Opinião
- 30 de maio de 2017
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Como Lutero interpretou a Bíblia?
Por Erní Walter Seibert
Ao celebrarmos os 500 anos da Reforma, vale a pena olhar para a questão do lugar da interpretação bíblica em Martinho Lutero. Neste breve artigo, quero chamar a atenção sobre como Lutero fez isso no seu trabalho de tradução bíblica. A tradução da Bíblia para Lutero foi sua obra mais importante.
Lutero escreveu um pequeno documento sobre este tema: Sendbrief vom Dolmetschen (Carta aberta sobre Tradução). A partir do pensamento de Lutero queremos destacar os seguintes pontos:
A Bíblia deveria ser compreendida pelo povo simples. Não apenas os eruditos deveriam compreender a Bíblia. A mensagem que está por detrás das palavras deveria ser compreendida por todos.
Para Lutero “opera dei sunt verba eius” (as obras de Deus são suas palavras). Por isso, a tradução do texto deve levar em consideração as regras gramaticais do texto.
Lutero usa a melhor tecnologia de seu tempo para fazer a difusão da Bíblia. Em seu tempo, isso significava usar a recém-inventada Prensa de Gutenberg. Graças a isso a difusão foi muito rápida.
Lutero queria que sua tradução falasse a língua do povo alemão. Moisés deveria falar alemão. A oralidade na tradução era importante, não apenas o registro escrito.
Lutero avança no que hoje é conhecido como teoria de tradução. Os princípios da tradução por equivalência funcional ou dinâmica estavam ali esboçados. A língua fonte deveria ser entendida e expressa de acordo com o que é praticado na língua objeto da tradução.
Lutero se valeu dos melhores textos originais disponíveis. Isso significava que a busca pelos originais, valendo-se da comparação de manuscritos deveria ser feita.
Estes princípios que nortearam a tradução bíblica de Lutero eram norteadores também de sua exegese do texto. O texto deve ser levado a sério. Se o texto bíblico diz que a interpretação deve ser alegórica, o texto deve ser obedecido e a interpretação é alegórica. A questão gramatical é muito importante. Quando no original alguma palavra não consegue ser traduzida apenas por outra palavra na língua objeto, o tradutor irá dizer o que o original expressa usando diversas palavras ou expressões para se manter fiel ao original.
A questão da hermenêutica e das exegeses é uma questão presente no dia-a-dia das Igrejas. Como superar as diferentes interpretações do texto bíblico? Sem dúvida, o caminho sempre se dá voltando ao texto. A leitura humilde das Escrituras, pedindo a orientação do Espírito Santo é o caminho para superar as diferentes interpretações.
• Erní Walter Seibert é secretário de Comunicação, Ação Social e Arrecadação da SBB
Nota: Este texto foi escrito a partir da participação do autor em “Diálogos na Web 500 Anos Reforma Protestante”, uma iniciativa da Aliança Evangélica. Publicado graças à parceria entre Aliança Evangélica, Ultimato e Basileia. Os diálogos completos estão disponíveis em vídeo, aqui.
Clique aqui e participe do bate-papo virtual que acontece hoje (30/05) sobre a Reforma, com o tema “Perspectivas Teológicas Advindas da Reforma”.
Leia mais
Lutero e o seu mundo
4 perigos a evitar para não idolatrar a Reforma Protestante
Perguntas da Reforma para calvinistas e arminianos
Imagem: Lutero Descobre a Bíblia, 1872, Wilhelm Ferdinand Pauwels (German Belgian-born Academic Painter, 1830-1904), oil on canvas, 120 × 120 cm, Wartburg Foundation (Wartburg-Stiftung), Eisenach, Germany.
Ao celebrarmos os 500 anos da Reforma, vale a pena olhar para a questão do lugar da interpretação bíblica em Martinho Lutero. Neste breve artigo, quero chamar a atenção sobre como Lutero fez isso no seu trabalho de tradução bíblica. A tradução da Bíblia para Lutero foi sua obra mais importante.
Lutero escreveu um pequeno documento sobre este tema: Sendbrief vom Dolmetschen (Carta aberta sobre Tradução). A partir do pensamento de Lutero queremos destacar os seguintes pontos:
A Bíblia deveria ser compreendida pelo povo simples. Não apenas os eruditos deveriam compreender a Bíblia. A mensagem que está por detrás das palavras deveria ser compreendida por todos.
Para Lutero “opera dei sunt verba eius” (as obras de Deus são suas palavras). Por isso, a tradução do texto deve levar em consideração as regras gramaticais do texto.
Lutero usa a melhor tecnologia de seu tempo para fazer a difusão da Bíblia. Em seu tempo, isso significava usar a recém-inventada Prensa de Gutenberg. Graças a isso a difusão foi muito rápida.
Lutero queria que sua tradução falasse a língua do povo alemão. Moisés deveria falar alemão. A oralidade na tradução era importante, não apenas o registro escrito.
Lutero avança no que hoje é conhecido como teoria de tradução. Os princípios da tradução por equivalência funcional ou dinâmica estavam ali esboçados. A língua fonte deveria ser entendida e expressa de acordo com o que é praticado na língua objeto da tradução.
Lutero se valeu dos melhores textos originais disponíveis. Isso significava que a busca pelos originais, valendo-se da comparação de manuscritos deveria ser feita.
Estes princípios que nortearam a tradução bíblica de Lutero eram norteadores também de sua exegese do texto. O texto deve ser levado a sério. Se o texto bíblico diz que a interpretação deve ser alegórica, o texto deve ser obedecido e a interpretação é alegórica. A questão gramatical é muito importante. Quando no original alguma palavra não consegue ser traduzida apenas por outra palavra na língua objeto, o tradutor irá dizer o que o original expressa usando diversas palavras ou expressões para se manter fiel ao original.
A questão da hermenêutica e das exegeses é uma questão presente no dia-a-dia das Igrejas. Como superar as diferentes interpretações do texto bíblico? Sem dúvida, o caminho sempre se dá voltando ao texto. A leitura humilde das Escrituras, pedindo a orientação do Espírito Santo é o caminho para superar as diferentes interpretações.
• Erní Walter Seibert é secretário de Comunicação, Ação Social e Arrecadação da SBB
Nota: Este texto foi escrito a partir da participação do autor em “Diálogos na Web 500 Anos Reforma Protestante”, uma iniciativa da Aliança Evangélica. Publicado graças à parceria entre Aliança Evangélica, Ultimato e Basileia. Os diálogos completos estão disponíveis em vídeo, aqui.
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