Posts tagged sociedade

21ª semana de 2012

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“O registro de um trauma depende da pele psíquica de cada um, do quanto aquela agressão fere a pela psíquica do indivíduo. […] Freud tem uma passagem sobre o desamparo em que o localiza no nascimento do ser humano. O bebê humano, diferentemente do de outras espécies, é indefeso. Deixado à própria sorte, não consegue nem se virar, morre. Isso cria um registro na mente infantil, que gera o medo do desamparo.”
Reinaldo Morano O Estado de S.Paulo, 20/05/2012

“Definitivamente, sustentabilidade não é abraçar árvores. É adotar uma nova postura com respeito às pessoas, ao negócio, aos fluxos financeiros, aos investimentos e às decisões comerciais. É a forma pela qual as empresas alcançarão resultados a partir de agora: inovando nas relações.”
Altair Assumpção, Antonio Lombardi e Marcelo Tôrres – O Estado de S.Paulo, 21/05/2012

“O sistema é corrupto e feio. E mudar isso é quase impossível. A política é igual à educação: zero.”
Romário, Revista Caros Amigos – maio de 2012

“Um bom líder deve ter coragem para defender aquilo que acredita. Mas liderança também significa dar e receber, não entrar numa negociação com seu ego em jogo. O que fez de Nelson Mandela um grande líder depois de quase 28 anos de prisão? Mandela não acreditava num jogo de soma zero. Não acreditava que o outro lado tinha de ser esmagado a fim de vencer. […] É possível superar diferenças. O segredo é minimizar os extremos em qualquer tipo de relacionamento e permanecer em um sensato centro.”
Christiane Amanpour – Harvard Business Review – maio de 2012

“Seis em cada dez trabalhadores ingleses consideram a possibilidade de trocar de carreira para voltar a crescer profissionalmente. Entre os empregados canadenses, americanos e franceses, três em cada dez pensam em fazer o mesmo movimento. Essa é a conclusão de uma pesquisa recente, feita com mais de 4600 funcionários de empresas na Europa, na América de Norte e na Ásia. Os profissionais querem trocar de carreira para fugir da estagnação que assolou companhias e setores inteiros em seu país. Segundo o levantamento da recrutadora Monster Worldwide, apenas 15% dos empregados afirmam não ter sido impactados pela desaceleração da economia.”
Luiz de França – Revista VocêS/A – maio de 2012

“A relação entre essência e aparência, ou entre ‘quem somos’ e ‘o que mostramos para os outros’ é um tema antigo, que sugere que o problema tem caminhado junto com a humanidade. O que mudou bastante, principalmente nos últimos anos, é a questão da exposição. Hoje, nos mostramos muito mais aos outros – e as redes sociais estão aí para comprovar isso. Sabemos mais na vida alheia, conhecemos mais suas preferências, seus gostos. ‘Atualmente, é nítido que há mais espaços para a exposição de si mesmo, mas o problema existencial continua’, explica Luís Mauro Sá Martino, doutor em ciências sociais pela PUC-SP. Afinal, se a aparência está mais visível, a essência, essa linha mestra que nos define, muitas vezes fica para segundo plano, o que leva as pessoas mais a aparentar do que, de fato, ser. E o que somos – ou como achamos que somos – leva em conta, no mundo contemporâneo, um conjunto de características culturais e individuais: gênero, comunidade, afeto, emoção e vínculos políticos, por exemplo. ‘A moderna noção de pessoa começa no século 18, com o princípio de que todos os seres humanos são livres e iguais. Hoje essa noção, ganhou outras dimensões – o afeto, a emoção e o respeito às diferenças, por exemplo’, afirma Martino.”
Rafael Tonon – Revista Simples – maio de 2012

“Num contexto cultural patriarcal e machista como o nosso, a agredida tende a ser condescendente com o agressor. A lei precisa proteger a agredida dela mesma, de sua vulnerabilidade histórica”.
Carlos Ayres Britto, Revista Claudia – maio de 2012

19ª semana de 2012

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“Certamente porque não é fácil compreender certas questões, as pessoas tendem a aceitar algumas afirmações como verdades indiscutíveis e até mesmo a irritar-se quando alguém insiste em discuti-las. É natural que isso aconteça, quando mais não seja porque as certezas nos dão segurança e tranquilidade. Pô-las em questão equivale a tirar o chão de sob nossos pés.”
Ferreira Gullar – Folha de S.Paulo, 06/05/2012

“O maior perigo é quando sua maior amiga está passando por uma crise e pede um conselho. As pessoas só querem que se diga o que elas querem ouvir, e há até quem ache que amigo só existe para dar razão quando não se tem razão – você não sabia?”
Danuza Leão – Folha de S.Paulo, 06/05/2012

“Muita gente acha que psicoterapia é só para desabafar. Não sabe que dá trabalho, que muita coisa precisa ser feita fora do consultório. Eu sempre digo a meus pacientes que nós dois temos de trabalhar duro e que ele precisa implementar os novos comportamentos fora do consultório. Se ele está esperando uma solução mágica, não vai acontecer. há pessoas procurando mágica. São preguiçosas. Se você puder acreditar que vai virar um milionário, é mais fácil do que arregaçar as mangas e dar duro. a pessoa realmente tem de querer olhar para si mesma e mudar.”
Jonathan Alpert – Folha de S.Paulo, 07/05/2012

“Não é mais permitido a um indivíduo razoavelmente integrado estar desconectado ou alheio aos fatos, ignorante de acontecimentos, incapaz de realizar uma tarefa. […]Hoje todos são compelidos a saber, opinar, compartilhar, blogar e retuitar, mesmo que não façam a mais pálida ideia do assunto abordado. A ignorância, antes considerada uma bênção, foi transformada em maldição, obrigando a todos que nasçam prontos, especialistas. O resultado, previsível, é um enorme conflito entre demandas e capacidades, obrigando cada indivíduo a empacotar a informação que recebe o mais rápido possível e transmiti-la para grupos cada vez maiores de pessoas que fazem o mesmo, em um tsunami de meias-verdades, preconceitos, informações rasas e citações fora de contexto. Por mais que entusiastas de mídias sociais classifiquem essa prática como uma formação de opinião mais democrática, inovadora e aberta, a realidade a transforma em um tipo vicioso de fofoca, terreno fértil para todo tipo de boataria, casa de doidos em que todos falam para ninguém escutar. Na velocidade e na pressão das redes de compartilhamento, a informação gratuita perde seu valor. Sem tempo, foco ou referências de qualidade, não há como estabelecer uma reflexão sólida. O resultado é uma espécie de histeria coletiva, combustível social à espera do primeiro estopim que a incendeie.”
Luli Radfahrer – Folha de S.Paulo, 07/05/2012

“O aprendizado é simplesmente a mudança das conexões responsáveis pelo processamento de informações no cérebro conforme elas são usadas. Essa é uma propriedade de neurônios em geral e que se mantém ao longo de toda a vida. O que muda de uma pessoa para a outra e com a idade não é tanto a capacidade de aprender e sim os fatores que influenciam o aprendizado, sobretudo a atenção, a prática, o método… e a motivação. Para começo de conversa, é preciso querer aprender.[…] A tecnologia não é o problema; o problema é nossa preguiça em lidar com ela.”
Suzana Herculano-Houzel – Folha de S.Paulo, 08/05/2012

“A cada duas horas, uma mulher é morta no Brasil. Na maioria dos casos, o assassino é o namorado, marido ou ex-companheiro, que mata dentro de casa, após já ter cometido pelo menos um ato de agressão. Os dados constam do Mapa da Violência de 2012 – Homicídio de Mulheres e mostram que, em uma lista de 87 países, o Brasil é o sétimo que mais mata. Em 2012, foram 4.297 casos ou 4.4 assassinatos por 100 mil habitantes. […] Nas últimas três décadas, de acordo com o histórico do mapa, 91.932 mulheres foram mortas no Brasil.”
Adriana Ferraz – O Estado de S.Paulo, 08/05/2012

“Os sentimentos e as emoções são as bases sobre as quais constituímos nossos mapas éticos. O problema é que nossos instintos morais nem sempre estão certos.”
Hélio Schwartsman – Folha de S.Paulo, 09/05/2012

“Ganhar eleições é acertar nos sonhos que povoam corações e mentes. Sonhos só se alimentam quando o sonhado é possível.”
Marta Suplicy – Folha de S.Paulo, 12/05/2012

18ª semana de 2012

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“Do jeito que a ciência é ensinada nas escolas, não é à toa que a maioria das pessoas acha que o conhecimento científico cresce linearmente, sempre se acumulando. No entanto, uma rápida olhada na história da ciência permite ver que não é bem assim: o caminho que leva ao conhecimento é tortuoso e, às vezes, vai até para trás, quando uma ideia errada persiste por mais tempo do que deveria. […] Apresentar a ciência nas escolas e universidades ou nos meios informais de comunicação como um triunfalismo infalível da civilização esconde um de seus lados mais interessantes: o drama da descoberta, as incertezas da criatividade.”
Marcelo Gleiser – Folha de S.Paulo, 29/04/2012

“Eugenia quer dizer criar jovens belos, bons e perfeitos. […] Na peça filosófica, Sloterdijk dizia que o projeto eugênico ocidental é filho de Platão (‘A República’, por exemplo), e que se ele não deu certo nas engenharias político-sociais utópicas modernas, nem na educação formal propriamente, estava dando certo na biotecnologia e nas tecnologias de otimização da saúde. Alguém duvida que academias de ginástica, consultoras em nutrição, espiritualidades narcísicas ao portador (como a Nova Era e sua salada de budismo, decoração de interiores e física quântica), cirurgias e tratamentos estéticos, checkups anuais, ambulatórios de qualidade de vida, pré-natal genético e interrupção aconselhada da gravidez de fetos indesejáveis sejam eugenia? […] A fuga da agonia humana diante do sofrimento via nossa decisão (silenciosa) de tornar a vida perfeita a qualquer custo, mesmo que esta decisão venha empacotada em conceitos baratos como ‘qualidade de vida’, ‘felicidade interna bruta’ ou ‘direito a autoestima’.”
Luiz Felipe Pondé – Folha de S.Paulo, 30/04/2012

“Casa nova, escola nova, outra empresa, às vezes outra cidade ou até país. Abraçar o novo implica, por um lado, abandonar o familiar, a rotina confortável e as expectativas usuais e, por outro, lançar-se ao desconhecido. Não é à toa que pessoas diferentes têm respostas diversas a mudanças. Para começar, o valor do ambiente que se tornou familiar é extremamente pessoal: depende da sua história particular naquele contexto, das suas experiências, das memórias formadas ali, enfim, do valor associado ao que se está deixando. […] Em algumas pessoas, o sistema que gera angústia frente ao desconhecido é mais forte do que em outras. […] É possível ter sentimentos aparentemente contraditórios em relação a uma mudança para um novo emprego, por exemplo: sentir-se ao mesmo tempo angustiado, empolgado e aliviado, ou destemido, mas saudoso. Toda mudança é, contudo, um estresse.”
Suzana Herculano-Houzel – Revista MenteCérebro – abril de 2012

“Muitas pessoas com síndrome da fadiga crônica tendem a assumir responsabilidades demais, o que as leva a um completo esgotamento, que enfraquece seu sistema imunológico, provocando um ataque de vírus novos e oportunidades, ou reativando um antigo, pré-existente. Esses sintomas da síndrome de burnout são um grande, grande aviso para desacelerar. Os seres humanos não são insuperáveis. Nossos sistemas podem enfraquecer, especialmente quando não dormimos o suficiente; trabalhamos duro demais; assumimos tarefas demais (por exemplo, no trabalho ou na educação de uma criança); ou ainda quando sofremos alguma tragédia familiar ou pessoal, como luto, divórcio, infertilidade, ou até o nascimento de um filho. É importante acrescentar que, na maioria dos casos, as pessoas se recuperam. Algumas poucas, porém, uma minoria desafortunada fica tão abalada que seus organismos lutam para se recuperar e, nesse processo, seus sintomas se tornam crônicos – se não permanentes e piores. Essa é a zona de perigo que exige uma ajuda urgente. Nessas pessoas, os cronicamente Fadigados, como eu os chamo, os próprios mecanismos de cura entram em colapso e seus corpos simplesmente ‘morrem’; não melhoram. Para fazer com que se recuperem precisamos ‘curar os mecanismos de cura’, como o sistema imunológico.”
Kristina Downing-Orr, Revista Psique – abril de 2012

“Para conviver bem em sociedade, precisamos aprender a respeitar certos limites de agressividade no trato com terceiros. O mundo, porém, é um lugar mais complexo e multifacetado do que querem as narrativas de que nos valemos para dar sentido às coisas. […] Precisamos ser honestos para reconhecer que as dinâmicas do relacionamento entre jovens não podem ser resumidas numa luta das vítimas boazinhas contra agressores malvados.”
Hélio Schwartsman – Folha de S.Paulo, 01/05/2012

“A família passou do singular ao plural. Antes, havia ‘a família’. Quando nos referíamos a essa instituição todos compartilhavam da mesma ideia: um homem e uma mulher unidos pelo casamento, seus filhos e mais os parentes ascendentes, descendentes e horizontais. E, como os filhos eram vários, a família era bem grande, constituída por adultos de todas as idades e mais novos também. […] Essa ideia de família só sobreviveu intacta até os anos 60. Daí em diante ‘a família’ se transformou em ‘as famílias’. Os grupos familiares mudaram, as configurações se multiplicaram. Hoje, são tantas as formações que, creio eu, não conseguiríamos elencá-las.”
Rosely Sayão – Folha de S.Paulo, 01/05/2012

“Uma palavra que vive seu tempo de glória é dirupção. Ou ‘disruption’, em inglês, termo que vem sendo mal traduzido por ‘disrupção’ ou ‘disruptura’, já que o verbo em português é ‘diruir’ ou ‘derruir’, que significa ‘desmoronar’. Poderíamos falar em ‘ruptura’, mas outra tradução seria ‘ruína’ ou ‘derrubada’, já que dirupção é uma ruptura feita à força. Traz noção de colapso, de descontinuidade, de desorganização e de deslocamento. A internet causou e ainda causará muita dirupção. Dirupção é aquele momento em que um comportamento é totalmente modificado, e o dinheiro muda de mãos. Começou pelos correios, quando a internet introduziu o e-mail décadas atrás. Avançou na indústria da música e de jogos, alterando profundamente sua forma física, seu sistema de produção, de marketing, de distribuição e de fruição. […] Espera-se que a próxima indústria a ser diruída pela internet seja a da educação, embora o ensino a distância venha do século 20. A dirupção que destruirá escolas tradicionais mal começou. […] ‘A internet é o reino da descontinuidade’, disse o designer Oliver Reichenstein. É o espaço onde perdemos a noção do tempo. Por isso tanta nostalgia. Temos uma continuidade a reconquistar.”
Marion Strecker – Folha de S.Paulo, 03/05/2012

“Aos 40 anos, você pesa dez quilos mais do que aos 20. Aos 60, já acumulou mais uma arroba de gordura, não resiste aos doces nem aos salgadinhos, fuma, bebe um engradado de cerveja de cada vez, é viciado em refrigerante, só sai da mesa quando está prestes a explodir e ainda se dá ao luxo de passar o dia no conforto. Quando se trata do corpo, você se comporta como criança mimada: faz questão absoluta de viver muito, enquanto age como se ele fosse um escravo forçado a suportar desaforos diários e a aturar todos os seus caprichos, calado, sem receber nada em troca. Aí, quando vêm a hipertensão, o diabetes, a artrite, o derrame cerebral ou o ataque cardíaco, maldiz a própria sorte, atribui a culpa à vontade de Deus e reclama do sistema de saúde que não fez por você tudo o que deveria. Desculpe a curiosidade: e você, pobre injustiçado, não tem responsabilidade nenhuma?”
Drauzio Varella – Folha de S.Paulo, 05/05/2012

“Quando se analisa os tais três pilares do desenvolvimento sustentável, o mais frágil é justamente o do meio ambiente. O progresso no combate a pobreza, por exemplo, que tirou milhões de pessoas dessa situação em vários países, notadamente no Brasil, não foi acompanhado da melhoria dos indicadores ambientais. Ao contrário, as convenções sobre mudanças climática, biodiversidade e combate à desertificação que resultaram da Rio-92 não lograram avanços significativos. Suas agendas estão praticamente bloqueadas. Assim, a questão da governança ambiental mundial se tornou fundamental para a implementação dos acordos internacionais já existentes e para a preparação dos que terão de ser definidos no futuro próximo.”
João Paulo Capobianco – Folha de S.Paulo, 05/05/2012

“Só o fato de nós perguntarmos, 20 anos depois da Rio-92, aonde chegamos e para onde queremos ir agora já é muito importante. Por isso, não devemos encarar esta conferência como um evento isolado. Estamos falando de um processo que teve início duas décadas atrás e que não se encerrará em 2012. […]Eu acredito que a participação e a integração de todos em torno da Rio+20 -em especial dos jovens, que estão conectados e fazem parte de uma geração multicultural, sem barreiras linguísticas, culturais ou tecnológicas- é fundamental. A Rio+20 será um ponto de convergência desses jovens em torno do objetivo comum e global da sustentabilidade, reforçando os valores da generosidade, do respeito pela diversidade e das responsabilidades partilhadas quando se enfrentam desafios tão complexos.”
Lidia Brito – Folha de S.Paulo, 05/05/2012

17ª semana de 2012

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“Constata a ONU que, embora tenha havido melhoria nos itens saúde e educação, comparados às décadas anteriores, ainda hoje cerca de 900 milhões de pessoas carecem de acesso à água potável, e 2,6 bilhões não dispõem de saneamento básico (no Brasil, 34,5 milhões de pessoas vivem sem este direito elementar, segundo o IPEA). A desigualdade entre ricos e pobres se aprofunda, informa o documento. Mais de 900 milhões de pessoas (13% da população global) sobrevivem em extrema pobreza, e apenas 17 milhões terão saído desse estado de penúria em 2012 (cf. Banco Mundial, ‘Estado do Futuro 2011’). O Projeto Milênio alerta para a importância de se promover o desarmamento, reduzir o consumo de energia proveniente de combustíveis fósseis, e combater a corrupção e o narcotráfico. […] Para se ajustar aos Objetivos do Milênio, nosso país clama por reformas: política, judiciária, agrária e tantas outras que corrijam os desmandos que ainda imperam, resquícios de uma mentalidade colonialista que considerava cidadãos apenas aqueles que possuíam propriedades.”
Frei Betto, Revista Caros Amigos – abril de 2012

“Em tempos complexos e carregados de emoção, como este que atravessamos, os líderes empresariais e governamentais deveriam se conscientizar da necessidade de manter os mais elevados padrões de honestidade. Nem sempre vamos gostar do que ouvimos, e nem do que temos a dizer. E , ainda que seja natural reagir com decepção diante de notícias ruins, temos de fazer um esforço para não temê-las.”
Howard Schultz, Revista Época Negócios – abril de 2012

“A industrialização do planeta afeta o clima, aumentando a temperatura média global. […] Mesmo que seja estatisticamente possível que o impacto humano seja pequeno, em vista da evidência que temos hoje, seria absurdo apostar nessa incerteza.”
Marcelo Gleiser – Folha de S.Paulo, 22/04/2012

“Vá ao mercado perto de sua casa, olhe um abacaxi e pense no milagre que é a natureza, milagre que se repete em cada fruta, cada árvore, e que uma vida inteira seria pouco para refletir sobre o que é o paladar, o aroma, a textura de cada uma dessas coisas que se olha todos os dias, mas não se vê.”
Danuza Leão – Folha de S.Paulo, 22/04/2012

“O que você desejará fazer regularmente para se manter saudável e motivado? Quanto lhe custará, por mês, sair da rotina, cultivar hábitos saudáveis, rever amigos e parentes, enfim, cuidar de você mesmo? Ao definir essa verba, você certamente estará vivendo um presente mais rico. […] Quando surge um imprevisto, passeios e festas podem ser adiados, mas gastos fixos não. Quando podemos optar pela substituição de gastos, imprevistos são contornados com mais facilidade, sem que recorramos a dívidas. Enfim, aqueles que cuidam melhor de si também têm menor chance de ter problemas! Vai esperar mais para ajustar sua vida?”
Gustavo Cerbasi – Folha de S.Paulo, 23/04/2012

“A carreira é hoje mais importante para as mulheres do que para os homens, de acordo com pesquisa do Pew Research Center feita nos Estados Unidos. O levantamento mostra que 66% das mulheres entre 18 e 34 anos colocam a profissão como prioridade. Entre os homens, o número é de 59%. Em 1997, a situação era inversa. Para 58% dos homens, o trabalho era considerado algo muito importante, enquanto um percentual um pouco menor de mulheres (56%) pensava desse modo. Sucesso no casamento é, hoje, prioridade para 37% das mulheres e para 29% dos homens. No total, 1.696 pessoas foram ouvidas.”
Maria Cristina Frias – Folha de S.Paulo, 23/04/2012

“Pensamos que somos tão imprescindíveis que temos de estar presentes 24 horas por dia na vida alheia. E vice-versa: pensamos que somos tão importantes que os outros têm de estar permanentemente disponíveis para nós.”
João Pereira Coutinho – Folha de S.Paulo, 24/04/2012

“Algo está muito errado quando a maioria dos parlamentares, na contramão da vontade da maioria da sociedade, prefere um modelo de desenvolvimento que, em razão do lucro rápido, compromete o futuro do próprio país. […] O Brasil pode ser para o século 21 o que os Estados Unidos foram para o mundo no século 20. Mas são necessárias visão antecipatória e determinação de perseguir nosso destino de grande potência socioambiental. Não é fácil fazer a melhor escolha, porém é na pressão dos grandes dilemas que se forja a têmpera dos que estão afiados a talhar os avanços da história.”
Marina Silva – Folha de S.Paulo, 27/04/2012

“Credibilidade e confiança são valores que decorrem do culto às virtudes, algo que se perdeu numa sociedade que confunde Estado laico com Estado ateu -ou, pior ainda, antirreligioso. A relativização dos valores levou-o a uma visão materialista e hedonista da existência, estabelecendo comportamentos viciados, condutas desleais e irresponsáveis, quando não simplesmente criminosas.”
Kátia Abreu – Folha de S.Paulo, 28/04/2012

“O termo ‘hen’, defendido por feministas e entusiastas e ainda pouco usado, substitui ‘han’ (ele) e ‘hon’ (ela) por uma versão neutra. Há cerca de quatro anos, ele entrou para a ‘Enciclopédia Nacional’. […] O gênero neutro é parte de um movimento maior de busca por igualdade na Suécia. O país tem a maior proporção mundial de mulheres no mercado de trabalho, e o Fórum Econômico Mundial o elegeu como o de maior igualdade de gênero. Na escola-modelo Egalia, é uma preocupação desde os anos 2000 -quando os professores passaram a gravar as aulas uns dos outros. ‘Ficamos desapontados ao ver que tratávamos meninos e meninas de maneira diferente’, diz a diretora Lotta Rajalin. Hoje, a escola diz combater não o gênero biológico, mas o cultural. ‘Não tentamos fazer as crianças se esquecerem de seus sexos, mas do que é esperado deles’. Ou seja, grosso modo, não apenas os meninos são convidados para as aulas de futebol. Nem são só as meninas que têm acesso às bonecas. ‘É uma questão de democracia’, diz Rajalin.”
Diogo Bercito – Folha de S.Paulo, 28/04/2012

“O amor é construído naqueles dias de discussões intermináveis e de beijos profundos. No compreender, ceder e tentar melhorar. No compartilhar o que era, até então, privado. No resguardar individualidade e espaços. No descobrir e explorar em conjunto. O amor tem a vantagem do crescimento e da sensação de plenitude e o bom ônus do investimento diário.”
Marta Suplicy – Folha de S.Paulo, 28/04/2012

“Apesar dos avanços em todos os itens de educação do Censo apresentados ontem, os dados de escolaridade continuam preocupantes. Quase 1 milhão de crianças de 6 a 14 anos estavam fora da escola em 2010 – 3,3% da população nesta faixa etária. A evolução na década só é possível para a faixa 7 a 14 anos, porque a lei que fixou os 6 anos como idade para ingresso no ensino fundamental é de 2006. Na faixa de 7 a 14, o índice de crianças fora da escola era 3,1% em 2010 e representa uma melhora em comparação com 2000, quando a proporção era de 5,5%. Em relação à população adulta, 6 em cada 10 brasileiros com 25 anos ou mais de idade não têm o ensino médio completo. Em 2000, eram quase 8 em cada 10. A proporção de brasileiros com curso superior completo teve aumento significativo, mas ainda é baixa, de 7,9%. Em 2000, eram apenas 4,4%.”
Luciana Nunes Leal – O Estado de S. Paulo, 28/04/2012

“A educação é o segredo do maior avanço das mulheres em comparação com os homens. ‘Elas passaram os homens em escolaridade em 1996’, disse Marcelo Néri, da Fundação Getúlio Vargas (FGV).”
O Estado de S. Paulo, 28/04/2012

“É chato quando filmar um show fica mais importante do que vivê-lo. […] Se é possível filmar e absorver ao mesmo tempo? Não. […] Muita gente filma para provar aos amigos que esteve lá. Se sorveu cada segundo daquele momento fazendo com os olhos e o coração uma edição de imagens que câmera nenhuma poderia fazer, não importa. Sua câmera assistiu a um grande show.”
Julio Maria – O Estado de S. Paulo, 28/04/2012

“Não é possível libertar-se de situações de opressão se você não sabe qual é sua história, se não entende por que está nisso, se não reconhece como os opressores são mais fortes do que você porque têm não apenas mais armas, mas mais crueldade também.”
Alice Walker, Revista Cult – abril de 2012

“Um trabalhador que enfrenta altas exigências no trabalho, mas tem pouca autonomia para definir quando e como satisfazê-las, costuma ser vítima de estresse e males correlatos, incluindo mais problemas cardiovasculares. Trabalhadores que se sentem financeiramente vulneráveis tendem a sentir estresse e custos correlatos à saúde física e mental.”
Jeffrey Pfeffer, Harvard Business Review – abril de 2012

16ª semana de 2012

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“No altar, um orador mulato, de 1,90 metro e 92 quilos, anuncia: ‘Aqui tem milagre. O paralítico que saiu andando da cadeira de rodas. O cego que começou a enxergar. Aids, câncer. Tudo que na UTI não tiver mais jeito, aqui tem’. […] O orador é o apóstolo Valdemiro Santiago, 48. Ex-bispo da Igreja Universal do Reino de Deus, ele rompeu em 1997 com Edir Macedo para abrir sua própria denominação, a Igreja Mundial do Poder de Deus. […] ‘Sou um executivo das almas. Através de minha oração, Deus já curou muitas doenças incuráveis pelo recurso da ciência’. […] Citando o antropólogo francês Claude Lévi-Strauss, o professor de sociologia da religião da USP Flávio Pierucci interpreta o sucesso de Santiago: ‘Quem o procura já chega sugestionado. Os milagres acontecem, mas só para quem acredita. Não curam o mal, mas podem curar a sensação de dor’, diz o professor, acrescentando que a oferta de serviços mágico-religiosos é antiga no país e praticada por diversas fés.”
Morris Kachani – Folha de S.Paulo, 15/04/2012

“Ter emprego, liberdade, saúde e relações sociais eleva o bem-estar. Barulho, trânsito e brigas com familiares o reduzem.”
Hélio Schwartsman – Folha de S.Paulo, 15/04/2012

“Fomos acostumados desde tempos imemoriais à ideia de que existe uma ortodoxia sexual da qual apenas os pervertidos, os loucos e enfermos se afastam e vimos transmitindo esse absurdo monstruoso para nossos filhos, netos e bisnetos, auxiliados pelos dogmas da religião, os códigos morais e os hábitos instaurados. Temos medo do sexo e nos custa aceitar que, neste incerto domínio, há opções e variantes que devam ser aceitas como manifestações da diversidade humana.”
Mario Vargas Llosa – – O Estado de S. Paulo, 15/04/2012

“Nunca a informação foi tão acessível como agora. Mas ainda continua sendo difícil ver além dos dados. Nossa avaliação é sempre bastante frágil. […] Sociedades envelhecidas não têm capacidade de ousar e inovar. Os velhos, carregados de experiência e maturidade, são bons gestores. Mas o motor de um país é a ousadia. E o atrevimento não tem cabelos brancos. […] Conseguir enriquecer como país antes de envelhecer. Estamos numa corrida contra o tempo. Queremos sucumbir ao inverno demográfico ou estamos dispostos a abrir a janela da renovação? Gente não é problema. É solução.”
Carlos Alberto di Franco – O Estado de S. Paulo, 16/04/2012

“Cada vez mais plugados e cada vez mais solitários. Na sociedade contemporânea, a solidão é como uma epidemia fora de controle. O Facebook é a plataforma ideal para autopromoção delirante e inflação do ego via aceitação de um número gigantesco de ‘amigos’ irreais.”
Luiz Felipe Pondé – Folha de S.Paulo, 16/04/2012

“ ‘Não adianta achar’, afirma Julián Lichtmann, sócio diretor da Ingouville, Nelson & Associados, ‘que promover alguém a cargo de gestão fará dele líder.’ Um dos principais problemas, segundo Monteath, da Robert Half, é ‘a promoção precoce de profissionais a cargos de gestão sem o devido preparo’. Chefes imaturos e inseguros têm maior dificuldade de admitir seu despreparo nas avaliações internas anuais. Nem todos os líderes ‘nascem prontos’, diz o consultor Lichtmann. Liderança também se aprende, e as melhores empresas investem em treinamento. Mas há os que não aprendem nunca: ‘Um líder é reconhecido pela forma como age, não pelo que fala’. Para um subordinado inteligente, é mole sacar o líder ‘artificial ou ambíguo’. Não basta amar o que se faz. É preciso gostar de pessoas para ser líder.”
Ruth Aquino, Revista Época – 16/04/2012

“A multiplicação espantosa de canais e mídias, marca dessa era da comunicação, gera apetite infinito por conteúdo, e o cinema é o rei do conteúdo, a grande síntese de música, literatura, dramaturgia, artes plásticas…”
Nizan Guanaes – Folha de S.Paulo, 17/04/2012

“O Ministério do Meio Ambiente tem apenas pouco mais de 0,5% do Orçamento federal. Como fiscalizar? Como cobrar multas, mesmo quando aplicadas? […] Recursos naturais são hoje o fator escasso no mundo. E o Brasil poderia valer-se disso, pela situação excepcional que desfruta. Mas, ao que parece, continuaremos apenas pensando em lucros imediatos.”
Washington Novaes – O Estado de S. Paulo, 20/04/2012

“Em tempos de comunicação viral, em que as informações e novidades são transmitidas como numa epidemia, a mutação é constante. É algo que extrapola o mundo virtual e modifica a forma de nos relacionarmos, de vivermos e de trabalharmos. […] As vantagens desse novo tempo são incontáveis, assim como as polêmicas sobre para onde caminhamos. Alguns dizem que as redes sociais eliminam o contato pessoal e que esse “mundo paralelo” da internet sacrifica nosso afeto, tempo e criatividade. Outros acreditam no contrário: conectadas o tempo todo, as pessoas são mais informadas, produtivas, além de estabelecer maior leque de relações.”
Marta Suplicy – Folha de S.Paulo, 21/04/2012

“Os religiosos que têm dificuldade para entender como alguém pode discordar de sua cosmovisão devem pensar que eles também são ateus quando confrontados com crenças alheias. […] O fervor religioso é uma arma assustadora, sempre disposta a disparar contra os que pensam de modo diverso. […] Fui educado para respeitar as crenças de todos, por mais bizarras que a mim pareçam. Se a religião ajuda uma pessoa a enfrentar suas contradições existenciais, seja bem-vinda, desde que não a torne intolerante, autoritária ou violenta. Quanto aos religiosos, leitor, não os considero iluminados nem crédulos, superiores ou inferiores, os anos me ensinaram a julgar os homens por suas ações, não pelas convicções que apregoam.”
Drauzio Varella – Folha de S.Paulo, 21/04/2012

“O mais provável é que a maioria das ideias se cristalize na forma de intenção. E intenção sem ação vira enrolação. O mundo está cheio de boas intenções, mas não tem mais paciência com os enroladores.”
Eugenio Mussak, Revista Vida Simples – abril de 2012

15ª semana de 2012

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“Só progrediremos moralmente como espécie quando tornarmos a proteção da vida um lema.”
Marcelo Gleiser – Folha de S.Paulo, 08/04/2012

“Para os cristãos, a Páscoa celebra a liberdade da alma diante das várias escravidões da vida. […] Cristãos comem o corpo e bebem o sangue de Cristo, um inocente. E “nós” o matamos ou você duvida de qual lado você estaria na história?”
Luiz Felipe Pondé – Folha de S.Paulo, 09/04/2012

“Eles precisam viver no mundo como ele é, viver nos mesmos espaços públicos que todos, inclusive o espaço escolar, e conviver com todo tipo de pessoa, não apenas com aqueles que também portam diferenças aparentes. Todos somos diferentes. Se não respeitarmos as diferenças, se não aprendermos a conviver com a diferença, isso recairá, uma hora ou outra, contra nós e contra nossos filhos.”
Rosely Sayão – Folha de S.Paulo, 10/04/2012

“O Brasil enfrenta hoje um grande desafio geopolítico e geoeconômico. Temos de sair de uma posição defensiva nas políticas econômica e externa e decidir que país queremos ser.”
Rubens Barbosa – O Estado de S. Paulo, 10/04/2012

“No Brasil, muitas pessoas ainda acreditam que viver só não é uma escolha legítima para a mulher. Em uma cultura que considera ter um marido como um capital, as mulheres sozinhas são vistas como párias. Enquanto em outras culturas viver só é uma opção cada vez mais desejável, aqui ainda é sinônimo de exclusão social e de fracasso pessoal.”
Mirian Goldenberg – Folha de S.Paulo, 10/04/2012

“Já quase a metade dos brasileiros (48,5%) está com excesso de peso. Isso é um problema sério. Ao que parece, seguimos a mesma rota dos EUA, onde a epidemia de obesidade teve início e a proporção de gordos já beira os 75%. […] A obesidade é uma doença crônica, incurável e intratável porque vencê-la exige passar por cima de todos os nossos instintos alimentares.”
Hélio Schwartsman – Folha de S.Paulo, 11/04/2012

“É impossível deter as Cachoeiras de desejos, sobretudo quando são proibidos por lei, mas aceitos placidamente pelos costumes da terra, como a amizade e a malandragem. Essas coisas que viciam, como disse um deputado mineiro que construiu um castelo feudal. E, mais que isso, a certeza de que o governo tem muito mais do que pode administrar. Principalmente quando se sabe que aquilo que é de todos (ainda) não é de ninguém. Como prender bandidos num país onde mentir em causa própria é um princípio constitutivo do sistema legal?”
Roberto DaMatta – O Estado de S. Paulo, 11/04/2012

“Além de ser um direito, a educação inclusiva é uma resposta inteligente às demandas do mundo contemporâneo. Incentiva uma pedagogia não homogeneizadora e desenvolve competências interpessoais. A sala de aula deveria espelhar a diversidade humana, não escondê-la. Claro que isso gera novas tensões e conflitos, mas também estimula as habilidades morais para a convivência democrática. O resultado final, desfocado pela miopia de alguns, é uma educação melhor para todos.”
Rodrigo Mendes – Folha de S.Paulo, 12/04/2012

“Quando todas as portas estão fechadas, os perdedores têm ao menos a sabedoria dos que foram profundamente feridos e que lhes permite reconhecer e sentir a dor e vulnerabilidade dos outros. Isso explica que saibam dar a ternura e amizade que jamais receberam.”
Antonio Skármeta – O Estado de S. Paulo, 14/04/2012

“No fundo, o centralizador faz do controle uma forma de suprir o poder que, na verdade, não tem.”
Fabio Steinberg, Revista Alfa – abril de 2012

“Muita gente pensa que aprendizado é só o que você consegue apresentar, colocar no papel. Mas é muito mais. No trabalho, as pessoas lidam com problemas mais complexos. Para solucioná-los, é necessário muitas vezes recorrer a diferentes tipos de conhecimento e experiências, ser capaz de reuni-los e aplicá-los. Esse tipo de competência é pouco ensinado e avaliado nas escolas. Os profissionais aprendem mais na prática e geralmente nem conseguem explicar como e onde aprenderam.”
Michel Eraut, Revista Vocês/a – abril de 2012

13ª semana de 2012

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“O valor do indivíduo passou a ser medido, numa escala maior do que outras, por aquilo que ele tem. O mérito da pessoa é avaliado hoje de uma maneira muito mais superficial, por aquilo que pode ser mostrado. E o consumo é a moeda forte nesse mercado. […] É importante lembrar que existem outras possibilidades e valores que podem e devem ser trabalhados com os filhos. Senão, corremos o risco de criar adultos insuportáveis. As escolhas profissionais, pessoais, pessoais, amorosas podem vir influenciadas exclusivamente por esse viés consumista e individualista. A vida emocional pode ficar ainda mais solitária, pragmática e chata. Esse futuro é seu sonho de consumo?”
Jairo Bouer, Revista Época – 26/03/2012

“A civilização contemporânea vive a explosiva combinação de evolução tecnológica rápida e evolução ética e social lenta.”
Ricardo Abramovay – Folha de S.Paulo, 27/03/2012

“Precisam considerar que o imenso valor que estamos dedicando ao consumo tem servido para que os mais novos criem preconceitos e estereótipos que servem para excluir, segregar, desprezar seus pares. E antes que você pense que seu filho pode ser alvo ou vítima dessa situação, considere principalmente que ele pode ser um agente dela. Lembre-se que seu filho vive neste mundo que o bombardeia com informações que o direcionam a fazer isso. ‘Quer ser popular? Compre tal objeto.’ ‘Quer ser convidado para todas as festas? Use tal roupa.’ ‘Quer ter sucesso? Tenha tal carro’. Frases desse tipo repetidas como mantras colam em seu filho. Por isso, você terá de fazer mais por ele. Uma boa atitude pode ser a de analisar criticamente as propagandas bonitas, vistosas e bem-humoradas que seduzem seu filho. Com sua ajuda, seu filho pode entender que a única coisa verdadeira nesse tipo de propaganda é o objetivo de vender.”
Rosely Sayão – Folha de S.Paulo, 27/03/2012

“Antes havia debates para ver quem tinha razão. Hoje, todos têm razão e ai daquele que criticar tendências em nome de critérios e paradigmas seculares da arte. A inteligência foi substituída pela sacralização da irrelevância massificada; a própria ideia de “estética” é considerada por muitos como individualismo neoconservador, autoritário, produzindo parâmetros repressivos. A libertação da tutela dos chamados ‘maîtres à penser’, dos seres que nos guiavam orgulhosamente para algum Sentido foi uma coisa boa, mas abriu as portas para um vale-tudo formal que desqualifica qualquer tentativa de crítica literária, vista como um ataque contra a liberdade da estupidez. Claro que é bem-vinda a esfuziante aparição de milhares de criadores, dos blogueiros dos twiteiros, dos hipertextos da época pós pós; claro que algum dia isso vai dar em novos valores de ‘qualidade’, de ‘importância’, destilados dos alambiques da internet. Estamos numa fase da exaltação da ‘quantidade’, como se a profusão de temas e criações substituíssem a velha categoria da ‘qualidade’. Essa nova era nos ensinou que não chegaremos a nenhum destino definitivo, mas alguns parâmetros de valor estético terão de ser recolocados na literatura. Em geral, as diagnoses sobre as mutações a que assistimos hoje em dia se dividem ou em lamentos por um passado de ilusões perdidas ou em euforia por um admirável mundo novo em que todos sejam autores e leitores, nessa democracia da falta de critérios.”
Arnaldo Jabor – O Estado de S. Paulo, 27/03/2012

“O número de brasileiros que diz ter lido pelo menos um livro em um período de três meses diminuiu em relação a 2007, segundo a pesquisa “Retratos da Leitura no Brasil”, feita pelo Ibope Inteligência com o Instituto Pró-Livro. Em 2007, eles eram 55% da população (ou 95,6 milhões de pessoas). No resultado apresentado ontem em Brasília, o índice caiu para 50% da população (88,2 milhões). O número de livros lidos por ano, que inclui as obras indicadas pelas escolas, também caiu -de 4,7 por pessoa em 2007 para 4 em 2011. O MinC incluiu no Plano Nacional de Cultura a meta de que, até 2020, os brasileiros leiam quatro livros por ano fora do aprendizado formal.”
Nádia Guerlenda – Folha de S.Paulo, 29/03/2012

“O juiz prende, decide a vida de famílias e de empresas. Veste roupas talares, cheias de renda, se sente Deus. É uma doença profissional. Todos nós, magistrados, precisamos tratar esse resquício que fica na alma com ajuda psicológica.”
Eliana Calmon, 67, Revista Claudia – março de 2012

“Eu não acredito em one man show. O que funciona é uma equipe integrada e motivada trabalhando dentro dos objetivos e estratégias que são definidos, planejados e controlados. Esta é a base da ação desenvolvida sob a minha gestão na Embraer.”
Maurício Botelho, Harvard Business Review – março de 2012

“Eu não conseguiria viver assim, com esse séquito. Esse é o perigo da fama: uma hora você acredita que é especial. Aí você dança.”
Rodrigo Santoro, ator, Revista Alfa – março de 2012

“São inúmeras as agências financeiras que regularmente publicam informes sobre quem é mais rico, como vivem os ricos, de que forma investem ou gastam seu dinheiro. O Credit Suisse publica, anualmente, análise da distribuição da riqueza no mundo. Calcula que a metade da população adulta retém apenas 1% da riqueza global. E 67,6% da população adulta (3 bilhões de pessoas) sobrevivem com 3,3% da riqueza global. No vértice da pirâmide, os 10% mais ricos abocanham 84% da riqueza global, e 0,5% – os mais ricos – é dono de 38,5% da riqueza global. […] Na Índia, o país de maior número de famintos, o cidadão mais rico construiu, para residir com sua família, um prédio de 27 andares com três heliportos… Os mais ricos entre os ricos já não temem ostentar seus luxos, como é o caso, no Brasil, de Eike Batista e daquelas figuras esdrúxulas do programa Mulheres ricas, da Band. E o mais grave: suscitam inveja e admiração, e incutem em muitos a acumulação de riqueza como ideal de vida.”
Frei Betto, Revista Caros Amigos – março de 2012

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