Quais são suas perguntas nessa estação?
Quanto mais imaturos emocionalmente, mais a ansiedade tende a ganhar espaços. Logo, imaturidade é uma fase (ao menos, espera-se que seja só uma fase), onde se tem muitas perguntas e pouca paciência para respostas longas e complexas. Assim, o desejo pelas respostas prontas não costuma ser um bom indício para a maturidade emocional.
Um sinal interessante de transição rumo à maturidade é perceber que mais do que respostas, é importante atentar para quais perguntas estamos fazendo. Privilegiar determinadas perguntas pode ser mais sábio, mais estratégico, enfim, mais saudável para a vida.
E o tempo de cessar as perguntas, quando chega? Tendo a pensar que chega quando a vida acaba. Contudo, o que tenho visto na vida de gente madura que me inspira é que as perguntas diminuem em quantidade, mas, crescem em profundidade. Vão rareando, mas trazem raízes de uma vida. Descortinam dilemas assustadores, porém, amansados pelo tempo. Um apaziguamento de quem não precisou se agarrar às culpas para amenizar questões ainda mais comprometedoras.
Não é mais mera curiosidade ingênua, nem gula da alma, pois essa já entrou na dieta existencial. É querer menos, entretanto, saborear mais. É a dinâmica de quem não mais cai nas ciladas fáceis de ilusões baratas, na ânsia do comércio de bajulações, bijuterias de conhecimento, nas cifras do suposto saber, no consumismo da prateleira das ideias em promoção.
A maturidade é acompanhada da sabedoria em como usar o tempo cada vez mais precioso. Deixou de ser banal, não mais um bem descartável, nada de desperdícios.
O aproveitamento do tempo pode se manifestar com singeleza. Nada extraordinário aos olhos, provavelmente, da maioria, mas de uma riqueza singular para quem foi enriquecido com a maturidade. Pode ser uma simples e descontraída conversa, porém, o olhar que se dá não se encontra em qualquer lugar. É um colo oferecido que ganha dimensões de eternidade. Gestos delicados que comunicam mais do que longos diálogos. Onde o silêncio já não mais incomoda, antes, torna-se espaço de contemplação e acolhimento. E as pausas fazem parte da harmonia melódica da vida.
Há uma fase da vida onde tudo o que se quer é crescer, há outra onde o que se deseja é amadurecer. Nela o menos é mais. Aí o burburinho vai sumindo e o som denso do surdo (tambor) vai ditando novo ritmo. Há suavidade, apesar da firmeza. Há nitidez – ruídos desfalecem. Aí uma só voz é ouvida e os antigos gemidos cessam.
Ah! Com eu quero chegar lá!
Belo texto, Taís Machado.
Sempre me perguntei a razão de, normalmente, pessoas (ESMAGADORA MAIORIA EM TODO O PLANETA) terem de aprendem através de erros ou de experiências frustrantes (não raro trágicas).
A mim me parece menos árduo definir ou conceituar a imaturidade comparativamente a ter de fazê-lo em relação à maturidade, ‘inda que nos deparemos com os riscos do subjetivismo (este, a propósito, pode e deve ser considerado perigosíssimo).
A vida inteira, mesmo em sendo alongada, não se mostraria suficiente para nos declararmos “saciados” de respostas após plantarmos e colhermos inumeráveis perguntas.
Maduro, imaturo, imaturidade, maturidade, aparece pelo menos 15 vezes no texto. Dela, maturidade, se diz ser uma “fase”. “Fase” da vida?
Talvez — muito embora ao longo do texto a ‘casadinha’ tenha sido feita com sabedoria — isso estaria a indicar que maturidade está menos para fase da vida biológica propriamente, e mais para uma visão da autora (aqui com características comportamentais de natureza mais moral, tipicamente evangélica conservadora. Nada contra!), correta ou não, dependendo de como se vai entender ou conceber conceitualmente essa palavrinha e suas variantes. Isso ela não faz.
A autora nem define (estabelece balizas), nem qualifica propriamente maturidade e variantes, apenas descreve de modo circunspecto.
A abordagem sobre maturidade (em um primeiro momento, emocional) indaga se fazer perguntas é sinal de maior maturidade, melhor do que repetir as prontas.
Enquanto lia, pensava nos escritos de Salomão, especialmente a relação entre maturidade – envelhecer – sabedoria.
Tenho comigo que nada disso guarda relação um com outro. Não me parece verdade que à medida que se envelhece ficasse mais ou menos sábio. A meu ver, a sabedoria pode muito bem vir de crianças de peito (Sl. 8) quanto de um homem que pediu sabedoria no início e terminou perdendo-a.
A casadinha entre maturidade e sabedoria mais idade não é passaporte para qualquer juízo de valor. A calibragem está no indivíduo e não propriamente o que se pensa sobre tanto um (maturidade) quanto o outro (sabedoria).
Qual a idade da autora?
A julgar pelo texto, ela gostaria de envelhecer ou sabidamente ser madura em sabedoria à medida que os anos chegam célere ao seu fim?
Não sei.
Por mim penso que a vida, breve ou longeva, e já dobrei o ‘Cabo da Boa Esperança’, deve ser menos um momento de reflexão, mesmo porque estes fatalmente virão, e mais em vive-la com uma intensidade nunca vista; agora sim, mais com o vigor da juventude em um corpo gasto (Ecles. 12) e mais ainda com a expectativa de que se a vida é medida por metragem como se uma corda fosse, (já comi três quartos dela), o viver suplanta em muito a sabedoria!
Trocando em miúdos, se a sabedoria não for adquirida ao longo de anos de ‘maturação’, não será ao final — que certamente chegará, e célere! — que se gastará o ‘os minutos finais do segundo tempo’ senão na arte de ‘bem viver’ o amadurecimento conquistado.