Sujeito te procura:

– por favor, você pode me ouvir?

– pois não…

– estou te procurando na esperança que meu grito de socorro seja percebido.

– pode falar.

– você não vai fugir?

– pode falar.

– você vai mesmo voltar seus ouvidos para mim?

– conte-me de você.

– meus dias estão desaparecendo diante de mim como fumaça e os meus ossos queimam como fogo. Meu coração está seco, totalmente seco. Não tenho apetite algum. Estou pele e osso e parece que é de tanto gemer. Além do mais, não durmo. A insônia me castiga há tempos. Pareço uma coruja, não consigo dormir, é horrível. Pareço um pássaro solitário no telhado. Sim, sinto-me só.

– e você não tem ninguém por perto?

– sim, tenho. Estou cercado de inimigos. Sofro bullying o tempo todo. É como se eu fosse um amaldiçoado que só recebe mais maldições.

– e sua alimentação?

– ah, como cinza, poeira, aí misturo com água, a água dos meus olhos e bebo.

– como é teu cotidiano?

– meus dias são uma escuridão que não para de crescer. Vivo na sombra. Sou como uma planta que vai murchando…

– você tem algum tipo de esperança?

– eu ainda espero em Deus, espero que ele se levante e aja com misericórdia. Eu vivo dizendo a ele que já é hora de ele mostrar compaixão, que aliás, está passando da hora. Acredito que ele pode reconstruir tudo. Que ele ouve a oração dos desamparados e que não despreza as súplicas desses.

– e você em relação a isso?

– eu penso em escrever a fim de que outros saibam. Para aqueles que vierem depois de mim tomem conhecimento disso. Já que meus dias são abreviados, que minha vida foi abatida no meio do caminho…

– você acha isso mesmo?

– Eu até pedi: “Ó meu Deus, não me leva no meio dos meus dias, ainda sou jovem para tanto. O Senhor vai durar pra sempre, mas eu tenho pouco tempo. Os teus dias não tem fim, as gerações vão passar e o Senhor continuará o mesmo, mas agora olha para essa geração.”

 

Essa poderia bem ser uma conversa entre você e o salmista, conforme se registra no Sl. 102. Com os salmos sabemos mais de nós, aprendemos a nos expressar melhor, e somos lembrados e desafiados a confiar em Deus. Leiamos e meditemos. Aproximemo-nos uns dos outros e de Deus.