Acolhendo um e lutando por todos

O VI Encontro RENAS (Rede Evangélica Nacional de Ação Social) ocorrido na semana passada (dias 15, 16 e 17), em Luziânia (GO), e co-promovido pela Ultimato, não foi importante somente porque reuniu quase 300 evangélicos atuantes na área da ação social vindos de mais de 20 estados brasileiros. As discussões em plenária, as reflexões bíblicas, as novas iniciativas oficializadas, os livros lançados, as orações e os encontros e reencontros pessoais e organizacionais foram um bom combustível para fortalecer e ampliar a ação social realizada pela Igreja Evangélica no Brasil.

O reconhecimento de que, segundo Ariovaldo Ramos, “somos uma igreja pobre que deve lutar pelo pobre”, a celebração de projetos que ajudam na prática da leitura, que estimulam a participação jovem cidadã, que resgatam a dignidade socioambiental no sertão e o compromisso contra a exploração sexual de crianças e adolescentes mostram que a misericórdia de Deus tem corrido como um rio por meio das mãos do seu povo.

Acolhendo um e lutando por todos
No entanto, a discussão de que a participação política também faz parte da nossa missão ampliou a responsabilidade de não somente acudirmos o necessitado, mas lutar para que as estruturas sociais, econômicas e políticas sejam mais justas para todos e todas. Segundo o sociólogo Alexandre Brasil, “a democracia exige respostas que vão acontecer no campo das políticas públicas”.

E por falar em democracia, foi bom saber que ela está mais forte, mesmo que ainda cheia de contradições. Segundo o jornalista Ronaldo Martins, tivemos mais participação em Conselhos (como CONANDA, CONJUVE e CONSEA), nos últimos dez anos do que em todos os anos anteriores.

Bom também entender que a articulação em rede é uma das expressões contemporâneas para um estado democrático. “Trabalhar em rede é fazer política num estado democrático”, disse Alexandre Brasil. Em seus nove anos de existência, a RENAS tem oito redes regionais e cinco redes temáticas em funcionamento. Na tarde de sexta-feira (dia 16) cada uma destas redes se reuniram e conversaram sobre como fortalecer seu trabalho.

Leituras e reflexões bíblicas
Leituras e reflexões bíblicas nos reorientaram a partir da revelação de Deus. O Pr. João Batista Cavalcante relembrou as bases da teologia da Missão Integral, segundo ele, a prática de uma “compaixão completa”, a partir de quem sofre e de quem tem a missão de ajudar a quem sofre. “A compaixão cristã inclui discernimento, mas não é fundamentada no julgamento do outro”, disse ele. “A compaixão em todas as dimensões está quando Cristo acontece em nós”.

O pastor Ricardo Barbosa nos encorajou a orar como Jesus, impulsionados pelo compromisso com seu reino, e não com nossos desejos individualistas que geram crises de ansiedade. E o missionário da JOCUM (Jovens com uma Missão) Johan Lukasse, nos lembrou o valor que a Bíblia dá à igualdade: de gênero, racial, religiosa, entre outras. Ariovaldo Ramos contrapôs a compreensão atual do que é ser abençoado por Deus. “Benção não é ter dinheiro. É chegar em um estágio de que não precisa mais de dinheiro, mas de sacrifício”, disse. Carlos Queiroz afirmou que, na batalha espiritual, a nossa arma é o amor de Deus. A última meditação bíblica foi ministrada por Gehard Fuchs, empresário e integrante da coordenação colegiada da RENAS. A partir da economia, ele lembrou a necessidade de contentamento, o desafio de emancipar o pobre e a submissão a Jesus, o rei do Reino.

O VI Encontro RENAS produziu um documento final chamado “Carta de Luziânia”. Ele está sendo editado e será publicado em breve.

Ultimato é uma das parceiras e fundadoras da RENAS desde 2003.

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