“O louco de palestra é o sujeito que, durante uma conferência, levanta a mão para perguntar algo absolutamente aleatório. Ou para fazer uma observação longa e sem sentido sobre qualquer coisa que lhe venha à mente. É a alegria dos assistentes enfastiados e o pesadelo dos oradores, que passam o evento inteiro aguardando sua inevitável manifestação.

Há inúmeros categorias de loucos de palestra, que olhos e ouvidos atentos podem identificar em qualquer manifestação de cunho argumentativo-reflexivo, com a palavra franqueada ao público.

Há o louco clássico: aquele que levanta, faz uma longa explanação sobre qualquer tema, que raramente tangencia o assunto em debate, e termina sem perguntar nada de específico. Seu único objetivo é impressionar intelectualmente a plebe, inclusive o palestrante oficial.

Há o louco militante, que invariavelmente aproveita para culpar a exploração de classe dominante, mesmo que o tópico do debate seja arraiolo & bordado.

Há o louco desorientado, que não entendeu nada da palestra – e não vem entendendo desde a 2ª série, quando a professora lhe comunicou que o Sol é maior que a Terra – e, depois de circunlóquios labirínticos, faz uma pergunta óbvia.

Há o que faz questão de encaixar no discurso a palavra ‘sub-repticiamente’: é o louco vernaculista.

Uma criteriosa tipificação do objeto de estudo não pode deixar de registrar o louco adulador, que gasta os trinta segundos que lhe foram franqueados para dizer em dez minutos como o palestrante é divino. E o louco pobre coitado, que pode desculpas por não saber se expressar, o que não o impede de não se expressar durante minutos intermináveis.”

Vanessa Barbara, Revista Piauí, outubro de 2010

 

“Durante os últimos anos foram feitos diálogos profundos com a sociedade, cientistas, políticos, empresários, e desse conjunto de informações saíram vários programas de sustentabilidade, várias diretrizes. Agora não é preciso mais dialogar tanto, está na hora de fazer, e fazer bem feito, para que as ações realmente deem resultado. Já se falou muito em novas maneiras de ser, em novas maneiras de entender. Agora está na hora de arregaçar as mangas, aplicar uma nova maneira de trabalhar em conjunto, proposta nesses diálogos, e partir para a ação. Está na hora de implementar concretamente as mudanças.”

Simone Ramounoulou, consultora em váriso projetos internacionais, é diretora-executiva no Brasil da World Business Academy, Revista Vida Simples, outubro de 2010