Posts tagged educação

46ª semana de 2013

“Uma mulher vitimada pelo estupro não é só alguém manchada na honra, mas alguém temporariamente alienada da existência. Honra, dignidade, autonomia são ignoradas pelo estuprador, é verdade. Mas o estupro vai além: é um ato violento de demarcação do patriarcado nas entranhas das mulheres. É real e simbólico. Age em cada mulher vitimada, mas em todas as mulheres submetidas ao regime de dominação.”

Debora Diniz, O Estado de S.Paulo – 10/11/2013

 

“E a política para trazer montadoras, para produzir carros caros e com alto consumo de gasolina, com potência para 350 km/h – mas você anda a 40 km/h? É o auge do supérfluo.

45ª semana de 2013

“Como mostrou o psicólogo Irving Janis, o desejo de manter a coesão e a harmonia do grupo faz com que seus membros tentem agir sempre em bloco e de maneira às vezes patológica. Uma série de experimentos sugere que juntar muitas pessoas que pensam de forma parecida, numa sala ou na rede de computadores, resulta em maior polarização (radicalização das ideias), mais animosidade (sensação de onipotência em relação a outros grupos) e conformidade (supressão de dissensos internos).”

Hélio Schwartsman, Folha de S.Paulo – 03/11/2013

 

“Confiamos nas pessoas ao redor para nos ajudar a lembrar os detalhes da vida desde sempre. Sabemos mais ou menos em que somos ruins em lembrar e no que nossos amigos, mulheres e maridos são bons. Até inconscientemente. Eu sei que minha mulher é melhor com datas. Ela sabe que sou bom para lembrar onde ficam as coisas na casa. Nós armazenamos um volume grande de dados fora de nós, dentro de outras pessoas. E aprendemos que, coletivamente, chegamos a melhores lembranças, análises e soluções.”

Clive Thompson, Folha de S.Paulo – 04/11/2013

 

“Aprender algo novo é sempre difícil, por mais que a pessoa queira ou goste. Para aprender, é preciso reconhecer a própria ignorância, e isso tem sido cada vez mais difícil no nosso mundo.”

Rosely Sayão, Folha de S.Paulo – 05/11/2013

 

“Há pouco lugar para a tristeza. E a exaltação e excitação são confundidas com felicidade. Vivemos de uma forma mais estimulante, na qual emoções mais depressivas, reflexivas, não têm espaço.”

Regina Elisabeth Lordello Coimbra, Folha de S.Paulo – 05/11/2013

 

“Quando dizem que uma criança tem TDAH, penso: será que isso está certo? É mais cômodo dar remédio do que fazer terapia, mudar o comportamento. As crianças são nosso espelho. Será que a agitação delas não é culpa nossa?”

Kátia Christina Fonseca da Silva, Folha de S.Paulo – 05/11/2013

 

“O papa está lançando a igreja a uma agitação, no bom sentido, como não se vê há séculos.”

Clóvis Rossi, Folha de S.Paulo – 05/11/2013

 

“Os cem mais ricos do mundo incrementaram suas fortunas em US$ 200 bilhões entre 2012 e 2013, chegando a um total de US$ 2,1 trilhões, de acordo com a Bloomberg. O maior aumento foi de Mark Zuckerberg (Facebook), que dobrou sua fortuna de 1º de janeiro a 30 de setembro, para US$ 24,5 bilhões.”

Folha de S.Paulo – 06/11/2013

 

“É provável que as visitas aos cemitérios se tornem cada vez mais raras. Além de um túmulo concreto, muitos já erigem monumentos virtuais para seus entes queridos, e visitar os mortos, no futuro, talvez signifique passear por um lugar virtual: rever fotos e textos, lembrar-se e deixar um pensamento (há sites para isso, cemitérios virtuais –peoplememory.com, por exemplo).”

Contardo Calligaris, Folha de S.Paulo – 07/11/2013

 

“O trabalho é a principal atividade na sociedade contemporânea. Ele nos fornece o sustento material e a possibilidade de massagear o ego. A maioria de nós precisa estar bem no trabalho para estar bem na vida. Qual o motivo de termos tanta gente decepcionada com o trabalho no mundo corporativo? O problema começa quando nos damos conta de que dentro das empresas as pessoas são meros recursos. Como recursos, estão lá para satisfazer o interesse de acionista, ou seja, a maximização do lucro.”

Rafael Alcadipani, Você S/A – novembro de 2013

42ª semana de 2013

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“Fazei que não sejamos cristão de vitrine, mas saibamos meter mãos à obra para construir com o teu filho Jesus o seu reino de amor, de alegria e paz.”

Papa Francisco, Folha de S.Paulo – 13/10/2013

 

“Um dos maiores riscos é tentar fornecer uma espécie de solução-padrão que não leva em conta o contexto cultural.”

J. Neil Bearden, professor de ciências da decisão da Insead – Folha de S.Paulo – 13/10/2013

 

“Ter filho te insere, imediatamente, no entusiasmadíssimo clube dos que têm filhos. Um clube que você até sabia que existia, mas para o qual não dava a menor bola.”

Antonio Prata, Folha de S.Paulo – 13/10/2013

 

“A ‘inquisição das ruas’ hoje pensa que nossa sociedade está perdida e precisa ser salva por tais sacerdotes da pureza política. Mas o pior é que a classe intelectual é quase toda o alto clero dessa falácia. (…) Pessoas quebrando coisas na rua não implica em melhoria política.”

Luiz Felipe Pondé, Folha de S.Paulo – 14/10/2013

 

“A vida dos facebookianos pode até parecer uma campanha publicitária de margarina, com seus rostos alegres, bonitos e ensolarados. As melhores fotos são escolhidas a dedo, os sofrimentos são em geral escondidos e as informações que podem servir à imagem, à fama ou à vaidade das pessoas são publicadas ininterruptamente, sem parar.”

Marion Strecker, Folha de S.Paulo – 14/10/2013

 

“ ‘Mais escolas, menos estádios.’ Esta foi uma das frases mais ouvidas nas manifestações de junho. Ela indicava a consciência clara de que as prioridades de desenvolvimento estavam completamente invertidas. Mais do que isso. Que esta frase sido enunciada em um contexto de revolta, eis algo a demonstrar como a população esperava mais ações e menos retórica em relação à educação.”

Vladimir Safatle, Carta Capital – 16/10/2013

 

“A ciência está se tornando uma máquina cara e ineficiente, comumente monitorada por uma burocracia autista. E os cientistas se transformam em operários de uma linha de montagem autocentrada, frequentemente insensível às necessidades da sociedade. (…) Nas últimas décadas, o Brasil multiplicou seu número de cientistas. Há entre eles grandes cérebros, estrelas ascendentes e uma legião de abnegados. Muitos não honram, porém, o título. São pequenos burocratas, acomodados à lerdeza dos campi universitários. Vivem de verbas públicas. Realizam pesquisas de utilidade duvidosa para delas extrair a máxima vantagem.”

Thomaz Wood Jr., Carta Capital – 16/10/2013

 

“O texto literário é aquele que pede esforços de interpretação por aquelas caraterísticas que foram notadas pelos melhores leitores do século 20: por ser ambíguo (William Empson), aberto (Umberto Eco) e repleto de significações secundárias (Roland Barthes).”

Contardo Calligaris, Folha de S.Paulo – 17/10/2013

 

“O Brasil real é o das ruas com calçadas esburacadas e ônibus sujos e lotados. Da Justiça lenta e improdutiva. O Brasil é conservador. Seu conjunto de valores está em formação. A democracia só tem 25 anos.”

Fernando Rodrigues, Folha de S.Paulo – 19/10/2013

41ª semana de 2013

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“Desde que o mundo é mundo, as pessoas buscam áreas melhores para viver e os mais fortes tentam subjugar os mais fracos. E, hoje, a migração é um problema imenso e muito delicado. (…) O dilema tem contornos econômicos, políticos, culturais, humanitários e morais. E divide opiniões acaloradas. O que fazer?”

Eliane Cantanhêde, Folha de S.Paulo – 06/10/2013

 

“O Brasil não trata bem seu capital humano. É o que aparece nitidamente no ‘Relatório de Capital Humano’, que acaba de ser divulgado pelo Fórum Econômico Mundial, a entidade que promove, todo janeiro, os encontros de Davos. O Brasil fica no 57º lugar entre 122 países. Já é um resultado ruim, se se considerar que o país está entre as oito maiores economias do mundo. Quer dizer que tem tamanho, mas não tem qualidade. Piora as coisas saber que países de bem menor desenvolvimento relativo ficam à frente do Brasil, casos de Costa Rica (35º), Chile (36º), Panamá (42º) e Uruguai (48º), sem falar em Barbados, país caribenho que, na 26ª posição, é o mais bem situado na América Latina/Caribe. Para fechar o círculo negativo, o que afunda a posição brasileira é educação, um dos quatro pilares que constituem o levantamento. Nesse quesito, que recolhe indicadores quantitativos e qualitativos de todos os três níveis de ensino, o Brasil fica em obsceno 88º lugar. (…) O fato é que o Brasil tem problemas estruturais que o amarram ao solo faz gerações.”

Clóvis Rossi, Folha de S.Paulo – 06/10/2013

 

“Talvez um dos maiores medos humanos e que move o mundo desde sempre seja justamente o medo de perder a beleza e a juventude, e se restará alguém ao nosso lado quando formos apenas uma alma em agonia. (…) Aprendemos a negar nosso medo com teorias sofisticadas, mas o medo sempre aparece. Ficou chique dizer que se é emancipado, quando na realidade nem só de liberdade vive o desejo, mas também de pecado, medo e vergonha.”

Luiz Felipe Pondé, Folha de S.Paulo – 07/10/2013

 

“Uma mulher que deixa o emprego para cuidar dos filhos tem o respeito de 78% dos homens brasileiros. Já um pai que faz a mesma opção é malvisto por 42% dos entrevistados. Para 54% deles, largar o trabalho para cuidar das crianças é motivo de vergonha e é avaliado como comodismo, preguiça e vagabundagem. Apenas 11% dos homens consideram essa opção um motivo de orgulho.”

Mônica Bergamo, Folha de S.Paulo – 07/10/2013

 

“A adolescência agora vai até os 25 anos – e não apenas até os 18, como era previsto. Essa é a nova orientação dada a psicólogos americanos. É como se a neurociência pudesse eximir a todos de responsabilidade por um fenômeno deste século: jovens demoram muito mais a amadurecer, sair de casa e ser independentes. As pesquisas revelam que “a maturidade emocional de um jovem, sua autoimagem e seu discernimento são afetados até que o córtex pré-frontal seja totalmente desenvolvido”. E isso só acontece aos 25 anos. (…) A adolescência é cultural, depende do país e da sociedade. O fenômeno fisiológico é a puberdade. ‘Crianças de rua não têm adolescência, só puberdade. Rapidamente se tornam adultos’, como diz o psiquiatra Luiz Alberto Py. Prolongar a adolescência além dos 18 anos é prolongar a angústia. O jovem não é tão despreparado quanto teme. Nem tão brilhante quanto gostaria.”

Ruth de Aquino, Época – 07/10/2013

 

“Ouvi de um rapaz que foi homossexual praticante durante muito tempo que nós afirmamos que a graça de Deus basta, que Deus ama o pecador. Cantamos para que eles venham como estão. Mas não no caso dos gays. No caso dos gays, pedimos que mudem primeiro. A igreja deve manter o mesmo convite para todos, para que todos possam caminhar em direção à vida que Cristo nos oferece.”

Ricardo Barbosa, Época – 07/10/2013

 

“Um dos principais termômetros do comportamento das pessoas é sua habilidade de interação social. Cada vez mais se acredita que ela pode ser um indicador precoce de problemas neurológicos ou psiquiátricos. São atributos como conseguir se relacionar num grupo, rir das piadas ou se importar com os sentimentos do próximo. Em resumo, conectar-se com o que acontece à sua volta.”

Jairo Bouer, Época – 07/10/2013

 

“O que conta na vida não são as vantagens que conseguimos no curto prazo. É, antes, o tipo de caráter que ‘floresce’ (uma palavra cara a Aristóteles) no curso de uma vida. E, para que esse caráter ‘floresça’, as virtudes são como músculos que praticamos e desenvolvemos. (…) Não é fácil olhar em volta e ver como a mesquinhez alheia triunfa e passa impune. Mas não confunda o transitório com o essencial.”

João Pereira Coutinho, Folha de S.Paulo – 08/10/2013

 

“O mundo adulto foi invadido pela busca da felicidade e da juventude, entre outras coisas, o que transformou muito o comportamento de quem já tinha maturidade. Dessa maneira, características antes creditadas apenas a adolescentes passaram a fazer parte da vida adulta também. A impulsividade, o imediatismo, a busca do prazer e da liberdade e o comportamento de risco, por exemplo, passaram a ser fatos corriqueiros na vida dos mais velhos. Ao mesmo tempo, as crianças passaram a perder a infância cada vez mais cedo e seus interesses, seu comportamento, suas vestimentas, sua vida social e a linguagem usada ficaram cada vez mais parecidas com as dos adolescentes. Por isso, a notícia que saiu dias atrás que, agora, a adolescência deve ser considerada um período que vai até os 25 anos não é nenhuma novidade. Já faz tempo que constatamos que a adolescência começa cada vez mais cedo e termina cada vez mais tarde. Quando termina! Por isso, não deve estar longe o tempo em que a adolescência vai se tornar um conceito obsoleto. Vai deixar de ser um período da vida para ser um estilo de vida.”

Rosely Sayão, Folha de S.Paulo – 08/10/2013

 

“A expectativa de que devemos estar sempre disponíveis para empregadores, colegas e família cria um obstáculo real para a tentativa de reservar um tempo privado. Mas esse tempo privado é mais importante do que nunca.”

Lesley M. M. Blume, The New York Times/Folha de S.Paulo – 08/10/2013

“Em um congresso internacional de moda, afirmei que o mercado reproduz as imagens dos velhos do século passado e não vê os “novos velhos” que têm projeto de vida, saúde, amor, felicidade, liberdade e beleza. (…) Somos mais livres para inventar nossa ‘bela velhice’.”

Mirian Goldenberg, Folha de S.Paulo – 08/10/2013

 

“Na sociedade de massa é preciso não sentir o que se pensa, nem pensar o que se sente. A banalidade do mal se desdobra no mal da banalidade.”

Luiz Gonzaga Beluzzo, Carta Capital – 09/10/2013

 

“Existem vários tipos de leitor, e acredito que os melhores são os que sabem alternar distância e proximidade em relação a seu objeto. Uma espécie de simulação: buscamos entender os argumentos de um autor, por mais repugnantes que pareçam à primeira vista, levando seus efeitos teóricos às últimas consequências e de lá voltando com algum ensinamento (edificante ou não).”

Michel Laub, Folha de S.Paulo – 11/10/2013

 

“O espectro da atenção contemporânea foi muito reduzido com a mídia digital. Um longo romance exige uma imersão que a distração contemporânea pode não comportar.”

Daniel Menaker, O Estado de S. Paulo – 11/10/2013

 

“Especialistas em educação advertem que a atenção internacional não deve diminuir em relação à situação do ensino no Paquistão: mais de 5 milhões de meninas em idade escolar não vão à escola e há um número muito maior de escolas para meninos do que para meninas.”

Taha Siddiqui, O Estado de S. Paulo – 11/10/2013

 

“Pouco tempo atrás, a uma criança que dissesse suas vontades, só se respondia ‘cresça e depois a gente conversa’. De repente, hoje, parece que o próprio fato de uma criança falar seja garantia da qualidade (‘verídica’) do desejo que ela expressa (talvez por isso, aliás, não saibamos mais o que fazer quando as crianças dizem que preferem dormir tarde, estudar outro dia etc.). Será que nos esquecemos de que uma criança inventa, finge, mente, que nem gente grande, se não mais?”

Contardo Calligaris, Folha de S.Paulo – 12/10/2013

39ª semana de 2013

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“Costumo dizer que a arte existe porque a vida não basta. Negar a arte é como dizer que a vida se basta, não precisa de arte. Uma pobreza!”

Ferreira Gullar, Folha de S.Paulo – 22/09/2013

 

“Hoje que os ritmos elétricos incentivam uma vida de excessos, há uma vaidade, um exibicionismo vulgar em se ter – e mostrar que tem – muito de tudo que é novo.”

Luli Radfahrer, Folha de S.Paulo – 23/09/2013

 

“A vida intelectual pública está morta no Brasil, vítima da mania de ver em toda parte ‘um processo histórico’ em curso.”

Luiz Felipe Pondé, Folha de S.Paulo – 23/09/2013

 

“Escutar o filho, a mãe, o pai, o namorado, o marido, a mulher, o colega de trabalho, o chefe, o subordinado, o amigo, o vizinho, o paciente, o desconhecido. Ninguém escuta mais ninguém. Falamos sozinhos e deixamos o outro falando sozinho. Tem gente que ainda acha que pode escutar alguém fazendo outra coisa simultaneamente. Não pode. No fim, há uma algazarra de palavras jogadas fora, que batem na parede e voltam.”

Ruth de Aquino, Época – 23/09/2013

 

“Escuto, de homens e mulheres que tenho entrevistado para pesquisa, a queixa de que um investe muito mais do que o outro na relação, em termos de amor, dedicação, tempo, cuidado, atenção, escuta, carinho, trabalho e dinheiro.”

Mirian Goldenberg, Folha de S.Paulo – 24/09/2013

 

“Sabemos que punição faz sofrer, mas não ensina nada. Adestra, condiciona, controla. Por um tempo.”

Rosely Sayão, Folha de S.Paulo – 24/09/2013

 

“Papa Francisco foi eleito há apenas seis meses, mas a marca que suas palavras e ações estão imprimindo nas consciências de crentes e ateus é notabilíssima. Suscitam admiração e até surpresa todos os seus gestos e formas de comportamentos: onde mora, os sapatos que calça, seu estilo sóbrio e, sobretudo, as medidas que está tomando na tentativa de reformar a Igreja romana, mortificada por corrupção e escândalos, não somente morais. Parece que ele une em si a atitude simples e popular de João XXIII como carisma de João Paulo II. A mescla especialíssima dessas características prenuncia em pontificado inovador.”

Claudio Bernabucci, Carta Capital – 25/09/2013

 

“O que Francisco disse dos clérigos serve à perfeição para os políticos: “O povo de Deus necessita de pastores e não funcionários, clérigos de escritório”. O povo de qualquer Deus e também o povo sem Deus necessita de políticos que sejam guias de verdade e não se escondam, como fazem os políticos de hoje em dia, em seus gabinetes hiperprotegidos.”

Clóvis Rossi, Folha de S.Paulo – 26/09/2013

 

“Os adultos modernos carregam consigo um resto de adolescência mal resolvida, como se, para eles chegarem a ser adultos mesmo, ainda lhes faltasse um gesto de rebeldia que se esqueceram de fazer na juventude. Essa adolescência, desperdiçada por falta de coragem, volta como farsa na vida do adulto: ninguém tem coragem de nada, sequer de quebrar a rotina, mas todos procuram a aparência da rebeldia. Não fiz nada do que eu queria ou esperava, mas amanhã vou tatuar uma estrelinha.”

Contardo Calligaris, Folha de S.Paulo – 26/09/2013

 

“A vida exige paisagens sonoro e visual programadas, estetizando o cotidiano com pequenas experiências aparentadas ao belo e ao gosto.”

Christian Dunker, Cult – setembro de 2013

 

“A pessoa criativa pode fazer criativamente qualquer coisa. A marca da criatividade é a sensação de que há algo novo e inesperado no ar.”

Sérgio Franco, Mente&Cérebro – setembro de 2013

 

“52% dos entrevistados definem como principal razão para ficar num emprego a possibilidade de progredir de forma rápida na carreira.”

Luiz Carlos Cabrera, Você S/A – setembro de 2013

 

“Temos um problema grande na área da educação. Sete em cada dez profissionais brasileiros dizem que há um desalinhamento entre o currículo dos estudantes e as necessidades das empresas – na média global, são quatro em cada dez.”

Gil Giardelli, Você S/A – setembro de 2013

 

37ª semana de 2013

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“O Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas lança amanhã, em São Paulo, um relatório sumário sobre os efeitos do aquecimento global no país. Resultado de seis anos de trabalho de 345 pesquisadores, que avaliaram tudo que já se publicou de estudos sobre o tema, suas conclusões não são nada boas. O semiárido nordestino já padece com a pior seca em muitas décadas. Imagine agora se a temperatura média na região se elevar de 3,5°C a 4,5°C, até o ano 2100, e as chuvas diminuírem de 40% a 50%. A transposição do rio São Francisco não vai dar nem para o cheiro, na hora de aplacar a penúria dos pequenos agricultores da caatinga. Para a Amazônia as previsões do PBMC são quantitativamente mais graves: o aumento de temperatura projetado ficará entre 5°C e 6°C; as chuvas terão queda de 40% a 45%.”

Marcelo Leite, Folha de S.Paulo – 08/09/2013

 

“Entre a maternidade e o túmulo, nossas mentes talvez passem mais tempo passeando por esses mundos do que pelo mundo real. (…) Crianças pequenas têm verdadeira compulsão por improvisar histórias. ‘Não precisamos subornar crianças para que inventem histórias como temos de fazer para que comam brócolis’, diz o norte-americano professor de literatura do Washington and Jefferson College, na Pensilvânia, Jonathan Gottschall. ‘Elas brincam de faz de conta quando não têm o que comer. Brincaram de faz de conta em Auschwitz’.”

Reinaldo José Lopes, Folha de S.Paulo – 08/09/2013

 

“No espanto, não há diferença entre o filósofo e o poeta, já que ambos são tomados, inesperadamente, da constatação de que não há explicação para o que acabam de perceber. A diferença, então, estaria depois da constatação, que é diferente no filósofo e no poeta. Salvo, melhor juízo, acho que o filósofo tem necessidade de explicar o fato que o espantou, e o poeta não; o poeta quer apenas dizer que se espantou, que aquilo não tem mesmo explicação; o que ele deseja, em suma, é registrar o inexplicável, afirmar o insondável mistério da existência.”

Ferreira Gullar, Folha de S.Paulo – 08/09/2013

 

“Nos últimos anos, a internet se consolidou como a principal fonte de notícias trágicas. Se má notícia corre rápido, não poderia ter escolhido melhor caminho.”

Luli Radfahrer, Folha de S.Paulo – 09/09/2013

 

“O mundo, às vezes, pode parecer um lugar assustador. Um lugar onde não conseguimos ver espaço para nossa vida. A alma, então, fica ofegante, sem ar, buscando um lugar onde o horror não seja a regra.”

Luiz Felipe Pondé, Folha de S.Paulo – 09/09/2013

 

“As religiões são incoerentes, mas Dawkins também é incoerente por não ter uma prova definitiva da inexistência de Deus. (…) Os novos ateus acham que a ciência atual é suficiente para explicar o mundo, mas isso não é possível.”

Peter Steinberger, Época – 09/09/2013

 

“Cada vez mais, a vontade dos homens está submetida às suas produções – criamos as soluções que nos aprisionam; as coisas mandam nos desejos. Num primeiro momento, isso nos dá o pavor do descontrole racional sobre o mundo, ou melhor, da “ilusão de controle” que tínhamos: ‘Ah… que horror… o humano está se extinguindo, a grande narrativa, o sentido geral…’. Mas, pergunta-se: que ‘humano’ é esse que só no séc. 20 gerou duas guerras mundiais, Hitler, Mussolini, Hiroshima e Nagasaki, Vietnã, China, Pol Pot, África faminta. Que ‘humano’ é esse que os racionalistas teimosos cismam em idealizar? Está se formando uma nova vida social, sem finalidade, sem esperança ideológica, mas que poderá ser muito interessante em sua estranheza.”

Arnaldo Jabor, O Estado de S.Paulo – 10/09/2013

 

“E o Brasil precisa aumentar rápido sua população universitária. Nossa taxa bruta de escolarização no nível superior beira os 30%, contra 59% do Chile e 63% do Uruguai. Isso para não mencionar países desenvolvidos como EUA (89%) e Finlândia (92%).”

Hélio Schwartsman, Folha de S.Paulo – 10/09/2013

 

“Sentir ciúme é muito doloroso. Desejar o amor exclusivo de alguém e constatar que isso não é possível provoca uma intensa dor. Muitos adultos experimentam no presente esse sentimento e todos já o experimentaram algum dia, mesmo que não se lembrem mais das emoções que esse sentimento mobiliza. Mas, quando é a criança que manifesta ciúme, poucos adultos se sensibilizam e acolhem o sofrimento dela.”

Rosely Sayão, Folha de S.Paulo – 10/09/2013

 

“O que procuramos na rua?! Os meios de comunicação – jornais, revistas, rádios e televisão -, há mais de um mês, procuram uma resposta. Aqui, vou sugerir uma possível. Eu diria que nos esgueiramos para fora das quatro paredes, onde estamos enclausurados pelas tecnologias modernas, para reencontrar nas ruas, em carne e osso, o ‘outro’.”

Anna Veronica Mautner, Folha de S.Paulo – 10/09/2013

 

“Uma década após o fim da guerra, a qualidade da educação ainda é ruim e muitas das nossas escolas estão em condições precárias. Sabemos como corrigir a educação. Mas, após dez anos, o tempo de falar passou. Não podemos continuar a realizar conferências sobre o estado da educação. É hora de sujar as mãos.”

Leymah Gbowee, 41, ativista liberiana, Carta Capital – 11/09/2013

 

“Sempre se disse que a igreja não é uma democracia. Mas seria bom que houvesse um espírito mais democrático, no sentido de ouvir atentamente.”

Pietro Parolin, 58, arcebispo italiano, secretário de Estado do Vaticano, Folha de S.Paulo – 12/09/2013

 

“Ler mais não significa entender o que se está lendo, conforme provam os relinchos e dejetos nas caixas de comentários.”

Michel Laub, Folha de S.Paulo – 13/09/2013

 

“Assim como o Brasil, a Turquia viveu uma transformação muito grande nas últimas décadas. Somos, Brasil e Turquia, considerados “mercados emergentes”. Fico irritado com o rótulo. Prefiro falar em ‘humanidades emergentes’. Não é só o mercado que ’emerge’. Com a consolidação de uma classe média e o fortalecimento da economia de um país, suas artes e literatura também se desenvolvem. As manifestações recentes nas ruas do Brasil e da Turquia têm relação com esses novos humanismos.”

Orhan Pamuk, Folha de S.Paulo – 14/09/2013

 

“O mundo de hoje é comandado pelo masculino: visão de curto prazo, poder pelo poder, mania de resolver agora o problema sem olhar para a raiz.”

Marise Barroso, presidente da Amanco, Época Negócios – setembro de 2013

36ª semana de 2013

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“Segundo pesquisa da PWC, em 2040 cerca de 57% da população brasileira em idade ativa será composta por pessoas com mais de 45 anos. (…)Para os indivíduos, as crises de meia idade devem acontecer mais tarde, pois quem chega aos 40 anos tem em média mais quarenta pela frente. Tempo suficiente para rever e até mudar a carreira. Mas, em função das características do mercado atual, jovens de 28 anos já se consideram velhos, pois reina a crença de que velho, para as organizações, são profissionais em torno dos 40 anos. Para muitos jovens, a percepção de crescimento fica muito limitada. Isso causa muita frustração, já que se tem a ideia de que lhes resta pouco tempo para chegar às posições de liderança. (…) Quem é esse idoso hoje? Certamente não são os profissionais ativos na faixa dos 50 e 60 anos. Segundo a pesquisa, as empresas até reconhecem que esse grupo é melhor em realização de diagnósticos (87%), resolução de problemas (86%) e equilíbrio emocional (96%), além da fidelidade (89%), o que impacta fortemente os índices de rotatividade -um problema sério dos mais jovens.”

Adriana Gomes, Folha de S.Paulo – 01/09/2013

 

“A evolução da educação é um exemplo de como chegamos não ao final de um velho processo, mas ao começo de um novo. Mesmo com tantas deficiências, as estatísticas mostram que, de 1991 a 2010, tivemos avanços fundamentais nessa área, aponta a compilação de dados do Ipea. Em 20 anos, o número de crianças de 5 a 6 anos frequentando a escola pulou de 37,3% para 91,1% do total; o de jovens de 15 a 17 anos com fundamental completo passou de 20% para 57,2%. Mesmo insuficientes, são conquistas importantes. Se ainda não conseguimos garantir educação de qualidade a todos, ampliamos muito o acesso à educação. E educação puxa educação. É esse o caminho.”

Nizan Guanaes, Folha de S.Paulo – 03/09/2013

 

“Conviver com a dúvida tem sido cada vez mais difícil. Quanto mais se amplia o leque de escolhas em qualquer atividade da vida, menos dúvidas queremos ter. Queremos fazer a escolha certa, para a qual não restaria dúvida alguma. Não mais nos contentamos com a melhor escolha possível ou com uma escolha suficientemente boa. Difícil, senão impossível, viver dessa maneira, não é verdade?”

Rosely Sayão, Folha de S.Paulo – 03/09/2013

 

“Mergulhados na nossa irreprimível condição narcísica, usamos a tecnologia e as redes sociais para montar pequenos altares públicos aos nossos umbigos privados.”

João Pereira Coutinho, Folha de S.Paulo – 03/09/2013

 

“Para as convenções da estatística econômica, estão em idade ativa pouco menos de 70% da população brasileira, aqueles com idade entre 15 e 65 anos, entre a adolescência e a aposentadoria. Isso significa que o país está muito perto do auge da contribuição das transformações demográficas para o crescimento da produção e da renda. Com o número de crianças em queda e o de idosos ainda relativamente pequeno, há menos inativos a serem mantidos com as riquezas geradas pelo trabalho dos demais. O mundo desenvolvido já atravessou essa etapa do amadurecimento, quando há maior margem para poupança, chances de aprimorar a educação com o aumento dos gastos dos governos e das famílias por criança e até melhora da segurança pública. Economistas, propensos à intranquilidade, alertam cada vez mais frequentemente para o risco de o país não aproveitar ao máximo essa oportunidade. Afinal, depois da Copa de 2022, no Qatar, o envelhecimento dos brasileiros já estará tão avançado que a proporção de inativos reassumirá a tendência de alta.”

Gustavo Patu, Folha de S.Paulo – 03/09/2013

 

“A adolescência é crise brutal. A criança é tomada por hormônios, mudanças corporais que a deixam mais forte e mais erotizada. O intercâmbio amoroso-sexual se apresenta. Ambições de não ser mais tratada como criança. Embates de autoridade em casa. Tentativas de inserção social, questões de autoestima, dúvidas de imagem corporal, de direito aos desejos que descobre em si (ou vergonha deles). É um momento delicado.”

Francisco Daudt, Folha de S.Paulo – 04/09/2013

 

“Existem duas concepções sobre o que venha ser criança, tais concepções emergiram a partir do Renascimento e se distinguiram com mais clareza no século 18. A primeira, mais disciplinadora, diz que ela é um ser que precisa ser cuidado, educado e, de alguma forma, moldado para se tornar um adulto moralmente competente e com conhecimento para agir em sociedade. A segunda mais romântica, defende que ela seja pensada como um ser em desenvolvimento, que demanda proteção de qualquer efeito funesto da sociedade porque é naturalmente boa e inocente. A partir da década de 1980, a Sociologia da Infância propõe uma alternativa de definição e começa a pensar os pequenos em si próprios, como seres humanos densos e plenos, que não são estão em fase de integração e inclusão, defendendo que vivem plenamente integrados à sociedade. Eles são capazes de refletir e expressar as contradições sociais pelo seu modo de ver o mundo.”

Manuel Sarmento, diretor do Instituto de Educação da Universidade do Minho/Portugal, Nova Escola, setembro de 2013

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