Opinião
14 de julho de 2017
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Congresso Brasileiro de Missões: o que a igreja precisa saber sobre os novos desafios da missão
![Unsplash.com](/image/atualiza_home/principal/destaques/2017/07_jul/imag_dest_14_07_17_cbm.jpg)
A 8ª edição do CBM dá continuidade ao tema do 7º CBM – Realidades que não podemos ignorar. Que realidades são estas?
Se as “realidades” são as mesmas do 7º CBM, quais são as boas notícias desde 2014?
![Arquivo Pessoal](/image/atualiza_home/principal/ultimas/opiniao/2017/07_jul/Entrevista_366_Ronaldo_pasted%20image%200.png)
Entre o CBM 2014 e o CBM 2017 aconteceram três edições do Vocare, evento promovido também pela AMTB, direcionado ao público jovem. Que balanço a coordenação da AMTB faz do Movimento Vocare e em que medida este esforço junto aos jovens (e com eles) se reflete hoje na força missionária brasileira?
Cassiano Luz – O Vocare é uma iniciativa claramente motivada e conduzida pelo Espírito Santo de Deus. Parte das bênçãos que temos vivido como igreja brasileira é o despertamento da consciência vocacional de todos os crentes. Aquilo que chamamos de “modelo tradicional” de missões, que diz respeito à prática predominante nos últimos dois séculos, gerou uma certa “profissionalização” do missionário – identificado como aquele indivíduo chamado por Deus, com uma formação teológica especializada, que é enviado e sustentado pela igreja local para exercer seu ministério em campo transcultural – e aparentemente alimentou, como efeito colateral, uma compreensão de que todos os outros crentes que não são “ministros profissionais” podem administrar suas vidas com uma perspectiva diferente dos que se dizem “chamados” ou “vocacionados”. O propósito principal do Vocare é lembrar que todos somos chamados por Deus para servi-lo integralmente, com tudo o que temos e tudo o que somos, apesar de nem todos sermos chamados especificamente para a proclamação transcultural do evangelho. Ele aponta também para a importância de a igreja reconhecer na chamada “diáspora brasileira” – um grande exército de irmãos que estão saindo pelo mundo por questões acadêmicas ou profissionais – uma força missionária fundamental, além de enfatizar a importância de investirmos nos chamados “modelos empresariais” de missões, como “negócios como missão”, “negócios para missões”, “fazedores de tendas” etc. Esses modelos ganharão um destaque especial durante o CBM 2017.
![Arquivo Pessoal](/image/atualiza_home/principal/ultimas/opiniao/2017/07_jul/Entrevista_366_Flavio%20Ramos.jpeg)
Flávio Ramos – Em minha perspectiva a primeira coisa que a igreja brasileira precisa fazer é aprender a olhar para os muçulmanos como gente. Muitos ainda têm dificuldade de afirmar que eles são imagem e semelhança de Deus. Em seguida, deveríamos pedir a Deus que nos ajude a vê-los como ovelhas perdidas (Mc 6.34). Nosso povo ainda demonstra muitos conceitos errados (ignorância) sobre os muçulmanos e o islamismo. Infelizmente ainda ouvimos frases do tipo: “Pra quê evangelizar os muçulmanos? Não perca tempo! Eles são maus e odeiam os cristãos”.
O que é uma “igreja missional”? Em quais aspectos é diferente de uma “igreja missionária”?
![](/image/atualiza_home/principal/ultimas/opiniao/2017/07_jul/Entrevista_366_Michael%20Goheen.jpg)
Uma igreja que entende que sua própria identidade e natureza são definidas pela história da Bíblia. Seu papel é ser uma testemunha da salvação cósmica do reino de Deus, que virá com a volta de Cristo. A igreja é uma amostra desse reino que há de vir e entende que sua própria natureza é ser missional, uma vez que aponta para esse mundo que há de vir pelo bem das nações. Uma igreja que entende que foi escolhida pelo bem do mundo. Ela existe para ser uma amostra do que há de vir pelo bem do mundo. Além disso, suas palavras e ações devem apontar para Cristo pelo bem do mundo. Elas existem para que homens e mulheres possam ver e ouvir a salvação forjada por Cristo e tenham a oportunidade de responder que o conhecem.
Uma igreja cuja completa existência é direcionada para o mundo. A igreja é a nova humanidade e, portanto, suas vidas todas estão sendo renovadas. Portanto, são um povo distinto em todos os aspectos de suas vidas – social, político, econômico e outros. Como um povo distinto, apontam para o propósito original de Deus ao criar a vida humana. Apontam para o reino que há de vir quando Deus renovará a vida humana. Olham para fora, opondo-se aos ídolos que estão no cerne de toda cultura humana.
Uma igreja que compreende ser uma testemunha de Cristo em vida, obras e palavras.
Uma igreja que compreende que seu testemunho é em sua vizinhança local, mas entende também que sua missão é até os confins da terra. Portanto, participará no estabelecimento de um testemunho em lugares onde não há ninguém com o objetivo de estabelecer uma igreja com esse propósito.
Uma igreja cuja identidade missionária tem começado a transformar todas as áreas de sua vida interna: louvor, comunhão, liderança, estruturas etc.
Uma igreja que está profundamente envolvida com sua vizinhança e com o mundo, buscando justiça e praticando a misericórdia.
Uma igreja que fala no nome de Cristo e convida outros em comunhão com ele e com seu povo.
Uma igreja que treina todos os seus membros para praticar o evangelho em suas diversas vocações no mundo.
No passado, havia busca por espaço significativo para preletoras mulheres – afinal, elas são a maioria nos campos missionários mais difíceis (entre os solteiros, 80% são mulheres). A AMTB mudou de perspectiva em relação à liderança feminina?
Cassiano Luz – Não. Quatro dos departamentos da AMTB são liderados por mulheres, temos duas mulheres na diretoria estatutária da associação e uma na liderança executiva. Os critérios utilizados para escolha de preletores é o mesmo, independente de gênero. A escolha de preletores foi feita pelo “grupo gestor do CBM2017”, indicado pela Assembleia da AMTB, levando em conta todas as indicações que foram feitas em ampla consulta a cerca de 67 organizações filiadas à AMTB, além de seus departamentos.
• Cassiano Luz é missionário da SEPAL, diretor de ministério da Visão Mundial Brasil e atual presidente da AMTB.
• Ronaldo Lidório é missionário presbiteriano ligado à APMT e WEC e coordena programas de treinamento em antropologia e plantio de igrejas.
• Flávio Ramos é pastor batista, serviu como missionário no Marrocos e foi pastor da Igreja Evangélica Árabe. É fundador e presidente da Missão Evangélica Árabe do Brasil (MEAB).
• Michael W. Goheen é diretor de educação teológica no Centro de Treinamento Missionário e acadêmico em residência na Surge Network, Phoenix, AZ.
Contribuíram com as perguntas: Antonia Leonora van der Meer [Tonica], Ariane Gomes, Délnia Bastos, Klênia Fassoni e Lissânder Dias. Tradução da resposta de Michael W. Goheen: Mariane Lin.
Nota: Conteúdo publicado originalmente na edição 366 da revista Ultimato.
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Imagem ilustrativa: Unsplash.com.
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