28ª semana de 2012

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“Não resta dúvida de que vivemos, atualmente, na era da busca da sustentabilidade. Se o termo sustentabilidade ainda não provocou nos indivíduos a reflexão necessária e urgente no tocante à preservação planetária, deve pelo menos ter plantado uma semente de preocupação em relação ao efeito devastador de qualquer descaso ambiental. […] Os profissionais devem buscar compreender as transformações globais, manter seus valores em sincronia com os da organização ou do seu negócio, fortalecer a sua rede de relacionamentos, adotar princípios éticos em sua conduta, valorizar o bom trato social e sua qualidade de vida. Devem, ainda, ter ações que contribuam para a conservação ambiental e, desta maneira, potencializar sua sustentabilidade profissional. Como podemos perceber o termo sustentabilidade vai além do modismo, trata-se de uma necessidade emergencial. De acordo com Leonardo Boff, não existe sustentabilidade sem o cuidado. Assim, cuide do seu convívio social, do seu bem-estar, da sua carreira, do seu planeta. Dê um olhar de delicadeza a todas estas esferas da sua vida.”
Ruth Duarte – O Estado de S.Paulo, 08/07/2012

“A antropóloga Diana Nogueira, da Universidade Estadual do Rio de Janeiro, faz um paralelo com pessoas que querem perder peso e vão migrando de médico em médico. ‘A religião fortalece e ajuda as pessoas, mas não resolve muitos dos desafios que uma vida de periferia urbana lhes impõe. Com isso, algumas dessas pessoas vão de igreja em igreja, buscando soluções’, diz Diana.”
O Estado de S.Paulo, 08/07/2012

“A febre de plásticas tem motivo. A juventude é valorizada, a velhice não. Ninguém quer ser tratado como vovô. É bom se sentir charmoso. É chato estar distante do padrão estético: barriga zero, gordura zero, rugas zero, juízo abaixo de zero. As pessoas esticam o rosto para rejuvenescer. Que engano! A esticada de 50 não parece uma garota de 20. E sim o que é: uma esticada madura. Quanto mais vezes alguém se estica, mais esquisito se torna. Todas as plastificadas e todos os plastificados parecem clones, de boca puxada, olhos esbugalhados. E os incômodos? Eu digo, eu digo! Desde que puxei o queixo, faço barba atrás da orelha! Quanto mais plásticas, menos a identidade. Cadê a pessoa estava ali? É o pior da plástica repetida: a pessoa se torna uma caricatura de si mesma.”
Walcyr Carrasco – Revista Época, 09/07/2012

“Nicholas Carr, formado em Harvard e autor de livros de tecnologia e administração, a dependência da troca de informações pela internet está empobrecendo nossa cultura. Segundo Carr, o uso exagerado da internet está reduzindo nossa capacidade de pensar com profundidade: ‘Você fica pulando de um site para o outro. Recebe várias mensagens ao mesmo tempo. É chamado pelo Twitter, pelo Facebook ou pelo Messenger. Isso desenvolve um novo tipo de intelecto, mais adaptado a lidar com as múltiplas funções simultâneas, mas que está perdendo a capacidade de se concentrar, ler atentamente ou pensar com profundidade’. A nova geração de adolescentes tem mais acesso à informação do que qualquer outra antes dela. Mas isso não se reflete num ganho cultural. Os índices de leitura e de compreensão de texto vêm caindo desde o início dos anos 1990. A conclusão é de que, apesar do maior acesso às novas tecnologias, não se vê um ganho expressivo em termos de apreensão de conhecimento. A internet é uma magnífica ferramenta. Mas não deve perder o seu caráter instrumental. O excesso de internet termina em compulsão, um tipo de dependência que já começa a preocupar os especialistas em saúde mental. Usemos a internet, mas tenhamos moderação. Ler é preciso. Jovens, e adultos, precisam investir em leitura e reflexão. Só assim, com discernimento e liberdade, se capacitam para conduzir a aventura da própria vida.”
Carlos Alberto Di Franco – O Estado de S.Paulo, 09/07/2012

“Entre adultos, há uma falsa impressão de que a leitura infantil deveria ser simples e representar coisas próximas às crianças. Essa visão é equivocada e tem a ver com preconceitos e versões simplistas de teorias psicopedagógicas. O professor não pode agir assim. Ele precisa saber quem são seus leitores e pensar em didáticas mais profundas e flexíveis, em vez de simplesmente ignorar o tipo de leitura que, previamente, ele pode considerar inadequada. Qualquer coisa é adequada. Desde que se considere o leitor como poderoso, potente. Não se pode esquecer, nunca, que a valorização dos leitores passa por colocar à disposição deles textos desafiantes, que comovem e colocam para funcionar a inteligência e o coração ao mesmo tempo. Quando se faz isso, fica clara a constatação: as crianças são ávidas leitoras de mundos estranhos, distantes e metafóricos, e se sentem muito agradecidas quando os adultos as tratam como gente que pode, que consegue. Todo pai e todo professor deveria ter isso em mente.”
Cecilia Bonjur – O Estado de S.Paulo, 09/07/2012

“A maternidade pode ser uma ambição, mas não uma aspiração exclusiva. O que choca é a mãe se tornar uma serviçal da cria. Uma coisa é valorizar os laços afetivos, outras é ser escrava deles.”
Rosiska Darcy de Oliveira, Revista Claudia – julho/2012

“Se eu tivesse direito a um pedido, seria viver o suficiente para chegar ao ponto em que você conhece a si mesmo. Será que isso é possível? Bem, não é e nem será, mas é preciso manter um senso de maravilhar-se.”
Dustin Hoffman, ator, Revista Lola – julho/2012

“Decidi tirar uma semana de férias e tomei coragem de me desconectar totalmente. Sofri de um certo ‘estresse pré-férias’. […] Confesso que sofri no início de uma espécie de síndrome de abstinência profissional. Bateu uma certa ansiedade para saber o que estava acontecendo e involuntariamente talvez uma ponta de medo da desconexão do trabalho –mesmo que por curto período de tempo. Mas, no fim, percebi que é preciso um pouco de ócio para poder seguir adiante no nosso louco mundo digital. Consegui refletir sobre muitas coisas em que não consigo pensar quando estou superatribulado. Como disse há algumas semanas o colunista Tim Kreider, do “New York Times”: estar ocupado virou uma espécie de síndrome do século 21, na qual as pessoas ficam ansiosas quando não estão trabalhando. E essa “presente histeria”, como define, não é uma condição de vida ou algo inevitável. Nós escolhemos viver assim.”
Alexandre Hohagen – Folha de S.Paulo, 12/07/2012

“Pensar na minha caixa de entrada de e-mails me deixa triste. Somente este mês, recebi mais de 6 mil e-mails. Isso sem falar nos spams, notificações ou promoções diárias. Com todas essas mensagens, não tenho a menor vontade de responder nem mesmo a uma fração delas. Fico imaginando a lápide sobre meu túmulo: Aqui jaz Nick Bilton, que respondia a milhares de e-mails por mês. Descanse em paz. Não que eu seja uma figura tão popular. No ano passado, a Royal Pingdom, que monitora o uso da internet, informou que, em 2010, foram enviados 107 trilhões de mensagens eletrônicas. Segundo um relatório divulgado este ano, em 2011 havia 3,1 bilhões de contas de e-mails ativas no mundo.”
Nick Bilton – O Estado de S.Paulo, 12/07/2012

27ª semana de 2012

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“Hoje, na maior parte dos casos, em particular nas sociedades mais abastadas, os homens parecem mais escravos das coisas do que seus beneficiários. O caráter contraditório do crédito não é estranho a essa sociedade na qual, a depender do ângulo em que se olha, tudo parece de cabeça para baixo.”
Leda Maria Paulani – O Estado de S.Paulo, 01/07/2012

“A segurança não deveria ser ‘o mais importante’ – não em detrimento da liberdade, da aventura e do desconhecido. Não é porque existem cada vez mais ferramentas para controlar as pessoas que as autoridades devam usá-las. Não é porque acidentes acontecem que a vida deva ser vivida como se eles fossem sempre iminentes. […] Estamos criando conformistas mimados, inclinados a verem perigo por todos os lados. Recentemente, me chamaram para uma palestra em uma escola. Eu disse: ‘Deixem seus desejos respirarem. Observem com paciência. Ouçam através dos silêncios. Olhem além da próxima esquina. Confiem no alvoroço da intuição. Escutem o murmúrio do universo. Liberem a sua imaginação. Sigam a bússola do seu coração, esse grande demolidor da sabedoria convencional, rumo ao desconhecido’.”
Roger Cohen – Folha de S.Paulo, 02/07/2012

“No Reino Unido, um levantamento com base em 5.000 petições de divórcio, feito por uma empresa, constatou que a palavra ‘Facebook’ aparecia em 33% dos processos movidos em 2011 por “conduta inapropriada” do parceiro. Para Fonseca, a internet inflacionou o número de traições e diversificou as modalidades: ‘Adultério antigamente dava o maior trabalho. Era só o telefone fixo no meio da sala de casa. Hoje tem celular e gente conversando com o amante no chat enquanto o parceiro oficial está bem ao lado’.”
Juliana Cunha – Folha de S.Paulo, 03/07/2012

“O aumento dos rompimentos, no entanto, não pode ser atribuído apenas às facilidades legais. ‘Muitos fatores demográficos contribuem para que haja mais divórcio: o aumento da renda feminina e da escolaridade, a queda no número de filhos’, diz José Eustaquio Alves, professor da Escola Nacional de Ciências Estatísticas, do IBGE. Em dez anos, a taxa de divórcios no Brasil quase dobrou, de 1,7% a 3,1%. ‘Parece pouco, mas em demografia é uma taxa muito expressiva, indica transição no perfil da população’, diz Alves.”
Folha de S.Paulo, 03/07/2012

“Busco coisas em que as pessoas se equivalem. Situações nas quais todo mundo se encontra. A risada é uma delas. Assim como o sexo, a morte e o amor. Uma pessoa apaixonada é sempre uma pessoa apaixonada. Com 12 anos ou 95, na favela, no convés de um iate. E o riso também. A graça da arte se dá nesses temas que diminuem as diferenças.”
Marisa Orth, atriz – O Estado de S.Paulo, 03/07/2012

“Aos poucos, contudo, fui chegando à constatação óbvia de que todo perfil de rede social é um retrato ideal de nós mesmos. Se ponho um link para um filme do Woody Allen, se cito uma frase de Nietzsche; mesmo quando posto uma foto de um churrasco, não estou eu, também, editando-me? Tentando pegar esse aglomerado de defeitos, qualidades, ansiedades, desejos e frustrações e emoldurá-lo de modo a valorizar o quadro -engraçado, profundo, hedonista?”
Antonio Prata – Folha de S.Paulo, 04/07/2012

“O que diferencia o empreendedor dos outros é a atitude diante da vida. Pense num compositor de música. As palavras estão à disposição de todo mundo, mas Chico Buarque faz poesia com elas. Os sons também estão disponíveis, mas tem gente que os transforma em música. As pessoas, os espaços, as tecnologias estão ao alcance de todos, mas só alguns conseguem ver oportunidades de negócios. Esses são os empreendedores.”
William Ling – O Estado de S.Paulo, 05/07/2012

“A lógica econômica tem prevalecido sobre a dinâmica puramente religiosa. A teologia da prosperidade tem atendido melhor as expectativas de consumo e os interesses egoísticos das diferentes camadas sociais. Como disse o sociólogo Flávio Pierucci em artigo póstumo, a sociedade não precisa mais de um Deus transcendente quando os indivíduos pagam pelos serviços prestados em nome dele e transformam os bens tangíveis em ideal divino. Atualmente, o que se considera sagrado é o consumo. O crescimento das correntes evangélicas pentecostais no país tem sido compatível com o fato de que o sagrado está cada vez mais comercializado e dessacralizado. É o Brasil cada vez mais desencantado.”
José Eustáquio Diniz Alves – Folha de S.Paulo, 06/07/2012

26ª semana de 2012

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“Mais gente está se tornando mais narcisista, ou está se apresentando para o mundo como se só se importasse consigo própria. Mais gente está ficando obcecada e compelida a checar constantemente o telefone. E há uma pesquisa que mostra que mais pessoas estão ficando deprimidas quando não têm coisas maravilhosas para mostrar aos outros no Facebook.”
Larry Rosen, psicólogo – Folha de S.Paulo, 25/06/2012

“Nessa idade ninguém vai mudar radicalmente o modo de ver as coisas, que é uma decantação de tudo que foi vivido. […] Acredito no poder da oração. Mas as instituições religiosas, e incluo todas as ordens, estão preocupadas com política e poder. Já os evangélicos cresceram enormemente como utilitarismo sistêmico produtivista, industrialista. Hoje já é uma religião para lá da religião.”
Gilberto Gil, 70, cantor – Folha de S.Paulo, 25/06/2012

“Cartões e cheques especiais são vias rápidas para o superendividamento. […] O anzol do crédito terá, em sua ponta, a minhoca do acesso mais fácil a bens e serviços. Mas continuará sendo uma pescaria indevida, de consumidores incautos, ávidos por mais conforto e lazer.
Maria Inês Dolci – Folha de S.Paulo, 25/06/2012

“Não há uma definição do amor romântico que agrade a todos. Para os pragmáticos, o amor é algo que inventamos para satisfazer uma necessidade. Para os céticos, é uma surpresa! Para quem sempre escolhe a pessoa errada, amar é sofrer. Para os obcecados, significa estreitar seu foco sobre um único objeto de desejo. Para as pessoas de pensamento estratégico, amar significa priorizar o bem-estar do(da) amado(a), porque a felicidade dele(a) aumenta a sua própria.”
Michael Keep – Folha de S.Paulo, 26/06/2012

“‘Política é a arte de engolir sapos.’ A frase pode ser alterada, trocando-se a palavra ‘arte’ por outra: ‘necessidade’. E não se aplica apenas aos profissionais que se dedicam e, em alguns casos, se beneficiam com a obrigação de comer batráquios, mas àqueles que torcem e chegam a se entusiasmar com os artistas ou com os necessitados de se alimentar com um produto que ainda não faz parte da cesta básica.”
Carlos Heitor Cony – Folha de S.Paulo, 26/06/2012

“As férias, para crianças e jovens, poderiam ser um tempo de descobertas e solidificação de aprendizagens se nesse tempo eles não fossem levados a ter novos compromissos, mesmo que sejam compromissos com o lazer.”
Rosely Sayão – Folha de S.Paulo, 26/06/2012

“Cerca de 58% dos profissionais graduados em engenharia trabalham em empresas de grande porte, segundo amostra de 105 mil currículos cadastrados no site de carreira vagas.com.br. Outros 24% estão em empresas de médio porte e 13%, em companhias pequenas.”
Maria Cristina Frias – Folha de S.Paulo, 26/06/2012

“Esse mundo imensamente midiático, em que se oferece a ilusão da liberdade radical de se autoinventar, é falso.”
Jonathan Franzen – O Estado de S.Paulo, 30/06/2012

“A escolha entre o nada e a coisa nenhuma é bem disfarçada no poder de ostentar que promete redimir do buraco subjetivo. Não tendo mais o que expressar, alguém simplesmente ‘ostenta’ um relógio caro, um computador moderninho, um carrão oneroso. Ou um piercing, um músculo forte. Tudo e cada coisa é reduzida à marca, emblema do capital e seu poder na era do Espetáculo. […] A saída é a arte, a poesia, a negação ativa contra o uso e o consumo de marcas. A prática anti-capitalista é um ateísmo e começa com a recusa aos seus deuses como simples profanação cotidiana.”
Marcia Tiburi, Revista Cult – junho/2012

“O tráfico de pessoas, principalmente para exploração sexual, é o terceiro crime mais lucrativo do mundo, atrás apenas do tráfico de drogas e armas. Segundo dados do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC), 2,4 milhões de pessoas são traficadas, anualmente, para o trabalho forçado. A exploração sexual representa quase 80% dos casos detectados – seguido do trabalho escravo e do comércio ilegal de órgãos. De cada cinco vítimas, quatro são mulheres ou meninas e metade das pessoas traficadas são menores de idade. […] Um levantamento da Organização Internacional do Trabalho (OIT), baseado no Relatório Nacional sobre Tráfico de Mulheres, Crianças e Adolescentes para o Propósito de Exploração Sexual (publicado em 2002), mapeou 241 rotas de tráfico: 110 dentro do Brasil e 131 internacionais. As ações estão concentradas em 520 municípios. Os principais destinos no exterior são para Europa. Segundo o Ministério Público e a Polícia Federal, cerca de 70 mil brasileiros são traficados, anualmente, para o exterior, correspondendo a 10% dos lucros mundiais.”
Rôney Rodrigues – Revista Caros Amigos, junho de 2012

25ª semana de 2012

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“O bom desempenho de líderes dentro de uma empresa tem relação direta com questões emocionais, como a capacidade de colaborar, de comunicar e de trabalhar em equipe. As mulheres foram consideradas significativamente mais eficazes do que os homens quando estão em uma posição de liderança. Foram melhor avaliadas do que eles em todos os níveis hierárquicos.”
Jack Zenger, psicólogo e consultor norte-americano – Folha de S.Paulo, 17/06/2012

“Hoje, as lideres já são mais femininas, gerenciam de forma mais delicada, mas ainda têm de estabelecer um limite nas relações, porque a cumplicidade e as conversas entre os homens são outras.”
Isabel Moisés, 45, vice-presidente de RH da Heineken Brasil – Folha de S.Paulo, 17/06/2012

“Para os pesquisadores, nossa desonestidade é o resultado de uma contínua negociação entre dois elementos. De um lado, gostamos de obter vantagens (para nós, nossos próximos e, surpreendentemente, também para desconhecidos). De outro, precisamos manter para nós mesmos a imagem de que somos razoavelmente honestos, como convém a toda pessoa digna. O cérebro resolve essa contradição de uma maneira quase infantil: roubamos só um pouquinho. Na média, as pessoas se sentem confortáveis trapaceando em algo entre 10% e 15%.”
Hélio Schwartsman – Folha de S.Paulo, 17/06/2012

“Do lado dos sociólogos, para falar agora das coisas do sagrado, é necessário passar pela economia da coisa, mergulhada com certeza na cultura capitalista de uma sociedade irremediavelmente secularizada. Uma sociedade que não precisa mais de Deus para se legitimar, se manter coesa, se governar e dar sentido à vida social, mas que, no âmbito dos indivíduos, consome e paga bem pelos serviços prestados em nome dele. De modo tão descarado que o princípio de fidelidade dos homens, isto é, dos fiéis para com Deus, que sustentou a civilização judaico-cristã, e também a islâmica, desde as origens, agora tem sua direção invertida por essa nova cristandade que proclama que Deus é fiel, o fiel é Deus. Investimento seguro, vale dizer.”
Antônio Flávio Pierucci – Folha de S.Paulo, 17/06/2012

“Vimos muito mais avanços tecnológicos nos últimos 50 anos do que em qualquer outro momento da história. Mas a pegada ecológica triplicou nesse mesmo período. A tecnologia por enquanto não nos tornou mais eficientes. Quando temos mais tecnologia, a usamos para consumir mais.”
William Rees, Revista Época – 18/06/2012

“O Brasil é visto como o país com maior biodiversidade do laneta, e isso merece enorme carinho, respeito e admiração. A Bacia Amazônia é fundamental para o conjunto da sobrevivência da Terra. Mas aí, apesar de o Brasil ter acolhido a Rio 92 e agora a Rio+20, considerar que o Brasil já lidera em termos de meio ambiente, vai uma distância que o Brasil tem de ocupar. Mas ainda não ocupou.”
Carlos Lopes, 52, secretário executivo da Comissão Econômica da África, Revista Época – 18/06/2012

“A escola é o primeiro espaço público que os mais novos frequentam. E uma de suas funções é exatamente essa: a de apresentar a eles o mundo público. Privar as crianças de uma experiência tão rica em nome de quê? Fazer parte de uma família é importante, mas tem lá seus ônus. E um deles é toda a expectativa que, inevitavelmente, os pais colocam sobre os filhos. Querem que eles sejam assim, assado, façam isto e aquilo; não querem de modo algum que tenham este ou aquele comportamento etc. E todos esses anseios legítimos que os pais têm caem sobre as crianças como um peso. É na escola, longe dos pais, que muitas crianças podem se sentir mais à vontade para experimentar vários jeitos de ser e de estar neste mundo. Toda essa experimentação é uma base importante para sua formação.”
Rosely Sayão – Folha de S.Paulo, 19/06/2012

“Ficou para 2014 a definição das fontes de financiamento de programas e políticas de desenvolvimento sustentável da chamada economia verde. […] Quando não se sabe nem se quer resolver um problema, monta-se um grupo de trabalho. […] Com essas potencialidades e a abdicação de liderar um processo de maneira mais arrojada, o Brasil volta à sua vocação histórica há vários séculos. Somos novamente o país do futuro. O título do documento ajuda. É ‘O futuro que queremos’. Poderia ser, como na anedota ouvida no Riocentro, ‘O passado que sempre tivemos’.”
Fernando Rodrigues – Folha de S.Paulo, 20/06/2012

“O Brasil foi o país com o maior aumento percentual do número de milionários no ano passado em relação a 2011, de acordo com estudo da consultoria Capgemini e do RBC Wealth Management. A pesquisa lista os 12 países líderes em número de pessoas com patrimônio mínimo de US$ 1 milhão (R$ 2 milhões). O total de milionários no país aumentou 6,2% no período: foi de 155,4 mil para 165 mil.”
Folha de S.Paulo, 20/06/2012

“Eu acho que prestar atenção a tudo o que se diz nas mídias sociais é um erro. Oitenta por cento do que se diz somente revela as nossas piores neuroses. Não leva a nada, é inútil e não merece receber a mesma importância de um artigo escrito com cuidado.”
Alain de Botton – O Estado de S.Paulo, 22/06/2012

24ª semana de 2012

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“A partir do momento em que passa a exercer a representação conferida pelo povo, o parlamentar se obriga a compartilhar a trajetória pública com a sociedade. Esse é o ditame do exercício do poder na vida republicana. O chamado “voto corporativo”, que se desenvolve em função do vínculo entre iguais que trabalham sob a mesma cúpula, é figura insustentável diante do império da ética e da moral, cujos domínios se expandem nos múltiplos espaços da sociedade organizada. Não há mais sentido em guardar segredo no julgamento de parlamentares. A oxigenação dos pulmões sociais está a exigir assepsia, independência, justiça. A soberania popular ordena que a representação política se paute por transparência de atitudes e decisões. Onde o poder é oculto, já dizia Bobbio, tende a ser oculto o contrapoder, o poder invisível. Nas ditaduras floresce a cultura do sigilo. O Parlamento deve ser o primeiro Poder a implantar nas democracias o governo do poder visível.”
Gaudêncio Torquato – O Estado de S.Paulo, 10/06/2012

“A Europa nasceu ali, no pé da Acrópole, 25 séculos atrás, e tudo que ela tem de melhor, aquilo que ela mais aprecia e admira em si mesma, assim como as instituições democráticas, a liberdade e os direitos humanos têm sua distante raiz nesse pequeno rincão do velho continente, às margens do Egeu, onde a luz do sol é mais potente e o mar é mais azul. A Grécia é o símbolo da Europa e os símbolos não podem desaparecer sem que aquilo que eles encarnam desmorone e se desfaça nessa confusão bárbara de irracionalidade e violência da qual a civilização grega nos tirou.”
Mario Vargas Llosa – O Estado de S.Paulo, 10/06/2012

“Sem dúvida, o indivíduo que adota um comportamento social adequado no espaço corporativo em que atua, possibilita a visibilidade e o reconhecimento de suas competências, encurtando o caminho para a realização profissional. No entanto, sem os princípios éticos de honestidade e integridade gravitando em todos os nossos atos, dificilmente nos daremos um destino construtivo para nossa identidade profissional.”
Ruth Duarte – O Estado de S.Paulo, 10/06/2012

“No convívio escolar, como nas ciências, a construção do conhecimento depende da comparação de visões diferentes. Por isso, a boa escola deve ser, necessariamente, um espaço plural em termos de pensamentos e manifestações. […] Toda escola tem algo de parlamento, estádio e de templo. Se cada aula propiciar o diálogo e a compreensão, em lugar do proselitismo e da intolerância, e as convicções puderem ser expressas e respeitadas – não escondidas ou condenadas -, educar será preparar para a aventura real da vida. E não conduzir para rumos definidos, que podem ser becos sem saída.”
Luis Carlos de Menezes – Revista Nova Escola, junho/julho 2012

“Estamos no seguinte paradoxo: o mundo está muito aquém da economia verde, aumentando emissões, desmatando mais, usando mal os materiais. Economia verde é produzir usando menos recursos e comprometendo menos as saúdes dos ecossistemas, é transitar da energia fóssil para a renovável e usar melhor os materiais. Mas se constato que estamos muito aquém, então alguém pode me chamar de ‘radicaloide’ por querer ir Muito Além da Economia Verde. Só de alcançar a economia verde já estaria muito bom. O problema é que se considerarmos os últimos 20 anos, vemos que houve um imenso progresso no sentido da economia verde. Cada unidade de dólar foi gerada com 21% menos de uso de recursos materiais e 23% menos emissões de gases de efeito estufa. No entanto, o uso de materiais aumentou 39% e as emissões aumentaram 41%. Porque mesmo tendo um avanço extraordinário, está se produzindo e consumindo muito mais.”
Ricardo Abramovay – O Estado de S.Paulo, 11/06/2012

“O autêntico cristão não vive de costas para o mundo nem encara o seu tempo com inquietação ou nostalgias do passado. O verdadeiro cristão não vive focado no retrovisor.”
Carlos Alberto Di Franco – O Estado de S.Paulo, 11/06/2012

“Estamos vivendo uma doença chamada o mal do excesso. Nos transformando em verdadeiros exterminadores do futuro.”
Marina Silva – O Estado de S.Paulo, 12/06/2012

“Não é possível esverdear o mundo instantaneamente, e, por algum tempo, será preciso conviver com alternativas que representam progressos consideráveis em relação ao passado condenado, mas que ainda estarão longe do ideal. Uma postura militante tem sido bloquear esses progressos, contrapondo alternativas idealistas que, embora válidas para um pequeno grupo, fogem por completo à realidade (aí se incluem desde a agroecologia até a agricultura orgânica, biológica e natural proposta). Outra postura militante é não aceitar, de forma efetiva, os novos valores que precisam ser assumidos e reagir com base em direitos de propriedade como se fossem absolutos e não condicionados às regras sociais. No caso dos alimentos, o grande desafio da Rio+20 é permitir o diálogo entre os “radicais” de ambos os lados, o que abrirá espaço para uma transição consistente para uma nova economia com capacidade de alimentar o mundo.”
Antonio M. Buainain – O Estado de S.Paulo, 12/06/2012

PARA ONDE VOCÊ VAI?

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Tomar decisões tem sido algo aflitivo para a maioria das pessoas. Por conseguinte, geradora de enorme ansiedade.
Sem dúvida, o excesso de opções não facilita o processo. Há a angústia de ter de abrir mão, de dizer “não” para opções interessantes, atraentes, sedutoras. Diante de tantas possibilidades ficar apenas com uma não é tranquilo. A gula de nossos dias é crescente. A sensação de estar perdendo algo se amplia e tende a dominar. E não é à toa que a frustração ganhe espaço interior cada vez maior. Isso sem contar o medo paralisante de errar. Há um temor quase fatal que gera mal-estar comum – “e se eu errar em minha escolha?”. Tal situação pode, inclusive, jogar expectativas excessivamente altas e idealizadas na tomada de decisão.
Percebe-se, então, que além disso tudo, é preciso considerar o que se entende por fracasso e como lidamos com ele. Essa é uma reflexão necessária para nossa saúde, porém, antes, o convite é para pensarmos o quanto sabemos a respeito de nossos desejos. O que realmente queremos?
Vejamos uma situação comum que encontramos no mercado de trabalho. Hélio Bruck Rotenberg, 48 anos, engenheiro civil de formação, presidente da Positivo Informática, assumiu recentemente, o comando geral do Grupo Positivo. Em entrevista à revista HSM Management (maio-junho de 2012), disse: “O sujeito está preparado para virar a noite sempre que for preciso ou quer sair às seis horas em ponto todos os dias? Eu me lembro bem de um jovem engenheiro muito bom que trabalhou conosco e eu adorava. Um dia, ele chegou para mim e anunciou: ‘Vou sair, fazer concurso público e trabalhar num tribunal’. Pego de surpresa, perguntei: ‘Você está maluco? Vai ganhar quanto?’. Ele respondeu: ‘Três quartos do que eu ganho aqui’. Eu argumentei que era bobagem e que ele tinha futuro aqui, mas ele foi sincero: ‘Eu não aguento essa loucura, preciso poder sair às seis e meia da tarde todo dia’. Lamentei, mas respeitei sua decisão, porque ele foi fiel a sua personalidade, como se deve ser. Nós somos uma organização nervosa que precisa de profissionais aguerridos. Algumas áreas demandam profissionais mais criativos, outras, gente mais cumpridora, mas todos têm de ser muito aguerridos, gincaneiros”. Pois é, na gincana da vida, esses são desafios corriqueiros. Ao entrarmos num emprego precisamos saber não apenas o que ele oferece, mas suas demandas. E aí, no processo decisório, ponderar o que de fato buscamos.
Esse exercício requer uma visita prolongada aos nossos valores. Perguntas simples em situações profissionais como essa: queremos dinheiro, fartos e generosos benefícios, além de conveniência no currículo, ou, insistiremos corajosamente que o mais importante é ter um tempo para cuidar de si e das pessoas amadas? A “loucura” a que se refere o sensato e coerente engenheiro do exemplo nos atrai mais? Muitos alegam que a realidade do mercado de trabalho é cruel e louca mesmo, e que trata-se apenas de uma fase, que não será uma escolha para a vida. Contudo, o que mais vejo, é que o desgaste vence final. Quando decidem sair, geralmente, é tarde demais diante dos estragos já feitos na vida do sujeito. O que sobra são trapos de gente.
Irreversível? Não. Enquanto há vida, há oportunidade de escolhas responsáveis e mais saudáveis a longo prazo. Mas quem quer aprofundar no que realmente acredita e deseja para si? Deixar a inocência existencial não se dá sem dor. É preciso perder para ganhar, mas não suportamos o peso da palavra perda.
O que lhe garante proteção? Para onde você caminha? Dize-me quais são suas escolhas e eu lhe direi quem és. Ou, como diria o teólogo A. W. Tozer: “Na caminhada cristã, o importante não é a velocidade com que andamos, nem a distância percorrida, mas sim a direção que tomamos”.

23ª semana de 2012

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“Pedófilos sempre existiram, existem e existirão, mais do que se imagina, mais do que se sabe. São pessoas com desordem mental, e quem não ouviu falar que em regiões mais atrasadas pais tiveram relações com uma ou mais filhas, tendo até engravidado algumas, que se tornaram mães de suas próprias irmãs. Isso acontece no Brasil profundo e também em países altamente civilizados. A miséria humana não tem limites. […] Cabe às mães e aos pais ficarem atentos, não deixarem suas filhas/filhos em situações de risco, olhar atentamente o que se passa, e desconfiar sempre, sem medo de estar pensando em “maldades”, sabendo que essas coisas acontecem nas melhores famílias. Não vivemos em um mundo ideal. O abuso sexual causa efeito devastador nos que o sofrem, e precisam de apoio profissional, apoio esse que deve ser forte e positivo; só o amor de mãe e pai não é suficiente.”
Danuza Leão – Folha de S.Paulo, 03/06/2012

“O perigo mora próximo do líder carismático que se coloca em pé de igualdade com o sagrado. Mais cedo ou mais tarde, o herói se achará tão potente a ponto de querer tomar o lugar de Deus.”
Gaudêncio Torquato – O Estado de S.Paulo, 03/06/2012

“A música tem um espaço no coração das pessoas. É muito usada como paliativo. Hoje, ouve-se música muito mais com a bunda do que com os ouvidos. Há muito mais preocupação em se divertir do que em parar para pensar.”
Dori Caymmi – O Estado de S.Paulo, 04/06/2012

“O que acontece, com o tempo, e não só na carreira, você sente que um estilo funciona para algumas coisas, mas em outras não é bom. Quando se é jovem e impetuoso, o seu estilo precede qualquer coisa, você é sempre a mesma coisa. Depois, com o autoconhecimento, você começa a exercitar perfis diferentes, mesmo que não seja o seu. Quando você fala em liderança, existem perfis de liderança, você é um líder educador num momento, num outro pode ser um líder meio déspota, porque a situação é de crise e é preciso alguém que bata o bumbo. Tem também o líder inspirador. Na realidade, o líder tem de ser tudo, mas cada perfil desses grita mais em determinados momentos. Quanto mais instrumentalizado você está, quanto mais consciente você está de si, você pula de um perfil para outro sob o seu próprio comando. É o autocontrole em cima daquilo que você sabe o que você é.”
Cesar Marinho – O Estado de S.Paulo, 04/06/2012

“‘Um jovem rabino, angustiado com o destino da sua alma, conversava com seu mestre, mais velho e mais sábio, em algum lugar do Leste Europeu entre os séculos 18 e 19. Pergunta o mais jovem: ‘O senhor não teme que quando morrer será indagado por Deus do porquê de não ter conseguido ser um Moisés ou um Elias? Eu sempre temo esse dia’. O mestre teria respondido algo assim: ‘Quando eu morrer e estiver na presença de Deus, não temo que Ele me pergunte pela razão de não ter conseguido ser um Moisés ou um Elias, temo que Ele me pergunte pela razão de eu não ter conseguido ser eu mesmo’. Trata-se de um dos milhares de contos hassídicos, contos esses que compõem a sabedoria do hassidismo, cultura mística judaica que nasce, ‘oficialmente’, com o Rabi Baal Shem Tov, que teria nascido por volta de 1700 na Polônia. […] São muitas as angústias de quem acredita haver um encontro com Deus após a morte. Mas ninguém precisa acreditar em Deus ou num encontro como esse para entender a força de uma narrativa como esta: o primeiro encontro, em nossa vida, que pode vir a ser terrível, é consigo mesmo. Claro que se Deus existe, isso assume dimensões abissais. […] Enfrentar-se a si mesmo, reconhecer suas mazelas, suas inseguranças e ainda assim assumir-se é atravessar um inferno de silêncio e solidão. […] Ao contrário do que dizia o velho Sartre, o inferno não são os outros, mas sim nós mesmos.”
Luiz Felipe Pondé – Folha de S.Paulo, 04/06/2012

“O condomínio fechado é uma privatização do espaço. Isso, para a cidade, não é bom, porque, a partir do momento em que você diz que aqui só entra quem é dono, está dizendo que milhões de pessoas estão ficando fora. Talvez esse milhão de pessoas não fique muito contente. Teses na USP já evidenciaram que, ao mesmo tempo em que cresceram os condomínios fechados, a violência também cresceu. A segregação, tecnicamente, aumenta a violência. Seja a segregação do rico no condomínio, seja a reprodução disso nas camadas mais pobres. A integração é contra a violência.”
Evandro Spinelli – Folha de S.Paulo, 04/06/2012

“O Brasil tem uma grande escolha diante de si. Quem ele quer impressionar? Quer erguer prédios que digam ao mundo quão incrível o Brasil é ou quer construir prédios que mostrem aos próprios brasileiros a força do Brasil? A Olimpíada fracassou, em vários países, em produzir dividendos econômicos e legados depois dos eventos. […] Um teto melhor e um encanamento que funcione não são suficientes para criar uma boa comunidade. Cresci em uma área pobre da periferia de Londres. Não interessava a qualidade da construção, as ruas viviam vazias, era um lugar inseguro, meu único sonho era sair dali. Dependendo de como essas casas sejam construídas, sem urbanismo, sem transporte público, podem virar as favelas do futuro. Sem falar que ainda há muito trabalho para melhorar as favelas já existentes, formalizá-las.”
Cameron Sinclair – Folha de S.Paulo, 05/06/2012

“Você está contente com o seu corpo? Pense bem. Olhe-se bem. Os ingleses não estão. Informa a BBC Brasil que um grupo de deputados auscultou a população nativa a respeito. As conclusões do estudo, intitulado “Reflections on Body Image” (“reflexões sobre a imagem do corpo”), são dramáticas: ninguém gosta da respectiva carcaça. Nas escolas, o cenário é particularmente aterrador: um em cada cinco meninos de 10 anos despreza a própria figura; uma em cada três meninas também. […] Quando existe um horizonte de eternidade pela frente, e quando a eternidade se assume como prolongamento da existência terrena e compensação de suas misérias, é normal que o olhar humano não atribua ao corpo e às suas imperfeições o lugar histérico de hoje. Esse horizonte de eternidade perdeu-se.”
João Pereira Coutinho – Folha de S.Paulo, 05/06/2012

“Emoções existem, sempre existiram, nem a idade nem o controle interior que adquirimos à custa das porradas da vida conseguem riscá-las dentro da gente.”
Carlos Heitor Cony – Folha de S.Paulo, 05/06/2012

“Depois de invadir uma casa e furtar dois envelopes com dinheiro, o ladrão se arrependeu e, além de devolver a maior parte da importância levada, deixou uma carta com pedido de desculpas. O caso, divulgado ontem pela Polícia Civil, aconteceu em Tatuí, a 142 km de São Paulo. […] ‘Te roubei, mas estou devolvendo o dinheiro, pois sou evangélico e conheço as leis de Deus.’ Ele conta como praticou o furto e pede ‘1.000 perdões’. No final, dá um conselho à vítima: ‘Coloque cadeado nas janelas. Abraços.’”
O Estado de S.Paulo, 06/06/2012

“No Dia do Meio Ambiente, os governantes costumam posar para fotos plantando uma árvore. Seria interessante conhecer o destino de todas elas, plantadas em solenidades, talvez abandonadas logo depois. Mas o problema real não é plantar -gesto simbólico positivo-, se não fosse a devastação ambiental que a maioria de seus plantadores pratica nos outros dias do ano. […] Em acelerado retrocesso, vamos à Rio+20. O que se anuncia é um vexame de governos titubeantes diante de uma sociedade mais consciente e exigente. As negociações deixam antever documentos sem metas ou ações efetivas. A opinião pública global reclama por isso, enquanto os governos e seus operadores se empenham para baixar as expectativas. Resta-nos a tarefa de continuar alertando para os graves problemas da perda de biodiversidade, da desertificação e do aquecimento do clima -há 20 anos anunciados como a mais perigosa ameaça ao equilíbrio da Terra. Tudo isso se mantém no mais alto nível de risco à manutenção da vida. Por isso, a cobrança por medidas urgentes, urgentíssimas e efetivas, para enfrentar esses graves problemas, deve permanecer no patamar mais elevado de nossas exigências éticas e políticas.”
Marina Silva – Folha de S.Paulo, 08/06/2012

“Contra todas as advertências, o homem está fazendo o possível para arruinar de vez o burgo que teve a infelicidade de abrigá-lo. É só atentar para certos números revelados há pouco pela ONU. Em 2050, a população mundial (que hoje é de 7 bilhões) chegará a 9 bilhões, dos quais 6,3 bilhões viverão em cidades (quase o dobro dos 3,5 bilhões atuais). Significa que áreas do tamanho de vários países europeus somados serão desmatadas, urbanizadas e tomadas por automóveis, tendo a bordo uma nova e monumental classe média faminta de consumo, produtora de lixo e cega para as consequências de sua fúria predatória.”
Ruy Castro – Folha de S.Paulo, 08/06/2012

“O diálogo entre as religiões não pode ser uma simples comparação de hierarquias de valores. Um diálogo é autêntico quando acolhemos o outro, sem anular as diferenças. Creio que seja este, hoje, o desafio para todas as grandes religiões.”
Mauro Maldonato – Folha de S.Paulo, 09/06/2012

“Os autistas são estrangeiros onde quer que estejam. Nosso mundo para eles é assustador. Mas nós podemos buscá-los. Quem trata esse tipo de alteração precisa gostar muito de gente. É preciso exercitar a solidariedade.”
Ana Beatriz Barbosa – Folha de S.Paulo, 09/06/2012

“Os EUA perdem mais membros do Exército em suicídios do que em combate. O número chegou a 154 nos cinco primeiros meses deste ano, média de aproximadamente um por dia, contra 130 no mesmo período do ano passado.”
O Estado de S.Paulo, 09/06/2012

“No Ocidente, temos vivido desde o século 20 a desconstrução dos valores tradicionais. Ela teve efeitos negativos, mas também formidavelmente positivos, em especial para os homossexuais e as mulheres. Observe que um país como a Suíça, o último cantão a conceder o direito de voto às mulheres o fez, pense bem, em 29 de abril de 1991! Isso quer dizer que, até então, as mulheres ainda eram vistas como crianças. Na França, foi um pouco mais cedo, mas, enfim, foi preciso esperar o fim da 2ª Guerra para que as mulheres tivessem direito de voto. Quanto aos homossexuais, lembre-se que a Organização Mundial de Saúde definia a homossexualidade como doença até 1990! Sim, nosso mundo ocidental mudou mais nos 50 anos da segunda metade do século 20 do que nos 500 anos anteriores! […] O verdadeiro motor da desconstrução dos valores tradicionais foi o capitalismo moderno.”
Luc Ferry – O Estado de S.Paulo, 09/06/2012

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