Opinião
- 17 de agosto de 2016
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Bandido bom é bandido morto
Você provavelmente já deve ter ouvido alguém dizer que “bandido bom é bandido morto”. Segundo o Datafolha, 50% das 1.307 pessoas entrevistadas em julho de 2015 concordavam com essa afirmação. E eu também concordo!
Há alguns meses estive em Muriaé/MG visitando as unidades prisionais. Numa delas havia um pavilhão específico, com cerca de 70 homens, todos condenados por crimes sexuais, a maioria por estupro. Por sinal, cotidianamente converso com presos e presas, alguns com grandes condenações ainda a cumprir. Homicidas, traficantes, ladrões... Entro e saio desses lugares com uma convicção: eles têm que morrer.
Mas a que tipo de morte estou me referindo?
Quando digo que “bandido bom é bandido morto” não estou defendendo a aplicação da pena de morte. Mesmo quando o Direito a permite, corre-se um sério risco de equívocos, e numa área – a retirada da vida – em que não há como voltar atrás.
Ainda, sou radicalmente contra aquela parte da população que, num senso equivocado de justiça, espanca e até mata pessoas flagradas cometendo delitos. Por sinal, é justamente esse tipo de atitude que facilita os abusos mais diversos.
A morte que defendo é a morte da natureza humana voltada para a destruição e contra a vontade de Deus (Rm 8.13). As boas-novas devem ser propagadas nos cárceres porque “bandido bom é bandido morto”: morto pelo Espírito e vivo para Deus!
Contudo, se a imensa maioria das igrejas que prestam a assistência religiosa são cristãs, por quais motivos a escalada do crime continua crescente e os índices de reincidência ficam em patamares próximos a 80%? Aliás, será que é mais fácil manter um comportamento cristão dentro ou fora da cadeia? De fato, são inúmeros os desafios deste trabalho de capelania.
Um desses desafios, talvez o principal, reside no pouco preparo técnico dos voluntários que fazem a visitação nos presídios. Muitos sequer possuem um conhecimento mínimo do sistema prisional, com suas regras e valores próprios, bem diferentes dos que vivemos aqui fora. Por isso as prisões também devem ser percebidas como um campo transcultural.
Ainda, esses voluntários precisam entender que a capelania não se faz com a simples repetição dos cultos de domingo. Já presenciei pastores que, em um pavilhão feminino, se dirigiam às presas como “irmãos”. Se um líder não consegue adaptar sua fala a um público exclusivo de mulheres, que dirá agir dentro de circunstâncias tão diferentes das que enfrenta em sua igreja.
Nesse sentido, é muito importante que os voluntários leiam bons materiais de capacitação, dialoguem com aqueles que já estão inseridos no sistema, ingressem em cursos preparatórios e se aperfeiçoem em congressos e outros eventos.
Portanto, se “bandido bom é bandido morto”, a igreja deve se esmerar nesse trabalho de capelania. Ela tem que se postar como instrumento efetivo para que uma mudança seja sentida não apenas nos encarcerados, mas em todo o sistema prisional.
• Antonio Carlos da Rosa Silva Junior é coautor do livro Como Anunciar o Evangelho entre os Presos.
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Cinco motivos para se envolver com capelania prisional [E-book]
Foto: Artem Zhushman / Freeimages.com
Há alguns meses estive em Muriaé/MG visitando as unidades prisionais. Numa delas havia um pavilhão específico, com cerca de 70 homens, todos condenados por crimes sexuais, a maioria por estupro. Por sinal, cotidianamente converso com presos e presas, alguns com grandes condenações ainda a cumprir. Homicidas, traficantes, ladrões... Entro e saio desses lugares com uma convicção: eles têm que morrer.
Mas a que tipo de morte estou me referindo?
Quando digo que “bandido bom é bandido morto” não estou defendendo a aplicação da pena de morte. Mesmo quando o Direito a permite, corre-se um sério risco de equívocos, e numa área – a retirada da vida – em que não há como voltar atrás.
Ainda, sou radicalmente contra aquela parte da população que, num senso equivocado de justiça, espanca e até mata pessoas flagradas cometendo delitos. Por sinal, é justamente esse tipo de atitude que facilita os abusos mais diversos.
A morte que defendo é a morte da natureza humana voltada para a destruição e contra a vontade de Deus (Rm 8.13). As boas-novas devem ser propagadas nos cárceres porque “bandido bom é bandido morto”: morto pelo Espírito e vivo para Deus!
Contudo, se a imensa maioria das igrejas que prestam a assistência religiosa são cristãs, por quais motivos a escalada do crime continua crescente e os índices de reincidência ficam em patamares próximos a 80%? Aliás, será que é mais fácil manter um comportamento cristão dentro ou fora da cadeia? De fato, são inúmeros os desafios deste trabalho de capelania.
Um desses desafios, talvez o principal, reside no pouco preparo técnico dos voluntários que fazem a visitação nos presídios. Muitos sequer possuem um conhecimento mínimo do sistema prisional, com suas regras e valores próprios, bem diferentes dos que vivemos aqui fora. Por isso as prisões também devem ser percebidas como um campo transcultural.
Ainda, esses voluntários precisam entender que a capelania não se faz com a simples repetição dos cultos de domingo. Já presenciei pastores que, em um pavilhão feminino, se dirigiam às presas como “irmãos”. Se um líder não consegue adaptar sua fala a um público exclusivo de mulheres, que dirá agir dentro de circunstâncias tão diferentes das que enfrenta em sua igreja.
Nesse sentido, é muito importante que os voluntários leiam bons materiais de capacitação, dialoguem com aqueles que já estão inseridos no sistema, ingressem em cursos preparatórios e se aperfeiçoem em congressos e outros eventos.
Portanto, se “bandido bom é bandido morto”, a igreja deve se esmerar nesse trabalho de capelania. Ela tem que se postar como instrumento efetivo para que uma mudança seja sentida não apenas nos encarcerados, mas em todo o sistema prisional.
• Antonio Carlos da Rosa Silva Junior é coautor do livro Como Anunciar o Evangelho entre os Presos.
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