12 de novembro de 2010
0“A universidade brasileira vive raro momento de inovação e expansão, propício para rever práticas e repensar estruturas. […] Em 2011, mais de 120 mil estudantes estarão matriculados em 26 cursos de graduação de primeiro ciclo, em algumas das melhores universidades brasileiras. A graduação se renova.”
Naomar de Almeida Filho, pesquisador e professor, Folha de S.Paulo – 12/11/2010
“Aceitamos a cultura da estupidez, do adestramento do consumo. Espero que tenhamos energia e coragem para nos rebelar, para evitar a desumanização. Mas, para isso, precisamos aceitar viver sob a tensão das dúvidas, das questões abertas. A literatura não resolve nada, apenas expõe nossos problemas fundamentais.”
Alberto Manguel, escritor argentino (naturalizado canadense), O Estado de S.Paulo – 12/11/2010
“Poesia não pode ser feita de modo a se adequar à religião ou uma ideologia. Ela proporciona conhecimento que é explosivo e surpreendente. […] Todo artista está num exílio dentro da própria linguagem. O Outro é parte do meu ser interior. […] Felicidade e tristeza são duas gotas de orvalho caindo sobre a sua cabeça.”
Adonis (pseudônimo de Ali Ahmad Said Esber), poeta sírio, O Estado de S.Paulo, 12/11/2010
11 de novembro de 2010
1“Empreender é comparável a correr uma maratona na velocidade típica de um tiro de cem metros. Requer toda a sua capacidade de resistência, foco e determinação.”
Julio Vasconcellos, economista, Folha de S.Paulo, 11/11/2010
“Os tempos de solidão, durante a procura frustrada de um parceiro ou de uma parceira, são tão longos quanto os tempos de solidão de parceiros que vivem sem paixão, sem amizade e, às vezes, no rancor. A insatisfação de quem procura um amor é esperançosa, enquanto a vida dos que não conseguem se separar é resignada”.
Contardo Calligaris, psicanalista, Folha de S.Paulo, 11/11/2010
10 de novembro de 2010
110 de novembro
“Um adolescente urbano consome volumes de informação simultânea que parecem assombrosos para os membros de gerações anteriores: ele pode, sem esforço, assistir a três canais de TV enquanto ouve música, fala ao celular, acessa alguns sites, joga algum jogo, conversa com os colegas via comunicadores instantâneos, escreve em blogs e no Twitter… Quando alguém o interrompe nesse ambiente hiperconectado e pergunta o que ele está fazendo, sua resposta natural é: “nada”. Não se pode negar-lhe uma certa razão.
Sempre que nos deparamos com um ambiente novo, em que poucas certezas estão consolidadas, a impressão é que tudo está acontecendo ao mesmo tempo. O excesso de informações sem prioridades confunde e angustia. Na verdade, é o senso de hierarquia e priorização que ainda não foi estabelecido.
Multitarefa é um mito. O indivíduo que faz várias coisas ao mesmo tempo raramente faz alguma delas com precisão. Na maioria das vezes o máximo que faz é perceber, de forma genérica, como deve se comportar, sem ao menos se questionar se esse comportamento faz sentido.
O mundo conectado, com seu acúmulo de informações, se torna cada vez mais contextual e menos específico. Como um jovem índio adaptado à floresta, o nativo digital se movimenta à vontade em seu ambiente. Mas ao contrário do índio na floresta, ele não ganha consciência de seu ecossistema.”
Luli Radfahrer, Folha de S.Paulo, 10/11/2010
09 de novembro de 2010
0“De acordo com o documento n.º 63 do Observatório Universitário, menos de 30% dos brasileiros graduados em um curso superior em comunicação trabalham na área em que se formaram.
Esse mesmo percentual é de 33% para os engenheiros e de cerca de 50% para advogados, administradores e pedagogos.
Muitos educadores atribuem os números acima em parte à visão de que a educação superior existe apenas ou principalmente para oferecer formação profissional específica. Essa visão atrasada é a mãe da exigência da escolha a que nossos jovens se veem obrigados assim que chegam ao ensino médio e começam a pensar no vestibular.
Não é surpreendente que, mais tarde, muitos busquem atividades em áreas distintas daquelas em que se formaram. Há alguns anos, contudo, surgiu uma nova abordagem pedagógica para essas questões.
São os chamados bacharelados interdisciplinares (BIs), iniciados na Universidade Federal do ABC e hoje oferecidos em diversas universidades, entre elas na Universidade Federal de São Paulo, que oferecerá um BI em ciência e tecnologia a partir de 2011.
Focados em uma grande área do conhecimento, os BIs se propõem a ensinar os fundamentos de várias áreas do saber, relacionando-as entre si. O bacharel em ciência e tecnologia terá sólidos conhecimentos nas ciências básicas, aliados a uma formação humanística.
Um valor fundamental dos BIs é que, neles, o aluno é responsável pela escolha de 50% da sua grade curricular, adquirindo na universidade o hábito da busca pelo conhecimento e conquistando uma autonomia que deverá usar ao longo de toda a vida.
A capacidade de adquirir conhecimento novo com autonomia, aliás, parece ser a chave da habilitação profissional no século 21, e esse é o propósito dos BIs.”
Helio Waldman e Armando Zeferino Milioni, Folha de S.Paulo, 09/11/2010
“A internet – e o Twitter em particular- está dando publicidade a comportamentos que só tinham vigência no âmbito da vida pessoal de cada um. Assim como muitos expõem sua vida privada à visitação coletiva sem nenhum receio do ridículo, vários preconceitos também estão se tornando visíveis nas redes sociais.
Talvez seja positivo que as barbaridades que as pessoas dizem no escritório, no clube ou no bar, só entre amigos, possam agora ser objeto de discussão pública, mesmo que isso possa nos virar o estômago ou levar à conclusão de que, definitivamente, o inferno são os outros.”
Fernando de Barros e Silva, Folha de S.Paulo, 09/11/2010
08 de novembro de 2010
0“Menos de 14% dos cargos de diretoria das 500 maiores empresas do Brasil são ocupados por mulheres, de acordo com pesquisa realizada pelo Instituto Ethos e pelo Ibope Inteligência, em parceria com a Fundação Getulio Vargas de São Paulo e outras instituições.”
Maria Cristina Frias, Folha de S.Paulo, 08/11/2010
“Nos acostumamos à guerra, mas vamos sendo minados por ela.”
Mahamat-Saleh Haroun, cineasta africano (República do Chade), Folha de S.Paulo, 08/11/2010
“O ‘Tea Party’ representa um grito histérico de “não se metam em minha vida”. A histeria de Obama criou a histeria do ‘Tea Party’.”
Luiz Felipe Pondé, Folha de S.Paulo, 08/11/2010
07 de novembro de 2010
0“A luta por sobreviver, ganhar dinheiro todos os dias, faz com que os pais não possam se ocupar da educação, do lazer. Um tipo de problema comum nessas famílias é a dificuldade de se divertir junto. Quando as pessoas têm de se ocupar em sobreviver, pensam que não podem se dedicar ao lúdico. E muitos problemas vêm daí. Mas podem. Além disso, há falta de perspectiva de futuro. O resultado de tudo é que a família não sabe para que está junta.”
Alberto Eiguer, psicanalista francês, O Estado de S.Paulo, 07/11/2010
“As emissões de gases-estufa provenientes dos resíduos sólidos aumentaram 58% no Estado de São Paulo entre 1990 e 2008. No primeiro ano avaliado, o setor lançou para a atmosfera 5,8 milhões de toneladas desses gases, que provocam o aquecimento global. Após 18 anos o número passou para 9,2 milhões de toneladas. […]
O estudo faz o cálculo também das emissões decorrentes do lixo por habitante: passaram de 205 quilos de gases-estufa em 1990 para 234 quilos em 2008 – em crescimento de 14%.”
Afra Balazina, O Estado de S.Paulo, 07/11/2010
“Nossa causa é a construção de um país competitivo internacionalmente e capaz de manter um crescimento que se traduza em melhoria de qualidade de vida para a população, com o fim dos desníveis sociais. O tamanho de nossos sonhos e de nossas aspirações deve ser a medida de nosso engajamento e de nossa disposição de trilhar o caminho certo.”
Emílio Odebrecht, Folha de S.Paulo, 07/11/2010
“Refletir sobre a tolerância que temos com pequenos delitos, desde jogar o lixo nas ruas, passar pelo acostamento, até a compra de produtos pirata, ou a busca do “atalho” na obtenção da carteira de habilitação, que são encarados como se mal maior não causassem.
Recordo-me de um diálogo que mantive há anos sobre a sonegação praticada por alguém. Essa pessoa se dizia revoltada com relatos de desvios de recursos públicos e por causa disso decidira que o natural seria evitar pagar seus impostos.
Respondi dizendo que, de fato, desviar dinheiro dos cofres públicos era condenável, mas não pagar os impostos e assim deixar de colocar a sua parte no cofre público é também condenável e com o mesmo impacto econômico. Não é isso?
O que quero reforçar é que precisamos praticar a cidadania no dia a dia. Em outras palavras, precisamos cumprir com os nossos deveres, para nos qualificarmos, inclusive em termos morais, a fim de fazermos as cobranças que sonhamos. É só isso, mas é tudo isso!”
Fábio Colletti Barbosa, Folha de S.Paulo, 07/11/2010
06 de novembro de 2010
0“Conviver com as diferenças e aceitar a diversidade é uma obrigação cívica. Sociedades como a brasileira, ao contrário da lenda, são atrasadas e pouco propensas à tolerância. O desenvolvimento do país explicita esse traço.
“Não é por acaso a xenofobia palpável em São Paulo nos comentários sobre coreanos, bolivianos e outros imigrantes dedicados ao comércio ou trabalhos braçais. A cidade, em certos círculos, virou um poço de intransigência. O estranhamento piorará com a ascensão de milhões à classe média.”
Fernando Rodrigues, Folha de S.Paulo, 06/11/2010
“Todo domingo de manhã, cerca de 600 mil americanos ligam o rádio para ouvir uma mulher de 49 anos, voz suave e acolhedora, entrevistar cientistas, filósofos e pesquisadores de diversas áreas sobre espiritualidade. Ouvem uma conversa informal. Não há debates acalorados, muito menos pregações com tom messiânico ou fundamentalista – comuns em setores religiosos da mídia americana. O que ela tenta é buscar respostas para questões como: o que significa sermos humanos? O que é o amor? Qual é nosso papel no mundo? Como a religiosidade e a espiritualidade podem nos ajudar no dia a dia? O programa Being (algo como Existindo) e é transmitido por 240 emissoras, além do podcast na internet, que registra 1,3 milhão de downloads por mês. A apresentadora se chama Krista Tippett e se torna cada vez mais popular no país. Recentemente, o jornal The New York Times a classificou como um fenômeno. ‘Religião é um assunto delicado, que nos permite entrar no cerne da identidade de uma pessoa. […] Vivemos uma época em que as coisas são muito fluidas. Isso nos leva a nos questionar o que significa sermos humanos. Estamos redescobrindo a espiritualidade e a religiosidade. Não como uma reação ou fuga da complexidade de nossos tempos, mas como uma forma de lidarmos melhor com essas questões’, diz Krista.”
Humberto Maia Junior, Revista Época, 08/11/2010
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