Opinião
- 02 de dezembro de 2016
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ADVENTO: Ele vem!
“Aquele que testifica estas coisas diz: Certamente cedo venho. Amém. Ora vem, Senhor Jesus” (Ap 22.20).
Iniciamos nesta semana o tempo litúrgico do Advento. Dentro das fileiras evangélicas, mesmo nas igrejas reformadas ou as que preservam um patrimônio litúrgico mais tradicional, há sempre alguma confusão e até desconforto em relação a este período do calendário cristão.
Na maioria das vezes esta estação é reduzida a uma simples preparação para o Natal, como se esperassem ainda a vinda de Jesus na gruta de Belém. Esta é uma devota regressão simplória que empobrece a esperança cristã. Muito embora o Advento também seja um tempo de leituras, orações, hinos e pregações que giram em torno das profecias do Antigo Testamento que nos prepararam para celebrar com maior gozo o evento da Encarnação do Verbo, na verdade ele ancora-se mais em um artigo do credo Niceno-constantinopolitano que fixa a seguinte proposição dogmática:
“E, por nós, homens, e para a nossa salvação, desceu dos céus: e encarnou pelo Espírito Santo, no seio de Maria virgem, e se fez homem. Também por nós foi crucificado sob Pôncio Pilatos; padeceu e foi sepultado. Ressuscitou ao terceiro dia, conforme as escrituras; E subiu aos céus, onde está sentado à direita do Pai. E de novo há de vir, em sua glória, para julgar os vivos e os mortos; e o seu reino não terá fim”.
Então, o tempo litúrgico que precede a solenidade do Natal é antes a prática eclesial da espera por Jesus. Estaríamos nós convictos de que Ele voltará um dia? Estaríamos nós como igreja e como cristãos, individualmente, praticando esta espera? Jesus veio uma primeira vez, revestiu-se de humildade, fez-se pobre, vulnerável, assumiu a nossa limitação humana, sofreu fadiga, dor, fome. Chorou a perda de um amigo, sentiu o duro golpe da traição de um discípulo, angustiou-se em face do terror que o aguardava na cruz e por fim morreu a nossa morte. Tal era o sumo sacerdote que nos convinha, afirma a carta aos Hebreus, ante a tamanha solidariedade de Cristo com a nossa humanidade (Hb 5.7; 7.26). Ressuscitado ao terceiro dia e tendo ascendido aos Céus em um corpo transfigurado há de voltar um dia e agora tanto a sua aparência como a sua condição serão completamente diferentes. Virá com poder invencível, majestade indefectível, glória imarcescível e com absoluta autoridade para julgar os vivos e os mortos e estabelecer em definitivo o Reinado de seu Pai que não terá fim. Basílio, o grande, um eminente pai da Igreja definiu o cristão como “aquele que vive em estado permanente de espera, de vigia, a cada dia e cada hora, sabendo que o Senhor vem”.
Claro, pedagogicamente a igreja sempre entendeu que o Advento também é um tempo kerigmático, um tempo onde a Encarnação de Jesus Cristo é o ponto de partida para se apresentar o plano da Redenção e se fazer o pleno anúncio do Evangelho como o sintetizado por João: “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna. Porque Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para que condenasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele. Quem crê nele não é condenado; mas quem não crê já está condenado, porquanto não crê no nome do unigênito Filho de Deus. E a condenação é esta: Que a luz veio ao mundo, e os homens amaram mais as trevas do que a luz, porque as suas obras eram más” (Jo 3.16-19).
Então, o Advento cumpre uma dupla missão na Igreja. Em primeiro lugar devolve à festa do Natal o seu sublime caráter cristocêntrico. Nos leva a testificar pelas Escrituras que as promessas feitas aos pais desde os primórdios: “E porei inimizade entre ti e a mulher, e entre a tua semente e a sua semente; esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar” (Gn 3:15), reafirmada muitas vezes pelos profetas: “Portanto o mesmo Senhor vos dará um sinal: Eis que a virgem conceberá, e dará à luz um filho, e chamará o seu nome Emanuel” (Is 7.14); e quando tempo se fez propício: “Mas, vindo a plenitude dos tempos, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei, para remir os que estavam debaixo da lei, a fim de recebermos a adoção de filhos” (Gl 4.4,5); Ele cumpriu a sua Palavra: “Pois, na cidade de Davi, vos nasceu hoje o Salvador, que é Cristo, o Senhor” (Lc 2.11). Esta é a essência do Natal que o Advento quer ajudar-nos a redescobrir e bem celebrar. A outra é: “E esperar dos céus o seu Filho, a quem ressuscitou dentre os mortos, a saber, Jesus, que nos livra da ira futura” (1 Ts 1.10) e ainda: “E então verão vir o Filho do homem nas nuvens, com grande poder e glória” (Marcos 13:26). Mas também o Advento nos alerta: “E, estando com os olhos fitos no céu, enquanto ele subia, eis que junto deles se puseram dois homens vestidos de branco. Os quais lhes disseram: Homens galileus, por que estais olhando para o céu? Esse Jesus, que dentre vós foi recebido em cima no céu, há de vir assim como para o céu o vistes ir” (At 1.10,11).
Esta espera não deve paralisar-nos. A nossa espera deve ser dinâmica, nós O esperamos em atitude de vigília, oração e missão que é o coração do Advento. Ele vem!
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Na maioria das vezes esta estação é reduzida a uma simples preparação para o Natal, como se esperassem ainda a vinda de Jesus na gruta de Belém. Esta é uma devota regressão simplória que empobrece a esperança cristã. Muito embora o Advento também seja um tempo de leituras, orações, hinos e pregações que giram em torno das profecias do Antigo Testamento que nos prepararam para celebrar com maior gozo o evento da Encarnação do Verbo, na verdade ele ancora-se mais em um artigo do credo Niceno-constantinopolitano que fixa a seguinte proposição dogmática:
“E, por nós, homens, e para a nossa salvação, desceu dos céus: e encarnou pelo Espírito Santo, no seio de Maria virgem, e se fez homem. Também por nós foi crucificado sob Pôncio Pilatos; padeceu e foi sepultado. Ressuscitou ao terceiro dia, conforme as escrituras; E subiu aos céus, onde está sentado à direita do Pai. E de novo há de vir, em sua glória, para julgar os vivos e os mortos; e o seu reino não terá fim”.
Então, o tempo litúrgico que precede a solenidade do Natal é antes a prática eclesial da espera por Jesus. Estaríamos nós convictos de que Ele voltará um dia? Estaríamos nós como igreja e como cristãos, individualmente, praticando esta espera? Jesus veio uma primeira vez, revestiu-se de humildade, fez-se pobre, vulnerável, assumiu a nossa limitação humana, sofreu fadiga, dor, fome. Chorou a perda de um amigo, sentiu o duro golpe da traição de um discípulo, angustiou-se em face do terror que o aguardava na cruz e por fim morreu a nossa morte. Tal era o sumo sacerdote que nos convinha, afirma a carta aos Hebreus, ante a tamanha solidariedade de Cristo com a nossa humanidade (Hb 5.7; 7.26). Ressuscitado ao terceiro dia e tendo ascendido aos Céus em um corpo transfigurado há de voltar um dia e agora tanto a sua aparência como a sua condição serão completamente diferentes. Virá com poder invencível, majestade indefectível, glória imarcescível e com absoluta autoridade para julgar os vivos e os mortos e estabelecer em definitivo o Reinado de seu Pai que não terá fim. Basílio, o grande, um eminente pai da Igreja definiu o cristão como “aquele que vive em estado permanente de espera, de vigia, a cada dia e cada hora, sabendo que o Senhor vem”.
Claro, pedagogicamente a igreja sempre entendeu que o Advento também é um tempo kerigmático, um tempo onde a Encarnação de Jesus Cristo é o ponto de partida para se apresentar o plano da Redenção e se fazer o pleno anúncio do Evangelho como o sintetizado por João: “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna. Porque Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para que condenasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele. Quem crê nele não é condenado; mas quem não crê já está condenado, porquanto não crê no nome do unigênito Filho de Deus. E a condenação é esta: Que a luz veio ao mundo, e os homens amaram mais as trevas do que a luz, porque as suas obras eram más” (Jo 3.16-19).
Então, o Advento cumpre uma dupla missão na Igreja. Em primeiro lugar devolve à festa do Natal o seu sublime caráter cristocêntrico. Nos leva a testificar pelas Escrituras que as promessas feitas aos pais desde os primórdios: “E porei inimizade entre ti e a mulher, e entre a tua semente e a sua semente; esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar” (Gn 3:15), reafirmada muitas vezes pelos profetas: “Portanto o mesmo Senhor vos dará um sinal: Eis que a virgem conceberá, e dará à luz um filho, e chamará o seu nome Emanuel” (Is 7.14); e quando tempo se fez propício: “Mas, vindo a plenitude dos tempos, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei, para remir os que estavam debaixo da lei, a fim de recebermos a adoção de filhos” (Gl 4.4,5); Ele cumpriu a sua Palavra: “Pois, na cidade de Davi, vos nasceu hoje o Salvador, que é Cristo, o Senhor” (Lc 2.11). Esta é a essência do Natal que o Advento quer ajudar-nos a redescobrir e bem celebrar. A outra é: “E esperar dos céus o seu Filho, a quem ressuscitou dentre os mortos, a saber, Jesus, que nos livra da ira futura” (1 Ts 1.10) e ainda: “E então verão vir o Filho do homem nas nuvens, com grande poder e glória” (Marcos 13:26). Mas também o Advento nos alerta: “E, estando com os olhos fitos no céu, enquanto ele subia, eis que junto deles se puseram dois homens vestidos de branco. Os quais lhes disseram: Homens galileus, por que estais olhando para o céu? Esse Jesus, que dentre vós foi recebido em cima no céu, há de vir assim como para o céu o vistes ir” (At 1.10,11).
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Luiz Fernando dos Santos (1970-2022), foi ministro presbiteriano e era casado com Regina, pai da Talita e professor de teologia no Seminário Presbiteriano do Sul e no Seminário Teológico Servo de Cristo.
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