Opinião
- 06 de julho de 2015
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Chuva e sol, casamento de homossexual?
Se eu disser que estou cansada de tanto que se fala da questão da homoafetividade nos nossos tempos, entrarei em contradição, já que eu mesma resolvi escrever mais uma vez sobre o assunto.
Isso porque eu me vi na obrigação de dar uma resposta a todos àqueles cristãos amigos que, desde a aprovação da lei federal americana que permite o casamento gay em todos os EUA, têm usado em seu Facebook a foto nas cores características do movimento.
Eu pensei comigo: “Pera lá, alguma coisa tá errada” e questionei um amigo, que é padre, e nas horas vagas, se chama também de pastor. Ele me disse que só estava dando o seu apoio ao igualitarismo e me perguntou se eu era contra. Eu disse que respeitava os gays e cia, e que era contra a homofobia, mas que não via motivo para comemoração e apoio aberto à legalização do casamento, que já vai um passo além.
Depois de ele me questionar de que planeta eu era e insinuar que minhas visões eram medievais, eu então pedi que ele refletisse melhor sobre o que entende por “medieval”, pois esse termo, além de não ser um xingamento, como para muitos o é, se refere a um período da história muito mal interpretado pelo homem moderno (e ainda mais o pós-moderno). Muitos historiadores reconhecidos estão se esforçando por rever esse equívoco, dada a riqueza de conhecimentos e avanços até mesmo tecnológicos que essa era proporcionou.
Em seguida, eu disse que não me importo de ser taxada de “careta”, se a minha visão for justa. Então, ele me perguntou se eu ainda tinha o hábito antiquado de seguir a Bíblia e levantou certos argumentos sobre o divórcio a visão do apóstolo Paulo sobre as mulheres (que devem “permanecer caladas na igreja”) afirmando que a causa dos gays é igual à causa das mulheres e dos negros.
Aí, mais uma vez, eu pacientemente lhe dei os motivos bíblicos contra esses argumentos (que não vêm ao caso reproduzir aqui) e neguei que seja a mesma coisa, pois no caso das mulheres e dos negros, há um direito humano em questão e no caso dos gays, trata-se de um direito sexual e de relacionamento. Como os próprios gays dizem, é uma questão de opção e nunca vi uma pessoa poder reivindicar direitos sobre algo que ela escolheu de livre espontânea vontade e, portanto, está consciente de que terá que arcar com eventuais consequências.
Por exemplo, uma mulher não opta por deixar de ser surrada, nem um negro, por ser respeitado, pois esses são direitos de toda pessoa humana. Agora, a pessoa humana não tem o direito de mudar o seu comportamento sexual, isso é uma opção.
Para evitar esse tipo de contradição, discute-se, no momento, até a mudança do texto clássico da Declaração Universal dos Direitos Humanos para se incluir o direito de mudar de sexo ou orientação sexual. Se isso acontecer, a meu ver, será o “fim da picada”, pois o ser humano terá subido às raias da negação de tudo o que seja natural e daqui a pouco será proibido de namorar ou casar-se com pessoas do outro sexo.
Veja, não estou falando das pessoas que nasceram com dois sexos, por uma questão congênita. Essas sim, têm o direito de escolher. Mas falo daquelas pessoas que acham que podem lavar louças na máquina de lavar roupas, com o perdão de uma metáfora tão mecânica.
C.S. Lewis tinha uma convicção firme de que exista aí uma Lei natural que deve ser observada, pelo simples fato de que existe aí um Criador que criou o homem com uma natureza, que não é determinista, mas determinada.
Lewis foi o primeiro, já na sua época, a protestar contra o subjetivismo, que declara que não haja absolutos e que a realidade é só o que aparenta aos olhos da subjetividade humana, e contra o relativismo moral.
E segundo a Bíblia (meu amigo que me perdoe usar recurso tão “medieval”), Deus criou homem e mulher e nenhum ser a mais, que fosse por natureza gay, lésbica ou as combinações possíveis entre eles. Essa lei pode ser infringida pela humanidade sim, porque Deus deu o livre-arbítrio ao ser humano. Mas daí a alterar os direitos humanos e a lei para que eles se encaixem no gosto da moda e se inventem direitos especiais... (cada vez mais numerosos, notaram? Já falei aqui).
Dizem até que futuramente será proibido falar em “pai” e “mãe” na escola e até as crianças chamarem seus pais de “pai” e “mãe” em casa, podendo apenas chamá-los pelo nome -- o que seria a ficção do “Admirável Mundo Novo” se tornando verdade.
Para citar novamente a Bíblia, com relação à questão específica da homossexualidade e suas consequências, Paulo é claro em Romanos 1.26 e 27.
Enfim, gostaria, para terminar - por falta de espaço - citar o livro que estou lendo de Brennan Manning, “O Impostor que vive em mim”:
Os filhos de Aba encontram uma terceira opção. São guiados pela Palavra de Deus e apenas por ela. Todos os sistemas religiosos e políticos, tanto de direita quanto de esquerda, são obras de seres humanos. Os filhos de Deus não venderão seus direitos à primogenitura por nenhum prato de ensopado, seja conservador ou liberal. Eles se apegam à liberdade em Cristo para viver o evangelho — não contaminados pela má qualidade cultural, pelos destroços de naufrágio político e pelas hipocrisias filigranadas das bravatas religiosas. (MANNING, 2006, p. 46).1
Nota:
1. MANNING, Brennan. O impostor que vive em mim. São Paulo; Mundo Cristão, 2006.
Foto: freeimages.com/photo/939807
Leia também
O movimento gay cristão (Ultimato 254)
Homossexualismo e homossexualidade (Ultimato 310)
Abraçando e reabraçando a santidade do corpo e da mente (Ultimato 325)
Isso porque eu me vi na obrigação de dar uma resposta a todos àqueles cristãos amigos que, desde a aprovação da lei federal americana que permite o casamento gay em todos os EUA, têm usado em seu Facebook a foto nas cores características do movimento.
Eu pensei comigo: “Pera lá, alguma coisa tá errada” e questionei um amigo, que é padre, e nas horas vagas, se chama também de pastor. Ele me disse que só estava dando o seu apoio ao igualitarismo e me perguntou se eu era contra. Eu disse que respeitava os gays e cia, e que era contra a homofobia, mas que não via motivo para comemoração e apoio aberto à legalização do casamento, que já vai um passo além.
Depois de ele me questionar de que planeta eu era e insinuar que minhas visões eram medievais, eu então pedi que ele refletisse melhor sobre o que entende por “medieval”, pois esse termo, além de não ser um xingamento, como para muitos o é, se refere a um período da história muito mal interpretado pelo homem moderno (e ainda mais o pós-moderno). Muitos historiadores reconhecidos estão se esforçando por rever esse equívoco, dada a riqueza de conhecimentos e avanços até mesmo tecnológicos que essa era proporcionou.
Em seguida, eu disse que não me importo de ser taxada de “careta”, se a minha visão for justa. Então, ele me perguntou se eu ainda tinha o hábito antiquado de seguir a Bíblia e levantou certos argumentos sobre o divórcio a visão do apóstolo Paulo sobre as mulheres (que devem “permanecer caladas na igreja”) afirmando que a causa dos gays é igual à causa das mulheres e dos negros.
Aí, mais uma vez, eu pacientemente lhe dei os motivos bíblicos contra esses argumentos (que não vêm ao caso reproduzir aqui) e neguei que seja a mesma coisa, pois no caso das mulheres e dos negros, há um direito humano em questão e no caso dos gays, trata-se de um direito sexual e de relacionamento. Como os próprios gays dizem, é uma questão de opção e nunca vi uma pessoa poder reivindicar direitos sobre algo que ela escolheu de livre espontânea vontade e, portanto, está consciente de que terá que arcar com eventuais consequências.
Por exemplo, uma mulher não opta por deixar de ser surrada, nem um negro, por ser respeitado, pois esses são direitos de toda pessoa humana. Agora, a pessoa humana não tem o direito de mudar o seu comportamento sexual, isso é uma opção.
Para evitar esse tipo de contradição, discute-se, no momento, até a mudança do texto clássico da Declaração Universal dos Direitos Humanos para se incluir o direito de mudar de sexo ou orientação sexual. Se isso acontecer, a meu ver, será o “fim da picada”, pois o ser humano terá subido às raias da negação de tudo o que seja natural e daqui a pouco será proibido de namorar ou casar-se com pessoas do outro sexo.
Veja, não estou falando das pessoas que nasceram com dois sexos, por uma questão congênita. Essas sim, têm o direito de escolher. Mas falo daquelas pessoas que acham que podem lavar louças na máquina de lavar roupas, com o perdão de uma metáfora tão mecânica.
C.S. Lewis tinha uma convicção firme de que exista aí uma Lei natural que deve ser observada, pelo simples fato de que existe aí um Criador que criou o homem com uma natureza, que não é determinista, mas determinada.
Lewis foi o primeiro, já na sua época, a protestar contra o subjetivismo, que declara que não haja absolutos e que a realidade é só o que aparenta aos olhos da subjetividade humana, e contra o relativismo moral.
E segundo a Bíblia (meu amigo que me perdoe usar recurso tão “medieval”), Deus criou homem e mulher e nenhum ser a mais, que fosse por natureza gay, lésbica ou as combinações possíveis entre eles. Essa lei pode ser infringida pela humanidade sim, porque Deus deu o livre-arbítrio ao ser humano. Mas daí a alterar os direitos humanos e a lei para que eles se encaixem no gosto da moda e se inventem direitos especiais... (cada vez mais numerosos, notaram? Já falei aqui).
Dizem até que futuramente será proibido falar em “pai” e “mãe” na escola e até as crianças chamarem seus pais de “pai” e “mãe” em casa, podendo apenas chamá-los pelo nome -- o que seria a ficção do “Admirável Mundo Novo” se tornando verdade.
Para citar novamente a Bíblia, com relação à questão específica da homossexualidade e suas consequências, Paulo é claro em Romanos 1.26 e 27.
Enfim, gostaria, para terminar - por falta de espaço - citar o livro que estou lendo de Brennan Manning, “O Impostor que vive em mim”:
A moralidade "vale-tudo" de religiosos e políticos de esquerda é equivalente ao moralismo santarrão da direita. A aceitação não crítica de qualquer uma das linhas partidárias é uma abdicação idólatra à essência da identidade como filho de Deus. Nem o pó mágico liberal nem o jogo pesado dos conservadores se referem à dignidade humana, que sempre está vestida com farrapos.
Os filhos de Aba encontram uma terceira opção. São guiados pela Palavra de Deus e apenas por ela. Todos os sistemas religiosos e políticos, tanto de direita quanto de esquerda, são obras de seres humanos. Os filhos de Deus não venderão seus direitos à primogenitura por nenhum prato de ensopado, seja conservador ou liberal. Eles se apegam à liberdade em Cristo para viver o evangelho — não contaminados pela má qualidade cultural, pelos destroços de naufrágio político e pelas hipocrisias filigranadas das bravatas religiosas. (MANNING, 2006, p. 46).1
Nota:
1. MANNING, Brennan. O impostor que vive em mim. São Paulo; Mundo Cristão, 2006.
Foto: freeimages.com/photo/939807
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Abraçando e reabraçando a santidade do corpo e da mente (Ultimato 325)
É mestre e doutora em educação (USP) e doutora em estudos da tradução (UFSC). É autora de O Senhor dos Anéis: da fantasia à ética e tradutora de Um Ano com C.S. Lewis e Deus em Questão. Costuma se identificar como missionária no mundo acadêmico. É criadora e editora do site www.cslewis.com.br
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