Palavra do leitor
- 28 de novembro de 2010
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"Tudo posso naquele que me fortalece" (Fp 4.13 – ARA)
O texto bíblico acima é um dos muitos que estão sendo desvirtuados nos dias de hoje, citados e aplicados completamente fora de seu contexto literário e histórico para embasamento de idéias que envolvem a pregação do chamado "evangelho pragmático", onde as tribulações da vida são vistas como "maldições". Entretanto, o próprio apóstolo Paulo tinha consciência da necessidade das vicissitudes da vida, afirmando que "...a tribulação produz perseverança; e a perseverança, experiência; e a experiência, esperança” (Romanos 5.3 e 4 - ARA) e que todos os filhos de Deus deveriam ser "...pacientes na tribulação..." (Romanos 12.12 - ARA). Nas palavras que antecedem o texto em comento, Paulo disse aos irmãos filipenses o seguinte:
"...aprendi a viver contente em toda e qualquer situação. Tanto sei estar humilhado como também ser honrado; de tudo e em todas as circunstâncias, já tenho experiência, tanto de fartura como de fome; assim de abundância como de escassez" (vv. 11 e 12 - ARA).
A grande maioria dos teólogos acredita que Paulo escreveu a Epístola aos Filipenses durante uma de suas prisões, talvez em Roma ou Éfeso. Segundo Francis Davidson¹, “Houve duas razões principais que induziram o apóstolo a escrever aos filipenses. A primeira, para hipotercar-lhes sua gratidão pelo fato de eles, simpatizando com seu apostolado e partilhando de suas aflições, lembrarem-se de enviar-lhe algumas dádivas por intermédio de Epafrodito, um de seus membros (Fil. 4:10-18). A segunda, para corrigir algumas pequenas desordens existentes no seio da igreja”. Nas palavras do saudoso Merril Frederick Unger², “...Seu tema é a adequação de Cristo a todas as experiências da vida – privação, perseguição, dificuldades, sofrimento e também prosperidade e popularidade. Cristo dá alegria e triunfo venha o que vier, desde que a ele se conceda o centro da vida” . Portanto, Paulo escreveu palavras motivadoras aos seus leitores, em meio à intensa tribulação a que estava condicionado no momento!
Analisando criteriosamente o contexto literário e histórico, pode-se concluir que a expressão paulina “Tudo posso naquele que me fortalece” (Filipenses 4.13 – ARA) não diz respeito ao “poder de conquistar todas as coisas”, como pregam os “apóstolos modernos”, mas sim, ao “poder de enfrentar e suportar todas as situações em Cristo”. David H. Stern³ comenta o referido texto bíblico da seguinte forma:
“O cristianismo é acusado de estimular tanto o ascetismo quanto a ganância. O ensino destes versículos, baseados em experiência pessoal (detalhada em 2Co 11:21-33), é o de que o Messias oferece poder para se enfrentar tanto a escassez quanto a fartura, na verdade o poder para todas as coisas” .
O teólogo pentecostal David Demchuk4, após tecer uma breve crítica ao frequente mau uso do texto de Filipenses 4.13, deixa claro seu entendimento, nas palavras a seguir transcritas, de que a expressão contida no referido texto diz respeito à capacidade que Paulo tinha recebido do Senhor Jesus, o Cristo, para enfrentar todas as adversidades da vida:
“Em uma conclusão triunfal, o verso 13 revela a principal fonte do contentamento de Paulo: “Posso todas as coisas, naquele que me fortalece”. Este contexto do verso tem sido frequentemente transgredido, e esta verdade tem sido colocada a serviço de extravagâncias caprichosas. O apóstolo está claramente se referindo à grande variedade de suas próprias experiências (v. 12). A importância do verso 13 é encontrada no fato dessa capacidade de Paulo lutar com as adversidades da vida não ter sido alcançada por meio da auto-suficiência (como os estóicos ensinavam), mas através da suficiência em Cristo. Este fortalecimento foi parte da experiência cristã contínua de Paulo e estava fundamentado em sua união com Cristo”.
Concluindo, pode-se dizer, sem dúvida alguma, que a expressão paulina “Tudo posso naquele que me fortalece” (Filipenses 4.13 – ARA), ao contrário do que se prega atualmente, é uma das maiores expressões de fé para aplicação prática na vida diária de cada cristão, pois ensina a confiar no Deus Eterno em quaisquer situações, acreditando que Ele, embora não livre seus filhos de sofrer dificuldades na vida, outorga poder para enfrentá-las e suportá-las sempre.
BIBLIOGRAFIA:
1. DAVIDSON, Francis. O Novo Comentário da Bíblia, 3.ª Edição, São Paulo, SP: Editora Vida Nova, Editado em português pelo Dr. Russel P. Shedd, 1995, Reimpressa em 2003, p. 1269.
2. UNGER, Merril Frederick. Manual Bíblico Unger, Reimpressão Revisada da 1.ª Edição, São Paulo, SP: Editora Vida Nova, Revisada por Gary N. Larson, 2008, p.555.
3. STERN, David H.. Comentário Judaico do Novo Testamento, 1.ª Edição Brasileira, São Paulo, SP: Editora Atos, 2008, p. 650.
4. DEMCHUK, David. Comentário Bíblico Pentecostal, 4.ª Edição, Rio de Janeiro, RJ: Editora CPAD, 2006, p. 1313.
(http://cosmovisaocrista-arquivo.blogspot.com/2010/11/tudo-posso-naquele-que-me-fortalece.html)
"...aprendi a viver contente em toda e qualquer situação. Tanto sei estar humilhado como também ser honrado; de tudo e em todas as circunstâncias, já tenho experiência, tanto de fartura como de fome; assim de abundância como de escassez" (vv. 11 e 12 - ARA).
A grande maioria dos teólogos acredita que Paulo escreveu a Epístola aos Filipenses durante uma de suas prisões, talvez em Roma ou Éfeso. Segundo Francis Davidson¹, “Houve duas razões principais que induziram o apóstolo a escrever aos filipenses. A primeira, para hipotercar-lhes sua gratidão pelo fato de eles, simpatizando com seu apostolado e partilhando de suas aflições, lembrarem-se de enviar-lhe algumas dádivas por intermédio de Epafrodito, um de seus membros (Fil. 4:10-18). A segunda, para corrigir algumas pequenas desordens existentes no seio da igreja”. Nas palavras do saudoso Merril Frederick Unger², “...Seu tema é a adequação de Cristo a todas as experiências da vida – privação, perseguição, dificuldades, sofrimento e também prosperidade e popularidade. Cristo dá alegria e triunfo venha o que vier, desde que a ele se conceda o centro da vida” . Portanto, Paulo escreveu palavras motivadoras aos seus leitores, em meio à intensa tribulação a que estava condicionado no momento!
Analisando criteriosamente o contexto literário e histórico, pode-se concluir que a expressão paulina “Tudo posso naquele que me fortalece” (Filipenses 4.13 – ARA) não diz respeito ao “poder de conquistar todas as coisas”, como pregam os “apóstolos modernos”, mas sim, ao “poder de enfrentar e suportar todas as situações em Cristo”. David H. Stern³ comenta o referido texto bíblico da seguinte forma:
“O cristianismo é acusado de estimular tanto o ascetismo quanto a ganância. O ensino destes versículos, baseados em experiência pessoal (detalhada em 2Co 11:21-33), é o de que o Messias oferece poder para se enfrentar tanto a escassez quanto a fartura, na verdade o poder para todas as coisas” .
O teólogo pentecostal David Demchuk4, após tecer uma breve crítica ao frequente mau uso do texto de Filipenses 4.13, deixa claro seu entendimento, nas palavras a seguir transcritas, de que a expressão contida no referido texto diz respeito à capacidade que Paulo tinha recebido do Senhor Jesus, o Cristo, para enfrentar todas as adversidades da vida:
“Em uma conclusão triunfal, o verso 13 revela a principal fonte do contentamento de Paulo: “Posso todas as coisas, naquele que me fortalece”. Este contexto do verso tem sido frequentemente transgredido, e esta verdade tem sido colocada a serviço de extravagâncias caprichosas. O apóstolo está claramente se referindo à grande variedade de suas próprias experiências (v. 12). A importância do verso 13 é encontrada no fato dessa capacidade de Paulo lutar com as adversidades da vida não ter sido alcançada por meio da auto-suficiência (como os estóicos ensinavam), mas através da suficiência em Cristo. Este fortalecimento foi parte da experiência cristã contínua de Paulo e estava fundamentado em sua união com Cristo”.
Concluindo, pode-se dizer, sem dúvida alguma, que a expressão paulina “Tudo posso naquele que me fortalece” (Filipenses 4.13 – ARA), ao contrário do que se prega atualmente, é uma das maiores expressões de fé para aplicação prática na vida diária de cada cristão, pois ensina a confiar no Deus Eterno em quaisquer situações, acreditando que Ele, embora não livre seus filhos de sofrer dificuldades na vida, outorga poder para enfrentá-las e suportá-las sempre.
BIBLIOGRAFIA:
1. DAVIDSON, Francis. O Novo Comentário da Bíblia, 3.ª Edição, São Paulo, SP: Editora Vida Nova, Editado em português pelo Dr. Russel P. Shedd, 1995, Reimpressa em 2003, p. 1269.
2. UNGER, Merril Frederick. Manual Bíblico Unger, Reimpressão Revisada da 1.ª Edição, São Paulo, SP: Editora Vida Nova, Revisada por Gary N. Larson, 2008, p.555.
3. STERN, David H.. Comentário Judaico do Novo Testamento, 1.ª Edição Brasileira, São Paulo, SP: Editora Atos, 2008, p. 650.
4. DEMCHUK, David. Comentário Bíblico Pentecostal, 4.ª Edição, Rio de Janeiro, RJ: Editora CPAD, 2006, p. 1313.
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