Posts tagged suicídio
38ª semana de 2013
“A depressão cresce entre as crianças em parte pelas razões pelas quais está aumentando em toda a sociedade, mas também porque as crianças estão sob mais pressão, são mais superestimuladas, mais levadas a se movimentar de um lugar para o outro e de escola para escola. Isso acontece porque os pais estão ambos trabalhando fora, e as crianças têm ficado com uma variedade de cuidadores que as amam menos que os pais. Isso acontece por causa do colapso da família.”
Andrew Solomon, O Estado de S.Paulo – 15/09/2013
“Alguns trabalhos recentes mostram que, em tempos em que tudo acontece nas redes sociais, declarações e publicações em páginas pessoais poderiam dar pistas para amigos e parentes das intenções de alguém que enfrenta sérias dificuldades. Estar atento a esses sinais poderia ajudar a evitar suicídios.”
Jairo Bouer, O Estado de S.Paulo – 15/09/2013
“Se você deixar, tudo gira em torno do dinheiro. Depende de como você encara a profissão. (…) Os temas mais perturbadores são os que nos levam a um maior entendimento sobre a vida.”
Jake Gyllenhaal, ator, O Estado de S.Paulo – 15/09/2013
“Estar pobre torna as pessoas menos capazes de fazer as coisas direito e afeta a habilidade de pensar.”
Eldar Shafir, Folha de S.Paulo – 15/09/2013
“‘Câncer’ são centenas de doenças diferentes. Não há uma cura, mas muitas. A genética nos dá uma nova visão da doença. A batalha é longa e, quanto mais vivermos, maior será a probabilidade de que algo dê errado. No meio tempo, 50% dos cânceres são evitados com medidas como não fumar e evitar muito sol.”
Marcelo Gleiser, Folha de S.Paulo – 15/09/2013
“Hoje existe essa coisa de ‘escolha’, profissão, filhos depois da pós, direitos iguais, ar-condicionado, reposição hormonal, bolsa Prada. Esquecemos que direitos e escolhas são produtos mais caros do que bolsa Prada. Pensamos que brotam em árvores.”
Luiz Felipe Pondé, Folha de S.Paulo – 16/09/2013
“Não a afetividade melosa de incontáveis declarações de amor ao filho, e sim a amorosidade de introduzi-lo na vida como ela é, de dar banhos de realidade no filho de acordo com a idade que ele tem.”
Rosely Sayão, Folha de S.Paulo – 17/09/2013
“A primeira lição a tirar de junho é a seguinte: a política brasileira transformou-se em algo profundamente instável. Nada nos garante que não estamos vendo apenas um momento de calmaria antes de uma nova tempestade. Note-se como, desde junho, este país viveu, de maneira praticamente ininterrupta, em um estado contínuo de manifestações de toda ordem. (…) Por um momento, parecia que certas instituições brasileiras tinham sentido o golpe. Tudo isso durou um instante. Logo em seguida, tais instituições demonstraram seu caráter radicalmente irredutível em relação a reformas e voltaram a operar como sempre operaram. (…) Nada mais equivocado do que confiar em uma calmaria aparente. Quando uma sociedade acorda, ela não volta a dormir completamente. Na verdade, sua elaboração passa a um estado de latência. Em latência, ela vai aos poucos se desacostumando de suas antigas formas, até que chega o momento em que provocar mudanças equivale a chutar uma porta podre. Muitas das transformações fundamentais ocorrem assim, ou seja, o trabalho mais importante foi feito em silêncio aparente.”
Vladimir Safatle, Folha de S.Paulo – 17/09/2013
“Não educar bem uma criança, deixá-la crescer no shopping center, consumindo loucamente sem ter desafios e sonhos que transcendam um abdômen de tanquinho e o próximo modelo de iPhone é falta de amor com ela e falta de responsabilidade com o país.”
Nizan Guanaes, Folha de S.Paulo – 17/09/2013
24ª semana de 2013
0“O cansaço é maior quando a gente faz aquilo que não gosta. Não tem sido muito pesado, não. Já fiz teatro, TV e filme ao mesmo tempo. Diante desse passado, minha vida está leve agora. A melhor coisa é fazer nada. Vou ao teatro, cinema, leio, ando na praia, viajo com meus filhos e netos e arrumo gavetas. É ótimo ficas bestando completamente, jiboiando como se diz.”
Fernanda Montenegro, 83, atriz, O Estado de S.Paulo – 09/06/2013
“O número de americanos que estão se matando atingiu um nível sem precedentes. No período de 1999 a 2010, o suicídio de americanos entre 35 e 64 anos de idade cresceu quase 30%. Mais pessoas nos Estados Unidos morrem hoje pelas próprias mãos do que em acidentes de carro. Entre homens na faixa dos 50 anos, a taxa de suicídio cresceu 50%.”
Lee Siegel, O Estado de S.Paulo – 09/06/2013
“A coisa é a seguinte: escrever ou não escrever poesia não é coisa que se decida. Na verdade, sempre que termino de escrever um livro de poemas, tenho a impressão de que não vou escrever mais, de que a fonte secou. […] Creio que isso se deve ao fato de que não planejo nada, muito menos meus livros de poemas. De repente, descubro um tema novo, um veio que passo a explorar até esgotá-lo. Isso demora anos, porque, também, ao concluir cada poema, tenho a impressão de que o veio se esgotou. […] Sempre digo que meus poemas nascem do espanto, ou seja, de algo que põe diante de mim um mundo sem explicação. É essa perplexidade que me faz escrever.”
Ferreira Gullar, Folha de S.Paulo – 09/06/2013
“Dos 260 mil inscritos até agora na Jornada Mundial da Juventude, a maioria são mulheres (55,32%). Peregrinos entre 19 e 24 anos respondem por 35% das inscrições. Os maiores de 65 anos não são nem 1%.”
O Globo – 09/06/2013
“O mundo de hoje está aterrorizado. E a economia não está florescente. Isto leva a um enclausuramento.”
Carla Bruni, O Globo – 09/06/2013
“A reportagem de qualidade é sempre substantiva. O adjetivo é o adorno da desinformação, o farrapo que tenta cobrir a nudez da falta da apuração. […] Uma imprensa ética sabe reconhecer os seus erros. As palavras podem informar corretamente, denunciar situações injustas, cobrar soluções. Mas podem também esquartejar reputações, destruir patrimônios, desinformar. Confessar um erro de português ou uma troca de legenda é fácil. Mas admitir a prática de prejulgamento, de engajamento ideológico ou de leviandade noticiosa exige pulso e coragem moral. Reconhecer o erro, limpa e abertamente, é condição da qualidade e, por isso, um dos alicerces da credibilidade.”
Carlos Alberto Di Franco, O Estado de S.Paulo – 10/06/2013
“A lição assustadora da psicologia social é a de que o ser humano pode passar por cima de suas convicções e de várias barreiras morais se for devidamente compelido por seus pares. E nem precisa ser uma pressão muito intensa.”
Hélio Schwartsman, Folha de S.Paulo – 11/06/2013
“Nunca nos livraremos de jovens desajustados que montam bombas caseiras ou fanáticos empunhando machadinha. Não há absolutamente nada que possamos fazer para evitar isso. Podemos minorar a letalidade dessas pessoas controlando a circulação de armas, e só. O verdadeiro problema é termos chegado à situação de todo um país entrar em pânico quando se associa um crime comum à palavra ‘terrorismo’. […] A insegurança da submissão voluntária ao controle contínuo de alguém que reforça sua autoridade alimentando-se de nossos medos. A insegurança do fim da vida privada.”
Vladimir Safatle, Folha de S.Paulo – 11/06/2013
“Aqui, a tradição é entrar na iniciação científica em um laboratório e continuar nele durante o mestrado, o doutorado e o pós-doutorado. E a tendência é a pessoa se aprofundar cada vez mais em um único assunto. Com isso, formamos jovens cientistas bitolados, tudo o que eles sabem é pensar em detalhes daquele único assunto que vêm desenvolvendo desde a iniciação científica. Além disso, a política de contratação nas universidades privilegia os ex-alunos. Criam-se colônias sem diversidade.”
Suzana Herculano-Houzel, Folha de S.Paulo – 11/06/2013
“A criança costuma dar sinais claros de que ela quer aprender a usar o banheiro. Os pais não precisam se preocupar tanto. O que não podemos é antecipar o processo. […] Quando ela pergunta do uso do banheiro, pede para ir, quer ficar por lá mais tempo, por exemplo. Quanto mais natural for o processo, melhor para a criança. Os pais não devem atrapalhar. Para isso, precisam munir-se de calma e paciência. A criança nem sempre vai acertar, e, mesmo depois de os pais acharem que ela já aprendeu, ela vai querer usar o banheiro quando tiver vontade, não quando os pais quiserem. E mais: ganhar prêmios por fazer a coisa que os pais julgam certa confunde a criança.”
Rosely Sayão, Folha de S.Paulo – 11/06/2013
“Como as bandas de jazz, as empresas precisam de regras básicas para operar, de forma que cada profissional possa, no momento correto, improvisar e criar.”
Thomaz Wood Jr., Carta Capital, 12/06/2013
“Somos anjos e demônios. Viver na internet tem um perigo: nós mesmos.”
Manuel Castells, Folha de S.Paulo – 13/06/2013
04ª semana de 2013
0“Ser pai ou mãe, mais que uma possibilidade biológica, é um aprendizado. ‘Podemos encarar a família como uma prisão ou um lugar de abrigo. Um espaço de trocas ou de isolamento coletivo. Um agente de mudanças ou um dispositivo de alienação. De qual família estamos falando?, diz Junia de Vilhena, psicanalista e terapeuta familiar.”
Ruth Aquino, “Revista Época” – 21/01/2013
“O ex-ciclista americano Lance Armstrong, usuário confesso de doping para se tornar o maior campeão da história de seu esporte, é também um recordista da mentira. Depois de enganar milhões de torcedores ao ganhar sete vezes a Volta da França sob o efeito de substâncias proibidas –e de se submeter a transfusões de sangue para esconder o rastro delas no organismo–, mentiu repetidamente ao se dizer inocente das acusações ainda tímidas que lhe começavam a fazer. Depois mentiu para as federações de ciclismo e para o Comitê Olímpico Internacional. Mentiu para seus colegas ciclistas e para os praticantes de todos os esportes. Mentiu para as crianças que o tinham como ídolo e queriam imitá-lo. Mentiu para os dirigentes da Livestrong, a fundação contra o câncer criada por ele – ele próprio uma vítima da doença. E, por fim, mentiu para seus biógrafos. […] Armstrong os tapeou, contando-lhes a história bonita que queria ver publicada. E obrigou a que seus colaboradores – envolvidos na sua extensa rede de doping, inclusive médicos – também mentissem. Agora, sim, Lance Armstrong pode render uma grande biografia. Vivo ou morto.”
Ruy Castro, “Folha de S.Paulo” – 21/01/2013
“Uma estatística envergonha os sul-coreanos: o índice de suicídios no país -medido para cada 100 mil pessoas- é o mais alto entre os membros da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico. Ele aumentou de 13,6, em 2001, para 31,2, em 2010. Mas ainda mais perturbador é o índice de suicídios entre os sul-coreanos maiores de 65 anos. No mesmo período, ele inchou de 35,5 para 81,9. ’Os velhos sentem-se traídos ou pensam que são um peso para seus filhos, principalmente os que têm doenças crônicas cujas contas médicas os filhos lutam para pagar’, disse Park. ‘Sua crença na família como uma entidade com um destino comum os leva a afastar-se dela, removendo o peso’. Kim Sungwhan, diretor do distrito de Nowon, em Seul, foi um dos primeiros administradores a abordar a crise dos suicídios. Ele treinou cerca de mil voluntários para reconhecer sinais de advertência e conectar idosos com tendências suicidas aos serviços sociais. Kim Man-jeom, 73, foi uma dessas pessoas. Depois da morte de seu marido, no ano passado, ela caiu em depressão. Ficou decepcionada porque seus filhos não a convidaram para morar com eles, mas também temia tornar-se um fardo para a família. ‘Quando vi uma gravata, pensei em me enforcar’, disse. A população da Coreia do Sul está envelhecendo mais depressa do que a de outros países desenvolvidos. Sociólogos dizem que o baixo índice de nascimentos deriva da relutância dos jovens casais a imitar seus pais e gastar suas economias na educação dos filhos, deixando pouco para sua velhice. ‘Nossa sociedade deu ênfase à eficiência econômica ao custo da condição humana’, diz Kim.
Choe Sang-Hun, “The New York Tinmes/Folha de S.Paulo” – 21/01/2013
“Muito mais produtivo do que tentar prever o future é construí-lo a partir do que sabemos hoje, e não consultar oráculos como o de Delfos, cartomantes, gurus e profetas.”
José Goldemberg, “O Estado de S.Paulo” – 21/01/2013
“De algum tempo para cá, setores da mídia manifestam preocupante ambiguidade ética. O que é sensacionalismo barato numa publicação popular é informação de comportamento nas respeitáveis páginas de alguns veículos da chamada grande imprensa. Biografias não autorizadas (ou difamação politicamente correta) e síndrome do boato compõem um retrato de corpo inteiro da indigência editorial. Best-sellers de ocasião, apoiados no marketing da leviandade e sustentados pela repercussão da mídia, ganham status de seriedade. O que interessa não é a informação. O que importa é chocar. Ao tentar disputar espaço com o mundo do entretenimento, alguns setores da imprensa estão entrando num perigoso processo de autofagia. Esquecem que a frivolidade não é a melhor companheira para a viagem da qualidade. Pode até atrair num primeiro momento, mas depois, não duvidemos, termina sofrendo arranhões irreparáveis no seu prestígio. Não podemos sucumbir às regras ditadas pelo mundo do espetáculo. Existe espaço, e muito, para o jornalismo de qualidade. Basta cuidar do conteúdo.”
Carlos Alberto Di Franco, “O Estado de S.Paulo” – 21/01/2013
“Quando Hannah Arendt cunhou a expressão ‘banalidade do mal’, ela não imaginava como a morte se tornou um fato corriqueiro no mundo atual, sem os trágicos acordes do Holocausto. Talvez haja nas matanças banais um desejo de desvendar o mistério da morte, bem lá no fundo do inconsciente. Para além de vinganças, busca de poder ou dinheiro, ódio puro, prazer, há a vontade de ‘naturalizar’ a morte, de modo que ela deixe de ser a implacável ceifadora. Tenho certeza de que os assassinos que passam de moto e metralham inocentes não têm consciência da gravidade de seus feitos – apenas mais um dia divertido de violências. Os filmes americanos buscam o tempo todo essa banalidade: tiros súbitos sem piedade, jorros de sangue ornamentais, a beleza fálica das superarmas automáticas. Nos brutos filmes de ação, nos videogames, nas notícias bombásticas de tragédias há um claro desejo de esquecer a morte, mostrando-a sem parar. Um desejo de matar a morte. Um desejo de entendê-la pela repetição compulsiva. Mas, nunca conseguiremos exorcizá-la, porque quando ela chega não estamos mais aqui.”
Arnaldo Jabor, “O Estado de S.Paulo” – 22/01/2013
“Com quase 30 milhões de novos usuários ativos mensais, o Brasil foi o país que mais cresceu no Facebook em 2012, de acordo com dados divulgados pela empresa de estatísticas de mídias sociais Socialbakers. Desde março do ano passado, o Brasil é o país com o segundo maior número de usuários (65 milhões) na rede social, atrás apenas dos Estados Unidos (167 milhões), ainda segundo a Socialbakers”.
“Folha de S.Paulo” – 24/01/2013
33ª semana de 2011
0“O aumento do número de suicídios entre os jovens não é exclusividade do Brasil, acontece em diversos países. Mas qual seria a explicação? Não há causa única, mas uma série de fatores combinados. Os transtornos psiquiátricos são uma das principais causas, e a depressão é a mais importante delas. Por isso, qualquer alteração significativa do comportamento merece avaliação. Mas não é apenas a depressão que leva o jovem ao suicídio. No Japão, por exemplo, o alto grau de exigência no desempenho escolar, as cobranças excessivas por parte da família, o medo de fracassar e não atender às expectativas sociais e a alta competitividade também são fatores. […] No Brasil, há um risco maior nos jovens de populações indígenas, em pessoas que já tentaram suicídio ou de famílias em que alguém se matou, em jovens que fazem parte de minorias sexuais (adolescentes gays se matam mais do que heterossexuais), vítimas frequentes de bullying e de violência. Em comum, a sensação de que as dificuldades e as barreiras são tão grandes que não vale a pena lutar.”
Jairo Bouer – Folha de S.Paulo, 15/08/2011
“A vida é feita de escolhas. Uma das escolhas mais sérias na vida é o modo como vivemos a vida, se como graça ou como natureza.”
Luiz Felipe Pondé – Folha de S.Paulo, 15/08/2011
“Os periódicos científicos, onde pesquisadores publicam seus estudos, têm ganhado em importância. A tal ponto que, no Brasil, seguindo países como Holanda e EUA, alguns programas de pós-graduação já substituem a obrigação de escrever uma tese por artigos científicos. […] Hoje, o Brasil está em 13º lugar no mundo em quantidade de artigos publicados. […] Quem publicar mais nos melhores periódicos, ganha nota mais alta. E quem tiver as notas mais altas, recebe mais recursos, como bolsas.
A ligação direta entre a publicação de artigos e distribuição do dinheiro público para ciência tem tirado o sono dos pesquisadores, principalmente daqueles cujas revistas correspondentes à sua área não estão no topo.”
Sabine Righetti – Folha de S.Paulo, 15/08/2011
“Nos dados sobre religião da POF (Pesquisa de Orçamentos Familiares), do IBGE, que pesquisou o tema em 2003 e 2009. No período, só entre evangélicos, a fatia dos que se disseram sem vínculo institucional foi de 4% para 14% -um salto de mais de 4 milhões de pessoas. […] Para especialistas consultados pela Folha, a pesquisa, feita a partir de amostra de 56 mil entrevistas, é suficiente para dar boas pistas do movimento.
O pesquisador Ricardo Mariano, da PUC-RS, reconhece que vem ocorrendo aumento de protestantes e pentecostais sem vínculos institucionais, ainda que ele tenha dúvidas se o crescimento foi mesmo tão intenso quanto o revelado pelo IBGE. […] De acordo com o professor, parte dos evangélicos adota o ‘Believing without belonging’ (crer sem pertencer), expressão cunhada pela socióloga britânica Grace Davie sobre o esvaziamento das igrejas ao mesmo tempo em que se mantêm as crenças religiosas na Europa Ocidental. Para a antropóloga Regina Novaes, uma pergunta que a pesquisa levanta é se este ‘evangélico genérico’ tem semelhanças com o católico não praticante. Para ela, ‘ambos usufruem de rituais e serviços religiosos mas se sentem livres para ir e vir’. […] Outro dado interessante da POF é que aumentou o número dos que declararam uma religião não identificada pelos pesquisadores, o que indica que na década passada mais igrejas surgiram e passaram a disputar o “supermercado da fé”, na expressão depreciativa utilizada pelo papa Bento 16.”
Antônio Gois e Hélio Schwartsman – Folha de S.Paulo, 15/08/2011
“Ferimentos a bala são parte da rotina. As vítimas da guerra civil estão sempre nos nossos corredores. Já vi um mesmo cirurgião atender até dez num único dia.
Crianças em estado de desnutrição extrema, muitos casos de malária, doenças respiratórias. As principais vítimas são as crianças. Elas sofrem com a ignorância dos pais. A falta de educação também é uma epidemia, porque tem um impacto direto na saúde.”
Abdirizak Ali Mohamed, 22, estudante de medicina na Universidade Benadir em entrevista para Marcelo Ninio – Folha de S.Paulo, 16/08/2011
“Um dos sinais de inteligência de um bom líder é a capacidade de perceber antes dos outros o fim e o início de cada um dos estágios de sua carreira. Há muito de emocional nessa capacidade.”
Betania Tanure – Valor, 19/08/2011
“Valores como justiça, liberdade e dignidade não são ocidentais ou orientais, nem dependem de uma religião ou crença, disse minha amiga. São apenas valores humanos, mas a história da humanidade é uma sucessão interminável de calamidades e injustiças. Meus clientes são jovens franceses e imigrantes, todos desempregados. Depois de conhecer a vida deles, tento entender o nosso tempo, que não me orgulha nem um pouco. A maioria das pessoas vê esses desempregados e drogados como seres maléficos à sociedade. Eu os vejo como jovens sem qualquer perspectiva de futuro, derrotados antes mesmo de entrar na dança da vida.”
Milton Hatoum – O Estado de S. Paulo, 19/08/2011
“A matemática continua sendo a disciplina do currículo básico com os índices de aproveitamento mais baixos nas avaliações institucionais. […] O Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa), que avalia o desempenho em leitura, matemática e ciências de jovens de 15 anos, coloca o Brasil nas últimas posições, num ranking de 65 países. Quatro em cada 10 jovens brasileiros nessa faixa etária não sabem multiplicar. […] O problema é antigo e preocupante, pois a má qualidade do ensino de matemática é um dos fatores que vêm limitando a formação de engenheiros em número suficiente para atender às necessidades da economia nacional. Em 2008, os cursos de engenharia ofereceram 239 mil vagas, mas só foram preenchidas 140 mil. Ou seja, não faltam vagas nas universidades – faltam, sim, vestibulandos com conhecimento mínimo de matemática. O País forma cerca de 47 mil engenheiros por ano, ante 650 mil, na China, e 220 mil, na Índia.”
O Estado de S. Paulo, 19/08/2011
“O Facebook, rede social criada por Mark Zuckerberg, atingiu a marca de 25 milhões de usuários no País. Apesar da penetração relativamente baixa em razão da concorrência do Orkut – que ainda é o líder nacional -, o Brasil já é um mercado ‘top 5’ em termos absolutos para o site, afirmou ontem o vice-presidente da empresa para a América Latina, Alexandre Hohagen.”
Alexandre Matias – O Estado de S. Paulo, 19/08/2011
27ª semana de 2011
0“Não acredito que o suicídio seja necessariamente um ato de agressão contra alguém, contra muitos ou contra todos, segundo dizem os que acham que entendem tudo sobre a natureza humana. Eles apenas acham, já que nunca ninguém soube nem jamais saberá o que se passa na cabeça de alguém que decide se matar; e mesmo os que tomam essa decisão, deixando uma ou muitas cartas, talvez não saibam exatamente em que momento ela foi tomada, e por que a vida ficou tão impossível de continuar sendo vivida; só sabem que ficou.”
Danuza Leão – Folha de S.Paulo, 03/07/2011
“Os vi passarem da maconha à cocaína e endoidarem. Está certo ou errado? Foi escolha deles e cada um, como se sabe, tem o direito de dar à vida o rumo que quiser, no que, tenho certeza, os ministros do Supremo concordarão comigo. Só espero que os traficantes não se valham disso para cobrir a cidade com grandes outdoors, afirmando que “cheirar é um direito de todo cidadão”. Ou seja, se você acha que cheirar faz mal, não cheire, mas não queira impedir o outro de fazê-lo. Cada um é dono de seu nariz. Como tenho a mania de meter o nariz onde não devo, ponho em questão também essa tese. Sem dúvida, cada um faz o que quer com seu nariz, desde que, com isso, não crie problemas para o nariz alheio. Pois a verdade é que, se o garoto adere às drogas e não tem grana para comprá-las, mete a mão na bolsa da mamãe. Drogado, pode sair doidão com o carro do papai e atropelar alguém. Por essas e outras é que não participo da Marcha da Maconha, mas, se promoverem marchas pela melhora do atendimento psiquiátrico, contem comigo.”
Ferreira Gullar – Folha de S.Paulo, 03/07/2011
“Nós, brasileiros, participamos de uma longa série de pequenos subornos e atos que não achamos bonitos, mas consideramos um mal necessário, ou uma convenção cultural. Depois, apontamos os dedos para os eleitos pelo voto.”
Ricardo Semler – Folha de S.Paulo, 04/07/2011
“Metade do ano já passou, o que nos convida a fazer reflexões sobre o que já fizemos e o que estamos por fazer. Em uma breve enquete que fiz entre meus seguidores na rede social Twitter, 90% afirmam que estão longe de cumprir ao menos metade de suas promessas de Ano Novo. Tirei da conta os que se disseram tranquilos pelo fato de não terem feito nenhuma promessa. Perdemos o interesse por nossos sonhos? Ou será que nossa capacidade de criar está ruindo com a intensa erosão provocada por fatores externos, como a tributação excessiva, a inflação e as frequentes mudanças de regras?”
Ricardo Cerbasi – Folha de S.Paulo, 04/07/2011
“O cérebro de meia-idade pode ganhar habilidades surpreendentes conforme envelhecemos, mais isso não acontece com todos. Os cientistas perceberam que só os adultos que sempre tiveram hábitos saudáveis e vida intelectual ativa apresentaram a superativação.”
Marcela Buscato – Época, 04/07/2011
“Já se vive tanta mentira no cinema que evito coisas espetaculares como a câmera aos pulos.”
Manoel de Oliveira, 102, cineasta português – Época, 04/07/2011
“Há 60 anos morria o maior músico do século 20. Porém ele continua um desconhecido mesmo entre o público letrado das sociedades ocidentais. Seu nome não é estranho, mas suas músicas continuam simplesmente ignoradas. Pensar atualmente sobre ele é, por isso, uma boa maneira de nos perguntarmos sobre o destino, em nossas sociedades, da própria noção de ‘experiência estética’.”
Vladimir Safatle – Folha de S.Paulo, 05/07/2011
“O mundo muda e a gente muda também com o mundo, senão fica estagnado. Nós somos máquinas de mudança, sempre vendo coisas que fazem transformar. Você ficar igual o resto da vida é horrível. O barato é você mudar, se gostar. Tem coisas de que eu não gostava na década de 70 e hoje gosto. Tem coisas de que eu gostava e hoje detesto. É assim: a vida é uma eterna transformação. Esse é o barato da vida, de viver. E isso é fundamental, pra vida e pra arte. Quando o trabalho de um artista é verdadeiro, ele fica pra sempre. E isso vai se revelando através de sua alma, de seu caráter, do seu eito. O trabalho de um artista é um espelho da alma dele.”
Gal Costa, 65, cantora – Revista Rolling Stone Brasil – julho de 2011
“A Constituição fala que a saúde é universal, mas não dizem em nenhum lugar que ela é equitativa. A equidade não foi assumida como valor principal desse processo.”
Edmar Bacha, economista – Valor – 05/07/2011
“Jean Paul Sartre escreveu: ‘não importa o que a vida fez de você, o que importa é o que você faz com o que a vida fez de você’. Em outras palavras, para usar uma ideia meio fora de moda, temos livre arbítrio para construir a nossa vida, não somos apenas produto da sociedade, da família, dos hormônios etc.”
Mirian Goldenberg – Folha de S.Paulo, 05/07/2011
“Queremos (ou achamos que é preciso) saber de tudo, revelar tudo, abrir a roupa, tirar a roupa, escancarar a casa, o quarto, filmar a cama, relatar o dia a dia minuto a minuto, para um ou milhares de desconhecidos ou amigos virtuais. […] Discrição não está com nada, recato é coisa fora de moda, os tímidos precisam ser fortes e resistentes na sua timidez abençoada. Estamos ávidos de exposição, nossa e alheia.”
Lya Luft – Revista Veja, 06/07/2011
“Todos nós, em média, dedicamos mais energia à tentativa de silenciar nossos sonhos do que à tentativa de realizá-los.”
Contardo Calligaris – Folha de S.Paulo, 07/07/2011
12 de outubro de 2010
0“Crianças que passam muito tempo em frente a uma tela têm mais risco de sofrer problemas psicológicos, mesmo que mantenham atividade física intensa, indica estudo da revista Pediatrics. De acordo com a pesquisa, as crianças que passavam duas ou mais horas por dia em frente à TV ou ao computador eram mais hiperativas, tinham mais dificuldades em se relacionar socialmente e mais problemas emocionais.”
Estado de S.Paulo – 12/10/2010
“O americano Zach Harrington, 19, se matou ontem em sua casa no Estado de Oklahoma. Ele foi o sexto jovem homossexual a cometer suicídio nos EUA desde julho, segundo a agência Associated Press. Os jovens sofriam bullying nas escolas, mas a morte de Harrington foi motivada por críticas aos gays durante um debate municipal sobre o tema, de acordo com seus pais.”
Folha de S.Paulo – 12/10/2010
“Sedentário, às vezes, é eu ir na academia, e depois voltar para casa e jogar aquela massa corporal no sofá, para jantar e ver TV. O sedentário lê pouco. Um intelectual que lê muito tem tanto vigor mental que aí só precisa cuidar das questões de colesterol e gordura. Ele está ativando uma das coisas mais fundamentais que é o cérebro. Uma vez perguntaram a uma senhor alinda, de 80 anos, como se conservava. Ela falou: ‘Leio jornal todos os dias’. Ela se organizava intelectualmente assim. Você está lendo todas as questões nas quais está inserido. E não é fácil ler jornal, viu?”
Ivaldo Bertazzo, terapeuta corporal e coreógrafo, Folha de S.Paulo – 12/10/2010
“O Brasil caiu quatro posições no ranking de igualdade de oportunidades entre homens e mulheres. Relatório do Fórum Econômico Mundial mostra que o país ocupa a 85ª posição, entre 134 países. No ano passado, ocupava a 81ª.
O estudo mostra as diferenças entre a população masculina e a feminina em diversos aspectos socioeconômicos, como salários, nível educacional, representatividade política e expectativa de vida.
As qautro primeiras posições da lista – representam maior igualdade entre os sexos – são ocupadas por países nórdicos: Islândia, Noruega, Finlândia e Suécia.”
Folha de S.Paulo – 12/10/2010
09 de outubro de 2010
0“Cada vez mais a sociedade e a humanidade vai exigir um liderar pelo exemplo. Estamos saturados do excesso de fala, as pessoas estão olhando também suas atitudes.”
Marina Silva, Estado de S.Paulo – 09/10/2010
“O que é o poema? Ele é uma flor que não morre. É uma flor que não murcha. Uma flor que não tem perfume e que desabrocha em alguma parte alguma da vida.”
Ferreira Gullar, 80, poeta, Revista Bravo, outubro de 2010
“A sede da Foxconn, maior fabricante de eletrônicos do mundo, localiza-se em Shenzhen, no sul da China, e parece uma cidade. Abriga mais de 300 mil empregados que, da linha de montagem, fazem sair grande parte dos aparelhos da Apple, dos computadores Dell e dos Sony Playstation vendidos no mundo. Além de trabalhar, os funcionários dormem, comem, estudam e, ultimamente, se suicidam na fábrica. Desde o início do ano 11 pessoas se mataram, a maioria atirando-se da janela de seus dormitórios.
A empresa resolveu agir. Cercou todos os edifícios com mais de 3 milhões de metros quadrados de redes, abriu um escritório para assistência psicológica 24 horas por dia e aumentou o salário em 30% para o equivalente a R$ 300,00.”
Revista Época Negócios, outubro de 2010
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