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A duração do dia, com arte nele

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Eis o título do novo livro de Adélia Prado – “A duração do dia”, que esteve em São Paulo, nesses tempos, para o lançamento desse. Claro, eu não quis perder. E ouvi-la mais uma vez é um privilégio que faz bem à alma.

Ler Adélia é encontrar tesouros, um baú de belezas frescas, mas ouvir a Adélia, nas oportunidades que tive até aqui, sempre foram momentos aonde ela me conduziu a um encontro mais profundo com o Criador. Ela sempre me provocou, santamente, me levando ao Eterno, me ajudando a reconhecer e reverenciar o Mistério. E dessa vez não foi diferente.

A escritora mineira falou sobre nossa necessidade da quietude em meio ao caos. E como, nesse contexto caótico, de instabilidade, irritabilidade, e tanto mais, precisamos de algo que nos fale que somos humanos. Caso contrário não resistimos, afinal, somos mais do que nosso corpo e nossa fome. Precisamos, pois, de uma vida simbólica significante.

Nesse caminho por significado encontramos algumas respostas. Não sempre respostas racionais, mas podemos encontrar respostas vitais, orgânicas, metafísicas, que acrescentam mais vida à nossa vida, que conferem alegria e coragem, sendo que alegria e coragem fazem parte do elã vital para a existência humana. Desconfio que as respostas possam até serem parciais diante do todo, mas significativas para o trecho a percorrer, para que a vida se faça em nós.

A beleza é componente fundamental. É graça manifesta em nosso instinto. Por isso, em boa parte do tempo sentimos fome, fome de beleza, do que se revela novo, original, e bole com as cordas mais sensíveis do coração, diz ela.

A Adélia também comentou que a arte é uma espécie de tenda onde as pessoas entram e encontram tranquilidade no caos, onde em meio ao espanto e reconhecimento do absurdo de viver encontra-se repouso, portanto, a arte é espiritual, um caminho de expressão íntima ante o assombroso mistério. Solene e serena declara que para o coração, e a sede que dele vem, o mar é uma gota.

A arte é um caminho de conhecimento. Inclusive, pondera a arte como sentimento de destinação. E acrescenta que a arte é fraterna, generosa e dá muita alegria, e isso se dá devido à possibilidade de identificação, onde se oferece como espelho, onde o outro pode se reconhecer, pode ver seu sentimento e experiência ali também. Sim, na arte é possível comunhão, pois nela se oferece um espaço interno. Isso acontece quando se oferece sentimento ao outro.

Como sábia e ousada, insiste que arte não é ideia, arte não é conceito, é sentimento, um olhar do coração. Ensina de que não precisamos entender, apenas, perceber. E nessas percepções, diz quem experimentou, é possível encontrar sentido em meio à desesperança. Uma intuição a respeito de algo que me ultrapassa em magnitude, em mistério e me serve de consolação, alegria e acrescenta vida.

Com leveza e humildade diz que seu canto de observação é sua partilha na e através da arte. E que cantinho precioso esse que ela nos convida a entrar, que nos oferta com a generosidade de sua vida.

Obrigada, tão querida Adélia. Você nos ajuda na vida, nos aponta para a beleza de Deus e sua graça, contudo, o faz com poesia singela e encantadora. Carrego em mim seus versos e um tanto de você permanece. É uma honra, presente de Deus.

14 de dezembro de 2010

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“Neste início de século e milênio, a mulher pode fazer um balanço de suas conquistas. Escrava submissa do lar, objeto indefeso diante dos apetites machistas, cidadã de segunda classe e serviçal de primeira necessidade, tudo isso ainda não acabou, mas está acabando cada vez mais depressa. A mulher lutou e conseguiu o direito ao voto, ao mercado de trabalho, ao divórcio, à pílula. Ganhou todas. Não funciona mais como a favorita do sultão – o homem.”

Carlos Heitor Cony, Folha de S.Paulo – 14/12/2010

 

“A ‘obrigação’ de estar bem, aliada às mensagens onipresentes de felicidade geram ansiedade, diz Ana Maria Rossi, presidente no Brasil da International Stress Management Association. Segundo pesquisa da associação, feita em 2009 com 678 pessoas de 25 a 50 anos, o estresse individual aumenta 75% e atinge 80% da população no período que vai da última semana de novembro até o fim de dezembro. Por isso, nos prontos-socorros, há aumento dos casos relacionados a ansiedade e depressão, segundo Daniel Magnoni, diretor de nutrição do Hospital do Coração. No CVV (Centro de Valorização da Vida), o número de ligações sobe 20% na época. As fontes de estresse e de piora do quadro de depressão envolvem expectativas não atingidas em relação aos presentes e às festas, sobrecarga de funções e atividades, solidão, frustração e culpa ao fazer um balanço negativo do ano que termina. As emoções e as recordações do reencontro familiar, positivas ou negativas, também podem ser um gatilho.”

Mariana Versolato, Folha de S.Paulo – 14/12/2010

 

“Deus é como Fernando Pessoa. Tem um monte de nomes diferentes. Viajo o mundo inteiro e sempre encontro um heterônimo dele. Mas sempre o reconheço, independentemente do nome. Nos dias de hoje, em que as pessoas estão tão descrentes, acreditar é um ato de rebeldia e vanguarda.”

Nizan Guanaes, Folha de S.Paulo – 14/12/2010

 

“Sempre que acontece uma tragédia nas nossas vidas -um fracasso amoroso, uma doença súbita, a perda de alguém que amamos- a velha pergunta regressa para nos assombrar: ‘Por que eu?’ ‘Por que a mim?’. A pergunta certa não é essa, naturalmente. A pergunta certa seria: ‘E por que não eu?’, ‘E por que não a mim?’. […] Só somos verdadeiramente destruídos por aquilo que não controlamos quando alimentamos em nós a ilusão de que tudo controlamos.”

João Pereira Coutinho, Folha de S.Paulo – 14/12/2010

 

“Há tantas canções inúteis, fracas para entortar o cano das armas, para ressuscitar os mortos, para engravidar as virgens, mas não tem importância, elas continuam a ser cantadas somente pela alegria que contêm…”

Rubem Alves, Folha de S.Paulo – 14/12/2010

13 de dezembro de 2010

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“Ter acesso a informações de diferentes fontes, poder comparar ideia e interagir em uma discussão faz com que você tenha uma maior apropriação da informação e seja um leitor mais crítico”.

Luciana Allan – superintendente do Instituto Crescer, Folha de S.Paulo – 13/12/2010

 

“A atração sexual no século 21, ao que parece, ainda se alimenta dos estereótipos do século 20. Só que as mulheres, ao se equipararem ou superarem os homens na educação e no mercado de trabalho, estão também virando de ponta-cabeça os papéis tradicionais dos gêneros, com profundas consequências para a dinâmica dos relacionamentos.
Há um crescente contingente de mulheres de sucesso na faixa dos 30 a 40 anos que têm dificuldades para encontrar um parceiro. Há mulheres-alfa que terminam com os homens-alfa, mas decidem colocar a carreira em segundo plano quando chegam os bebês. E há também um terceiro grupo, pequeno, mas crescente: o das mulheres que ganham mais que seus parceiros, gerando diversos contorcionismos comportamentais destinados a manter intacta a aparência tradicional dos papéis de cada gênero. […] O psicanalista Bernard Prieur diz que os homens que ganham menos que as parceiras sofrem inseguranças: “Eles se sentem social e pessoalmente vulneráveis. Socialmente, vão contra milênios de crenças e estereótipos que os veem como arrimo do lar. E o sucesso da parceira lhes dá sentimento de fracasso”, disse Prieur, na edição de novembro da revista francesa ‘Marie Claire’.”

Katrin Bennhold, The New York Times/ Folha de S.Paulo – 13/12/2010

 

“Precisamos da ficção para entender as hipnotizantes possibilidades da realidade, pois, como notou o romancista israelense Amos Oz, ‘às vezes, os fatos ameaçam a verdade’.
[…]  Minha sensação é de que tendências mais profundas são inexoráveis, qualquer que seja a expressão particular que elas encontrem.”

Roger Cohen, The New York Times/ Folha de S.Paulo – 13/12/2010

 

“O Twitter é uma janela para desejos, necessidades e experiências de atuais e potenciais clientes. […] A capacidade de reconhecer oportunidades ao acompanhar a sabedoria coletiva ajuda a amadurecer. […] Ouvir o Twitter serve como nossa janela para a relevância. Colocar as palavras ouvidas em ação abre o nosso caminho para que a transmitamos e façamos jus a ela. Mas o sucesso de qualquer negócio está em sua capacidade de liderar conversações, e não apenas responder a elas. E tudo começa quando escutamos.”

Brian Solis, Folha de S.Paulo – 13/12/2010

 

“Pouco importa se você acredita que o ‘outro’ seja sempre legal (mentira, existem ‘outros’ que são o fim da picada), ou se você não cresceu o bastante para não viver como cinderela. O mundo é mais complexo do que nosso ‘coração de estudante’ imagina.”

Luiz Felipe Pondé, Folha de S.Paulo – 13/12/2010

27 de novembro de 2010

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“Quando nos sentimos desconfortáveis ficamos menos envolvidos com as atividades. Mas se trabalharmos em espaços aos quais nos sentimos conectados ficamos mais felizes e produtivos – e até mesmo mais saudáveis. Ou seja: felicidade nos torna mais comprometidos e criativos. Pena que alguns patrões ainda não sabem disso…”

S. Alexander Haslam e Craig Knight, Revista Mente & Cérebro – novembro de 2010

 

“É um processo altamente cansativo e destrutivo para um ator. Transforma todos os em canastrões. Não é interessante, não é arte.”

Walmor Chagas, ator [que afirma não ter gostado de fazer nenhuma das dezenas de novelas de que participou. Fez só por obrigação e pelo dinheiro] – Revista Cult, novembro de 2010

17 de novembro de 2010

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“Os artistas devem procurar a inspiração em seu âmago; quanto mais se aprofundarem em seu âmago, mais universais serão.”

Marina Abramovic, 63, artista, performer – Folha de S.Paulo, 17/11/2010

 

“Se crianças são forçadas a agir como adultos e adultos querem cada vez mais se divertir como crianças, há algo de errado.”

Luli Radfahrer – Folha de S.Paulo, 17/11/2010

 

Luli Radfahrer – Folha de S.Paulo, 17/11/2010

“Aproximadamente um mês após o início da epidemia de cólera no Haiti, o número de mortos já atinge 1.034, segundo o balanço mais recente do Ministério da Saúde do país. O número de hospitalizados por causa da doença chega a 16.800.

A Organização Pan-americana da Saúde divulgou ontem estimativa de que o número de infectados pela epidemia deve chegar a 200 mil nos próximos seis meses.

A doença deve se espalhar para a vizinha República Dominicana e para outros países caribenhos próximos.”

Folha de S.Paulo, 17/11/2010

12 de novembro de 2010

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“A universidade brasileira vive raro momento de inovação e expansão, propício para rever práticas e repensar estruturas. […] Em 2011, mais de 120 mil estudantes estarão matriculados em 26 cursos de graduação de primeiro ciclo, em algumas das melhores universidades brasileiras. A graduação se renova.”

Naomar de Almeida Filho, pesquisador e professor, Folha de S.Paulo – 12/11/2010

 

“Aceitamos a cultura da estupidez, do adestramento do consumo. Espero que tenhamos energia e coragem para nos rebelar, para evitar a desumanização. Mas, para isso, precisamos aceitar viver sob a tensão das dúvidas, das questões abertas. A literatura não resolve nada, apenas expõe nossos problemas fundamentais.”

Alberto Manguel, escritor argentino (naturalizado canadense), O Estado de S.Paulo – 12/11/2010

 

“Poesia não pode ser feita de modo a se adequar à religião ou uma ideologia. Ela proporciona conhecimento que é explosivo e surpreendente. […] Todo artista está num exílio dentro da própria linguagem. O Outro é parte do meu ser interior. […] Felicidade e tristeza são duas gotas de orvalho caindo sobre a sua cabeça.”

Adonis (pseudônimo de Ali Ahmad Said Esber), poeta sírio, O Estado de S.Paulo, 12/11/2010

31 de outubro de 2010

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“A vida universitária deveria ser um momento de crescimento intelectual e emocional. Infelizmente, alguns jovens se sentem no direito de postergar sua maturidade às custas de outros.”

Allan Beane, professor e autor de “Proteja já seu Filho do Bullying”, O Estado de S.Paulo – 31/10/2010

 

“A vida, sem dúvida, é um grande e essencial assunto político. Por que, então, não se debateu a vida? Vida não é meramente a sobrevivência do ser que corre o risco de ser abortado, roubado no privilégio de viver. Vida é muito mais. Deveria ser.”

José de Souza Martins, O Estado de S.Paulo – 31/10/2010

 

“A décima Conferência das Partes (COP-10) da Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB) terminou ontem (horário do Japão) da maneira mais inesperada [consenso entre 193 países em conferência sobre biodiversidade gera o Protocolo de Nagoya]. Com sucesso. E com um espírito renovado de esperança, não só sobre o futuro da biodiversidade do planeta, mas também sobre a capacidade do ser humano de tomar decisões coletivas para a sua própria sobrevivência. Ainda que a única saída para isso seja colocar um valor monetário na vida. […] Os textos aprovados não são perfeitos. Mas são realistas, do ponto de vista da sua viabilidade política e financeira. As metas deveriam ser mais ambiciosas, mas são suficientemente fortes para dar à COP-10 o rótulo de sucesso. O que isso representará para o futuro, só o tempo vai dizer. As decisões não têm força de lei. São acordos políticos. E assim como no caso das mudanças climáticas e do Protocolo de Kyoto, a obrigatoriedade de coloca-los em prática cabe a cada país.”

Herton Escobar, O Estado de S.Paulo – 31/10/2010

 

“Ao contrário de um Richard Dawkins, não quero converter ninguém à crença na descrença. Conheço muitas pessoas cuja religiosidade não tem nada a ver com fanatismo ou aversão à ciência. Por que eu ia querer convencê-las a mudar de opinião?”

Daniel Piza, O Estado de S.Paulo – 31/10/2010

 

“Você se torna um músico porque gosta de música… mas, com o tempo, quando você tem um emprego e começa a trabalhar semanalmente, a música se torna uma rotina. Minha preocupação é evitar a rotina. O desafio não é tanto modificar o som, mas conectar-se e criar algo especial. Um concerto é como um ritual, mas às vezes o ritual se torna cansativo. E é por isso que mesmo eu, às vezes, quando vou a um concerto, penso, ‘Oh, meu Deus, precisamos de alguma coisa mais!’ Os músicos precisam dar mais. Não precisam pular, nem gritar, mas precisam comunicar seus sentimentos.”

Gustavo Dudamel, 29, maestro venezuelano, O Estado de S.Paulo – 31/10/2010

 

“Há tantas ideias novas em desenvolvimento, inspiradas por velhas estruturas. O negócio é que não dá para passear pelo jardim da música e da dança sem ouvir tudo que a oportunidade permite. Estou aqui para a viagem toda, para a aventura inteira, até o fim”.

Robert Plant, cantor, Rolling Stone – outubro de 2010

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