Posts tagged vida digital

48ª semana de 2011

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“Deve-se admitir que a audácia por si só não é valor artístico. Nada me alegra mais do que me deparar com uma criação artística inovadora, mas, para isso, não basta fugir das normas, das soluções conhecidas e situar-se no polo oposto: é imprescindível que a obra inusitada efetivamente transcenda a banalidade e a sacação apenas cerebral ou extravagante. O que todos nós queremos é a maravilha, venha de onde vier, surja de onde surgir. […] Não é função da arte retratar a realidade, mas reinventá-la.”
Ferreira Gullar – Folha de S.Paulo, 27/11/2011

“Não conheço nenhuma palavra mais bonita do que ‘serendipity’. […] Inventada por um inglês, em 1754, que se inspirou numa lenda persa, ‘serendipity’ é uma palavra impossível de ser traduzida para outros idiomas num único termo. Superficialmente, ela significa o prazer das descobertas ao acaso. Um velho amigo encontrado numa inóspita cidade estrangeira, os acordes de um violino tocado em um parque numa tarde de outono, uma súbita paisagem de uma praia que aparece quando caminhamos numa mata fechada. Um encontro amoroso no final da madrugada, quando já estávamos conformados de ficar sozinhos ou um prato feito com ingrediente exótico num improvável restaurante de beira de estrada. Mas o significado profundo de ‘serendipity’ vai além do imprevisto. É o encanto da transformação dos acasos em aprendizagem. O bacteriologista Alexander Fleming viajou de férias e se esqueceu de guardar os pratos em que fazia experiências para curar infecções. Um fungo caiu do teto em um desses pratos. Descobriu-se o antibiótico. Se o tal fungo não tivesse caído na frente de um bacteriologista atento, seria apenas um bolor inútil. Por trás da palavra, existe a ideia de que o melhor da vida é a aventura do aprender pela experiência – o que compensaria os riscos e a dor provocada pelos sucessivos erros. […] Aí está a dor e a delícia do ‘serendipity’: para viver experiências, sempre estamos nos despedindo de alguma coisa de que gostamos.”
Gilberto Dimenstein – Folha de S.Paulo, 27/11/2011

“Se prevalecer a ideia de que a mulher é um bibelô a ser preservado, prevalecerá também a interpretação mais obscurantista do Islã, segundo a qual a mulher é propriedade do homem, e não ator com vontade própria.
Essa desgraçada cultura impregna ainda o mundo todo, a ponto de exigir um Dia Internacional contra a Violência de Gênero. No mundo árabe, essa (in)cultura é mais forte, exatamente pelo ranço da interpretação radical do Corão.”
Clóvis Rossi – Folha de S.Paulo, 27/11/2011

“A crise que afeta a zona do euro não alterará esse rumo político nem os compromissos assumidos quanto ao financiamento de ações climáticas urgentes em cooperação com os países menos desenvolvidos. […] É essencial que, em 2020, o aumento global de emissões seja contido e que, em 2050, decresça em 50% relativamente aos níveis de 1990. Trata-se de desafio global cuja resposta só pode ser encontrada com a cooperação de todos.”
Ana Paula Zacarias – Folha de S.Paulo, 27/11/2011

“Os homens estão comprando itens de luxo exatamente como as mulheres. Estão até se apaixonando por sapatos. É o que sugere estudo da Bain & Company, que usa a expressão ‘feminilização da sociedade’ para descrever o atual padrão de consumo. […] ‘Todas as marcas de luxo estão agora se concentrando em desenvolver suas linhas masculinas. Os homens têm se tornado mais e mais ‘fashion’ e ido às compras assim como as mulheres’, diz a italiana Claudia D’Arpizio, parceira da consultoria.”
Verena Fornetti – Folha de S.Paulo, 27/11/2011

“Acidentes acontecem e é muito mais difícil, senão impossível, preveni-los sem rigorosa fiscalização e com métodos de exploração obsoletos e análises sísmicas incompetentes. Não temos um plano nacional de emergência para vazamentos e só pensamos em discutir a questão dos royalties, ‘com a excitação com que algumas famílias debatem o testamento de um tio bilionário’, como bem observou Fernando Gabeira.”
Sérgio Augusto – O Estado de S.Paulo – 27/11/2011

“Quando houve o surgimento da moda dos blogs, muitos articulistas, principalmente os mais jovens, saudaram a chegada de uma linguagem e tecnologia que iria combater a mídia ‘mainstream’, com estilo mais autoral, atitude mais independente, interação mais democrática. Rodo por alguns blogs, sobretudo de moda, e vejo exatamente o contrário: escrita primária, comprometimento publicitário, busca da audiência pela audiência. Já os twitters, já chamados imprecisamente de microblogs, parecem confirmar cada vez mais a impressão de José Saramago: são grunhidos virtuais. Alguns de música postam um vídeo e só acrescentam a expressão ‘uau’ ou ‘uhu’ ou ‘ooôôôoo’. Isso que é argumento. Abro então o Facebook, que pouco mais é do que uma caderneta de contatos com álbuns de família e mensagens breves, e volto a pensar no livro de Alain de Botton: a era do exibicionismo veio para ficar, e não há ritual comunitário que possa reverter a tendência.”
Daniel Piza – O Estado de S.Paulo – 27/11/2011

“Se o teatro não for o lugar para discutir os temas da humanidade, da política, da economia, para pensarmos como vivemos e quem somos, eu não sei para que ele serve. Para que seria? Para a beleza? Existem muitas outras coisas bonitas. A poesia é muito mais bonita. O teatro é onde as pessoas podem, juntas, se engajar em alguma coisa. […] Hoje, falamos ao telefone enquanto estamos em uma reunião. Assistimos à televisão enquanto estamos na internet. Onde mais você pode fazer unicamente uma coisa? Apenas no teatro. E as pessoas vão valorizar isso cada vez mais e mais. […] Há sempre política, economia e questões sociais no que escrevo. Porque não fazer isso seria se dedicar a uma arte para privilegiados. As únicas pessoas que não se preocupam com economia, política e a sociedade são as que têm dinheiro suficiente para não ter que pensar nisso.”
Mike Barlett, 30, dramaturgo e diretor – O Estado de S.Paulo – 27/11/2011

“A maior parte dos tumores tem mais de um fator de risco, mas, entre todos eles, o mais comum é o envelhecimento. Ele faz com que as células fiquem ais tempo expostas a fatores que podem transformá-las em cancerosas. Mas se abrem oportunidades. O câncer não é doença que se forma do dia para a noite. É um processo muito longo, de uma a duas décadas, com exceção dos tumores associados a síndromes familiares. Então temos a oportunidade de atuar na juventude, reduzindo os riscos. Você nunca vai conseguir eliminar todo o risco, mas pode reduzi-lo. O jovem sempre pensa que é invulnerável e tende a ser um pouco mais solto em relação a hábitos. Mas o que ele faz agora vai cobrar a conta daqui a algumas décadas. Queremos conscientizá-lo de que hábitos saudáveis agora podem evitar que ele enfrente esse problema daqui a 20 anos.”
Marcelo Gehm Hoff, 43, médico, diretor do hospital Sírio-Libanês e do Instituto Câncer do Estado de São Paulo (Icesp) – O Estado de S.Paulo – 27/11/2011

“O consumo sustentável abrange tudo. É preciso pensar nisso desde a hora em que se acorda, economizando água, luz, telefone. Comprando menos detergentes e levando a sacola para o supermercado. Não comprar o que pode não usar para não ter desperdício. Tem que começar em casa e fazer sempre. Não se muda da noite para o dia, é preciso ir incorporando, ampliando as ações e dando exemplos para outros grupos, como trabalho, vizinhança.”
Lisa Gunn, coordenadora-executiva do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) – O Globo – 27/11/2011

“Muitas pessoas diriam que ‘crescer numericamente’ é o ideal de todos, posto que sempre podemos COMPRAR mais, ser DONOS de mais coisas! Mas será este o único ideal de vida, de ambição e de felicidade para todo mundo, mesmo? Ou é parte do pacote de infelicidade eterno do que não somos ou não temos, em comparação com os ideais de beleza, sucesso e riqueza vendidos nas revistas, na televisão, no cinema comercial etc.”
Mônica Salmaso, cantora, Revista O Globo – 27/11/2011

“No dia em que todo ser humano for dotado de bom-senso, não precisaremos legislar sobre a quantidade de álcool tolerada ao volante ou sobre o que é razoável na fundamental tarefa de impor limites aos pequenos.”
Antônio Góis – Folha de S.Paulo, 28/11/2011

“As escolas, sobretudo as públicas, operam sucateadas, sem estrutura condizente, e conduzidas por professores justamente desmotivados, em virtude da tibieza dos seus salários. No Brasil há solução para quase tudo, menos para encontrar uma resposta condigna para essa questão que vem desde meados do século passado. É certo que o perfil do aluno está mudando. […] Como pretender alunos críticos, reflexivos e investigadores se lhes falta o essencial, que é o adequado domínio da língua portuguesa?”
Arnaldo Niskier, 75, doutor em educação – Folha de S.Paulo, 28/11/2011

“O medo é um sentimento expresso com frequência hoje em dia pelos cristãos árabes, uma triste ladainha para uma comunidade antiga, que durante muito tempo foi uma força política e cultural no mundo árabe. Milhões de cristãos -distribuídos principalmente por Egito, Líbano, Síria, Jordânia, Iraque e territórios palestinos- viraram pouco mais do que meros espectadores de fatos que estão remodelando um lugar que essa comunidade ajudou a criar, e às vezes são vítimas da violência desencadeada por tais fatos. Em meio a tantas narrativas que as revoltas árabes representam -de dignidade, democracia, direitos e justiça social-, muitos cristãos se limitam a uma versão mais sombria: a de que seu tempo pode estar se esgotando. ‘Não sou um cristão fanático’, me disse um amigo. ‘Não vou à igreja. Respeito todas as religiões. Mas, pelo que vejo agora, em 30 anos não restarão mais cristãos aqui.’ Os temores quanto ao destino dos cristãos do Oriente Médio costumam entrar de forma desconfortável no conflito entre o Ocidente e o mundo islâmico. Mas focar nesse conflito e nos fanatismos que o cercam é ignorar as nuances daquilo que os cristãos representam para esta região, e as lições que a sua história em outras épocas de tumulto podem oferecer. ‘Há uma parte do islã em cada árabe cristão’, me disse certa vez em Beirute o jornalista, diplomata e intelectual Ghassan Tueni. […] Os cristãos, me disse um amigo, foram marginalizados no mundo árabe por não terem líderes capazes de articular uma identidade que fosse além da religião e criasse uma comunidade mais ampla. […]As sociedades podem simplesmente ter mudado demais para que se imagine uma reconciliação entre fé e secularismo. Há muito poucas vozes dentro das minorias oferecendo tal visão, e muito poucos líderes para articulá-la.
Mas, há tantos anos, Al Bustani teve uma ideia que era tão simples quanto elegante: cidadania.”
Anthony Shadid – New York Times/Folha de S.Paulo, 28/11/2011

“A palavra ‘sustentável’ hoje em dia é como ‘ética’, ‘Cabala’, não quer dizer nada. É como escrever na porta de uma padaria ‘sob nova direção’ só para atrair clientes. Propaganda provinciana.”
Luiz Felipe Pondé – Folha de S.Paulo, 28/11/2011

“Dizem os psicanalistas que, quando pequenos, temos prazer em cada centímetro do corpo. Com o passar do tempo, contudo, também a pele vai sendo adestrada, e a libido acaba restrita às “red light zones” de nossas íntimas moradas. Eis a nossa sina, buscar em vão o Éden perdido: na mulher amada, nas religiões, nas drogas.”
Antonio Prata – Folha de S.Paulo, 30/11/2011

“Viver está muito além das mesquinharias da realidade política, em que se ganha ou se perde, e da realidade individual também, em que só se pode ganhar ou perder na vida! Isso importa pouco em relação a esse outro mundo que te aguarda, esse outro mundo possível, que está na barriga deste. Vivemos num mundo infame, eu diria. Não nos incentiva muito, é um mundo malnascido. Mas existe outro mundo na barriga deste, esperando, que é mundo diferente e de parto complicado. Não é fácil o nascimento, mas com certeza pulsa no mundo que estamos.”
Eduardo Galeano, Revista Trip – novembro de 2011

“É banal que o amor nos leve a querer transformar parceiros e parceiras de forma que eles correspondam a nossas expectativas. O projeto de moldar o outro transforma qualquer convívio numa violência.”
Contardo Calligaris – Folha de S.Paulo, 01/12/2011

“O fim da exigência, no ano passado, de um prazo mínimo de separação antes da formalização do divórcio resultou num aumento recorde de 37% dessa prática em relação a 2009, e numa queda de 32% no número de separações.
Os casamentos que terminaram em divórcio duraram, em média, 16 anos, sendo que 41% deles não passaram dos dez anos, proporção que era de 33% em 2000, segundo as Estatísticas do Registro Civil, divulgadas ontem pelo IBGE. […] As únicas faixas etárias em que houve diminuição na proporção de casamentos foi entre homens e mulheres com menos de 24 anos, o que indica que brasileiros têm adiado a formalização do casamento.”
Antônio Góis – Folha de S.Paulo, 01/12/2011

43ª semana de 2011

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“Apenas uma população bem informada será capaz de tomar as decisões para um futuro melhor. Por isso, precisamos de mais ciência na mídia, nas escolas, nas nossas comunidades. Se o Brasil quer estar entre as cinco maiores potências mundiais nas próximas décadas, precisará de uma população educada cientificamente, preparada para competir com países que sabem da importância da ciência para o desenvolvimento.”
Marcelo Gleiser – Folha de S.Paulo, 23/10/2011

“Existe um denominador comum das crises econômicas, sociais e ambientais do nosso planeta: o padrão de consumo humano. Os estilos de vida da sociedade são um dos fatores que resultam nas chamadas doenças crônicas não transmissíveis: câncer, doenças respiratórias, condições cardiovasculares, hipertensão e diabetes, que matam no mundo cerca de 35 milhões de pessoas por ano. Tabagismo, alimentos com alto teor de gordura, sal e açúcar e o consumo nocivo de bebidas alcoólicas causam mais de dois terços dos novos casos dessas doenças. […] O homem é parte do ambiente em que vive. Os agravos sobre a saúde do planeta e a saúde humana têm causas interligadas. Para resolvê-los, é imperativo que os países adotem uma abordagem sistêmica e integrada.”
Luiz Antônio Santini e Tânia Cavalcante – Folha de S.Paulo, 23/10/2011

“O número de amigos no Facebook não mede apenas popularidade. Mede também o tamanho de áreas do cérebro associadas a uma rede que compreende memória, emoções e interações sociais. Pessoas com essas áreas mais expandidas conseguem desenvolver mais relacionamentos? Ou mudaram seu cérebro porque usam mais o Facebook, estabelecendo mais relacionamentos? Os cientistas da University College de Londres, responsáveis pela pesquisa, divulgada na semana passada, não sabem.
O que imaginam saber, graças a uma série de testes de ressonância magnética, é que existe uma relação entre o tamanho de certas áreas do cérebro e o número de amigos. […] Se, por um lado, há dúvidas sobre como a tecnologia cria novos circuitos cerebrais, é sabido, por outro, que o cérebro é plástico, molda-se aos estímulos externos. Isso significa que a inteligência pode aumentar ou diminuir.”
Gilberto Dimenstein – Folha de S.Paulo, 23/10/2011

“Na Líbia, na Síria, o povo se ergueu contra a falta de liberdade e os privilégios de que gozam os donos do poder e clama por democracia. Onde há democracia, como nos países ocidentais, as causas do descontentamento são outras; atrevo-me a dizer que se rebelam contra os excessos do regime capitalista. E aqui me parece estar a novidade. É isso aí: os jovens dos países capitalistas vão à rua para exigir mudanças radicais no capitalismo. A coisa ainda não está explícita e daí a dificuldade de apreendê-la e defini-la. Mas é isso que me parece surgir nas ruas dessas numerosas cidades: uma visão crítica do capitalismo que não tem nada a ver com Karl Marx nem com o que se define como esquerda. […] Não obstante, tendo derrotado o comunismo e se tornado o dono do pedaço no mundo inteiro, o capitalismo agora é questionado por aqueles que nunca leram Marx. Por isso mesmo, não podem os seus defensores alegar que os que estão nas ruas exigindo mudanças são subversivos a serviço de Moscou ou de Pequim, hoje tão capitalistas quanto Nova York ou Londres.”
Ferreira Gullar – Folha de S.Paulo, 23/10/2011

“Ágape, álbum do padre Marcelo Rossi, já é o CD mais vendido do ano, ainda que lançado há pouco mais de um mês: 1,4 milhão de unidades, um número que impressionaria mesmo nos tempos em que ainda existia indústria fonográfica.”
Revista Veja – 24/10/2011

“Viramos súditos das respostas simplórias. Todos fazem estudos que demonstram que professores melhores e mais tempo em sala de aula dão resultado melhor. Como a questão de professores melhores é subjetiva, e que leva tempo (uma ou duas décadas) para se consertar, parte-se para o segundo item. Assim, começa a grita pela escola integral e por mais tempo na sala de aula. Como se torturar a meninada com mais horas monótonas e mal pensadas fosse resultar em aprendizado duradouro. Que bobagem! Isso não passa de um clichê, que serve para dar aos pais e aos políticos a sensação, idealizada, de que algo está sendo feito. O custo é altíssimo, e esse percentual a mais de PIB que iria custear um aumento de jornada deveria ser usado na reforma curricular. […] No mundo que está por vir, com currículos baseados na web e abolição gradual do sistema conteudista, acrescentar horas de aula é quase um ato criminoso. Essa dinheirama precisa ser redirecionada a fim de preparar as escolas para a revolução digital. Que, aliás, permitirá aos alunos surfarem questões em casa, em vez de acorrentá-los às carteiras.”
Ricardo Semler – Folha de S.Paulo, 24/10/2011

“Com uma infraestrutura subdimensionada, o trabalhador sai de casa mais cedo, volta mais tarde, descansa menos, produz menos, é mais ansioso, adoece mais e consome menos. Nossa infraestrutura é cara por falta de planejamento, que, por sua vez, decorre de falhas na educação. A educação ineficiente, além de não conseguir capacitar gestores para um planejamento competente, cria um contingente de profissionais subcapacitados que exercem funções que pouco agregam em produtividade e muito pesam no custo. […] Educação limitada sai caro, prejudica nossa capacidade de planejar e torna o Brasil menos competitivo. Precisamos de menos chefes e mais engenheiros e administradores competentes. Precisamos aprender a planejar, o que nunca soubemos fazer. À nossa nação não falta dinheiro. Falta apenas saber empregá-lo melhor.”
Gustavo Cerbasi – Folha de S.Paulo, 24/10/2011

“Faço o convite para que você repense sua atitude a cada situação que envolva dinheiro. Não pense simplesmente em economizar. Esqueça a preocupação de poupar intensamente. Procure melhorar suas escolhas e faça com que sejam coerentes, saudáveis e equilibradas. Se fizer isso, estará dando um grande passo em direção à prosperidade.”
Gustavo Cerbasi, Revista Época – 24/10/2011

“A corrupção virou a pior forma de barbárie de nossa democracia não apenas porque mercadeja com o destino de crianças ou porque sacrifica vidas em hospitais imundos e estradas abandonadas, mas principalmente por ter transformado a política numa indústria complexa, cuja finalidade é a apropriação da riqueza de todos para fins privados (e fins partidários são fins privados).”
Eugênio Bucci, jornalista e prof. da ECA-USP, Revista Época – 24/10/2011

“É preciso diagnosticar e atuar sobre aquilo que pode diminuir nosso ímpeto desenvolvimentista. A melhoria da Educação é tarefas, a um só tempo, mais urgente e mais de longo prazo que temos de cumprir. Fazer com que as crianças se alfabetizem solidamente, que os jovens concluam o ensino médio e que nossos estudantes ampliem nossas capacidades científicas e tecnológicas é o grande passaporte para o futuro. Para isso, é preciso caminhar, mesmo que aos poucos, para o modelo necessário: escola de tempo integral, carreira docente atraente, comprometimento da escola com o aprendizado dos alunos, monitoramento constante dos resultados escolares e incentivo para a adoção das melhores práticas pedagógicas.”
Fernando Abrucio, cientista político, prof. da FGV/SP, Revista Época – 24/10/2011

“Devemos olhar com admiração o que jovens de todo o mundo fizeram em 2011. Em Túnis, Cairo, Tel Aviv, Santiago, Madri, Roma, Atenas, Londres e, agora, Nova York, eles foram às ruas levantar pautas extremamente precisas e conscientes: o esgotamento da democracia parlamentar e a necessidade de criar uma democracia real, a deterioração dos serviços públicos e a exigência de um Estado com forte poder de luta contra a fratura social, a submissão do sistema financeiro a um profundo controle capaz de nos tirar desse nosso ‘capitalismo de espoliação’. […] Ao serem questionado sobre o que querem, muito jovens respondem: ‘Queremos discutir’. Pois trata-se de dizer que, após décadas da repetição compulsiva de esquemas liberais de análise socioeconômica, não sabemos mais pensar e usar a radicalidade do pensamento para questionar pressupostos, reconstruir problemas, recolocar hipóteses na mesa. O que esses jovens entenderam é: para encontrar uma verdadeira saída, devemos primeiro destruir as pseudocertezas que limitam a produtividade do pensamento. Quem não pensa contra si nunca ultrapassará os problemas nos quais se enredou. Isso é o que alguns realmente temem: que os jovens aprendam a força da crítica.”
Vladimir Safatle – Folha de S.Paulo, 25/10/2011

“Tempos econômicos difíceis podem aproximar as pessoas. Depende muito da resposta social para a crise econômica, das comunidades aos sindicatos. Se houver determinação em compartilhar a resposta, a consequência psicológica pode ser até muito boa. Se a resposta for “cada um por si e o diabo fica com o último”, mais pessoas terão que lutar.”
Raewyn Connell, socióloga australiana – Folha de S.Paulo, 26/10/2011

“Hoje, a tecnologia digital facilita o trabalho dos falsários, e, graças à internet, um boato se transforma rapidamente numa certeza coletiva.”
Contardo Calligaris – Folha de S.Paulo, 27/10/2011

34ª semana de 2011

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“Não há risco de o dragão político devorar o leão econômico? Na era das incertezas, tal risco é possível. E as distâncias entre o Bem e o Mal são curtas. O éden fica ao lado do inferno.”
Gaudêncio Torquato – O Estado de S. Paulo, 21/08/2011

“Algumas pessoas parecem achar que é melhor fingir que estão limpando do que impedir que sujem.”
Daniel Piza – O Estado de S. Paulo, 21/08/2011

“As empresas nucleares preferem privatizar benefícios e socializar prejuízos, no caso, perigos.”
Alfredo Bosi – Folha de S.Paulo, 21/08/2011

“Temos recrutado profissionais que não estão interessados somente numa rápida progressão de carreira, mas que estão mais abertos à aprendizagem, são menos arrogantes e têm foco maior nos resultados que a companhia busca.”
Denise Asnis – Revista Exame, 24/08/2011

“A questão da escassez de talento é identificada como grande gargalo para o crescimento das empresas: teme-se não ter quadros com competências suficientes para viabilizar planos de expansão. Além disso, em mercados de trabalho aquecidos como o brasileiro, a rotatividade é alta, torna instáveis os quadros e dificulta a gestão.”
Thomaz Woord Jr. – Carta Capital, 24/08/2011

“País desenvolvido é também país pacífico, que respeita seus cidadãos e cidadãs, como destaca a campanha Mulheres e Direitos, realizada no âmbito das Nações Unidas em parceria com diversas entidades, dentre as quais o Instituto Maria da Penha.
Para que uma lei tão importante como essa seja realmente cumprida, o poder público deve atuar em harmonia. Não basta apenas existir, ela precisa ser plena e corretamente aplicada em todos os locais do nosso país. Por um país menos violento e mais respeitoso com suas mulheres, fica aqui o nosso apelo: Lei Maria da Penha – cumpra-se!”
Jandira Feghali e Maria da Penha – Folha de S.Paulo, 21/08/2011

“Nas antologias escolares de antigamente havia sempre um pequeno poema de Fagundes Varela que toda uma geração decorava. O poeta perguntava qual era a mais forte, a mais letal das armas e respondia: a língua humana. Nem mesmo com o arsenal nuclear de hoje a língua perdeu a “pole position” na escala da destruição de que é capaz. Tudo começa lá atrás. Se dermos crédito à fábula bíblica, foi a língua da serpente que expulsou Adão e Eva do Éden, donde podemos concluir que, se a serpente não tivesse língua, ainda hoje estaríamos no paraíso terrestre. A tecnologia ampliou a malignidade da língua, tudo se pode fazer com ou por meio dela. […] Isso sem falar na língua de economistas, políticos, formadores de opinião, técnicos de futebol e, naturalmente, todos os tiranos que, periodicamente, ajudam a desgraçar a humanidade.”
Carlos Heitor Cony – Folha de S.Paulo, 25/08/2011

“Críticos alegam que uma cultura da corrupção é onipresente no Brasil. Mas também devemos colocar a situação em perspectiva. Como o país se compara, por exemplo, com outros grandes países em desenvolvimento -Rússia, Índia, China e África do Sul?
A Transparência Internacional publicou um índice de percepção de corrupção em 2010, em que o Brasil ocupa o 69º lugar entre 178 países pesquisados. Está melhor que a China, que vem em 78º; a Índia, em 87º; e muito adiante da Rússia, em 157º. A África do Sul está em 50º. […] A Transparência Internacional criou um “corruptômetro”. Nele, dez representa “corrupção zero” e zero representa “completamente corrupto”. O Brasil tem nota 3,7 nesse indicador, ante 2,1 para a Rússia, 3,3 para a Índia e 3,5 para a China. Dinamarca e Nova Zelândia lideram com 9,3.”
Kenneth Maxwell – Folha de S.Paulo, 25/08/2011

“O país é muito desigual, as crianças mais pobres recebem uma educação de péssima qualidade e mesmo entre os mais ricos há razões para preocupação. Sabemos também que essa situação já foi pior. Mas, diante da tragédia disponível, seria cínico demais dizer que isso serve de alento.”
Fernando de Barros e Silva – Folha de S.Paulo, 27/08/2011

“Acho que estamos lentamente caminhando para um tipo de comunismo da informação e do conhecimento. Mas acho que deveríamos acompanhar de perto as contribuições culturais das pessoas e recompensá-las por isso, com dinheiro ou reputação.”
Pierre Lévy – Revista Cult, agosto de 2011

33ª semana de 2011

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“O aumento do número de suicídios entre os jovens não é exclusividade do Brasil, acontece em diversos países. Mas qual seria a explicação? Não há causa única, mas uma série de fatores combinados. Os transtornos psiquiátricos são uma das principais causas, e a depressão é a mais importante delas. Por isso, qualquer alteração significativa do comportamento merece avaliação. Mas não é apenas a depressão que leva o jovem ao suicídio. No Japão, por exemplo, o alto grau de exigência no desempenho escolar, as cobranças excessivas por parte da família, o medo de fracassar e não atender às expectativas sociais e a alta competitividade também são fatores. […] No Brasil, há um risco maior nos jovens de populações indígenas, em pessoas que já tentaram suicídio ou de famílias em que alguém se matou, em jovens que fazem parte de minorias sexuais (adolescentes gays se matam mais do que heterossexuais), vítimas frequentes de bullying e de violência. Em comum, a sensação de que as dificuldades e as barreiras são tão grandes que não vale a pena lutar.”
Jairo Bouer – Folha de S.Paulo, 15/08/2011

“A vida é feita de escolhas. Uma das escolhas mais sérias na vida é o modo como vivemos a vida, se como graça ou como natureza.”
Luiz Felipe Pondé – Folha de S.Paulo, 15/08/2011

“Os periódicos científicos, onde pesquisadores publicam seus estudos, têm ganhado em importância. A tal ponto que, no Brasil, seguindo países como Holanda e EUA, alguns programas de pós-graduação já substituem a obrigação de escrever uma tese por artigos científicos. […] Hoje, o Brasil está em 13º lugar no mundo em quantidade de artigos publicados. […] Quem publicar mais nos melhores periódicos, ganha nota mais alta. E quem tiver as notas mais altas, recebe mais recursos, como bolsas.
A ligação direta entre a publicação de artigos e distribuição do dinheiro público para ciência tem tirado o sono dos pesquisadores, principalmente daqueles cujas revistas correspondentes à sua área não estão no topo.”
Sabine Righetti – Folha de S.Paulo, 15/08/2011

“Nos dados sobre religião da POF (Pesquisa de Orçamentos Familiares), do IBGE, que pesquisou o tema em 2003 e 2009. No período, só entre evangélicos, a fatia dos que se disseram sem vínculo institucional foi de 4% para 14% -um salto de mais de 4 milhões de pessoas. […] Para especialistas consultados pela Folha, a pesquisa, feita a partir de amostra de 56 mil entrevistas, é suficiente para dar boas pistas do movimento.
O pesquisador Ricardo Mariano, da PUC-RS, reconhece que vem ocorrendo aumento de protestantes e pentecostais sem vínculos institucionais, ainda que ele tenha dúvidas se o crescimento foi mesmo tão intenso quanto o revelado pelo IBGE. […] De acordo com o professor, parte dos evangélicos adota o ‘Believing without belonging’ (crer sem pertencer), expressão cunhada pela socióloga britânica Grace Davie sobre o esvaziamento das igrejas ao mesmo tempo em que se mantêm as crenças religiosas na Europa Ocidental. Para a antropóloga Regina Novaes, uma pergunta que a pesquisa levanta é se este ‘evangélico genérico’ tem semelhanças com o católico não praticante. Para ela, ‘ambos usufruem de rituais e serviços religiosos mas se sentem livres para ir e vir’. […] Outro dado interessante da POF é que aumentou o número dos que declararam uma religião não identificada pelos pesquisadores, o que indica que na década passada mais igrejas surgiram e passaram a disputar o “supermercado da fé”, na expressão depreciativa utilizada pelo papa Bento 16.”
Antônio Gois e Hélio Schwartsman – Folha de S.Paulo, 15/08/2011

“Ferimentos a bala são parte da rotina. As vítimas da guerra civil estão sempre nos nossos corredores. Já vi um mesmo cirurgião atender até dez num único dia.
Crianças em estado de desnutrição extrema, muitos casos de malária, doenças respiratórias. As principais vítimas são as crianças. Elas sofrem com a ignorância dos pais. A falta de educação também é uma epidemia, porque tem um impacto direto na saúde.”
Abdirizak Ali Mohamed, 22, estudante de medicina na Universidade Benadir em entrevista para Marcelo Ninio – Folha de S.Paulo, 16/08/2011

“Um dos sinais de inteligência de um bom líder é a capacidade de perceber antes dos outros o fim e o início de cada um dos estágios de sua carreira. Há muito de emocional nessa capacidade.”
Betania Tanure – Valor, 19/08/2011

“Valores como justiça, liberdade e dignidade não são ocidentais ou orientais, nem dependem de uma religião ou crença, disse minha amiga. São apenas valores humanos, mas a história da humanidade é uma sucessão interminável de calamidades e injustiças. Meus clientes são jovens franceses e imigrantes, todos desempregados. Depois de conhecer a vida deles, tento entender o nosso tempo, que não me orgulha nem um pouco. A maioria das pessoas vê esses desempregados e drogados como seres maléficos à sociedade. Eu os vejo como jovens sem qualquer perspectiva de futuro, derrotados antes mesmo de entrar na dança da vida.”
Milton Hatoum – O Estado de S. Paulo, 19/08/2011

“A matemática continua sendo a disciplina do currículo básico com os índices de aproveitamento mais baixos nas avaliações institucionais. […] O Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa), que avalia o desempenho em leitura, matemática e ciências de jovens de 15 anos, coloca o Brasil nas últimas posições, num ranking de 65 países. Quatro em cada 10 jovens brasileiros nessa faixa etária não sabem multiplicar. […] O problema é antigo e preocupante, pois a má qualidade do ensino de matemática é um dos fatores que vêm limitando a formação de engenheiros em número suficiente para atender às necessidades da economia nacional. Em 2008, os cursos de engenharia ofereceram 239 mil vagas, mas só foram preenchidas 140 mil. Ou seja, não faltam vagas nas universidades – faltam, sim, vestibulandos com conhecimento mínimo de matemática. O País forma cerca de 47 mil engenheiros por ano, ante 650 mil, na China, e 220 mil, na Índia.”
O Estado de S. Paulo, 19/08/2011

“O Facebook, rede social criada por Mark Zuckerberg, atingiu a marca de 25 milhões de usuários no País. Apesar da penetração relativamente baixa em razão da concorrência do Orkut – que ainda é o líder nacional -, o Brasil já é um mercado ‘top 5’ em termos absolutos para o site, afirmou ontem o vice-presidente da empresa para a América Latina, Alexandre Hohagen.”
Alexandre Matias – O Estado de S. Paulo, 19/08/2011

32ª semana de 2011

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“Se quiser medir a taxa de civilidade de uma cidade, veja o tamanho de sua calçada. E, se quiser medir a cidadania de um país, pode usar como indicador o número de pedestres mortos.”
Gilberto Dimenstein – Folha de S.Paulo, 07/08/2011

“O efeito placebo é um dos mais extraordinários aspectos da mente humana e mais mal compreendidos. Ele é extraordinário porque mostra que o cérebro é capaz de produzir reações cuja capacidade de cura é comparável ao de drogas poderosas.
E é mal compreendido porque costuma ser descrito pejorativamente como algo que ‘está apenas na sua cabeça’. A existência do efeito foi demonstrada em diversas condições. Um trabalho de 2008 mostrou que 79% dos pacientes submetidos ao placebo responderam bem à ‘terapia’, contra 93% dos que tomaram drogas reais.”
Hélio Schwartsman- Folha de S.Paulo, 07/08/2011

“Considere, por exemplo, o livro do físico Mikio Kaku ‘A Física do Futuro’, ele entrevistou 300 cientistas para criar uma visão utópica de um mundo definido pela ciência. Em 2100, diz, computadores inteligentes trabalharão com humanos, o acesso à internet será por lentes de contato e moveremos objetos com o pensamento; nanorrobôs destruirão células de câncer, a propulsão a laser redefinirá as viagens espaciais e colonizaremos Marte. Não haverá barreiras comerciais, e a mesma cultura e os mesmos alimentos serão divididos por todos. Essa homogeneização da sociedade acabará com as guerras.
Essas maravilhas tecnológicas são extrapolações do que já temos. Se alguém tivesse previsto que em 2010 teríamos laptops capazes de baixar remotamente gigabytes de informação ninguém acreditaria. O difícil é prever o inesperado.”
Marcelo Gleiser – Folha de S.Paulo, 07/08/2011

“ ‘Se a adolescente não tem projetos de vida, a gravidez vira o projeto de vida’, resume Marco Aurélio Galletta, médico responsável pelo setor de gravidez na adolescência do HC (Hospital das Clínicas). […] ‘Grávida ganha status. Na escola, vira a mais experiente. Em casa, se deita no sofá e diz ter sede, aparece um copo d´água. É preciso mostrar para as meninas como um filho pode atrapalhar outros sonhos’, diz Galletta.”
Ricardo Miotto – Folha de S.Paulo, 08/08/2011

“Em sociedade, os direitos individuais esbarram nos direitos dos outros. Se, por ter bebido, eu posso colocar outras pessoas em risco, eu tenho que abrir mão do meu direito de conduzir. Parece óbvio, mas não é assim que acontece!”
Jairo Bouer – Folha de S.Paulo, 08/08/2011

“viver em completo estado de degradação não é uma escolha consciente. Ninguém que esteja gozando minimamente de sua vontade própria pode considerar como opção a realidade dessas pessoas que seguem, todos os dias, a única alternativa que a droga lhes proporcionou como uma dura sentença de morte. Todos sabemos quão forte e destrutivo é o vício e quão difícil é sair dele. Nos últimos dias, a internação compulsória tem sido citada como uma possibilidade real de tratamento para quem chegou ao último estágio da dependência. […] Quando um dependente ainda tem a atenção de sua família, e esta tem condições para tanto, a internação compulsória é um ato de amor. No nível mais alto do flagelo causado pela droga, ele já abandonou a família ou foi abandonado por ela. Não pode também ser abandonado pelo poder público. A meu ver, isso é omissão de socorro.”
Andrea Matarazzo – Folha de S.Paulo, 09/08/2011

“Vale a lição de Maria Antonieta: aqueles que não percebem o fim de um mundo são destruídos com ele. Há momentos na história em que tudo parece acontecer de maneira muito acelerada. Já temos sinais demais de que nosso presente caminha nessa direção. Nada pior do que continuar a agir como se nada de decisivo e novo estivesse acontecendo.”
Vladimir Safatle – Folha de S.Paulo, 09/08/2011

“O número de obesos que se submetem a operações para emagrecer subiu de cerca de 35 mil em 2009 para 60 mil em 2010. Desde 2003, o crescimento foi de 270%, segundo dados da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica. […] O país só perde para os Estados Unidos em número de cirurgias. Segundo a sociedade, lá são feitos 300 mil procedimentos do tipo por ano.”
Débora Mismetti – Folha de S.Paulo, 10/08/2011

“Perto do Orkut, o Facebook é um aeroporto superlotado, onde avisos inúteis se repetem pelos alto-falantes e onde me sinto invariavelmente perdido. Nem a mais demente produção de spams na minha caixa de e-mail equivale à atividade que me chega pelo Facebook. Fico até aflito de ver pessoas postando de 15 em 15 minutos, durante toda a extensão do dia. A falta de fazer nunca deu tanto trabalho. Peço desculpas aos amigos (tanto os que conheço quanto os que não conheço). Mas estou bloqueando muita gente. […] No fim, mesmo os posts mais banais são boas notícias. As pessoas estão bem, estão vivas e parecem, numa média impressionante, bastante felizes. Como tantos outros meios de comunicação, e o celular é o maior exemplo, o Facebook não funciona apenas, nem funciona a maior parte do tempo, para “comunicar” algum conteúdo. Sua função é dar sinais -sinais de existência. Aquilo que os especialistas chamam de “função fática” (“Você está aí?”, “Você está me ouvindo?”, “Oi! E aí?”) preenche muito do que se transmite no Facebook.”
Marcelo Coelho – Folha de S.Paulo, 10/08/2011

“Além dos conflitos religiosos, políticos e territoriais que marcaram a humanidade e as nações com tragédias, a realidade de hoje parece se concentrar em fatos miúdos, universais – que, em linhas gerais, podem ser resumidos na corrupção generalizada que atinge a todos os escalões da vida pública quase de modo silencioso, roendo a estrutura ética do Estado e dos indivíduos. […] Um bichinho insignificante [cupim], que mal percebemos no início de seu trabalho destruidor, vai corroendo os alicerces éticos da sociedade como um todo. E as construções mais sólidas se diluem no pó.”
Carlos Heitor Cony – Folha de S.Paulo, 11/08/2011

“O romance e o teatro podem, talvez mais do que a ciência, vasculhar a mente, embarafustar-se pelos seus descaminhos, e voltar de lá com as contradições e incoerências inerentes à espécie.”
Ruy Castro – Folha de S.Paulo, 12/08/2011

“Quando a maior democracia do mundo quase coloca o país numa situação de insolvência por disputas políticas irracionais, com repercussões graves para o resto mundo… alguma coisa está fora da ordem. E não é só na economia. Hoje, o mundo parece estar padecendo não do problema da falta de recursos para resolver a crise financeira que usurpa e sabota o futuro das economias. Como alguém já disse, nosso maior padecimento é o mal do excesso de ambição, de consumo, de poder e de pressão pelo sucesso. […] Se algo está realmente fora da ordem, é a falta de valores.
A crise na economia é apenas uma das consequências.”
Marina Silva – Folha de S.Paulo, 12/08/2011

23ª semana de 2011

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“98,5% dos crimes cometidos no México ficam impunes, segundo o Instituto Tecnológico de Monterrey. Em casos de violência contra mulheres apenas um em cada cinco é denunciado.”
O Estado de S.Paulo, 08/06/2011

“Uma coisa importante que as redes sociais fizeram foi explicitar o sucesso das pessoas: quantos amigos você tem no Orkut, quantos scraps recebe no aniversário, quantos seguidores tem no Twitter, quantas pessoas curtem o que você fala no Facebook. Ou seja, estamos incessantemente colocando nosso ego à prova. E, no que eu tenho observado, não estamos preparados para isso. […] O ser humano sempre viveu a mercê do ego e ser famoso vicia.”
Bia Granja, Folha de S.Paulo, 08/06/2011

“Sem a experiência da própria solidão a vida nos parecerá postiça, artificial ou vulgar. A verdadeira e produtiva viagem solitária pode ser feita a dois, em grupo e até mesmo em meio à dissolução do indivíduo na massa, mas o pior mesmo é tentar evitá-la. […] O prejuízo psíquico causado pela impossibilidade de estar só é incalculável.”
Christian Ingo Lenz Dunker, psicanalista, Revista Mente & Cérebro – junho de 2011

“Fazer parte do grupo familiar e demonstrar isso cumprindo seus rituais, assumindo suas obrigações, compartilhando seus princípios, valores e tradições tornaram-se questões que, pelo jeito, os pais hesitam em repassar aos filhos. […] A maioria considera que os filhos precisam estudar e se divertir, estar com os amigos, que têm o direito de ter tudo o que seus pais não tiveram e que agora podem lhes oferecer etc.
Não ocorre de imediato aos pais que o fato de alguém ser filho ‘e fazer parte, portanto, de uma família’ é algo que acarreta ônus e bônus. Assim é a vida em relação a tudo, não é, caro leitor?”
Rosely Sayão, psicóloga, Folha de S.Paulo, 07/06/2011

“O objetivo da educação geral é preparar o graduando para lidar com complexidades e mudanças da realidade”.
Marcelo Knobel, pró-reitor de graduação da Unicamp, Valor Econômico, 10/06/2011

“Fugir de arapucas comerciais é um presente a mais que o casal se dá.”
Gustavo Cerbasi, economista, Folha de S.Paulo, 06/06/2011

“Escrever um romance é escrever um texto que o seu leitor pense ter sido vivido por você. Se você diz que não, o leitor dirá; ‘Não minta, é você. É tão franco, tão convincente’. E você diz: ‘É ficção’. E ele: ‘Não, não’. Bem, deixe o leitor pensar assim. Mesmo se eu disser que não, pensarão que estou mentindo. Sim, eu estou mentindo, gosto de mentir, porque sou um ficcionista.”
Orhan Pamuk, 59, ganhador do Prêmio Nobel de literatura em 2006, Folha de S.Paulo, 10/06/2011

“As pessoas se horrorizam, mas o casamento é um projeto social e sempre atende a interesses.”
Míriam Grossi, coordenadora do Núcleo de Identidades de Gênero e Subjetividades da Universidade Federal de Santa Catarina, Valor Econômico, 10/06/2011

“Por que achar que somos melhores que os outros, que nossas ideias, postura ou tendências são as que todo deviam seguir? Por que não aceitamos o outro como ele é, quem sabe gago, tímido, gordo, baixo, alto demais, magro demais, talvez lento de raciocínio? […] A vida já é bem difícil, sobretudo para os jovens que entram neste mundo atrapalhado no qual alguns ditam regras (que muitas vezes não seguem), comandam o circo, enveredam por caminhos sem conhecer direto o destino e inventam modas sem saber as consequências.”
Lya Luft, escritora, Revista Veja, 08/06/2011

18ª semana de 2011

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“Achei curiosos os resultados da pesquisa da Ipsos sobre crenças religiosas. O Brasil é o terceiro país onde mais se acredita em Deus (84% dos entrevistados), atrás apenas de Indonésia (93%) e Turquia (91%). A média mundial é 51%. O Brasil também é o terceiro onde mais se acredita que a vida pós-morte não tem nem inferno nem pecado (32%), seguindo México(40%) e Rússia (34%), e o segundo onde mais se acredita em reencarnação (12%), atrás da Hungria (13%). Outros 28% acreditam que vão para o paraíso ou inferno. O país é o quarto em crença no criacionismo (47%, contra 28% da média mundial), à frente inclusive dos EUA (40%). No Brasil, só 3% não acreditam em entes ou forças superiores (no mundo, 18%; na França, 39%) e apenas ouros 4% têm dúvidas (no mundo, 17%). Em outros termos, o Brasil talvez seja o país menos materialista ou secular do mundo. Somando as três crenças (Deus, vida pós-morte e criacionismo), atinge uma combinação de resultados que nenhum outro atinge. A esmagadora maioria nem sequer aceita a hipótese de que não existem fenômenos sobrenaturais e de que ao morrer vão desaparecer totalmente.”

Daniel Piza, O Estado de S.Paulo, 01/05/2011

 

“A Igreja hoje é uma fogueira se apagando. Há cinza demais cobrindo uma única brasa enfraquecida. Beatificar João Paulo II apenas seis anos depois de sua morte é soprar desesperadamente essa brasa na esperança de que a fogueira volte a arder.”

Etienne Samain, 72, teólogo, antropólogo e professor da Unicamp – O Estado de S.Paulo, 01/05/2011

 

“O cérebro assimila o que usa com frequência, não é a toa que somos viciados em celular, computador, TV. Aquilo é parte de nós. A imortalidade para mim vai chegar, mas vai acontecer de outra maneira: quando pudermos fazer um download dos nossos pensamentos, das nossas ideias, das nossas memórias. Isso é possível.

Miguel Nicolelis, neurocientista brasileiro, O Estado de S.Paulo, 02/05/2011

 

“O Brasil ocupa a terceira posição em páginas visitadas nas redes sociais, atrás de EUA e Rússia. No portal de vídeos do YouTube, o País também não faz feio. Está entre os cinco maiores usuários do mundo. Os dados são da consultoria americana comScore, especializada em serviços online. […] Segundo dados da consultoria, mesmo com as limitações de infraestrutura, a audiência da internet no Brasil cresce 20% ao ano, contra uma média mundial de 8%. E há mais de 40 milhões de brasileiros que acessam a internet em casa ou no trabalho, o que torna o País o oitavo mercado do mundo entre as maiores consumidores de bit e bites.”

Marili Ribeiro, O Estado de S.Paulo, 02/05/2011

 

“O Brasil é o país com maior proporção de empreendedores entre todos do G20: 17,5% da população adulta.”

Revista Veja, 04/05/2011

 

“Descobri que você encontra segurança não quando a procura, mas quando aceita os mistérios e as incertezas da vida. Não é uma busca externa, mas uma entrega interna. É a diferença entre passar pela vida e deixar a vida passar por você.”

Michael Kepp, Folha de S.Paulo, 03/05/2011

 

“Como temos tratado as crianças pequenas. Temos nos ocupado tanto com seu futuro que esquecemos que elas têm um presente que precisa ser vivenciado, explorado, vivido até as últimas consequências. Aliás, antes de tudo, vamos lembrar que a maneira como vivemos o presente ajuda a desenhar o traçado do futuro. Será que, porque o destino da criança é crescer, precisamos fazer com que isso aconteça o mais rapidamente possível? Não faz o menor sentido pensar e agir assim. Seria a mesma coisa pensar que, já que vamos mesmo morrer, não faz o menor sentido viver, não é verdade? […] A criança deve ter o direito de ser criança enquanto pode. Deveríamos, todos, defender essa causa.”

Rosely Sayão, Folha de S.Paulo, 03/05/2011

 

“A quantidade de brasileiros com mais de 50 anos empregada cresceu 56%. Agora, ela constitui 22% do total da mão de obra no país.”

Revista Veja, 04/05/2011

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