Contando os dias

22ª semana de 2011

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“Um diretor de empresa deve ser criativo e sensível para o mundo. E as artes ensinam a buscar novas perspectivas, visões e possibilidades”.
Vera Lúcia Iamburus, 49, professora de artes, O Estado de São Paulo, 30/05/2011

“Vivemos um tempo de incertezas, de sinais confusos, de ausência de vínculos duradouros. Mas, ao mesmo tempo, o comportamento fluido e relativismo acaba, frequentemente, em arrebatos de dogmatismo ideológico. O relativismo, facilmente, transforma-se em autoritarismo. […] Aqui reside o ponto central, cuja discussão é incômoda para uma sociedade que não deseja utilizar o conceito ‘verdade’. Este seria apropriado apenas para uma agenda conservadora; os contemporâneos não deveriam utilizá-los mais. Mas será que a ‘verdade’ é tão incômoda? Porque ainda estamos imersos no sofisma moderno que confunde ‘ter um conhecimento certo sobre algo’ com ‘ser dono da verdade’. O engano está em equiparar ‘conhecimento limitado’ – que é onde sempre estaremos – com ‘todo conhecimento é inválido’.”
Carlos Alberto di Franco, O Estado de São Paulo, 30/05/2011

“Ócio criativo não é preguiça ou não fazer nada. É fazer três coisas simultaneamente: estudo, trabalho e jogo. […] Sou contra a multitarefa! Você faz muitas coisas que não se somam, se subtraem. O ócio criativo é uma síntese.”
Domenico de Masi, 70, sociólogo italiano, O Estado de São Paulo, 31/05/2011

“A mutação cultural dos últimos anos foi tão forte, a turbulência no mundo pós-industrial dissolveu tantas certezas, que caímos num vácuo de rotas.”
Arnaldo Jabor, O Estado de São Paulo, 31/05/2011

“A sociedade, de tão assustada diante do seu próprio horror, tenta inventar respostas que justifiquem o injustificável.”
Jorge Forbes, psicanalista, Revista Psique & Vida, maio de 2011

“Uma situação alarmante: 57,7 milhões de cidadãos com mais de 18 anos sem Ensino Fundamental completo e cerca de 14 milhões de analfabetos.”
Alexandre Barros, Revista Nova Escola – maio de 2011

“Nos tempos que correm somos praticamente todos leitores, mas cada vez menos leitores de livros.”
Hugo Miguel Costa, Revista Vida Simples – junho de 2011

“Na visão do capitalismo consciente, a empresa por natureza, deveria ser sempre social e, na visão do capitalismo competitivo, a empresa, por natureza, nunca é social. Precisamos que todos os setores estejam engajados nessa nova atitude. Tudo isso não é fácil em um mundo acostumado com o desenvolvimento tecnológico e o progresso sem limites – e, certamente, criar uma concepção de progresso inspirador é uma grande ambição”.
Marcus Lopes, Diretor de Desenvolvimento Sustentável do Instituto Rio Carioca – Revista Liderança – maio de 2011

21ª semana de 2011

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“Acontecem às vezes momentos maravilhosos em lugares deslumbrantes, com pessoas incríveis, e se imagina que aquele é um dos grandes momentos da vida, se imagina até mesmo que aquilo é a felicidade. Anos depois, desses momentos só vai sobrar uma foto, se sobrar, e na memória, quase nada; no coração, nem pensar. Bom mesmo é ser feliz e perceber.”
Danuza Leão, Folha de S.Paulo, 22/05/2011

“O futuro se ancora nas escolhas que fazemos hoje, dentre aquilo que a vida nos apresenta e nossas criações próprias. Vivê-lo com qualidade ou jogá-lo fora depende de nós. Nos é dado redimensionar e reorganizar em nós o passado, mas, óbvio, não o viveremos mais. Passado e futuro são referências apenas do presente. É disso que trata uma psicanálise.”
Plinio Montagna, Folha de S.Paulo, 22/05/2011

“Como não mede sabedoria, a escola não tem espaço para ela, apenas para equações de terceiro grau. […] E a formação no que realmente interessa para ser um cidadão pleno, com inteligências quantitativa e emocional equilibradas?”
Ricardo Semler, Folha de S.Paulo, 23/05/2011

“Controlar a situação não é ter as pessoas sentadas quietas, mas sim, tê-las envolvidas. Quando entro em uma classe as pessoas olhando quietas para o professor, não considero essa uma boa experiência de aprendizagem.”
Brian K. Perkins, Folha de S.Paulo, 23/05/2011

“Você quer mesmo aquilo que pensa em comprar? Ou é apenas um estímulo vindo de um vendedor habilidoso? Se quer, você precisa do que vai comprar? Se não lhe trouxer utilidade duradoura, esqueça. Há uso mais inteligente para seu dinheiro.
Se você quer e precisa, pergunte-se: você pode comprar?”
Gustavo Cerbasi, Folha de S.Paulo, 23/05/2011

“Vivemos no mundo da opinião pública e “ter opinião sobre tudo” é um fetiche típico do espírito de classe média. Alexis de Tocqueville (1805-1859) já dizia que a democracia é tagarela. Quando se depende da opinião pública já não há mais saída para escapar das “redes sociais” típicas do mundo contemporâneo, no qual as pessoas têm opinião sobre tudo.”
Luiz Felipe Pondé, Folha de S.Paulo, 23/05/2011

“O que temos feito para que esses jovens (entre 18 e 30 anos) amem a vida, desenvolvam o autocuidado e atitudes de respeito por si mesmos, tratem suas emoções com delicadeza e construam um projeto de vida que lhes permita olhar para o futuro como um alvo a ser alcançado e não uma fatalidade ou determinação? Temos estimulado o consumo na vida deles, de todos os modos. Carro, telefone celular e computador, por exemplo, não são desejados por eles pelas suas funções básicas e sim pelo modelo, pelas funções complementares, pela aparência e, principalmente, pelo status que a posse desses objetos lhes confere. Um jovem sente que tem mais valor quando tem um carro, mesmo que não tenha sido fruto de seu trabalho.”
Rosely Sayão, Folha de S.Paulo, 24/05/2011

“Experimentamos aguda alteração nos valores, nas atitudes e nas referências. Muito do que, até pouco tempo, servia para orientar, sustentar e reagir diante dos problemas tem perdido vigor, trazendo, a pessoas e grupos, a forte sensação de perplexidade diante de como pensar, sentir e agir.”
Raymundo Damasceno Assis, Folha de S.Paulo, 23/05/2011

“O sociólogo Sören Petermann, pesquisador da Universidade de Halle-Wittenberg, na Alemanha, estima que cada pessoa tenha uma rede social com 11 integrantes, em média. A amplitude de disseminação, no entanto, é grande: nesse formato, atinge até 30 indivíduos. Petermann distingue três tipos de apoio social: instrumental (ajudar durante fase de mudança; realizar tarefas juntos), emocional (ouvir o outro e apoiá-lo em momentos difíceis; aconselhar) e companheiro (participar de atividades sociais e de lazer como festas e passeios). Segundo a regra geral, o apoio companheiro é o mais fácil de ser encontrado, já o instrumental é o mais difícil. É comum encontrar em pequenos grupos pessoas que reúnem em si os três aspectos. Quanto maior uma comunidade, quase sempre mais especializados são os papéis de cada um. Em redes on-line como Facebook ou Twitter é teoricamente possível manter centenas de contatos. No entanto, encontram-se de fato, em média, apenas seis parceiros-referência com os quais as pessoas trocam experiências. Em resumo: mesmo na internet não se costuma cultivar redes de relacionamento maiores – para tanto, à maioria simplesmente falta tempo.”
Nikolas Westerhoff, Revista Mente e Cérebro, maio de 2011

“Toda vez que os pais fazem alguma ação que o filho já é capaz de fazer, chamamos isto de distorção de relacionamento, porque a finalidade dos pais, no íntimo, é se tornar inútil para os filhos. Se torna inútil, mas afetivamente importante, sempre.”
Içami Tiba, Revista Psique & Vida, maio de 2011

20ª semana de 2011

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“As psicólogas holandesas Elianne van Steenbergen e Naomi Ellermers, da Universidade de Leiden, entrevistaram mulheres que tinham grande sucesso profissional e eram engajadas em várias causas e projetos pessoais. Segundo as entrevistas, ‘as supertrabalhadoras’ se sentiam ainda mais ativas quando se dedicavam à vida afetiva, aos parceiros, filhos e amigos. Já as que se dedicavam apenas à profissão, em detrimento de relações pessoais, mostravam-se mais cansadas e insatisfeitas. O resultado indica que não há, necessariamente, contradição entre trabalho e família – o maior desafio parece ser encontrar tempo para diversificar os interesses e investimentos afetivos e, assim, ter a possibilidade de viver experiências mais satisfatórias em diversas áreas.”
Nikolas Westerhoff, Revista Mente e Cérebro, maio de 2011

“Se alguém perguntar se sua vida foi, até agora, um sucesso ou um fracasso, o que você vai responder? O que é ter tido uma vida de sucesso? Bem, depende de cada um. […] Temos todos -quase todos- excelentes razões para achar que nossa vida foi gloriosa ou um vale de lágrimas. Você, por exemplo, já deve ter passado por ótimos e por péssimos momentos; quais ficaram na sua cabeça, ou melhor, no seu coração? Os melhores ou os piores?”
Danuza Leão, Folha de S.Paulo, 15/05/2011

“Pesquisa da faculdade de saúde pública de Harvard revela que sim: tanto a tristeza como a felicidade ‘pegam’. Usando recursos da epidemiologia, os pesquisadores mediram como pessoas que demonstram alegria propagam uma atitude mais positiva entre familiares e amigos, gerando um contágio. Viram também que a tristeza passa por fenômeno semelhante, mas (felizmente) sem a mesma intensidade da felicidade. A informação é baseada no acompanhamento de 5.000 pessoas durante 20 anos.
Os cientistas da felicidade, usando equipamentos de ressonância magnética e grupos de controle, estão dando caráter científico a práticas milenares, como a meditação. Esse conhecimento já vem sendo experimentado nos hospitais para ajudar na recuperação de pacientes.
Também nos hospitais são feitos testes que revelam como pessoas alto-astrais têm menos propensão a problemas do coração, hipertensão, diabetes ou infecções respiratórias. Vemos, assim, como determinadas sensações provocam reações bioquímicas no corpo.”
Gilberto Dimenstein, Folha de S.Paulo, 15/05/2011

“Hoje, não queremos apenas ser felizes. Sentimos a obrigação esmagadora de o ser: de acumular os objetos, as experiências e as aparências de uma utopia pessoal tão devastadora como as utopias coletivas do passado. […] Quem vive para um único fim perfeito não pode tolerar uma multidão de momentos imperfeitos.”
João Pereira Coutinho, Folha de S.Paulo, 17/05/2011

“Em muitas dessas vezes, a origem da depressão não é uma perda, nem propriamente uma frustração, mas a aparição de um desejo novo que não foi reconhecido. E os novos desejos, sobretudo quando são silenciados, desvalorizam a vida que estamos vivendo.”
Contardo Calligaris, Folha de S.Paulo, 19/05/2011

“Acho que as corporações são abatedouros da alma humana. Ainda temos um longo caminho pela frente até encontrar o equilíbrio entre vida pessoal e trabalho. A natureza das empresas é fazer o profissional trabalhar o máximo possível. Elas querem fazer dinheiro”.
Nigel Marsh, 48, presidente de uma empresa do grupo Young & Rubicam, Você S/A, maio de 2011

“Há muitas oportunidades no Brasil, em todos os setores da economia – agricultura, petróleo, gás, etanol, energia elétrica, aviação. O setor privado brasileiro é um dos mais fortes do mundo.”
William Rhodes, banqueiro americano, Revista Época, 16/05/2011

18ª semana de 2011

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“Achei curiosos os resultados da pesquisa da Ipsos sobre crenças religiosas. O Brasil é o terceiro país onde mais se acredita em Deus (84% dos entrevistados), atrás apenas de Indonésia (93%) e Turquia (91%). A média mundial é 51%. O Brasil também é o terceiro onde mais se acredita que a vida pós-morte não tem nem inferno nem pecado (32%), seguindo México(40%) e Rússia (34%), e o segundo onde mais se acredita em reencarnação (12%), atrás da Hungria (13%). Outros 28% acreditam que vão para o paraíso ou inferno. O país é o quarto em crença no criacionismo (47%, contra 28% da média mundial), à frente inclusive dos EUA (40%). No Brasil, só 3% não acreditam em entes ou forças superiores (no mundo, 18%; na França, 39%) e apenas ouros 4% têm dúvidas (no mundo, 17%). Em outros termos, o Brasil talvez seja o país menos materialista ou secular do mundo. Somando as três crenças (Deus, vida pós-morte e criacionismo), atinge uma combinação de resultados que nenhum outro atinge. A esmagadora maioria nem sequer aceita a hipótese de que não existem fenômenos sobrenaturais e de que ao morrer vão desaparecer totalmente.”

Daniel Piza, O Estado de S.Paulo, 01/05/2011

 

“A Igreja hoje é uma fogueira se apagando. Há cinza demais cobrindo uma única brasa enfraquecida. Beatificar João Paulo II apenas seis anos depois de sua morte é soprar desesperadamente essa brasa na esperança de que a fogueira volte a arder.”

Etienne Samain, 72, teólogo, antropólogo e professor da Unicamp – O Estado de S.Paulo, 01/05/2011

 

“O cérebro assimila o que usa com frequência, não é a toa que somos viciados em celular, computador, TV. Aquilo é parte de nós. A imortalidade para mim vai chegar, mas vai acontecer de outra maneira: quando pudermos fazer um download dos nossos pensamentos, das nossas ideias, das nossas memórias. Isso é possível.

Miguel Nicolelis, neurocientista brasileiro, O Estado de S.Paulo, 02/05/2011

 

“O Brasil ocupa a terceira posição em páginas visitadas nas redes sociais, atrás de EUA e Rússia. No portal de vídeos do YouTube, o País também não faz feio. Está entre os cinco maiores usuários do mundo. Os dados são da consultoria americana comScore, especializada em serviços online. […] Segundo dados da consultoria, mesmo com as limitações de infraestrutura, a audiência da internet no Brasil cresce 20% ao ano, contra uma média mundial de 8%. E há mais de 40 milhões de brasileiros que acessam a internet em casa ou no trabalho, o que torna o País o oitavo mercado do mundo entre as maiores consumidores de bit e bites.”

Marili Ribeiro, O Estado de S.Paulo, 02/05/2011

 

“O Brasil é o país com maior proporção de empreendedores entre todos do G20: 17,5% da população adulta.”

Revista Veja, 04/05/2011

 

“Descobri que você encontra segurança não quando a procura, mas quando aceita os mistérios e as incertezas da vida. Não é uma busca externa, mas uma entrega interna. É a diferença entre passar pela vida e deixar a vida passar por você.”

Michael Kepp, Folha de S.Paulo, 03/05/2011

 

“Como temos tratado as crianças pequenas. Temos nos ocupado tanto com seu futuro que esquecemos que elas têm um presente que precisa ser vivenciado, explorado, vivido até as últimas consequências. Aliás, antes de tudo, vamos lembrar que a maneira como vivemos o presente ajuda a desenhar o traçado do futuro. Será que, porque o destino da criança é crescer, precisamos fazer com que isso aconteça o mais rapidamente possível? Não faz o menor sentido pensar e agir assim. Seria a mesma coisa pensar que, já que vamos mesmo morrer, não faz o menor sentido viver, não é verdade? […] A criança deve ter o direito de ser criança enquanto pode. Deveríamos, todos, defender essa causa.”

Rosely Sayão, Folha de S.Paulo, 03/05/2011

 

“A quantidade de brasileiros com mais de 50 anos empregada cresceu 56%. Agora, ela constitui 22% do total da mão de obra no país.”

Revista Veja, 04/05/2011

12ª semana de 2011

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“Os jovens aprendem, desde muito cedo, a deixar a sua atenção flutuar entre várias coisas, mas também que conseguem baixar a âncora quando querem. Só quando querem, e não também quando precisam. […] O mundo exige as duas coisas: capacidade de atenção concentrada e também a de realizar bem várias tarefas simultaneamente. Se os jovens têm potencial para desenvolver as duas habilidades, devemos, então, contribuir com isso. Para completar, fica faltando apenas a nossa colaboração com os jovens no sentido de apontar para eles que a realidade exige mais do que exercer nosso potencial em função do querer; é preciso também considerar o dever e a necessidade.”

Rosely Sayão, psicóloga, Folha de S.Paulo, 22/03/2011

 

“A culpa é mais um sentimento difuso que vai do fígado ao coração, assombrando o cérebro, escurecendo a visão, um zumbido nos ouvidos, que faz do mundo opaco. Uma ameaça que inunda o sangue. Como uma náusea que não se sabe de qual órgão do corpo vem, nem para qual faculdade da alma se dirige. Um afeto incômodo, mas que faz você sentir que ainda tem corpo e alma, como numa intoxicação que paralisa o cotidiano.”

Luiz Felipe Pondé, Folha de S.Paulo, 21/03/2011

 

“Quando o assunto é mídia social, o Brasil aparece como protagonista: é o país mais conectado do mundo, com adesão de 86% dos usuários em uma média de cinco horas mensais de navegação em páginas virtuais. E mais de um quinto dos internautas brasileiros está no Twitter: os tuiteiros representam 21,8% da população on-line do país, segundo pesquisa da comScore realizada em dezembro e divulgada no fim do mês passado. Isso deixa o país no topo do ranking mundial do índice de tuiteiros, ficando atrás apenas da Holanda. Na terra das papoulas, 22,3% dos internautas estão no Twitter.”

Alexandre Orrico, Folha de S.Paulo, 23/03/2011

 

“Tudo é cada vez mais temporário, previsível, instantâneo, pragmático. Considerando o uso e o acúmulo que se faz das coisas, um mercado assim até poderia ser chamado de racional, se não fosse claramente irracional.”

Luli Radfahrer, Folha de S.Paulo, 23/03/2011

 

“No futuro, o estrategista de sucesso terá uma noção holística e empática de clientes e será capaz de converter insights um tanto quanto vagos num modelo de negócios criativo que possa ser prototipado e revisto em tempo real. Para tanto, terá de ser um bom comunicado, aceitar de bom grado a ambiguidade e estar pronto para abandonar a busca de respostas simples, diretas ao ponto.”

Roger L. Martin, reitor da Rotman School of Management (University of Toronto), no Canadá – Harvard Business Review, março de 2011

 

“Devanear é parte da condição humana. Mesmo que o conhecimento hoje seja acelerado e as pessoas ajam de maneira mais autômata, é fundamental devanear.”

Fernando Milton, psiquiatra, Revista Vida Simples – março de 2011

11ª semana de 2011

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“A diversificação de ‘produtos’ de pós-graduação é uma consequência esperada do movimento que está transformando a educação numa mercadoria mais ou menos como outra qualquer. O problema é que essa transformação ainda não está completa, e nossos cérebros ficam divididos entre dois registros por vezes antagônicos: o pedagógico e o mercadológico. Pelo primeiro, a educação é um valor em si mesma. Nós estudamos para aprender -e não por razões instrumentais. Aqui, as avaliações deveriam ser feitas exclusivamente com base nos conhecimentos do examinando. Já pelo paradigma mercadístico, a educação é um meio para obter os melhores cargos e mais renda. […] Às vezes, a divisão de nossos cérebros em módulos produz paradoxos, como rejeitar coisas em princípio equivalentes devido a diferenças na forma como são apresentadas.”

Hélio Schwartsman, Folha de S.Paulo, 13/03/2011

 

“O que sabemos da natureza depende do que podemos medir. Portanto, a busca por teorias unificadas deve ser constantemente revisada à medida em que descobrimos mais. Todos os esforços passados falharam porque não podemos prever o que mediremos no futuro. Uma teoria de supercordas do século 21 pode coletar (unificar) o que sabemos até hoje, mas não pode ser definitiva. Nosso conhecimento do mundo é necessariamente incompleto.”

Marcelo Gleiser, Folha de S.Paulo, 13/03/2011

 

“As catástrofes climáticas vão consumindo bilhões mundo afora. Compulsoriamente este dinheiro terá que aparecer. Agora, quando fundos são criados para garantir a possibilidade de um outro futuro, bom… Parece que fica sempre para depois.”

Ricardo Young, Folha de S.Paulo, 14/03/2011

 

“Temos uma enorme e urgente batalha a travar, quase vergonhosa: precisamos alfabetizar 100% de nossas crianças até a 2ª série. Essa precisa ser uma obsessão, pois sem essas fundações sólidas não há como erguer o edifício do conhecimento. […] Um estudo com alunos de 10 anos de idade que acaba de ser divulgado na Austrália mostra que aqueles que tiveram aleitamento materno por seis ou mais meses apresentavam desempenho acadêmico superior.”

Gustavo Ioschpe, Revista Veja, 16/03/2011

 

“A influência da arte nos negócios é maior do que se pode imaginar. Uma pesquisa da Fundação Dom Cabral (FDC) mostra que artes plásticas podem ser uma ferramenta importante para romper modelos mentais e instigar novos pontos de vista. ‘A arte inova, choca, convida o outro à reflexão’, afirma a pesquisadora Isa Mara Cardoso, que realizou o estudo com Ricardo Carvalho, professor da FDC. Ações criativas, como desenhar e misturar tintas, também colaboram para o desenvolvimento de habilidades executivas, como persistência, autocrítica e observação”.

Revista Época Negócios, março de 2011

 

“A questão da ruptura é central, queremos romper com a lógica do capitalismo. E queremos fazê-lo de milhares de formas diferentes. Vamos criar espaços onde não vamos reproduzir a lógica do capital, onde vamos fazer outras coisa, ter outros tipos de relações, desenvolver atividades que tenham sentido para nós. […] Tratar o amor como uma tentativa de criar uma relação em que não se aceita a lógica gananciosa e mercantil do capital. A única forma de pensar na revolução é em termos da criação, multiplicação e expansão dessas fendas, porque elas se movem, são dinâmicas.”

John Holloway, Revista Caros Amigos, março de 2011

 

“Gostaria de chegar mais cedo nos compromissos, e não em cima da hora. Em algumas situações, não fui tão pontual como gostaria. Mas agora tenho mais consciência das consequências disso. O objetivo final é fazer o relógio trabalhar a meu favor: não ser escrava dele, mas saber usá-lo, sem ansiedades. […] Saber trocar de ritmo, ou seja, ser pontual e seguir o relógio quando queremos produtividade, mas também saber relaxar quando é a hora. Para fazer isso, é preciso abrir as engrenagens de nosso relógio interno, descobrir como ele funciona e o que pode ser melhorado. Perguntar: quero realmente, ou preciso, fazer isso? Não é fácil responder, nem mudar. Mas, ao final, é uma questão de descobrir: o que é realmente importante na minha vida? E então sermos gentis com nós mesmos, nos darmos um presente: o controle do nosso próprio tempo.”

Jeanne Callegari, Revista Vida Simples, março de 2011

10ª semana de 2011

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“Não resta dúvida de que o mundo de hoje pôs nas mãos das pessoas novos recursos tecnológicos, meios outros de comunicação e criação de formas, tanto no espaço como no tempo, e tudo isso gera novas possibilidades de inventar mensagens e imagens inusitadas. É natural, portanto, que os artistas se sintam tentados a abandonar as técnicas de expressão tradicionais e busquem criar, com os novos meios, um inesperado universo de relacionamentos semânticos. […] O problema talvez esteja no fato de que, não tendo uma linguagem própria, o artista se encontra a braços com uma experiência sem limites, que o leva, com frequência, a perder-se na gratuidade do que concebe.
A tendência, por isso, é entregar-se ao exótico ou à extravagância, ao invés de buscar o rigor e os limites necessários à realização estética, qualquer que seja o meio que utilize. A obra tem que, por sua qualidade, afirmar-se necessária a quem a aprecia. Aí reside o xis da questão. Porque toda obra de arte é uma invenção, o artista, ao começá-la, nunca sabe como ela será quando concluída. É que, em sua elaboração, os fatores casuais têm papel decisivo: realizá-la é tornar necessário o que surgiu por acaso.”

Ferreira Gullar, Folha de S.Paulo, 06/03/2011

 

“A preocupação central não é obter uma nota, mas desenvolver a capacidade de se entregar à aventura do conhecimento.”

Gilberto Dimenstein, Folha de S.Paulo, 06/03/2011

 

“Um bom teste para saber se o que você está aprendendo vale a pena é ver se o conteúdo em questão visa te deixar feliz. Se for o caso e você tiver uns 40 anos de idade, você corre o risco de sair do ‘curso’ engatinhando como um bebê fora do prazo de validade. A mania da felicidade nos deixa retardados. Querer ser feliz é uma praga. Quando queremos ser felizes sempre ficamos com cara de bobo. Preste atenção da próxima vez que vir alguém querendo ser feliz. Mas hoje em dia todo mundo quer deixar todo mundo feliz porque agradar é, agora, um conceito ‘científico’. Quem não agrada, não vende, assim como maçãs caem da árvore devido à lei de Newton.”

Luiz Felipe Pondé, Folha de S.Paulo, 07/03/2011

 

“Hoje há muitos que acreditam que o dinheiro, além de comprar uma vida mais “rica”, também garante a qualidade da morte: por meio dele, os abastados despedem-se deste mundo no ambiente glamuroso de “hospitais-boutique”, sob os cuidados dos “médicos da moda”. Mas será que as coisas são tão simples? Por um lado, ainda que a pobreza torne a vida difícil, é ingênuo pensar que a riqueza, por si só, seja capaz de resolver os enigmas que a existência nos impõe, magnatas ou não. E o remorso não raro corrói a paga que os “eleitos” recebem por sua ganância.”

Cláudio Guimarães dos Santos, Folha de S.Paulo, 09/03/2011

 

“Um relatório divulgado pela Unesco (braço das Nações Unidas para a educação), na terça-feira 1º, revela que o Brasil investe 1.598 dólares (2.659 reais) por ano com cada estudante das séries iniciais do ensino fundamental. O valor corresponde a menos de um terço dos 5.557 dólares (9.246 reais) aplicados pelos países desenvolvidos. Apesar da diferença acentuada na comparação com as nações ricas, o investimento brasileiro é o dobro do que era feito em 2000. O estudo ainda revela que o País se mantém no 88º lugar no ranking de desempenho educacional, atrás de países como Bolívia e Equador, nossos vizinhos mais pobres.”

Carta Capital – 09/03/2011

 

“O dramatismo é a praga da época e afeta empresas de todos os portes e setores. Seus líderes assumem comportamentos de celebridades, valorizando a imagem mais do que os fatos. Seus colaboradores colocam suas carreiras acima de tudo, sempre preocupados em passar uma boa impressão. Rituais, eventos e comemorações sucedem-se, transformando o ambiente em teatro ininterrupto.”

Thomas Wood Jr., Carta Capital – 09/03/2011

 

“A concepção do bem público como algo valoroso nunca é espontânea, mas sim, fruto de um forte empenho por parte do estado e das famílias”.

Roberto Romano, filósofo, Veja – 09/03/2011

 

“1) Nada torna a vida interessante tanto quanto a descoberta de nossa própria complexidade; 2) Talvez a função mor da cultura seja a de nos dar acesso a partes de nosso âmago que normalmente escondemos de nós mesmos; 3) Conclusão: se conseguimos viver plenamente, é graças a autores, atores, intérpretes etc. que nos revelam nosso próprio lado B (e C e D). “

Contardo Caligaris, Folha de S.Paulo, 10/03/2011

 

“[Posso deixar o PSB] pela incompatibilidade, pela incoerência que isso representaria. [O partido] cresce [com a fusão], mas cresce inchando. O inchaço é doença e mata.”

Luiza Erundina, deputada federal e ex-prefeita de SP – Folha de S.Paulo, 10/03/2011

 

“Informe da ONU alerta para a redução do número de colônias de abelhas – responsáveis pela polinização e essenciais para garantir alimentação das pessoas – em várias partes do mundo. Entre as causas está o uso excessivo de inseticidas. De cem espécies que contribuem com 90% dos alimentos, 70% são polinizadas pro abelhas.”

Afra Balazina e Fátima Lessa, O Estado de S.Paulo, 11/03/2011

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