Palavra do leitor
- 06 de outubro de 2010
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Se o seu irmão pecar... repreenda-o!
"Tomem cuidado. "Se o seu irmão pecar, repreenda-o e, se ele se arrepender, perdoe-lhe". (Lc 17:3 NVI)
Comumente as pessoas dizem, sobre este versículo, que devemos estar sempre dispostos a perdoar, e de fato devemos. Contudo, algumas ainda sentem-se desconfortáveis em repreender o ofensor. Acham que cristãos devem ser mansos e deixar passar as acusações e ofensas. Mas no Novo Testamento, o próprio Jesus, não ensina isso. Mas... não devemos dar a outra face? Vamos pensar um pouco sobre isso.
Fazendo uma consulta da Bíblia no original, vemos que a palavra usada para "repreender" aqui significa: "censurar, repreender, admoestar seriamente, advertir". Essas palavras querem dizer (vamos ao dicionário[1]):
a) censurar: Exercer censura sobre. Criticar. Reprovar: O professor censurou as maneiras desse aluno.
b) repreender: Censurar; corrigir. Chamar a atenção de; advertir.
c) admoestar: Advertir amigável ou bondosamente: “Passaram a vida animando e admoestando, tratando sempre de empurrar para a frente a humanidade.”(FSP). Censurar ou repreender: [veremos que "amigável ou bondosamente" é em função do amor e como isso se dá]
d) sério: De maneiras graves. Que não sorri. Que dá motivos para apreensões; grave: Um caso sério.
e) advertir: Admoestar, fazer advertência a.
É isso que devemos fazer. O que podemos pegar deste pequeno exercício é que você deve chegar para a pessoa e dizer: "você errou nisso, nisso e nisso. Seu comportamento foi reprovável nesta situação". Bem claro, explícito. A profundidade da repreensão deve ser com a intensidade da ofensa (medir com sabedoria, para não ficar além nem aquém).
As pessoas não vão gostar. Ninguém gosta de ouvir que está errado(a), mesmo porque muitas vezes elas realmente acham que estão certas. É difícil e pode ter um preço; mas não é opção, é direção.
Acho estranho hoje, pois as pessoas adoçam o Evangelho no trato entre si, como na parábola do administrador astuto (Lucas 16:1-14). Ali vemos que ele tratou de fazer uma troca de favores com os credores do seu senhor, nos nossos dias diria assim: "eu te alivio e você alivia o meu lado depois também". Na versão NVI as palavras de Jesus sobre o fato foram traduzidas como "os filhos deste mundo são mais astutos no trato entre si do que os filhos da luz" (v.8). É um "toma lá dá cá".
Mas, o Cânon diz que devemos tratar seriamente a questão. Não, não é para humilhar a pessoa, nem é para usar de tirania. A Bíblia fala de seriedade. Não é ser mole, nem tirano, mas ser sério, FIRME; com amor. O amor não é uma coisa molenga, se fosse, Cristo não teria conseguido ir para a cruz, o trabalho ali foi o mais duro de todos, só o amor o levou até o final. O amor é uma FORÇA, com o ALVO sempre para o bem: do arrependimento e do caminho do perdão para a santidade. E não imaginemos que tal postura será feita com nosso próprio braço, mas, como as demais ações do Evangelho, fazemos pela graça. Ela também é para enfrentar indivíduos com firmeza, seriedade e amor, como foi com Jesus. MESMO PORQUE "O ALVO É PERDOAR A PESSOA", NÃO ESMAGÁ-LA.
Laurence Porter diz: "O pecado não pode ser negligenciado, nem tratado com leviandade; o transgressor precisa ser advertido, seu pecado precisa ser discutido abertamente, e não pelas costas. O arrependimento deve preceder o perdão. Mas, satisfeitas essas condições, não há limite para o número de vezes em que o perdão deva ser concedido[2]".
MacDonald, em seu Comentário Bíblico[3], nos diz que na vida cristã não há somente o perigo de ofendermos as pessoas, mas também de que, se formos ofendidos, podemos vir a nutrir rancores (HB 12:15). Então ele nos diz que primeiro devemos perdoar em nosso coração o ofensor "isso conserva sua alma livre de ressentimento e malícia", depois devemos fazer a então repreensão à outra parte, assunto desta reflexão, e "se ele se arrepender, então diga que ele é perdoado". E por fim, se esse confronto particular não der certo, ele indica acertadamente a direção de Mateus 18:15-17.
Para teminar, cito a nota da Bíblia de Estudo Pentecostal, acerca dos versículos 3 e 4 de Lucas 17: "Jesus deseja que o crente queira sempre perdoar [...]. Quanto a perdoar 'sete vezes no dia', Jesus não está justificando a prática do pecado habitual. Nem está Ele dizendo que o crente deve permitir que alguém o maltrate ou abuse dele indefinidamente"[4]. O que eu entendo com isso é que devemos sempre perdoar, mas jamais sem antes confrontar o pecado alheio, vez após vez que ele ocorrer, na mesma proporção do número de perdões. Isso fará com que o ofensor pense antes de voltar a pecar.
NOTAS:
[1] MICHAELIS. Dicionário escolar língua portuguesa. São Paulo: Melhoramentos, 2008.
[2] BRUCE, F.F (org.). Comentário bíblico NVI: Antigo e Novo Testamento. São Paulo: Vida, 2009, p. 1685.
[3] MACDONALD. William. Comentário bíblico popular: Novo Testamento. São Paulo: Mundo Cristão, 2008, p. 210.
[4] BÍBLIA. Português. Bíblia de estudo pentecostal. Almeida revista e corrigida. Rio de Janeiro: CPAD, 1996,p. 1543
Comumente as pessoas dizem, sobre este versículo, que devemos estar sempre dispostos a perdoar, e de fato devemos. Contudo, algumas ainda sentem-se desconfortáveis em repreender o ofensor. Acham que cristãos devem ser mansos e deixar passar as acusações e ofensas. Mas no Novo Testamento, o próprio Jesus, não ensina isso. Mas... não devemos dar a outra face? Vamos pensar um pouco sobre isso.
Fazendo uma consulta da Bíblia no original, vemos que a palavra usada para "repreender" aqui significa: "censurar, repreender, admoestar seriamente, advertir". Essas palavras querem dizer (vamos ao dicionário[1]):
a) censurar: Exercer censura sobre. Criticar. Reprovar: O professor censurou as maneiras desse aluno.
b) repreender: Censurar; corrigir. Chamar a atenção de; advertir.
c) admoestar: Advertir amigável ou bondosamente: “Passaram a vida animando e admoestando, tratando sempre de empurrar para a frente a humanidade.”(FSP). Censurar ou repreender: [veremos que "amigável ou bondosamente" é em função do amor e como isso se dá]
d) sério: De maneiras graves. Que não sorri. Que dá motivos para apreensões; grave: Um caso sério.
e) advertir: Admoestar, fazer advertência a.
É isso que devemos fazer. O que podemos pegar deste pequeno exercício é que você deve chegar para a pessoa e dizer: "você errou nisso, nisso e nisso. Seu comportamento foi reprovável nesta situação". Bem claro, explícito. A profundidade da repreensão deve ser com a intensidade da ofensa (medir com sabedoria, para não ficar além nem aquém).
As pessoas não vão gostar. Ninguém gosta de ouvir que está errado(a), mesmo porque muitas vezes elas realmente acham que estão certas. É difícil e pode ter um preço; mas não é opção, é direção.
Acho estranho hoje, pois as pessoas adoçam o Evangelho no trato entre si, como na parábola do administrador astuto (Lucas 16:1-14). Ali vemos que ele tratou de fazer uma troca de favores com os credores do seu senhor, nos nossos dias diria assim: "eu te alivio e você alivia o meu lado depois também". Na versão NVI as palavras de Jesus sobre o fato foram traduzidas como "os filhos deste mundo são mais astutos no trato entre si do que os filhos da luz" (v.8). É um "toma lá dá cá".
Mas, o Cânon diz que devemos tratar seriamente a questão. Não, não é para humilhar a pessoa, nem é para usar de tirania. A Bíblia fala de seriedade. Não é ser mole, nem tirano, mas ser sério, FIRME; com amor. O amor não é uma coisa molenga, se fosse, Cristo não teria conseguido ir para a cruz, o trabalho ali foi o mais duro de todos, só o amor o levou até o final. O amor é uma FORÇA, com o ALVO sempre para o bem: do arrependimento e do caminho do perdão para a santidade. E não imaginemos que tal postura será feita com nosso próprio braço, mas, como as demais ações do Evangelho, fazemos pela graça. Ela também é para enfrentar indivíduos com firmeza, seriedade e amor, como foi com Jesus. MESMO PORQUE "O ALVO É PERDOAR A PESSOA", NÃO ESMAGÁ-LA.
Laurence Porter diz: "O pecado não pode ser negligenciado, nem tratado com leviandade; o transgressor precisa ser advertido, seu pecado precisa ser discutido abertamente, e não pelas costas. O arrependimento deve preceder o perdão. Mas, satisfeitas essas condições, não há limite para o número de vezes em que o perdão deva ser concedido[2]".
MacDonald, em seu Comentário Bíblico[3], nos diz que na vida cristã não há somente o perigo de ofendermos as pessoas, mas também de que, se formos ofendidos, podemos vir a nutrir rancores (HB 12:15). Então ele nos diz que primeiro devemos perdoar em nosso coração o ofensor "isso conserva sua alma livre de ressentimento e malícia", depois devemos fazer a então repreensão à outra parte, assunto desta reflexão, e "se ele se arrepender, então diga que ele é perdoado". E por fim, se esse confronto particular não der certo, ele indica acertadamente a direção de Mateus 18:15-17.
Para teminar, cito a nota da Bíblia de Estudo Pentecostal, acerca dos versículos 3 e 4 de Lucas 17: "Jesus deseja que o crente queira sempre perdoar [...]. Quanto a perdoar 'sete vezes no dia', Jesus não está justificando a prática do pecado habitual. Nem está Ele dizendo que o crente deve permitir que alguém o maltrate ou abuse dele indefinidamente"[4]. O que eu entendo com isso é que devemos sempre perdoar, mas jamais sem antes confrontar o pecado alheio, vez após vez que ele ocorrer, na mesma proporção do número de perdões. Isso fará com que o ofensor pense antes de voltar a pecar.
NOTAS:
[1] MICHAELIS. Dicionário escolar língua portuguesa. São Paulo: Melhoramentos, 2008.
[2] BRUCE, F.F (org.). Comentário bíblico NVI: Antigo e Novo Testamento. São Paulo: Vida, 2009, p. 1685.
[3] MACDONALD. William. Comentário bíblico popular: Novo Testamento. São Paulo: Mundo Cristão, 2008, p. 210.
[4] BÍBLIA. Português. Bíblia de estudo pentecostal. Almeida revista e corrigida. Rio de Janeiro: CPAD, 1996,p. 1543
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