Opinião
- 15 de agosto de 2011
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O Evangelicalismo Pós-Stott
Ainda vivos, dos “velhos leões”, do evangelicalismo anglicano, temos J. I. Packer e Michael Greene, ambos aposentados e ainda produzindo. John Stott havia feito a sua última palestra para um grande público na Conferência de Keswick, em 2006, ano em que deixa o seu querido apartamento da Wymouth Street e se muda para o St. Barnabas College, um lar geriátrico para clérigos, onde ainda escreve O Discípulo Radical, terminado no ano passado. O fato é que já há alguns anos a Igreja da Inglaterra começara a viver a era pós-Stott. 70% dos estudantes de teologia estão matriculados em seminários de tendência evangélica, e 55% dos clérigos se auto-identificam como evangélicos, embora tenhamos apenas 25% dos bispos (nomeados pelo Governo) com essa identidade.
Apesar da importância do Conselho Evangélico na Igreja da Inglaterra (CEEC), uma parcela considerável dos clérigos, e a maioria dos bispos, vivem o seu evangelicalismo individualmente, não militando afirmativamente em nenhum movimento, seja por comodismo, seja por opinionismo, há uma fragmentação de tendências. Apesar do peso intelectual de N. T. Wright e Allister McGrath, e de alguns outros, há um vazio de liderança, pois os tais ou estão instalados no sistema ou não são militantes. A verdade é que o forte evangelicalismo na Igreja da Inglaterra tem uma presença muito reduzida na liderança do GAFCON (Global Anglican Future), que acaba de instalar um escritório em Londres, chefiado pelo Bispo Martyn Meens (CANA/Nigéria).
Algo se assemelha aos Estados Unidos pós-Billy Graham, entre os históricos, e pós-Rex Humbard, entre os pentecostais, com uma profusão fragmentada de tele-evangelistas e mega-igrejas, sem o mesmo calibre e sem o mesmo carisma unificador, cada um vendendo o seu peixe e procurando aumentar a sua influência, concorrencialmente.
O Congresso Lausanne III, na Cidade do Cabo, em outubro de 2010, confirmou o caráter pujante, mundial do evangelicalismo, deslocado para o hemisfério sul, mas com os gringos europeus e norte-americanos ainda sendo os financiadores e os que dão as cartas.
No Brasil, a hegemonia evangélica ainda é um fato, e Stott (C. S. Lewis, Packer, etc.) ainda é lido e levado a sério entre os protestantes históricos e em amplos círculos pentecostais, mas o crescente neo (pseudo) pentecostalismo nunca leu esses autores (e tem raiva de quem lê). Os bolsões fundamentalistas os considera “de esquerda” na questão social e ambiental, ou na abertura para as Ciências Humanas, e o recente crescimento do pensamento liberal em algumas denominações e em seminários é formado pelos que consideram tais autores “ultrapassados”. Esse último fenômeno é o que nos traz maior preocupação.
Muita gente pranteia a morte de Stott. Seus livros estão em todas as prateleiras de livrarias e bibliotecas, mas, o que eles defendem, estarão nas mentes e nos corações?
Com a palavra a nascente Aliança Cristã Evangélica do Brasil, a Fraternidade Teológica Latino-americana, setor Brasil, e os pastores e líderes que se dizem evangélicos diante do desafio externo do Secularismo e do Islã, e do desafio interno do Liberalismo Pós-Moderno.
Resta esperar para ver, enquanto alguns reafirmamos e trabalhamos.
Apesar da importância do Conselho Evangélico na Igreja da Inglaterra (CEEC), uma parcela considerável dos clérigos, e a maioria dos bispos, vivem o seu evangelicalismo individualmente, não militando afirmativamente em nenhum movimento, seja por comodismo, seja por opinionismo, há uma fragmentação de tendências. Apesar do peso intelectual de N. T. Wright e Allister McGrath, e de alguns outros, há um vazio de liderança, pois os tais ou estão instalados no sistema ou não são militantes. A verdade é que o forte evangelicalismo na Igreja da Inglaterra tem uma presença muito reduzida na liderança do GAFCON (Global Anglican Future), que acaba de instalar um escritório em Londres, chefiado pelo Bispo Martyn Meens (CANA/Nigéria).
Algo se assemelha aos Estados Unidos pós-Billy Graham, entre os históricos, e pós-Rex Humbard, entre os pentecostais, com uma profusão fragmentada de tele-evangelistas e mega-igrejas, sem o mesmo calibre e sem o mesmo carisma unificador, cada um vendendo o seu peixe e procurando aumentar a sua influência, concorrencialmente.
O Congresso Lausanne III, na Cidade do Cabo, em outubro de 2010, confirmou o caráter pujante, mundial do evangelicalismo, deslocado para o hemisfério sul, mas com os gringos europeus e norte-americanos ainda sendo os financiadores e os que dão as cartas.
No Brasil, a hegemonia evangélica ainda é um fato, e Stott (C. S. Lewis, Packer, etc.) ainda é lido e levado a sério entre os protestantes históricos e em amplos círculos pentecostais, mas o crescente neo (pseudo) pentecostalismo nunca leu esses autores (e tem raiva de quem lê). Os bolsões fundamentalistas os considera “de esquerda” na questão social e ambiental, ou na abertura para as Ciências Humanas, e o recente crescimento do pensamento liberal em algumas denominações e em seminários é formado pelos que consideram tais autores “ultrapassados”. Esse último fenômeno é o que nos traz maior preocupação.
Muita gente pranteia a morte de Stott. Seus livros estão em todas as prateleiras de livrarias e bibliotecas, mas, o que eles defendem, estarão nas mentes e nos corações?
Com a palavra a nascente Aliança Cristã Evangélica do Brasil, a Fraternidade Teológica Latino-americana, setor Brasil, e os pastores e líderes que se dizem evangélicos diante do desafio externo do Secularismo e do Islã, e do desafio interno do Liberalismo Pós-Moderno.
Resta esperar para ver, enquanto alguns reafirmamos e trabalhamos.
Foi bispo anglicano da Diocese do Recife e autor de, entre outros, Cristianismo e Política — teoria bíblica e prática histórica e A Igreja, o País e o Mundo — desafios a uma fé engajada. Faleceu no dia 26 de fevereiro de 2012 em Olinda (PE).
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