquer tipo de corrupção, lembrando-se que “o juízo começa pela casa de Deus” (1 Pedro 4.17).
• Para que a igreja seja profeta do Senhor contra a corrupção, mas seja a primeira a dar o exemplo em suas práticas eclesiásticas e vida cotidiana.
• Para que o povo de Deus tenha uma participação efetiva e que seja uma presença que ponha luz nos espaços onde se formulam leis e normas e onde se exerce controle social – os conselhos e as diversas formas de representação e controle social.
• Para que as igrejas gerem filhos de Deus comprometidos com um mundo mais solidário e com menos cobiça, que é fonte de corrupção.
• Para que sejamos intolerantes com a impunidade de quem quer seja.
• Por todos que sofrem as consequências da corrupção, especialmente os que são mais pobres.
• Para que a corrupção seja minorada e aplacada em todos os poderes e que os formuladores, gestores e aplicadores das leis sejam menos susceptíveis às diversas formas de corrupção.
• Que, pelo exercício da cidadania, apoiemos a criação de mecanismos que evitem - e não somente combatam - a corrupção.
• Que a igreja em geral e os cristãos em particular apoiem reformas políticas como instrumentos preventivos contra a corrupção.
Aliança Cristã Evangélica Brasileira
Brasil, 12 de abril de 2015.
Nota: Texto publicado originalmente no site da Aliança Evangélica.
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