Contando os dias

12ª semana de 2012

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“O programa El Sistema absorve milhares de jovens venezuelanos, oferecendo uma intensa formação musical como antídoto para os males da pobreza, uma realidade apesar da riqueza petrolífera da Venezuela. Segundo José Antonio Abreu, o programa funciona contra a violência. ‘Quando nos apresentamos no exterior, somos mensageiros da paz, mas também da justiça social’, afirmou. A violência é um problema global, disse. ‘Orquestras e corais são instrumentos incrivelmente eficazes contra a violência’, afirmou. […] ‘Tenho dedicado todos os meus esforços para que os mais pobres, os mais excluídos, tenham acesso à educação musical’, acrescentou. […] Abreu, 73, é formado em teclado e composição e estudou regência. Seguiu uma carreira paralela como economista e foi parlamentar, consultor econômico e ministro da Cultura em governos anteriores do país. É solteiro e leva uma vista ascética. Se descreve como um católico devoto, “um sacerdote, um humilde servo de Jesus Cristo”, que aspira a ser ‘um servo ideal, nobre e invencível de Deus’.”
Daniel J. Wakin – Folha de S.Paulo, 19/03/2012

“Os jovens têm vida de gente grande desde o início da adolescência. Vida social, pelo menos. Mas será que na vida pessoal eles amadurecem? Temos indícios de que não. Depois de conversar com vários jovens dessa idade, constatei um ponto interessante: os jovens manifestam uma dificuldade de dialogar com os adultos. Eles falam com os adultos: expõem suas polêmicas opiniões a respeito dos assuntos em pauta, têm sempre bons argumentos para convencer os mais velhos a aceitarem seus pedidos, sabem comunicar o que querem. Entretanto, em situações de conflito, principalmente quando essas envolvem algum aspecto de suas vidas, não sabem como se comportar, não conseguem enfrentar a situação, perdem toda a segurança que tentam mostrar que têm.”
Rosely Sayão – Folha de S.Paulo, 20/03/2012

“O racismo, longe de ser uma patologia, parece-me um problema essencialmente ético -a atitude de considerar inferior quem se encara como diferente.”
João Pereira Coutinho – Folha de S.Paulo, 20/03/2012

“O Brasil é o país em que os blogs são mais acessados pelos usuários de internet no mundo. A conclusão é de um estudo apresentado ontem pela consultoria comScore, que analisou hábitos e tendências de usuários da internet em 44 mercados. Segundo o relatório, 95,9% do total de visitantes brasileiros acessaram algum blog em dezembro de 2011, o maior percentual entre os países analisados pela consultoria. A média mundial é de 58,9%. Redes sociais, sites de compras coletivas e de envio de mensagens instantâneas são outras categorias em que o acesso dos brasileiros superou a média de outros países. Em 2011, o Brasil ultrapassou a França e se tornou o sétimo maior mercado de internet do mundo, com 46,3 milhões de acessos de computadores em casa ou no trabalho. O número não considera acessos de locais públicos -LAN houses e bibliotecas. Os brasileiros ficaram 26,7 horas conectados em dezembro, a quinta maior média mundial. Só americanos, britânicos, sul-coreanos e franceses superam essa marca. Segundo o relatório, quase um quarto do tempo (23%) foi gasto em redes sociais, com o Facebook agora à frente. Em 2010, 16% do tempo era dedicado às redes sociais. O Brasil é o mercado em que a rede criada por Mark Zuckerberg teve o seu segundo maior crescimento em 2011, de 187%, só perdendo para o Vietnã, onde o serviço se expandiu 198% no período. Cada brasileiro gastou 4,8 horas no site em dezembro.”
Marianna Aragão – Folha de S.Paulo, 22/03/2012

“Hoje, 884 milhões de pessoas no mundo não têm acesso a água potável segura e 2,6 bilhões de pessoas (40% da população mundial) não têm acesso a saneamento básico. Portanto, temos um longo caminho para colocar a resolução da ONU em prática. No Brasil, há uma boa cobertura de distribuição de água tratada. Em relação ao saneamento, no entanto, os números são vergonhosos. Apenas 44,5% da população estão conectados a redes de esgoto -do esgoto coletado, somente 38% é tratado. Isso significa que menos de 20% da população têm acesso a esgoto tratado, o que implica no lançamento de grandes quantidades de material orgânico em nossos rios e no mar, no caso das cidades litorâneas.”
Marina Silva – Folha de S.Paulo, 23/03/2012

“Para navegar em meio as ambiguidades sociais, acabamos desenvolvendo nosso senso moral. Jonathan Haidt sugere que ele pode ser decomposto em seis sentimentos básicos: proteção, justiça, lealdade, autoridade, pureza e liberdade, que constituiriam uma espécie de tabela periódica do instinto moral. O mapa ético de cada indivíduo seria uma combinação de diferentes proporções desses ‘ingredientes’.”
Hélio Schwartsman – Folha de S.Paulo, 23/03/2012

“O câncer infantil representa hoje a segunda causa de mortalidade entre crianças e adolescentes de até 19 anos no Brasil-só perde para acidentes e violência. São 11 mil casos novos por ano, com taxas de 70% de cura, em média. As neoplasias mais frequentes na infância são as leucemias (glóbulos brancos), tumores do sistema nervoso central e linfomas (sistema linfático).”
Cláudia Collucci – Folha de S.Paulo, 24/03/2012

“A verdade é que os membros de nossa espécie, aí incluídos os especialistas, temos dificuldades terríveis para sermos objetivos. Quem evidencia isso muito bem é Paul Slovic, em suas investigações na ‘heurística do afeto’. O nome é complicado, mas a ideia por trás dele não: as pessoas tomam decisões consultando mais suas emoções do que dados e cálculos racionais.”
Hélio Schwartsman – Folha de S.Paulo, 24/03/2012

“Se me emocionasse fazendo um discurso e ficasse com olhos cheios d’água, era porque eu era histérica, não sabia controlar as emoções. Já meu antecessor, era um ‘homem muito sensível’. Eu sempre era a gorda malvestida. E os homens mais cheinhos, eram os fortes, poderosos. Quando entrei para o governo, uma das coisas que mais me impressionou foi um artigo de uma revista feminina dizendo; ‘Inacreditável: a presidente do Chile usou o mesmo vestido duas vezes na mesma semana’. […] O que mais me faz chorar é a injustiça. Ver uma mulher ou uma criança serem maltratadas me destrói. É indescritível minha sensação de impotência ao ver que mesmo a sociedade tendo evoluído tanto, ainda morrem de fome 12 crianças por minuto… isso é horrível.”
Michelle Bachelet, 61, diretor executiva da ONU Mulheres, ex-presidente do Chile, Revisa Marie Claire – março de 2012

11ª semana de 2012

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“Em tempos de ansiedade, é natural que a culpa comece a ser jogada nos outros. […] Partes de um lado e outro se empenham para amplificar as acusações, num esforço que em nada contribui para a solução do problema. Simplesmente divide as pessoas, ofuscando o fato de que estamos todos no mesmo barco.”
Nitin Nohria – Harvard Business Review, março de 2012

“Um dos argumentos mais populares entre os defensores da permanência da cruz é o de que a maioria da população é cristã. Bem, a maior parte dos brasileiros também é flamenguista ou corintiana. A ninguém, contudo, ocorreria ornar os tribunais com bandeiras e flâmulas desses clubes. Maiorias não bastam para definir a decoração de paredes públicas. De resto, nem todos os cristãos são entusiastas do crucifixo. Algumas denominações protestantes o consideram um caso acabado de idolatria, pecado cuja prática meus ancestrais judeus costumavam punir com o apedrejamento até a morte.”
Hélio Schwartsman – Folha de S.Paulo, 11/03/2012

“Não é exatamente o ato do consumo que nos faz felizes. Felicidade é um estado de espírito e não uma reação momentânea a um acontecimento. O que realmente contribui para nosso bem-estar é a maneira com que aproveitamos os acontecimentos em nossa vida. […] Se você quer ser mais feliz, planeje e poupe antes de consumir. Ambicione, conquiste e aprenda a degustar por um bom tempo suas conquistas, no lugar de cultivar o pobre vício em consumo.”
Gustavo Cerbasi – Folha de S.Paulo, 12/03/2012

“Se há um tipo de estabelecimento que cresce nas cidades é o depósito. Há depósitos para aquilo que não queremos mais por perto, que não usamos mais. Poderiam ser chamados de depósitos de lixo, mas nem sempre é lixo o que eles guardam. O mundo do consumo fez crescer vertiginosamente o descarte: descartamos o aparelho de telefone celular quase novo porque saiu um outro com novíssimas funções. Descartamos o computador recente e em pleno funcionamento porque saiu um modelo menor e mais leve; descartamos o sofá da sala que já tem o nosso cheiro e se adaptou ao formato de nosso corpo porque a linha em uso agora é de outro estilo; e o aparelho de TV porque já está ultrapassado etc. Queremos descartar para poder consumir mais. E isso transformou-se em um problema, já que o que não usamos mais atrapalha nossa vida, dá uma aparência a ela que rejeitamos, recusamos. Há um outro tipo de estabelecimento que também cresce nas cidades, não tanto em quantidade, e sim na ampliação dos serviços que oferece: a escola. Até poucos anos atrás, a escola era o lugar para onde os mais novos eram encaminhados com o objetivo de estudar e/ou aprender a conviver com outros. Hoje, a escola transformou-se em um local que serve para muitas outras coisas. Ela serve, por exemplo, para abrigar crianças (falo de crianças integrantes de famílias de classe média para cima) cujos pais trabalham tanto que não podem ir buscar seus filhos no horário que as aulas terminam. Dessa maneira, a escola permanece aberta até altas horas, até que os pais sejam liberados de seus afazeres e possam ir buscar seus rebentos.”
Rosely Sayão – Folha de S.Paulo, 13/03/2012

“A bicicleta é política, um instrumento para questionar a forma como São Paulo vem sendo concebida e propor alternativas que possibilitem o convívio, o uso democrático do espaço público e a circulação de pessoas. Uma arriscada tarefa, quando a incivilidade é a regra.”
Gabriel Di Pierro Siqueira – Folha de S.Paulo, 14/03/2012

“Há 25 milhões de fumantes no Brasil e um crescente número de adolescentes que experimentam cigarros diariamente, candidatando-se à dependência e às consequências do tabagismo. Prevenção à iniciação é a palavra de ordem no cenário atual.”
Paula Johns e Clarissa Nomsi – Folha de S.Paulo, 17/03/2012

“O superendividamento é um assunto que vem tirando o sono de muitas famílias. Os 40 milhões de brasileiros que ascenderam à classe média e os outros tantos que se sentem mais seguros com a estabilidade econômica do país não estão apenas contando com uma renda mais elevada, mas também buscando um maior padrão de consumo. É a necessidade de extravasar um desejo reprimido durante décadas.”
Marta Suplicy – Folha de S.Paulo, 17/03/2012

“O cinema é uma arte tão umbilicalmente ligada ao tempo que poderíamos dizer que todo filme, qualquer filme, por humilde que seja, não deixa de fazer uma referência a ele. Ou a ele estar subordinado. É de sua natureza. O cinema torna presente o que já desapareceu. Traz de volta “à vida” monumentos que não mais existem, modas que já passaram, pessoas que morreram. Em certo sentido, a fotografia, técnica mais antiga, e da qual o cinema deriva, também faz isso. Com uma diferença e vantagem para o cinema – ele traz de volta à vida não apenas as formas mortas, mas seu movimento e sua duração.”
Luiz Zanin Oricchio – O Estado de S. Paulo, 17/03/2012

“Uma qualidade importante dos grandes inventores é estar permanentemente apaixonados pelo que fazem. ‘As pessoas mais criativas quando fazem algo que amam’, afirma Teresa Amabile, professora da Hrvard Business School.”
Amanda Kamancheck – Revista Você S/A, março de 2012

10ª semana de 2012

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“Errar e admitir o erro são passos essenciais na busca pela verdade.”
Marcelo Gleiser – Folha de S.Paulo, 04/03/2012

“Um estudo em janeiro na revista ‘Cyberpsychology, Behavior and Social Networking’ descobriu que quanto mais tempo as pessoas passam no Facebook, mais elas acham que seus amigos são felizes e, em consequência, se sentem mais tristes.”
Anita Patil – Folha de S.Paulo, 05/03/2012

“O câncer não é uma doença, mas muitas. Podemos chamar todas da mesma maneira porque compartilham uma característica fundamental: o crescimento anormal das células. É um exagero dizer que a guerra contra o câncer está perdida, mas também não é realista dizer que essa é uma guerra que pode ser completamente vencida.”
Siddhartha Mukherjee, Revista Época – 05/03/2012

“A inviolabilidade da criança sempre me pareceu superior à autonomia dos pais, exceto nos casos em que a gravidez representa ameaça para a saúde física ou psíquica da mãe. Só quando duas vidas estão em conflito é possível decidir salvar uma delas.”
João Pereira Coutinho – Folha de S.Paulo, 06/03/2012

“A mulher é guerreira, mas ela não vai à guerra como os homens, para destruir inimigos. Ela vai à guerra para construir, para proteger e para nutrir os seus. Existe um consenso entre os ativistas sociais de que a mulher é o vetor mais eficiente de propagação de prosperidade, segurança familiar, saúde e educação”
Nizan Guanaes – Folha de S.Paulo, 06/03/2012

“A globalização e as novas tecnologias nos conectaram uns aos outros e abriram novas formas de ser, pensar, sentir e agir. Consumo responsável, alimentação saudável, respeito às diversidades, saber ouvir e participar da vida social e política, criatividade e inovação poderão ser os novos pilares da sociedade contemporânea -e o Brasil tem todas as condições para trilhar esse caminho. Resta saber se teremos a maturidade e as condições para a construção e a afirmação de novos valores.”
Maria Alice Setubal – Folha de S.Paulo, 06/03/2012

“O corpo tem de dar lucro. As mulheres querem ser disputadas, consumidas, como um bom eletrodoméstico. […] Sempre que chega esse Dia Internacional, nós machistas elogiamos o lado “abstrato” das fêmeas, sua delicadeza, sua capacidade de perdão (sic), sua coragem, em textos de hipocrisia paternalista, como se falássemos de pobres, de crianças ou de vítimas. Claro que na História, as mulheres foram e são oprimidas, estupradas na alma e corpo. Mas não é como vítimas que devemos lamentá-las ou louvá-las . Sua importância é afirmativa, pois elas estão muito mais próximas que nós da realidade deste mundo aberto, sem futuro ou significado. Elas não caminham em busca de um “sentido” único, de um poder brutal. Não é que sejam “incompreensíveis”; elas são mais complexas, imprevisíveis como a natureza. O homem se crê acima do mistério, mas as mulheres estão dentro. São impalpáveis como a realidade que o homem “pensa” que controla. A mulher pensa por metáforas. O homem por metonímias. Entenderam? Claro que não. Digo melhor, a mulher compõe quadros mentais que se montam em um conjunto simbólico, como a arte. O homem quer princípio, meio e fim.”
Arnaldo Jabor – O Estado de S. Paulo, 07/03/2012

“Pergunto se não seria uma urgência urgentíssima fazer uma campanha maciça, dura e realista, mostrando claramente a nossa resistência à cordialidade que sem dúvida é nossa, mas que deve ultrapassar as fronteiras da casa e do coração, para ser aplicada ao mundo da rua e a todos os que conosco compartilham o espaço urbano. Tal extensão do respeito pelo outro no mundo público chama-se igualdade! Esse valor a ser implementado pela polícia e pela lei, mas ao lado de uma conscientização de nossas alergias às situações igualitárias e o nosso pendor às diferenciações que excluem os “homens bons” ou a “gente boa” das regras, sendo a marca de quem detém alguma forma de fama, celebridade, “você sabe com quem está falando?” e, bem acima de tudo, poder político!”
Roberto DaMatta – O Estado de S. Paulo, 07/03/2012

“Há homens impotentes que se esfregam contra mulheres no metrô lotado: esperam confirmar sua virilidade duvidosa graças à reação indignada que eles suscitam.”
Contardo Calligaris – Folha de S.Paulo, 08/03/2012

“O Brasil é tetracampeão em felicidade no ranking de uma pesquisa feita pela FGV (Fundação Getúlio Vargas) em parceria com a consultoria Gallup, na qual a Síria aparece em último lugar. Feita com cerca de 200 mil pessoas em 158 países, a pesquisa realizada em 2011 buscou saber a expectativa de felicidade das pessoas nos próximos cinco anos e também no presente. O Brasil vence nos dois. Depois do Brasil, no quesito “países mais felizes” aparecem Panamá, Costa Rica, Colômbia, Qatar, Suíça e Dinamarca. Entre os brasileiros, a pesquisa constatou também que as mulheres são mais felizes que os homens, o que Neri atribui ao maior nível de educação conquistado pelas mulheres nos últimos anos. De acordo com Neri, a educação traz felicidade porque se traduz em renda e, consequentemente, em uma vida melhor. Outra constatação da pesquisa é a de que as mulheres solteiras são mais felizes que as casadas no mundo inteiro, mas o índice cai à medida que a mulher envelhece. As que têm filhos menores de 15 anos também são mais felizes do que as que não têm filhos, indicou a pesquisa.”
Denise Luna – Folha de S.Paulo, 08/03/2012

“Apenas 4,2% dos estudantes que concluíam o ensino médio da rede estadual paulista em 2011 tinham um conhecimento adequado em matemática. Seis em cada dez não sabiam nem o básico do que era esperado para a série na mesma disciplina. A informação faz parte do balanço do Saresp, exame do governo paulista que avalia anualmente o conhecimento de matemática e português de estudantes do 5º e 9º anos do ensino fundamental e do 3º ano do ensino médio. […] O balanço mostra que 58,4% dos alunos do 3º ano do ensino médio tiveram desempenho considerado “abaixo do básico” (insuficiente) em matemática, no conceito adotado pelo Estado.”
Talita Bedinelli – Folha de S.Paulo, 08/03/2012

“Ademais, dados da OMS mostram que as taxas de filhos escolarizados são 40% maiores quando a mãe é alfabetizada, em contraposição ao pai alfabetizado. Comprovam também que para cada ano de escolarização da mãe a mortalidade infantil fica nove em cada mil nascimentos menor.”
Miguel Srougi – Folha de S.Paulo, 09/03/2012

“Se não priorizarmos o transporte coletivo, o transporte individual irá tomar todo o espaço que dermos, e não será suficiente. Seus usuários ainda irão reclamar como crianças “birrentas” até espumar de raiva, levantando a bandeira do direito adquirido do uso do transporte individual, baseada na individualidade e no egoísmo do uso do espaço público. Quem viver verá.”
Horácio Augusto Figueira – Folha de S.Paulo, 10/03/2012

“Achava que tudo tinha de ser do meu jeito e ponto. Era muito difícil mudar meu ponto de vista. Por mais que diziam para não entrar no crime, estava certo de que deveria entrar nesse mundo. […] Se eu disser que roubei por necessidade, ‘tô’ mentindo. Não passava fome, minha mãe me criava bem. […] A mudança só aconteceu quando eu vim para a Fundação Casa. Tive alguns professores que começaram a colocar dúvidas em minha mente. Eles me perguntavam o que eu queria para mim. A música, o surfe ou o crime? Sempre gostei dos três. Fiquei um pouco indeciso, o crime ainda estava em mim. Acabei descartando o crime pouco a pouco. Não dá para fingir que não fez parte da minha vida. Aí, passei a gostar de mim. Aprendi a tocar percussão, compus canções e decidi pela música. […] Ninguém lá em casa tem faculdade, por isso minha família ficou supercontente. Falaram: ‘Você mudou’. Eles disseram que aprendi a ouvir os outros. Você me pergunta se eu acho que mudei? Não acho, porque se achasse ainda teria dúvida. Tenho certeza de que mudei.”
Afonso Benites – Folha de S.Paulo, 10/03/2012

09ª semana de 2012

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“O capital financeiro é hoje importante como nunca foi. […] Sou otimista no sentido de que acredito que as pessoas vão reconhecer que há limites sérios no capitalismo e que é preciso considerar modos alternativos.”
David Harvey – Folha de S.Paulo, 26/02/2012

“Estudos populacionais mostram que a maioria de nós passou ou passará por eventos traumáticos. Quando o indivíduo consegue processar essa notícia negativa de maneira a construir uma aliança de aprendizado, ele desenvolve algo chamado ‘resiliência’. Na física, é o nome que se dá à capacidade de um corpo de voltar à forma natural depois de sofrer uma deformação causada pela força de um agente externo. […] A superação de um trauma anda de mãos dadas com o fortalecimento do caráter e das virtudes, as pessoas se descobrem melhores depois.”
Júlio Peres, Revista Época – 27/02/12

“Existe uma distinção muito grande entre religião e espiritualidade. Religião é uma coisa às vezes perigosa, manipuladora, cheia de ‘não faça isso’, ‘não pode aquilo’. Uma religião pode até conduzir para o sentido contrário da espiritualidade. Respeito todas as religiões, mas acho que só vale o que nos coloca em contato com uma coisa maior. Só a troca nos coloca numa outra dimensão. A troca é o amor, a caridade. Tirar o foco de você e se doar, entrar numa outra sintonia. Como acredito no amor, a imagem que mais me alimenta é a do Cristo. Não me fiz de vítima. Achava que minha jornada seria tão enriquecedora que no final eu acharia tudo uma bênção. Como acho mesmo. Tive a oportunidade de ver como eu podia mudar tanta coisa.”
Reynaldo Gianecchini, Revista Época – 27/02/12

“Passamos a ver as crianças como seres muito frágeis, prestando atenção a tudo o que diz respeito a seu corpo e a seu espírito. O resultado é um estilo de educação que acaba por escravizar os pais.”
Pamela Druckerman, Revista Época – 27/02/12

“Os pais não sabem se delegam para a escola (que já reclama da sobrecarga de responsabilidades) ou se terceirizam a resolução dos problemas para os terapeutas. No baile dos perdidos, os conflitos geracionais ganham escala.”
Jairo Bouer, Revista Época – 27/02/12

“Ambientalista é, hoje, um rótulo muito elástico, diferente do que era há 30 anos. Por isso, o ambientalismo está diante de uma tarefa: se reinventar. Por que, às vezes, a gente enfrenta dificuldades? Porque, muitas vezes, as explicações não são lineares. Você diz que algo vai acontecer, e não acontece. Veja a questão do aquecimento global. O tema é complexo, mas acho que o setor empresarial é outro hoje. Dificilmente uam empresa de nome não está preocupada com a gestão ambiental, é uma questão da comunidade. Avançar nisso exige mais tempo.”
Fabio Feldmann – O Estado de S. Paulo, 27/02/2012

“Os líderes têm de ser mais inovadores, pois o planeta está se tornando cada vez mais complexo e os negócios precisam se adaptar rapidamente. E têm de ser humanos, buscando harmonia no ambiente de trabalho. As pessoas se preocupam cada vez mais com o significado e procuram empresas que preencham sua visão de mundo.”
Peter Rodriguez, diretor da escola de negócios da Universidade da Virgínia, Revista Você S/A – fevereiro de 2012

“Ter sido arrancado de uma porção de coisas sem sair do lugar: eis uma descrição precisa e pungente do estado psíquico do enlutado. A perda de um ser amado não é apenas a perda do objeto, é também a perda do lugar que o sobrevivente ocupava junto ao morto.”
Maria Rita Kehl, psicanalista – Revista Cult – fevereiro de 2012

“A carreira não deve ser pensada ou planejada como um projeto do indivíduo, mas sim como um projeto do casal. […] De nada adiantará acumular riquezas e conquistar a tranquilidade da aposentadoria se, lá na frente, a única coisa a que você terá acostumado seu corpo e sua mente a sentir falta for o trabalho.”
Gustavo Cerbasi – Folha de S.Paulo, 27/02/2012

“Se Freud já dizia que pessoas adultas são uma raridade, hoje ficaria chocado com o fato de que infantilidade se tornou um direito de todo cidadão. A maior desgraça da democracia, dizia Nelson Rodrigues, é que ela traz à tona a força numérica dos idiotas, que são a maioria da humanidade.”
Luiz Felipe Pondé – Folha de S.Paulo, 27/02/2012

“Na Espanha, o desemprego entre pessoas de 16 a 24 anos se aproxima dos 50%. Essa taxa é de 48% na Grécia, e de 30% em Portugal e na Itália. Aqui no Reino Unido, ela fica em 23,3%. A falta de oportunidades está alimentando uma crescente sensação de alienação e raiva entre os jovens de toda a Europa -um estado de ânimo que ameaça envenenar as aspirações de uma geração, e que já alimentou vários protestos violentos de Londres a Atenas.”
Landon Thomas Jr. – The New York Times/Folha de S.Paulo, 27/02/2012

“A produtividade das empresas aumentaria se o trabalho em casa fosse permitido, pois evitaria estresse e perda de tempo no trânsito, segundo 51% das 1.200 pessoas abordadas pela companhia de recrutamento Monster. Para 44%, o ideal é trabalhar em casa e ir ocasionalmente à empresa. Cerca de 6% responderam que essa modalidade não funcionaria, pois se sentiriam dispersos.”
Maria Cristina Frias – Folha de S.Paulo, 28/02/2012

“As pessoas não acreditam mais no ‘felizes para sempre’. Então, trocam o eterno pelo intenso, querem algo que as deixe muito loucas, como uma droga, ou as leve a estados profundos de desespero. Isso traz outra dificuldade, que é o ideal do amor extraordinário, fora do comum. Não temos, ou não usamos, referências do amor ordinário, que é o amor que temos na vida real, com alguns altos e baixos, mas, na maioria das vezes, com seus platôs.”
Lisa Appignanesi – Folha de S.Paulo, 28/02/2012

“Seja autêntico. Não é possível contar uma história que não seja a sua. É possível enfatizar uma ou outra característica da sua história, mas não faz sentido contar histórias de pessoas, de projetos e de empresas perfeitas ou inventadas. As histórias autênticas e imperfeitas viram excepcionais ao serem contadas exatamente como são. No conjunto dos fatos, ou mesmo com o tempo, as pessoas facilmente percebem histórias que não são autênticas e isso mina a base de toda comunicação eficaz: a confiança. Um dos melhores comunicadores dos nossos tempos, o ex-presidente Lula, talvez seja o melhor exemplo disso. Ao se comunicar, é emotivo, por vezes impulsivo e muito simples e direto. Não construiu um estilo pseudorrebuscado e frio, conta sempre histórias diretas e simples, condizentes com sua personalidade e sua história de vida.”
Julio Vasconcellos – Folha de S.Paulo, 01/03/2012

“Quase 60% das mulheres estão insatisfeitas com o trabalho, segundo pesquisa da empresa de consultoria de gestão e serviços de tecnologia Accenture com mais de mil executivas em 31 países, incluindo o Brasil. O trabalho, que ouviu no total 3.900 executivos, incluindo homens, conclui que mais de 40% dos entrevistados avaliam a falta de oportunidade e de um plano de carreira como obstáculo. Apenas 20% citam as barreiras familiares. Apesar do descontentamento com o trabalho, mais de dois terços disseram que não pretendem deixar os empregos atuais.”
Maria Cristina Frias – Folha de S.Paulo, 02/03/2012

08ª semana de 2012

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“10 horas é o limite que uma pessoa pode trabalhar por dia segundo pesquisa do Instituto Finlandês de Saúde Ocupacional. Quem trabalha, além disso, duplica o risco de sofrer de depressão.”
Revista Você S/A – fevereiro de 2012

“No começo da carreira, eu era um pouco nervosinho. Hoje nada é dramático, tudo é um bom desafio para quebrar a cuca. Essa atitude contamina sua vida pessoal, sua relação com a família, e fica tudo mais tranquilo. Mas minha cadeira ainda precisa ser bem dura, para eu não passar muito tempo sentado nela e querer buscar novos desafios. Como artista, eu sou um eterno insatisfeito.”
Maurício de Sousa, 76, 51 de carreira, Revista Alfa – fevereiro de 2012

“Por que as pessoas querem estudar religião em vez de simplesmente viver suas religiões em seus templos e fé cotidiana? […] Resumo da ópera: dinheiro, status, angústia existencial, fé, política, opção profissional à mão ou simplesmente falta de opção.”
Luiz Felipe Pondé – Folha de S.Paulo, 20/02/2012

“O diploma de curso superior não tem assegurado, necessariamente, crescimento do poder de compra nos últimos anos, mostra recente estudo feito pelo IBGE. Na média, a renda dos trabalhadores com diploma universitário ficou praticamente estagnada de 2003 a 2011. […] Para o economista da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) João Saboia, a estagnação da renda média entre graduados mostra que não há um apagão generalizado de profissionais qualificados. Segundo o IBGE, o número de trabalhadores com curso superior cresceu 63% nos últimos oito anos. O economista do Insper (Instituto de Ensino e Pesquisa) Naércio Menezes recorre à lógica da oferta e da demanda para afirmar que o número maior de profissionais com nível superior limitou o ganho de renda nesse grupo. Mas isso varia de acordo com as áreas de formação, dizem os dois economistas. Saboia analisou o perfil dos cargos formais gerados para profissionais com ensino superior em 2010 e notou que a carência de mão de obra é mais concentrada em áreas de perfil técnico, como física, química, engenharia, matemática e biotecnologia. A demanda por esses profissionais vem crescendo com a expansão dos setores de construção civil, infraestrutura e petróleo, explica. Segundo levantamento feito pela da Folha a partir de dados do Ministério da Educação, apenas 13,6% dos alunos que concluíram a universidade entre 2001 e 2010 se graduaram em cursos de exatas como os listados acima. A grande maioria (67,6%) veio de áreas de humanas, como direito, educação, ciências sociais e artes. Saboia observa que parte desses profissionais não está conseguindo empregos em suas áreas.”
Mariana Schreiber – Folha de S.Paulo, 21/02/2012

“Já temos suficientes problemas no Ocidente, permitamos aos muçulmanos autênticos a tarefa de cuidar de si mesmos. O islã tem uma civilização de 1.400 anos de realizações impressionantes em intelectualidade, em espiritualidade, em cultura, em arte, em ciências e em organização social e política. O islã tradicional é uma civilização viva que tem moldado o pensamento e a vida de mais de um bilhão de pessoas espalhadas pelos cinco continentes.”
William Stoddart e Mateus Soares de Azevedo – Folha de S.Paulo, 21/02/2012

“O Brasil não quer dominar o mundo, o Brasil quer conquistá-lo, seduzi-lo. Não somos apenas um mercado emergente, somos também um estilo emergente. Vamos agora transformar essa folia em energia empreendedora.”
Nizan Guanaes – Folha de S.Paulo, 21/02/2012

“Na verdade, escrever é uma forma socialmente aceita de loucura. Nessa mesa somos todos loucos, cada um à sua maneira! Não basta ser louco, também tem que se ser alfabetizado.”
Rubem Fonseca – Folha de S.Paulo, 24/02/2012

“Caso o Brasil queira progredir mais, precisará resolver o problema da qualidade, que, apesar de uma lenta evolução, ainda é muito baixa. No último Pisa (2009), o exame internacional de desempenho de estudantes, ficamos em 53º lugar entre as 65 nações avaliadas. E não há dúvida de que o país precisa, com urgência, aumentar sua população com diploma universitário. Por aqui, a taxa bruta de escolarização no nível superior é de 36%, contra 59% do Chile e 63% do Uruguai. Isso, é claro, para não mencionar países mais desenvolvidos, como EUA (89%) e Finlândia (92%).”
Hélio Schwartsman – Folha de S.Paulo, 25/02/2012

“A Educação deve considerar o ser humano, o ambiente e a cultura e integrar os conhecimentos e todas as áreas. A música não deve ser colocada a serviço de outras disciplinas consideradas prioritárias porque ela é importante por si mesma, para a vida. O ser humano é musical.”
Teca Alencar de Brito, Nova Escola – janeiro/fevereiro – 2012

“Atualmente, tudo depende da habilidade para interagir com as pessoas. É isso que garante o alcance de qualquer resultado, do ambiente doméstico ao profissional. […] Ao ouvir com real atenção o que os outros falam, sentem ou querem, desenvolve-se a capacidade de relacionar-se de forma verdadeira, não necessariamente fazendo o que o amigo quer, mas entendendo aquela pessoa. Esse é o essencial.”
Fatima Motta, socióloga e professora da ESPM/SP, Revista Claudia – fevereiro de 2012

“Não se trata de usar gírias com o adolescente ou economês com o executivo. Mudanças bruscas ficam artificiais e pouco ajudam. O fundamental é ajustar o tom e utilizar diferentes exemplos para completar sua fala que combinem com o universo de quem a ouve.”
Rogério Martins, Revista Claudia – fevereiro de 2012

07ª semana de 2012

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“A guerra tradicional é um jogo masculino: as mulheres tribais nunca se reuniram em bandos para atacar tribos vizinhas. Como mães, elas têm incentivos para manter condições pacíficas para nutrir sua prole e garantir que seus genes sobrevivam na geração seguinte. Os incrédulos imediatamente responderão que as mulheres não travaram uma guerra simplesmente porque raramente tiveram posições de poder. Se tivessem assumido cargos de liderança, as condições existentes num mundo anárquico as obrigariam a adotar as mesmas decisões belicosas que os homens. Margaret Thatcher, Golda Meir e Indira Gandhi foram mulheres poderosas e todas levaram seus países à guerra. Mas é verdade também que essas mulheres chegaram à liderança agindo conforme as regras políticas do ‘mundo dos homens’. Elas conseguiram se adequar aos valores masculinos, o que permitiu sua ascensão à liderança. Num mundo em que as mulheres assumiram a metade das posições de liderança, elas devem se comportar de modo diferente no poder. E então, surge uma questão mais ampla: gênero é realmente importante na liderança? Em termos de estereótipos, vários estudos psicológicos mostram que os homens tendem a preferir o poder duro do comando, ao passo que as mulheres são mais colaboradoras e intuitivamente compreendem o poder brando da atração e da persuasão. […] Os caminhos exigidos para uma ascensão profissional e as normas culturais que os criaram e reforçaram não permitiram às mulheres adquirir os talentos exigidos para posições de alto escalão em muitas organizações. Pesquisas mostram que mesmo nas sociedades democráticas as mulheres enfrentam um risco social maior do que os homens quando tentam negociar, por exemplo, um aumento na sua remuneração. As mulheres em geral não estão bem integradas nas redes masculinas que dominam as organizações, e os estereótipos de gênero ainda prejudicam aquelas que tentam vencer as barreiras. Essa tendência começa a desaparecer nas sociedades com base em informação, mas é um erro identificar o novo tipo de liderança que necessitamos nesta era da informação simplesmente como ‘o mundo da mulher’. Mesmo positivos, os estereótipos são péssimos para mulheres, homens e uma liderança eficaz. Os líderes devem ser vistos menos em termos de comando heroico e mais no sentido de alguém que estimula a participação dentro de uma organização, grupo, país ou rede. Questões envolvendo o estilo apropriado – ou seja, quando adotar maneiras mais duras ou mais brandas – também são importantes para os homens e para as mulheres, e isso não deve ser ofuscado pelos tradicionais estereótipos de gênero. Em algumas circunstâncias, os homens terão de agir mais ‘como mulheres’, em outros as mulheres necessitarão ser mais ‘como homens’. Decisões cruciais sobre guerra e paz no nosso futuro dependerão não do gênero, mas de como os líderes combinarão os poderes duro e brando para criar estratégias inteligentes.”
Joseph S. Nye – O Estado de S. Paulo, 12/02/2012

“Mesmo sem ser uma questão assim tão nova, o debate sobre a inexistência de Deus reaparece hoje em 22 Estados do País, provocando a costumeira polêmica. Com debates, palestras, bate-papos e até shows de humor, o 1.º Encontro Nacional de Ateus ocorre após ter levantado na internet uma oposição até improvável: a crítica mais ferrenha e numerosa veio de ateus descontentes com a ideia de que um encontro se confunde com a criação de uma religião… de ateus. ‘Queremos o fim do preconceito contra nós, que não acreditamos em religiões, e fazer com que os ateus percebam que não estão sozinhos’, diz. Stíphanie afirma que o preconceito existe e é forte. ‘Quando estava na 8.ª série, estudava em uma escola católica e questionaram o que Deus significa para nós. Respondi que era desnecessário e acharam um absurdo, fui mandada para a psicóloga e tudo mais’.”
Paulo Saldaña – O Estado de S. Paulo, 12/02/2012

“Tom Rath e Jim Harter, especialistas em liderança e ambiente de trabalho do Instituto de Pesquisas Gallup, estavam terminando de tabular os resultados de uma pesquisa sobre bem-estar, realizada em 150 países, quando um dado insólito chamou sua atenção: em média, os entrevistados, não importa qual sua cultura ou nacionalidade, relatavam que o dia gratificante incluía seis horas de convivência com outras pessoas. Intrigados, eles fizeram novos testes, que confirmaram a hipótese. ‘As pessoas precisam de seis horas por dia de interação social para se sentirem revigorados. Sim, seis horas!’, escreveu o duo no Gallup Management Journal. Preocupados, clientes do Gallup questionaram Rath e Harter sobre a descoberta. Tempo gasto em redes sociais conta? O contato tem de ser face a face? São necessárias mesmo seis horas? Nenhuma dessas inquietações tem uma resposta exata. Para a geração mais jovem, o contato virtual parece ser satisfatório. Os mais maduros, de 30 a 46 anos, necessitam pelo menos de uma conversa ao celular. Para as de gerações anteriores, nada substitui o face a face, diz a dupla.”
Época Negócios – fevereiro de 2012

“O papel do novo líder será criar ambientes em que as competências múltiplas possam florescer.”
Anderson Sant’Anna, Revista Você S/A – fevereiro de 2012

“No topo cabe pouca gente; falta verdade e sobram tristeza, dúvida e solidão. Uma parte de Whitney Houston era super-humana, captando e moldando o inconsciente coletivo, devolvendo-o sob a forma de uma obra artística reconhecida por centenas de milhões de pessoas. Outra parte é humana, com anseios, desejos e inseguranças. A tensão gerada entre os dois polos é destruidora. Com tanta beleza e talento, só uma coisa poderia arruiná-la: ela mesma.”
João Marcello Bôscoli – O Estado de S. Paulo, 13/02/2012

“Tudo na minha vida veio no momento certo. Incluindo a minha filha, que eu tive com 39 anos. Muita gente perguntava se eu não queria ter tido filhos antes. Olha… a minha história está sendo contada desse jeito. Olhando pra trás, acho que não mudaria nada. Quer dizer, colocaria mais umas coisinhas, né? (risos) Mas eu respeito muito a minha trajetória. Tudo que vivenciei foi positivo no sentido de que nunca dei passo para trás. Se me coube agora ser protagonista, foi maravilhoso. Mas também sei que fui abrindo esse caminho – devagar e sempre. Acho que todo mundo precisa entender o ritmo em que as coisas acontecem. Senão a gente fica infeliz.”
Lilia Cabral, 54, atriz – O Estado de S. Paulo, 13/02/2012

“Qual o professor que não cumpre sua missão de educar mostrando qual seria a boa trilha a seguir pela vida? Educar é influenciar, não tem jeito. Mas educar é, ou deveria ser, acima de tudo, ensinar a pensar, e o pensamento com qualidade conduz, ou deveria conduzir, a duas lições que são as mais belas que um jovem pode aprender: a autonomia e o significado. Ser autônomo significa fazer suas próprias escolhas e assumir responsabilidades pro elas. Não quer dizer, cuidado, que se possa fazer o que se quer, atender a seus desejos desconsiderando totalmente as expectativas dos outros, do mundo. Autonomia é razão lúcida, equilíbrio, e pressupõe responsabilidade, maturidade, disposição para assumir seu destino. E ter significado quer dizer estar conectado com uma atividade que faça sentido, que nos dê a certeza de que estamos no caminho certo, fazendo o que gostamos e que aquilo que fazemos torna o mundo melhor.”
Eugenio Mussak, Vida Simples – fevereiro/2012

“Não acho que deva ser uma obrigação moral dos ricos dar de volta seu dinheiro. Mas, afinal de contas, que escolha eles têm? Não podem gastar tudo consigo mesmos e não é bom para seus filhos começar a vida super-ricos. […] Eu acredito que o altruísmo é a chave porque, para fazer a diferença, é preciso colocar toda sua energia e motivação nesse trabalho. […] Eu acredito em um sistema misto que não iguala a todos, mas em que os governos e os ricos dedicam especial atenção aos desassistidos. […] Desde 2000, quando começamos, mais de 1 milhão de crianças foram salvas da malária e o índice de mortes caiu em 20%. Em três ou quatro anos, erradicamos a poliomielite na Índia. É gratificante entregar a um agricultor uma semente que não irá morrer com a seca ou as enchentes que virão. Inovação, para mim, tem o poder de mudar o mundo. […] Eu viajo o mundo para dividir o que tenho aprendido e encorajar os outros a pensar grande quando quiserem doar.”
Bill Gates, Revista Alfa – fevereiro de 2012

“Entre negros e hispânicos há o dobro de homens e mulheres dispostos a se arriscar para salvar os outros, possivelmente porque, em geral, são mais expostos a injustiças.”
Giovannni Sabato, Mente Cérebro – fevereiro de 2012

“Quando alguém trabalha, dedica tempo para obter recursos monetários, mas deixa de dedicar tempo para sua família, para cuidar de sua saúde, para suas relações pessoais e para outros projetos pessoais. Muitas pessoas sentem dificuldade em melhorar seus conhecimentos porque dedicam tanto tempo ao trabalho que não sobra tempo para estudos. Trabalhar, portanto, rouba tempo que o trabalhador poderia dedicar a seus investimentos pessoais, consequentemente prejudicando o aumento de sua riqueza. É por essa interpretação que eu defino salário não como renda, mas sim como indenização.”
Gustavo Cerbasi – Folha de S.Paulo, 13/02/2012

“Nesta época de exibicionismo ululante… hoje, milhões de pessoas se expõem de todo jeito nas ‘redes sociais’ (sei de gente que já se ‘postou’ dando à luz ou fazendo xixi), frequentam lugares ‘para ver e ser vistos’. Como conciliar o justo cuidado com a privacidade e a obsessão dos 15 minutos de fama a que tantos se julgam com direito?”
Ruy Castro – Folha de S.Paulo, 13/02/2012

06ª semana de 2012

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“Nossa cultura tem sido a oposta (à prevenção): esperamos que os problemas não aconteçam ou que se resolvam por si só. Temos dificuldades em pensar e agir de modo sistêmico: entendendo que as partes da cidade se afetam entre si.”
Vinicius M. Netto – O Estado de S. Paulo, 05/02/2012

“Somos criaturas limitadas pelo tempo, com um início e um fim. O medo do fim, ao menos em parte, vem da falta de controle sobre a passagem do tempo. Não sabemos quando o nosso fim pessoal chegará. Então tentamos manter nossa presença mesmo após não estarmos mais presentes fisicamente. Isso porque só deixaremos de existir quando formos esquecidos. (O que você sabe do seu tataravô ou de outro parente do passado distante?) […] O que importa é o que se faz com a vida que se tem e não com a vida que um dia não vai existir mais. Se temos saúde, a coisa mais importante é a liberdade. Ser livre é poder escolher ao que se prender. Com apocalipse ou não, uma vida bem vivida será sempre curta demais.”
Marcelo Gleiser – Folha de S.Paulo, 05/02/2012

“Somos criados para vencer. A escola elenca os vencedores: o melhor aluno da classe, o time campeão, a mais bonita. Categorias que separam uns poucos vencedores da maioria perdedora. Irmãos lutam para superar uns aos outros, como se o mundo fosse um gigantesco Coliseu, e cada um de nós um gladiador. Amigos, colegas de trabalho, todos disputam. Mesmo no amor. Quantas vezes um homem quer conquistar a mulher mais deseja pelos outros, sem atentar a seus sentimentos mais profundos? O resultado é não sabermos aceitar perdas. Mesmo as dolorosas e inevitáveis da vida. […] É frequente encontrar pessoas incapazes de aceitar perdas. No ambiente profissional, nem se fale. […] A perda necessária pode exercer efeito positivo.”
Walcyr Carrasco, Revista Época – 06/02/2012

“Quando se fala em compulsão sexual, as pessoas levam para a brincadeira ou para o lado moral. Muitos ainda dizem que não existe, mas só quem viveu sabe como é ruim”, diz Hugo. […] Hugo começou a frequentar com sua mulher um grupo de reflexão de casais na igreja. Várias vezes chegava atrasado porque não conseguia sair de casa a tempo. Ficava navegando por páginas pornográficas.”
Letícia Sorg, Revista Época – 06/02/2012

“A pergunta que fica é: as pessoas não se dão conta de suas contradições? E a resposta é ‘muito pouco’. O psicólogo Drew Westen mostrou que, na política, emoções falam mais alto que a lógica. Ele monitorou os cérebros de militantes partidários enquanto viam seus candidatos favoritos caindo em contradição. Como previsto, eles não tiveram dificuldade para perceber a incongruência do ‘inimigo’, mas foram bem menos críticos em relação ao ‘aliado’. Segundo Westen, quando confrontados com informações ameaçadoras às nossas convicções políticas, redes de neurônios associadas ao estresse são ativadas. O cérebro percebe o conflito e tenta desligar a emoção negativa. Circuitos encarregados de regular emoções recrutam, então, crenças capazes de eliminar o estresse. A contradição é apenas fracamente percebida. A surpresa foi constatar que esse processo de relativização não se limita a desligar as emoções negativas. Ele também dispara sensações positivas, acionando circuitos do sistema de recompensa, que coincidem com as áreas ativadas quando viciados em drogas tomam uma dose. Em suma, políticos e simpatizantes sentem prazer ao ignorar suas contradições.”
Hélio Schwartsman – Folha de S.Paulo, 07/02/2012

“O ser humano é cheio de camadas e não é só racional. O ser humano mente, inclusive para si mesmo. O ser humano fala uma coisa com a boca e outra com os olhos. Um não pode ser um NÃO. Ou um naaaão!”
Nizan Guanaes – Folha de S.Paulo, 07/02/2012

“Olhe para nossas crianças menores de seis anos. Você percebe que há uma diferença enorme entre meninos e meninas? Meninos são moleques: se vestem e se comportam como moleques, têm interesses de moleques e brincam como tal. Já as meninas… Ah…. Elas são pequenas mulheres. Vestem-se como mulheres, se interessam por assuntos de mulheres feitas e gostam de brincar de ser mulher. Sem uma intervenção firme dos adultos, as meninas pulam a fase da infância com a maior facilidade. E por falar em intervenção firme dos adultos, temos feito isso, sim, mas no sentido contrário ao que deveríamos fazer. Meninas de nove anos são levadas pelos pais -pelas mães em especial- a comemorar o aniversário em salões de beleza. Elas ganham roupas provocantes e sapatos de salto precocemente, têm seu próprio arsenal de maquiagem etc.”
Rosely Sayão – Folha de S.Paulo, 07/02/2012

“No Brasil, o corpo é um capital. A crença de que o corpo jovem, magro e perfeito é uma riqueza produz uma cultura de enorme investimento na forma física e, também, de profunda insatisfação com a própria aparência. Quase 100% das brasileiras se sentem infelizes com o próprio corpo.”
Mirian Goldenberg – Folha de S.Paulo, 07/02/2012

“Parece que a possibilidade de respeitar a diferença passa pelo reconhecimento de que essa diferença constitui uma patologia ou uma espécie de malformação congênita. Alguns perguntarão: “não é melhor assim?”. Sem essa “injeção” de patologia (ou de teratologia), os diferentes seriam apenas julgados em nome de um moralismo qualquer: os drogados seriam vagabundos, os homossexuais, sem-vergonhas, e etc.”
Contardo Calligaris – Folha de S.Paulo, 09/02/2012

“O que ninguém conseguiu foi prever a incrível dimensão atingida pela internet. O que hoje não está na rede parece nem fazer parte da realidade. Tudo precisa ter um pé -quando não todo o corpo- na internet. E ter acesso a ela hoje passa a ser direito, a ter relação com cidadania, a ser uma nova forma de alfabetização e de inclusão. Toda essa força e velocidade de comunicação e informação, impensável há algumas décadas, parece ter vida própria, o que resulta em gigantesca dinâmica de transformação cultural. É uma mídia coletiva e anárquica, que soma esforços e inventividade de um sem número de pessoas -a maioria delas anônima. […] A questão é: que mudanças ela traz nas estruturas e nos valores já cristalizados nas sociedades, a ponto de confrontá-los para que daí surjam novas qualidades?”
Marina Silva – Folha de S.Paulo, 10/02/2012

“O número de livros lidos pelo brasileiro por ano é mais baixo do que mostrou a última pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, realizada em 2007 pelo Instituto Pró-Livro (IPL), associação privada composta por entidades do livro. Na ocasião, a média de livros lidos por ano era de 1,3 (sem contar os escolares) e 4,7 (incluindo os escolares). É certo que os dois índices tiveram decréscimo na nova pesquisa, cujos números só serão divulgados em 28 de março.”
Raquel Cozer – Folha de S.Paulo, 11/02/2012

“O cuidado dos doentes e a atenção à saúde das pessoas sempre fizeram parte do cristianismo. O próprio Jesus Cristo deu o exemplo, sempre atencioso com os doentes, que o procuravam em grande número (cf. Mt 9,35), assumindo sobre si as dores e os sofrimentos da humanidade (cf. Mt 8,17). Ao enviar os discípulos em missão, recomendou com insistência que também eles cuidassem dos doentes (cf. Mt 10,1). […] Se a implementação de políticas públicas eficazes de saúde para a população é uma incumbência dos governantes, não deixa de ser tarefa também dos cidadãos. Para quem tem fé religiosa, o caminho que leva a Deus nunca pode desviar da vias dolorosas em que jazem tantos irmãos… E para quem não tem fé, a própria sensibilidade humana desautoriza a ficar indiferente diante do sofrimento do próximo e da sua qualidade de vida diminuída.”
Dom Odilo P. Scherer – O Estado de S. Paulo, 11/02/2012

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