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47ª semana de 2012
0“A América Latina ‘é a região mais desigual do mundo’, como fez questão de ressaltar Alícia Bárcena, a secretária-executiva da Cepal (Comissão Econômica para a América Latina, braço da ONU). O que mais dói, para quem acompanha cúpulas internacionais há uns 30 anos, é ouvir uma frase como essa ano após ano, cúpula após cúpula. Dói mais ainda quando se somam duas informações: 1 – O Brasil, apesar de ser o país mais rico do subcontinente, é um dos mais desiguais. 2 – A queda da desigualdade, no Brasil, diminuiu nos últimos 10 anos apenas entre salários, não entre o rendimento do capital e do trabalho, que é a mais obscena. Desigualdade não é o único capítulo em que a América Latina, conjunturalmente feliz, precisa progredir -e muito. A tributação, por exemplo, “é baixa para proporcionar serviços públicos de qualidade, que atendam à demanda social”, como diz Ángel Gurría, secretário-geral da OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico). Os impostos, na região, pularam de 14% para 19% do Produto Interno Bruto, entre 1990 e 2010, em grande medida pelo que ocorreu no Brasil. Ainda assim, é uma porcentagem baixa, se comparada aos 34% da média da OCDE. Mas, atenção, aqui o Brasil não entra na foto geral: tanto ele como a Argentina arrecadam basicamente os 34% dos países ricos. Pena que não ofereçam serviços públicos do nível dos países desenvolvidos. Só cabe uma conclusão: dinheiro existe, falta empregá-lo de maneira correta. Pulemos para educação: 50% dos estudantes latino-americanos não alcançam os níveis mínimos de compreensão de leitura, nos testes internacionais, quando, no mundo rico, a porcentagem de fracassados é de 20%. Passemos ao investimento em inovação e tecnologia: não supera nunca de 0,7% do PIB, quando na Coreia, por exemplo, é de 3%. “Se não corrigirmos o rumo, seremos todos empregados dos coreanos”, fulmina Gurría. Poderia ter acrescentado “ou dos chineses”, que investem nessa área vital tanto quanto os coreanos. Mais um dado: a América Latina está investindo 2% de seu PIB em infraestrutura, quando precisaria de 5%, ano a ano, até 2020, pelas contas de Gurría.”
Clóvis Rossi – “Folha de S.Paulo”, 18/11/2012
“Sou ateu, mas convivo bem com diferenças. Se a religião torna um sujeito feliz, minha recomendação para ele é que se entregue de corpo e alma. O mesmo vale para quem curte esportes, meditação e literatura. Cada qual deve procurar aquilo que o satisfaz, seja no plano físico ou espiritual. Desde que a busca não cause mal a terceiros, tudo é permitido.”
Hélio Schwartsman – “Folha de S.Paulo”, 18/11/2012
“Quando Sartre disse que o inferno é o outro, ele quis dizer que o outro, com sua diversidade, a sua mundividência, seu peculiar modo de conceber e praticar a vida, afeta o nosso ego. Então, podemos traduzir as palavras dele como “o inferno é outro” ou como “o inferno é o ego”. Tenho dito para mim mesmo que, sem o eclipse do ego, ninguém se ilumina. […] Entusiasmo é Deus dentro da gente. Os gregos dizem isso. Eu ponho alegria e amor no que faço. […] Chega uma época em que você, em tudo o que você faz, já não precisa ser reconhecido, precisa se reconhecer.”
Carlos Ayres Brito, ex-ministro do Supremo Tribunal Federal – “Folha de S.Paulo”, 18/11/2012
“De bem com a própria vida, Carlos Ayres Britto melhorou a dos outros.”
Elio Gaspari – “Folha de S.Paulo”, 18/11/2012
“Ao disponibilizar instantaneamente dados até há pouco inacessíveis, a rede mundial de informação deveria ter como finalidades únicas o estímulo à reflexão e o aumento do intelecto, não a propagação de boatos e a superficialidade generalizada.[…] Ao contrário do que sugere nossa bandeira, ordem não leva necessariamente ao progresso. A ideia de velocidade e volume para redução de erros é característica dos avanços tecnológicos do século 20, em que o vagar de processos e o limite na oferta eram grandes problemas. Com a abundância de conteúdo, passamos a viver um paradoxo de eficiência: há respostas demais para que se possa fazer bom uso delas. Por mais que um passeio nas paisagens informativas digitais dê a impressão de que a cultura se enriquece, o que acontece muitas vezes é o contrário: nos tornamos depósitos de dados e citações impensadas.”
Luli Radfahrer – “Folha de S.Paulo”, 19/11/2012
“As redes sociais são mesmo a maior vitrine da humanidade, nelas vemos sua rara inteligência e sua quase hegemônica banalidade. […] Adultos condenados a infância moral seguramente viram pessoas de mau-caráter com o tempo. Recentemente, numa conversa profissional, surgiu a questão do porquê o mundo hoje tenderia à banalidade e ao ridículo. A resposta me parece simples: porque a banalidade e o ridículo foram dados a nós seres humanos em grandes quantidades e, por isso, quando muitos de nós se juntam, a banalidade e o ridículo se impõem como paisagem da alma. O ridículo é uma das caras da democracia. O poeta russo Joseph Brodsky no seu ensaio “Discurso Inaugural”, parte da coletânea “Menos que Um” (Cia. das Letras; esgotado), diz que os maus sentimentos são os mais comuns na humanidade; por isso, quando a humanidade se reúne em bandos, a tendência é a de que os maus sentimentos nos sufoquem. Eu digo a mesma coisa da banalidade e do ridículo. A mediocridade só anda em bando. Por isso, apesar de as redes sociais servirem para muita coisa, entre elas coisas boas, na maior parte do tempo elas são o espelho social do ridículo na sua forma mais obscena.”
Luiz Felipe Pondé – “Folha de S.Paulo”, 19/11/2012
“Tudo o que escrevo é centrado na mesma pergunta: o que aconteceria se, em meio a nossa vida cotidiana, deparássemos com as ações de um Deus que trabalha a nosso favor, que nos ama e quer que sejamos pessoas melhores? […] Atravessamos a vida sem pensar, mas momentos traumáticos como doenças e grandes perdas nos fazem parar e pensar em como nossas escolhas afetam quem está a nosso redor. […] A polêmica é um convite ao crescimento espiritual. Minhas crenças de hoje são muito diferentes das que eu tinha há dez anos. E há dez anos achava que estava certo sobre tudo.”
William P. Young, autor do best-seller A Cabana – “Revista Época”, 19/11/2012
“Não temos ouvido os pedidos de ajuda que nos são lançados ou ouvimos, mas acreditamos que, mesmo em dificuldade, eles conseguirão se virar sozinhos e superar o obstáculo que enfrentam. Alguns irão mesmo, não duvido disso. Mas poderiam sofrer bem menos e chegar ao mesmo resultado se sentissem que não estão sozinhos no final de sua jornada. Outros, entretanto, poderão ficar rodando em círculos justamente por não encontrarem um incentivo, uma ajuda, uma companhia no momento difícil pelo qual passam. E, depois de um tempo, até podem achar um caminho, mas não precisariam passar por esse sofrimento inútil.”
Rosely Sayão – “Folha de S.Paulo”, 20/11/2012
“Na verdade, por trás da defesa de tal modalidade de “livre expressão” há o desejo mal escondido de continuar repetindo os mesmos velhos preconceitos e a mesma violência contra os grupos vulneráveis de sempre. Por trás da atitude do adolescente que parece se deleitar com a descoberta de que é capaz de enunciar, à mesa do jantar, comentários “chocantes” que fazem seus pais liberais revirarem-se, há a tentativa de travestir desprezo social com a maquiagem da revolta do homem comum contra a ditadura dos intelectuais. No entanto, é bom lembrar que uma democracia sabe separar a opinião do preconceito. Uma opinião é aquilo que é, por definição, indiferente. Ela abre um espaço de indiferença a respeito de enunciados e discursos. Mas há enunciações que não podem ser recebidas em indiferença, já que trazem, atrás de si, as marcas da violência que produziram ao serem enunciados. Uma sociedade tem a obrigação moral de defender-se deles. Colocar uma advertência em um livro por ter conteúdo que pode ser sentido por minorias raciais como violência, impedir que pessoas escarneçam de grupos socialmente vulneráveis é condição para um vínculo social mínimo. Claro, tais pessoas que julgam normal fazer piadas com negros nunca mudarão de ideia. Mas elas devem saber que há certas coisas que não se diz impunemente. A falsa revolta é apenas mais uma arma daqueles que querem continuar com as exclusões de sempre.”
Vladimir Safatle – “Folha de S.Paulo”, 21/11/2012
“Os brasileiro demonstram dificuldade para se desligar do trabalho: 60% dos entrevistados (estudo do site de viagens Expedia) responderam checar seus e-mails profissionais regularmente durante as férias. Somente 7% nunca olham suas caixas de entrada.”
“Folha de S.Paulo”, 21/11/2012
“Quem tem filho na escola percebe logo: o que mais se espera da família é participação e mais participação. […] Mas, mesmo quando não tem brechas na agenda para tanto pode contribuir com a aprendizagem. ‘Existe uma ideia de que família presente é só aquela que fica, diariamente, ao lado do filho para ajudar a fazer a lição, informando, corrigindo, ensinando. Mas há outras formas efetivas de participação’, avisa a pedagoga Débora Vaz, diretora da Escola Castanheiras, em Tamboré, na Grande São Paulo. Na prática, o papel da família inclui garantir um espaço adequado para a realização das tarefas, dar acesso a fontes de pesquisa, fornecer os materiais necessários, estabelecer com a criança ou o adolescente uma rotina de estudos, cobrar pontualidade, concentração e capricho – até solicitar que o trabalho seja refeito quando, visivelmente, foi produzido só para se livrar da obrigação. Sua principal missão é estimular o comprometimento e uma noção de responsabilidade. ‘Não se trata de estar do lado no momento da lição para exigir a resposta correta, mas de incentivar desde cedo atitudes coerentes em relação aos estudos’, ressalta Débora. E isso não requer saber os conteúdos ensinados em classe nem ter de reservar muito tempo. […] A educadora Luciana Fevorin enfatiza que, nas chances de falar sobre a escola ou de estar nela, a família deve observar o tipo de vínculo estabelecido pela criança ou pelo adolescente com o ato de aprender. ‘Os pais precisam ver se o filho aceita desafios ou se intimida diante deles, se lida bem com correções, se é muito exigente consigo mesmo ou, pelo contrário, faz qualquer coisa para se livrar das tarefas e o que diz sobre professores e amigos’, explica.”
Paulo de Camargo, “Revista Claudia” – novembro de 2012
38ª semana de 2012
0“O princípio constitucional é claro: governo e instituições religiosas devem ser mantidos separados e independentes uns dos outros. Infelizmente, as relações entre cultos e poder político se imbricam, frequentemente, sob uma teia de interesses esparsos e difusos. Daí a busca de apoio religioso pelos candidatos. Mas essa é a prática do mercado político, não sendo exclusiva de um ou outro partido.”
Gaudêncio Torquato – O Estado de S.Paulo, 16/09/2012
“A ideia é que nosso Universo (com “U” maiúsculo) é só um entre uma multidão de outros universos, todos parte de um multiverso que pode ter existido por toda a eternidade. Com isso, o que chamamos de Big Bang seria apenas o evento que marcou o início da nossa narrativa cósmica. Outros universos teriam os seus big bangs e as suas histórias. Existem vários tipo de multiverso, mas todos têm essa característica em comum, de serem genitores de universos.”
Marcelo Gleiser – Folha de S.Paulo, 16/09/2012
“A tecnologia tem crescimento exponencial. Hoje, um guerreiro massai com seu smartphone tem acesso a mais informações do que dispunha o presidente dos EUA apenas 15 anos atrás.”
Hélio Schwartsman – Folha de S.Paulo, 16/09/2012
“O Brasil é o maior mercado mundial de crack. Cerca de 1 milhão de pessoas são ‘usuárias’ -eufemismo que esconde a palavra adequada, dependentes, já que não existe usuário recreativo desta droga. Crack, como se sabe, é cocaína fumada. Se somarmos os que a inalam, teremos 2,8 milhões de brasileiros que consumiram cocaína de um ano para cá. Os números são do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia para Políticas Públicas do Álcool e Outras Drogas. Esses dados podem ser conservadores. O número de brasileiros que admite já ter cheirado, por exemplo, está pelos 6 milhões. O consumo também mudou. Há 30 anos, ela era uma droga “de salão” -não era fácil adquiri-la, e seus consumidores regulares estavam entre os artistas, intelectuais, publicitários e profissionais liberais. Era uma droga ‘adulta’. Os jovens não lhe tinham acesso. Nas clínicas de tratamento, os dependentes de cocaína não chegavam a 20% dos de álcool. Hoje, nessas clínicas, as internações continuam a ter o álcool como componente, mas agora associado a maconha, medicamentos e cocaína. E esta já se tornou também uma droga para crianças e adolescentes – eles a conseguem com a mesma facilidade com que compram maconha, e da mesma fonte. Liberada a maconha, os traficantes continuarão operando e com a mesma clientela. No Brasil, as discussões sobre drogas parecem limitar-se aos aspectos jurídicos ou policiais. É como se suas únicas consequências estivessem em legalismos, tecnicalidades e estatísticas criminais. Raro ler a respeito envolvendo questões de saúde pública como programas de esclarecimento e prevenção, de tratamento para dependentes e de reintegração desses à vida.”
Ruy Castro – Folha de S.Paulo, 17/09/2012
“Vivemos numa era narcísica. Mas o narcisismo pode assumir formas mais sofisticadas do que ficar se olhando no espelho e escrevendo imbecilidades no Facebook. Mesmo ter filhos, hoje, pode ser uma das faces mais comuns do narcisismo. Ter filho é narcisismo quando ele é parte de seu ferramental de sucesso: trabalho, casa própria, sexo saudável, carro novo, ioga, alimentação balanceada, filho. Quando vir uma mãe tirando muitas fotos histéricas dela mesma com seu filho, saiba que você está diante de um poço de narcisismo que afoga a pobre criança num mar de projeções de si mesma. Segura o filho nas mãos como troféu de sua própria suposta beleza e saúde.”
Luiz Felipe Pondé – Folha de S.Paulo, 17/09/2012
“Pelo menos 2,8 milhões de pessoas no Brasil usaram cocaína de forma inalada ou fumada – via consumo de crack ou de oxi – nos últimos 12 meses. Esses números transformam o País no segundo principal mercado consumidor de cocaína do mundo, atrás só dos Estados Unidos, onde 4,1 milhões usaram cocaína no último ano. Caso sejam considerados somente os que consumiram crack, o total chega a 1 milhão de pessoas no País, o que torna o Brasil o principal mercado consumidor do planeta. Os dados constam do 2.º Levantamento Nacional de Álcool e Drogas – o uso de cocaína e crack no Brasil, divulgado recentemente pela Universidade Federal de São Paulo e pelo Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia para Políticas Públicas do Álcool e Drogas. Foram ouvidas 4.607 pessoas com mais de 14 anos em 149 cidades. Em relação ao mercado de cocaína, o Brasil fica à frente até mesmo de continentes inteiros, como a Ásia, onde 2,3 milhões de pessoas usaram cocaína no mesmo período. No Reino Unido, que ocupa a terceira posição no número de consumidores, há 1,1 milhão de usuários. ‘Há 30 anos o mercado de cocaína era quase inexistente. O Brasil foi um dos países com mais rápido crescimento do consumo de cocaína’, diz o médico Ronaldo Laranjeira, organizador do estudo. ‘Esse trabalho mostra a necessidade de que haja um pensamento estratégico capaz de desmontar essa rede’.”
Carlos Alberto Di Franco – O Estado de S.Paulo, 17/09/2012
“A mente humana discrimina da mesma forma que respiramos, isto é, sem nem perceber.”
Hélio Schwartsman – Folha de S.Paulo, 22/09/2012
“Pelos dados do IBGE, 57,1% dos brasileiros viviam sob união conjugal, formalizada ou não. Desse total, 37,2% eram casados no civil e/ou no religioso e 19,8% coabitavam em uma união consensual. Outros 42,9% permaneciam solteiros. Dos que estavam sob união consensual, 76,6% eram solteiros pela força da lei e 11,5% ainda estavam casados oficialmente com outra pessoa. Outros 8,9% eram divorciados ou separados judicialmente. Apenas 3% eram viúvos. A pesquisa mostrou ainda que 7,8 milhões de lares tinham um único morador – 12,7% do total.”
Folha de S.Paulo, 22/09/2012
“Chama atenção o fato de que 41,9% das crianças e jovens entre 10 e 14 anos têm celular, um contingente de 10,9 milhões. Refletem um crescimento de 43%. Os maiores consumidores de celulares no país, porém, são os que têm entre 25 e 29 anos – 83,1%.”
Folha de S.Paulo, 22/09/2012
37ª semana de 2012
0“Cerca de 3 milhões de britânicos com idade ente 20 e 34 anos moravam com os pais no ano passado. Segundo o órgão nacional de estatística britânico, o número é 20% maior que o registrado em 1997. Um dos motivos por trás dessa ‘adultolescência’ é a crise econômica europeia, que forçou o retorno de filhos já adultos à convivência com a família. No Brasil, o último censo do IBGE mostrou que há 1,7 milhão de brasileiros, entre 25 e 34 anos, vivendo na casa dos pais. Mas daqui os motivos são mais culturais do que econômicos.”
Revista VocêSA – setembro de 2012
“O passado deve nos servir contraponto, de lição, de visão crítica, mas não de ressentimento. Aprendi com os erros e, principalmente, com os acertos de todas as administrações que me antecederam. Mas governo com os olhos no futuro.”
Dilma Rousseff – Revista Época – 10/09/2012
“A islamofobia assume que os muçulmanos são tão violentos e irracionais que, se você apenas questionar sua religião, eles virão mata-lo. Não acredito nisso. Essa imagem não corresponde a nenhum muçulmano que conheço.”
Tom Holland – Revista Época – 10/09/2012
“A agilidade estratégica que impera no mundo empresarial necessita de líderes que auxiliem a descortinar o novo, que assumam riscos, que tenham atitudes decisórias, que orquestrem sua equipe com harmonia e realizações, mas, para tanto, estas mesmas empresas precisam ter uma política que incentive este grau de comprometimento organizacional.”
Ruth Duarte – O Estado de S.Paulo, 10/09/2012
“Na Coreia do Sul, o excesso de mulheres na carreira diplomática obrigou o governo a instituir as fatídicas cotas para homens. […] A nova economia emergente, baseada cada vez mais em qualidades como ‘comunicação’ e ‘adaptação’, está pronta para o triunfo da sensibilidade feminina.”
João Pereira Coutinho – Folha de S.Paulo, 11/09/2012
“O que vamos comer, por exemplo? Agora já não vale mais o nosso gosto, apenas. Precisamos também considerar determinadas normas ditadas pelas ciências que, por sinal, podem mudar constantemente. Lembra-se do ovo? Já foi demonizado, agora não é mais. É que a alimentação se transformou em uma questão de saúde, e não mais uma questão social, familiar, de prazer etc. […] Às vezes, dá a impressão de que entregamos com gosto algumas decisões para outrem, seja para o Estado ou para ditames atuais das ciências e das tecnologias. No mínimo, nós precisamos ter consciência de que isso está ocorrendo. E as gerações mais novas poderiam aprender a fazer uma análise crítica a esse respeito.”
Rosely Sayão – Folha de S.Paulo, 11/09/2012
“ ‘A forma como assediamos a vida uns dos outros hoje tem tudo a ver com o processo de celebrização da sociedade. Há um impulso de consumir a vida do outro, de usá-la como entretenimento, semelhante a um filme’, explica Eugênio Trivinho, professor do programa de pós-graduação em comunicação e semiótica da PUC-SP.”
Juliana Cunha – Folha de S.Paulo, 11/09/2012
“A epidemiologia da cola sugere que não. Um trabalho de 2005 de Donald McCabe mostrou que 70% dos alunos do ensino médio de escolas públicas dos EUA admitiam ter colado em testes. Entre estudantes de instituições privadas, o índice caía para 50%. No Brasil, pesquisa Datafolha de 2009 revelou que 31% da população reconhecia já ter colado. O fenômeno transcende a escola. Uma empresa de recursos humanos de Wisconsin divulga anualmente, desde 1995, seu Índice do Mentiroso, isto é, a proporção de CVs fraudulentos que recebe. Em 2011, a taxa foi de 27,3%, o recorde histórico.”
Hélio Schwartsman – Folha de S.Paulo, 11/09/2012
“Criamos padrões e os repetimos, nos acostumamos a eles. E não só nós, também aqueles com quem convivemos. As pessoas entendem como funcionamos e passam a lidar conosco considerando nossos padrões. […] Cerca de metade do que fazemos no dia a dia deriva de nossos hábitos e não de intenções deliberadas.”
Eugenio Mussak – Revista Vida Simples – setembro de 2012
“Misturar Deus (qualquer Deus) ou seus profetas com política é receita certa para horror.”
Clóvis Rossi – Folha de S.Paulo, 13/09/2012
14ª semana de 2012
0“O número de brasileiros que diz ter lido pelo menos um livro em um período de três meses diminuiu em relação a 2007, segundo a pesquisa “Retratos da Leitura no Brasil”, feita pelo Ibope Inteligência com o Instituto Pró-Livro. Em 2007, eles eram 55% da população (ou 95,6 milhões de pessoas). No resultado apresentado ontem em Brasília, o índice caiu para 50% da população (88,2 milhões). O número de livros lidos por ano, que inclui as obras indicadas pelas escolas, também caiu -de 4,7 por pessoa em 2007 para 4 em 2011. […]O MinC incluiu no Plano Nacional de Cultura a meta de que, até 2020, os brasileiros leiam quatro livros por ano fora do aprendizado formal.”
Nádia Guerlenda – Folha de S.Paulo, 29/03/2012
“Na secularização, Deus não é pronunciado, o que não significa que esteja ausente. Ele está presente sob o nome de justiça, amor, retidão, boa consciência, solidariedade e compaixão. Ilusão dos cristãos pensarem que Deus esteja presente somente onde seu nome é pronunciado, pois muitos se dão por piedosos e comportarem-se como malfeitores. Nosso mundo político está cheio deles. Já o ‘secularismo’ é a patologia da secularização ao afirmar que só existe este mundo e qualquer aceno a algo que o transcenda é ilusão ou alienação.”
Leonardo Boff, O Estado de S. Paulo – 01/04/2012
“O conselho que tenho para oferecer aos líderes é a importância da empatia no desenvolvimento da humildade, a importância de compreender as situações pelas quais as pessoas que trabalham na empresa estão passando. Se o objetivo é envolvê-los no trabalho, é fundamental compreendê-los de fato, bem como os desafios que enfrentam.”
Jaimes Champy, O Estado de S. Paulo – 01/04/2012
“Pergunte-se a um grupo de médicos qual o órgão mais importante do corpo humano e certamente assistiremos a diálogos intermináveis e inconclusos. O fígado é o filtro, o coração é a bomba, o cérebro toma decisões, cada um com sua fatal indispensabilidade. Impossível o funcionamento aceitável do corpo sem o concurso dessas peças. Coração sem fígado envenena-se, fígado sem cérebro desgoverna-se, cérebro sem coração morre de inanição e, dizem os poetas, de falta de emoção… Sustentabilidade urbana, conceito complexo e mal conhecido, apresenta também seus três componentes orgânicos essenciais, inexoráveis e indispensáveis: o espaço ambiental e cultural, o desenvolvimento econômico e a responsabilidade social. Inútil privilegiar um deles em detrimento de qualquer dos outros.”
João Crestana, O Estado de S. Paulo – 04/04/2012
“Os fundamentalistas são todos iguais: ‘apenas’ querem que a lei de seu deus seja mandatória para todos os demais.”
Contardo Calligaris – Folha de S.Paulo, 05/04/2012
“A corrupção é o capital sem lei. Todos os que a invocam, ainda que marginalmente, viram seus servidores. Sem exceção. Sem uma única exceção.”
Eugênio Bucci, O Estado de S. Paulo – 05/04/2012
“Concordo em gênero, número e caso com dom Tarcísio Scaramussa, da CNBB, quando ele afirma que não faz sentido nem obrigar uma pessoa a rezar nem proibi-la de fazê-lo. […]Como ateu, não abraço nenhuma religião, mas, como liberal, não pretendo que todos pensem do mesmo modo. […] A minha impressão é a de que não faltam oportunidades para conhecer as mais diversas mensagens religiosas, onipresentes em rádios, TVs e também nas ruas. Na cidade de São Paulo, por exemplo, existem mais templos (algo em torno de 4.000) do que escolas públicas (cerca de 1.700).”
Hélio Schwartsman – Folha de S.Paulo, 06/04/2012
“Sentimos nostalgia das coisas que estão desaparecendo da vida contemporânea. Quando eu era criança, a família só tinha um aparelho de telefone, a torradeira durava 25 anos. […] Fiz 65 anos em fevereiro. Nos Estados Unidos, sou oficialmente um cidadão que entrou na velhice. É um choque. O avanço dos anos começa a tomar conta de você. Tanta gente importante para mim tem morrido. […] Você se pergunta: como aquele menino ficou tão velho? […] Me irrita, às vezes, ficar ouvindo a falação incessante de jovens com tão pouca história de vida.”
Paul Auster, O Estado de S. Paulo – 06/04/2012
“A evolução do cérebro humano esteve associada às demandas da complexidade do ambiente social. […] Surgiram evidências de que certas regiões do cérebro são mais desenvolvidas em pessoas que mantêm contato com maior número de parentes, amigos e colegas de trabalho. […] Está cada vez mais evidente que o cérebro é uma ferramenta social.”
Drauzio Varella – Folha de S.Paulo, 07/04/2012
07ª semana de 2012
0“A guerra tradicional é um jogo masculino: as mulheres tribais nunca se reuniram em bandos para atacar tribos vizinhas. Como mães, elas têm incentivos para manter condições pacíficas para nutrir sua prole e garantir que seus genes sobrevivam na geração seguinte. Os incrédulos imediatamente responderão que as mulheres não travaram uma guerra simplesmente porque raramente tiveram posições de poder. Se tivessem assumido cargos de liderança, as condições existentes num mundo anárquico as obrigariam a adotar as mesmas decisões belicosas que os homens. Margaret Thatcher, Golda Meir e Indira Gandhi foram mulheres poderosas e todas levaram seus países à guerra. Mas é verdade também que essas mulheres chegaram à liderança agindo conforme as regras políticas do ‘mundo dos homens’. Elas conseguiram se adequar aos valores masculinos, o que permitiu sua ascensão à liderança. Num mundo em que as mulheres assumiram a metade das posições de liderança, elas devem se comportar de modo diferente no poder. E então, surge uma questão mais ampla: gênero é realmente importante na liderança? Em termos de estereótipos, vários estudos psicológicos mostram que os homens tendem a preferir o poder duro do comando, ao passo que as mulheres são mais colaboradoras e intuitivamente compreendem o poder brando da atração e da persuasão. […] Os caminhos exigidos para uma ascensão profissional e as normas culturais que os criaram e reforçaram não permitiram às mulheres adquirir os talentos exigidos para posições de alto escalão em muitas organizações. Pesquisas mostram que mesmo nas sociedades democráticas as mulheres enfrentam um risco social maior do que os homens quando tentam negociar, por exemplo, um aumento na sua remuneração. As mulheres em geral não estão bem integradas nas redes masculinas que dominam as organizações, e os estereótipos de gênero ainda prejudicam aquelas que tentam vencer as barreiras. Essa tendência começa a desaparecer nas sociedades com base em informação, mas é um erro identificar o novo tipo de liderança que necessitamos nesta era da informação simplesmente como ‘o mundo da mulher’. Mesmo positivos, os estereótipos são péssimos para mulheres, homens e uma liderança eficaz. Os líderes devem ser vistos menos em termos de comando heroico e mais no sentido de alguém que estimula a participação dentro de uma organização, grupo, país ou rede. Questões envolvendo o estilo apropriado – ou seja, quando adotar maneiras mais duras ou mais brandas – também são importantes para os homens e para as mulheres, e isso não deve ser ofuscado pelos tradicionais estereótipos de gênero. Em algumas circunstâncias, os homens terão de agir mais ‘como mulheres’, em outros as mulheres necessitarão ser mais ‘como homens’. Decisões cruciais sobre guerra e paz no nosso futuro dependerão não do gênero, mas de como os líderes combinarão os poderes duro e brando para criar estratégias inteligentes.”
Joseph S. Nye – O Estado de S. Paulo, 12/02/2012
“Mesmo sem ser uma questão assim tão nova, o debate sobre a inexistência de Deus reaparece hoje em 22 Estados do País, provocando a costumeira polêmica. Com debates, palestras, bate-papos e até shows de humor, o 1.º Encontro Nacional de Ateus ocorre após ter levantado na internet uma oposição até improvável: a crítica mais ferrenha e numerosa veio de ateus descontentes com a ideia de que um encontro se confunde com a criação de uma religião… de ateus. ‘Queremos o fim do preconceito contra nós, que não acreditamos em religiões, e fazer com que os ateus percebam que não estão sozinhos’, diz. Stíphanie afirma que o preconceito existe e é forte. ‘Quando estava na 8.ª série, estudava em uma escola católica e questionaram o que Deus significa para nós. Respondi que era desnecessário e acharam um absurdo, fui mandada para a psicóloga e tudo mais’.”
Paulo Saldaña – O Estado de S. Paulo, 12/02/2012
“Tom Rath e Jim Harter, especialistas em liderança e ambiente de trabalho do Instituto de Pesquisas Gallup, estavam terminando de tabular os resultados de uma pesquisa sobre bem-estar, realizada em 150 países, quando um dado insólito chamou sua atenção: em média, os entrevistados, não importa qual sua cultura ou nacionalidade, relatavam que o dia gratificante incluía seis horas de convivência com outras pessoas. Intrigados, eles fizeram novos testes, que confirmaram a hipótese. ‘As pessoas precisam de seis horas por dia de interação social para se sentirem revigorados. Sim, seis horas!’, escreveu o duo no Gallup Management Journal. Preocupados, clientes do Gallup questionaram Rath e Harter sobre a descoberta. Tempo gasto em redes sociais conta? O contato tem de ser face a face? São necessárias mesmo seis horas? Nenhuma dessas inquietações tem uma resposta exata. Para a geração mais jovem, o contato virtual parece ser satisfatório. Os mais maduros, de 30 a 46 anos, necessitam pelo menos de uma conversa ao celular. Para as de gerações anteriores, nada substitui o face a face, diz a dupla.”
Época Negócios – fevereiro de 2012
“O papel do novo líder será criar ambientes em que as competências múltiplas possam florescer.”
Anderson Sant’Anna, Revista Você S/A – fevereiro de 2012
“No topo cabe pouca gente; falta verdade e sobram tristeza, dúvida e solidão. Uma parte de Whitney Houston era super-humana, captando e moldando o inconsciente coletivo, devolvendo-o sob a forma de uma obra artística reconhecida por centenas de milhões de pessoas. Outra parte é humana, com anseios, desejos e inseguranças. A tensão gerada entre os dois polos é destruidora. Com tanta beleza e talento, só uma coisa poderia arruiná-la: ela mesma.”
João Marcello Bôscoli – O Estado de S. Paulo, 13/02/2012
“Tudo na minha vida veio no momento certo. Incluindo a minha filha, que eu tive com 39 anos. Muita gente perguntava se eu não queria ter tido filhos antes. Olha… a minha história está sendo contada desse jeito. Olhando pra trás, acho que não mudaria nada. Quer dizer, colocaria mais umas coisinhas, né? (risos) Mas eu respeito muito a minha trajetória. Tudo que vivenciei foi positivo no sentido de que nunca dei passo para trás. Se me coube agora ser protagonista, foi maravilhoso. Mas também sei que fui abrindo esse caminho – devagar e sempre. Acho que todo mundo precisa entender o ritmo em que as coisas acontecem. Senão a gente fica infeliz.”
Lilia Cabral, 54, atriz – O Estado de S. Paulo, 13/02/2012
“Qual o professor que não cumpre sua missão de educar mostrando qual seria a boa trilha a seguir pela vida? Educar é influenciar, não tem jeito. Mas educar é, ou deveria ser, acima de tudo, ensinar a pensar, e o pensamento com qualidade conduz, ou deveria conduzir, a duas lições que são as mais belas que um jovem pode aprender: a autonomia e o significado. Ser autônomo significa fazer suas próprias escolhas e assumir responsabilidades pro elas. Não quer dizer, cuidado, que se possa fazer o que se quer, atender a seus desejos desconsiderando totalmente as expectativas dos outros, do mundo. Autonomia é razão lúcida, equilíbrio, e pressupõe responsabilidade, maturidade, disposição para assumir seu destino. E ter significado quer dizer estar conectado com uma atividade que faça sentido, que nos dê a certeza de que estamos no caminho certo, fazendo o que gostamos e que aquilo que fazemos torna o mundo melhor.”
Eugenio Mussak, Vida Simples – fevereiro/2012
“Não acho que deva ser uma obrigação moral dos ricos dar de volta seu dinheiro. Mas, afinal de contas, que escolha eles têm? Não podem gastar tudo consigo mesmos e não é bom para seus filhos começar a vida super-ricos. […] Eu acredito que o altruísmo é a chave porque, para fazer a diferença, é preciso colocar toda sua energia e motivação nesse trabalho. […] Eu acredito em um sistema misto que não iguala a todos, mas em que os governos e os ricos dedicam especial atenção aos desassistidos. […] Desde 2000, quando começamos, mais de 1 milhão de crianças foram salvas da malária e o índice de mortes caiu em 20%. Em três ou quatro anos, erradicamos a poliomielite na Índia. É gratificante entregar a um agricultor uma semente que não irá morrer com a seca ou as enchentes que virão. Inovação, para mim, tem o poder de mudar o mundo. […] Eu viajo o mundo para dividir o que tenho aprendido e encorajar os outros a pensar grande quando quiserem doar.”
Bill Gates, Revista Alfa – fevereiro de 2012
“Entre negros e hispânicos há o dobro de homens e mulheres dispostos a se arriscar para salvar os outros, possivelmente porque, em geral, são mais expostos a injustiças.”
Giovannni Sabato, Mente Cérebro – fevereiro de 2012
“Quando alguém trabalha, dedica tempo para obter recursos monetários, mas deixa de dedicar tempo para sua família, para cuidar de sua saúde, para suas relações pessoais e para outros projetos pessoais. Muitas pessoas sentem dificuldade em melhorar seus conhecimentos porque dedicam tanto tempo ao trabalho que não sobra tempo para estudos. Trabalhar, portanto, rouba tempo que o trabalhador poderia dedicar a seus investimentos pessoais, consequentemente prejudicando o aumento de sua riqueza. É por essa interpretação que eu defino salário não como renda, mas sim como indenização.”
Gustavo Cerbasi – Folha de S.Paulo, 13/02/2012
“Nesta época de exibicionismo ululante… hoje, milhões de pessoas se expõem de todo jeito nas ‘redes sociais’ (sei de gente que já se ‘postou’ dando à luz ou fazendo xixi), frequentam lugares ‘para ver e ser vistos’. Como conciliar o justo cuidado com a privacidade e a obsessão dos 15 minutos de fama a que tantos se julgam com direito?”
Ruy Castro – Folha de S.Paulo, 13/02/2012
04ª semana de 2012
0“Essa desconfiança do conhecimento científico é muito estranha, dada a nossa dependência dele no século 21. (De onde vêm os antibióticos e iPhones?) O problema parece estar ligado ao Deus-dos-Vãos, a noção de que quanto mais aprendemos sobre o mundo, menos Deus é necessário. Os que interpretam a Bíblia literalmente veem nisso uma perda de rumo. Uma teologia que insiste em contrapor a fé ao conhecimento científico só leva a um maior obscurantismo. Mesmo que não acredite em Deus, imagino que existam outras formas de encontrar Deus ou outros caminhos em busca de uma espiritualidade maior na vida.”
Marcelo Gleiser – Folha de S.Paulo, 22/01/2012
“Neymar parece não saber a diferença entre o público e o privado nem que a sociedade do espetáculo tem pressa em promover, consumir, trocar e descartar seus ídolos. Neymar, abra o olho!”
Tostão – Folha de S.Paulo, 22/01/2012
“Tudo é política. Até a negação da política é um ato político. Não dá para dissociar. A política faz parte da nossa vida. Participando ou não, estamos sujeitos a essa atividade. Interessados ou não, não há como escapar da política.”
Euclydes Marinho – O Estado de S. Paulo, 23/01/2012
“A cada instante nossas decisões são influenciadas, guiadas talvez, por essas interações entre ‘natureza e ambiente’, acumuladas em todas as nossas experiências anteriores. […] Emoções são a maneira de o cérebro manifestar no corpo sua resposta mais sincera ao que a vida nos oferece e assim tornar palpável para si mesmo -para nós, portanto- nossos sentimentos sobre algo ou alguém. Concordo que quem nos desperta paixões, ira ou prazer não é algo que possamos influenciar: apenas nos cabe reconhecer. Mas é aqui justamente que podemos mudar a história: a partir do momento em que tomamos ciência de nossos sentimentos. […] Não escolhemos por quem nos apaixonamos – mas temos, sim, o poder de decidir o que fazer a respeito…”
Suzana Herculano-Houzel – Folha de S.Paulo, 24/01/2012
“O número de norte-americanos que possuem tablet ou leitor digital praticamente dobrou entre o fim do ano passado e o início de janeiro, de acordo com levantamento realizado consultoria Pew Internet. Em dezembro, 10% dos 2.986 entrevistados com mais de 16 anos tinham um dos dois aparelhos, número que saltou a 19% neste mês, em uma base de 2.000 pessoas. A Amazon e a livraria Barnes e Noble introduziram, cada uma, novos tablets e versões mais baratas do seus aparelhos Kindle e Nook, antes das férias. O iPad, da Apple, entretanto, continua como o aparelho mais popular. De acordo com a consultoria IDG, 60 milhões de pessoas tinham o iPad no ano passado, ante 17 milhões em 2010.”
Folha de S.Paulo, 24/01/2012
“Na medida em que a liberdade do homem deixa de ser levada em consideração e se dá mais peso às determinações do meio ambiente ou da genética, o que existe de único em cada indivíduo perde valor.”
Marcelo Coelho – Folha de S.Paulo, 25/01/2012
“Pastores da Igreja Universal do Reino de Deus inovam. Pela TV, em Brasília, prometem bom desempenho em concursos públicos. O fiel só precisa levar caneta ou comprovante de inscrição ao templo para ser ungido. O discurso? ‘Se Deus te iluminar, te der a direção, nada dá errado’.”
Sonia Racy – O Estado de S. Paulo, 27/01/2012
“Será preciso esforço, ideias e tempo para que amadureçam soluções democráticas consistentes para os problemas que estão a emergir da revolução atual, que está revirando os fundamentos do viver coletivo, e desta crise orgânica que está fazendo com que o capitalismo aprofunde suas imperfeições, desorganize os sistemas de produção e distribuição, as formas de vida, as identidades e os modelos políticos, complicando e problematizando as capacidades coletivas de reação e emancipação.”
Marco Aurélio Nogueira – O Estado de S. Paulo, 28/01/2012
“Eu me preparei para a velhice. Eu venho ficando velho há muito tempo, me preparo para a velhice, me preparo para a morte, coisas que não interessam a muita gente. […] Entro com tranquilidade em cada novo portal da vida, sendo que a morte é o ultimo deles. Você entra em um, em dois, três, quatro, cinco… A morte é o último e faz parte da vida.”
Gilberto Gil – O Estado de S. Paulo, 28/01/2012
“Criamos ficções porque, por meio delas, saímos do cárcere real e vivemos as mil vidas que de outra forma não poderíamos viver. Ademais, porque no ir r vir da ficção vemos as imperfeições do mundo real e se afina nossa consciência crítica, a ferramenta que impede que as sociedades se paralisem na resignação e na apatia. Aspirar ao impossível, como fazem Victor Hugo e, em maior ou menor grau, todos os grandes criadores de ficção, é um antídoto contra o conformismo e a indolência. Esta é a razão de ser do romance, está é a razão pela qual há escritores que põem todo seu empenho em se deixar tentar pelo impossível.”
Carlos Granés – O Estado de S. Paulo, 28/01/2012
“Seja qual for a história, nós todos podemos nos reconhecer nela, porque a escuta humaniza. Quando escutado, o drama do outro pode se tornar meu. Além de curar, a escuta aproxima. Permite encontrar a semelhança no seio da diferença e superar a intolerância. É um recurso que depende da capacidade de incluir o outro em nosso espaço vital. […] a resposta é sempre decorrente da particularidade de cada um. É normal as pessoas da particularidade de cada um. É normal as pessoas procurarem as regras gerais porque querem garantias. […] A pessoa tem de se debruçar na própria história e decifrar esse inconsciente. Nem sempre ela consegue, mas é preciso tentar. Somos responsáveis quando não nos valemos dos recursos da análise para descobrir por que agimos de uma determinada maneira. São três as paixões humanas: o amor, o ódio e a ignorância, esta é a mais nefasta de todas. […] Quem ama não se vale do outro, quem ama quer contentar o amado.”
Betty Milan, psicanalista, Revista Lola – janeiro de 2012
“Você não pode fazer o que é certo para sua empresa em detrimento do que é certo para a sociedade. Tempos difíceis não são exclusividade das empresas: elas atingem a todos. Por isso mesmo esta é a hora de investir em projetos criativos de filantropia junto às comunidades. É dever do líder enxergar a sua corporação como fonte de mudança positiva.”
Howard Schultz, Revista Época Negócios – janeiro de 2012
“Quando você é jovem, está sempre tentando desesperadamente deixar a sua marca. […] Eu não preciso mais provar que sei. Essa é a beleza de envelhecer. Você não precisa provar nada a ninguém. Só precisa dar as caras, fazer o seu trabalho e gostar do tempo que você gasta tentando conseguir as coisas que quer.”
George Clooney, 50, ator – Revista Alfa – janeiro de 2012
“Não fui atrás de um sonho, sonho é coisa de criança. Fui atrás de uma convicção. E acho que vai dar certo.”
Falcão – Revista Alfa – janeiro de 2012
03ª semana de 2012
0“Outro problema é que umas das maiores contradições da vida é que o cotidiano das relações quase sempre inviabiliza afetos espontâneos e nos arremessa a convivência estratégica que apenas ‘lida’ com problemas.”
Luiz Felipe Pondé – Folha de S.Paulo, 17/01/2012
“Homens e mulheres estão extremamente infelizes em suas relações amorosas. Mas não querem ficar sozinhos. São reincidentes: casam, separam, casam de novo, separam de novo… A falta de compreensão e de escuta parece explicar grande parte das insatisfações masculinas e femininas. Parece tão simples, mas que tal perguntar para o outro o que ele realmente quer? E ouvir com atenção e carinho a resposta, sem julgar, rotular e condenar?”
Mirian Goldenberg – Folha de S.Paulo, 17/01/2012
“Aquele que é vítima de sofrimento psíquico (e a drogadição é um deles) só será curado quando o terapeuta for capaz de criar uma aliança com a dimensão da vontade que luta por se conservar como autônoma. Não será à base de balas e internação forçada que tal aliança se construirá.”
Vladimir Safatle – Folha de S.Paulo, 17/01/2012
“O Facebook ultrapassou o Orkut como a rede social com maior audiência em número de visitantes na internet brasileira em dezembro, segundo dados da consultoria norte-americana comScore. A rede social de Mark Zuckerberg teve 36,1 milhões de visitantes no fim do ano passado, enquanto o concorrente Orkut, do Google, registrou 34,4 milhões de visitantes.”
Paula Leite – Folha de S.Paulo, 18/01/2012
“É o corpo que permite a peregrinação da alma. A alma é difícil de encontrar. Quantas pessoas sem alma você já encontrou na sua vida? O Diabo leva as almas. Antigamente ele as comprava caro, com moedas de ouro; hoje elas estão se oferecendo num vasto mercado e valem menos do que um político blindado. Deus, por outro lado, quer o corpo que, conforme diz a nossa esperança, voltará a viver para sempre no dia da ressurreição. Eis uma imagem amada por um menino canhoto. No dia em que os mortos acordarem do seu longo sono haverá a reconciliação de todos os dualismos. A vida vai englobar a morte. Nesse dia glorioso todos vamos nos ver de novo e nos abraçar enternecidos. Seremos então jovens, fortes, bonitos, puros, alegres, e sem conflitos, debaixo daquela luz gloriosa que virá de um céu que não conhecemos. Esse é o dia do encontro com todos os nossos mortos queridos. A experiência do corpo e com o corpo nos leva para essa imagem mágica e redentora de todas as nossas dúvidas e sofrimento. Amém.”
Roberto DaMatta – O Estado de S. Paulo, 18/01/2012
“O respeito ao direito do outro de acreditar no que bem entender não exclui um exame secular da sua crença, ou do que ele precisa aceitar para aceitá-la. Não é julgamento, é curiosidade intelectual. Todas as religiões têm origens sobrenaturais e exigem de seus fiéis diferentes graus de suspensão de descrença, em alguns casos espantosos, e por isso mesmo fascinantes. Ou assustadores, quando levam ao fanatismo e à intolerância.”
Luis Fernando Verissimo- O Estado de S. Paulo, 19/01/2012
“Atrás da face indulgente do poder que se inspira no modelo da peste (o infrator estava doente, não fez por querer, está “desculpado”), esconde-se uma face especialmente tirânica: qualquer ato dissonante é reconhecido não como fruto de rebeldia ou originalidade, mas como efeito de uma patologia. Você é contra? Você é diferente? Pois bem, você está doente. Não há mais dissenso -só enfermos e loucos.”
Contardo Calligaris – Folha de S.Paulo, 19/01/2012
“Como queremos criar nossos filhos? Que contribuição queremos dar a eles? Quais princípios éticos desejamos que eles vivam e replicam em seus relacionamentos? Em que medida queremos a interferência do Estado em nossas famílias? Como expressamos nosso amor aos nosso filhos? Enfrentando tais questionamentos vamos poder decidir como queremos cuidar do futuro do Brasil.”
Marina Silva – Folha de S.Paulo, 20/01/2012
“Nem toda ciência, filosofia e poesia do mundo nos fazem deixar de lamentar o passado e temer o futuro. Quem traduziu bem esse sentimento foi Virgílio: ‘Sed fugit interea, fugit irreparabile tempus’ (mas ele foge: foge irreparavelmente o tempo).”
Hélio Schwartsman – Folha de S.Paulo, 20/01/2012
“Nós, modernos, passamos a prezar singularmente nossa sobrevivência. Mesmo quando acreditamos no além, achamos que o término de nossa vida terrena é o fim de tudo o que importa.”
Contardo Calligaris – Folha de S.Paulo, 20/01/2012
“Passei o Ano-Novo em Salvador. Na despedida, assisti à extraordinária missa da irmandade de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos. […] ‘Eu sou ateu, posso sair?’ Perguntou entediado meu filho de 12 anos. Eu o deixei ir. Jamais induzi minhas crias a essa ou aquela religião, mas também não cultivei o ateísmo. Caetano riu da certeza categórica em tão tenra idade. Confessou que também não acreditava em Deus na adolescência. […] É mesmo impossível negar a fé na Bahia. Ela não é imposta, é um hábito concreto, festivo, que domina o calendário anual. Cada igreja tem o seu dia; cada terreiro, uma agenda; cada imagem, uma adoração. E, mesmo no Carnaval, o mais pagão dos blocos só põe o pé na folia depois de ungido.”
Fernanda Torres – Folha de S.Paulo, 20/01/2012
“Estamos a caminho de ser um destino mais relevante para imigrantes. No entanto, nos faltam parâmetros e controles. Que tipo de imigrantes queremos no Brasil? Que tipo de trabalhadores e de empreendedores desejamos importar? Existem necessidades regionais particulares que desejamos suprir? Ou simplesmente vamos deixar os imigrantes rumarem para São Paulo atrás de empregos? Pois bem, o governo e a sociedade devem olhar para a questão a partir de alguns princípios. O primeiro deles é que o Brasil jamais deve deixar de ser uma opção para estrangeiros que venham para cá por razões humanitárias.”
Murillo de Aragão – Folha de S.Paulo, 21/01/2012
“Se quisermos apoiar a reconstrução do Haiti, a última coisa a fazer é estabelecer barreiras arbitrárias à circulação de trabalhadores do país.Logo após o terremoto, uma onda de genuína solidariedade mobilizou a população brasileira em prol dos haitianos. Mas as estruturas governamentais e diplomáticas demonstraram não ter preparo e capacidade para lidar com as ofertas de cá ou com as demandas de lá. Agora, a forma como o governo e seus agentes encaminham o debate revela novamente o divórcio com a sensibilidade da opinião pública, a recusa ao diálogo com organizações que oferecem apoio aos recém-chegados e o recurso a estereótipos e mistificações para disfarçar a necessidade de amplas reformas nas instituições voltadas para a absorção de imigrantes.”
Omar Ribeiro e Sebastião nascimento – Folha de S.Paulo, 21/01/2012
“A conferência Rio+20 terá uma avaliação da implementação de medidas em favor do ambiente nos últimos 20 anos. […] O objetivo não é ter uma forma mundial de fazer as coisas, é inculcar em tudo o desenvolvimento sustentável. Todo tipo de investimento no país deveria ter como paradigma o desenvolvimento sustentável.”
André Corrêa do Lago – Folha de S.Paulo, 21/01/2012
“É impossível colaborar de verdade quando uma pessoa não pode contar com a franqueza da outra. Para a solução de problemas, um membro da equipe não pode ter medo de fazer perguntas ou sugerir respostas erradas. […] É preciso esforço para criar um ambiente de honestidade respaldado por relações francas e de respeito – mas é um desafio que todo líder deve encarar.”
Keith Ferrazzi, Harvard Business Review – janeiro de 2012
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