Posts tagged educação

11ª semana de 2011

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“A diversificação de ‘produtos’ de pós-graduação é uma consequência esperada do movimento que está transformando a educação numa mercadoria mais ou menos como outra qualquer. O problema é que essa transformação ainda não está completa, e nossos cérebros ficam divididos entre dois registros por vezes antagônicos: o pedagógico e o mercadológico. Pelo primeiro, a educação é um valor em si mesma. Nós estudamos para aprender -e não por razões instrumentais. Aqui, as avaliações deveriam ser feitas exclusivamente com base nos conhecimentos do examinando. Já pelo paradigma mercadístico, a educação é um meio para obter os melhores cargos e mais renda. […] Às vezes, a divisão de nossos cérebros em módulos produz paradoxos, como rejeitar coisas em princípio equivalentes devido a diferenças na forma como são apresentadas.”

Hélio Schwartsman, Folha de S.Paulo, 13/03/2011

 

“O que sabemos da natureza depende do que podemos medir. Portanto, a busca por teorias unificadas deve ser constantemente revisada à medida em que descobrimos mais. Todos os esforços passados falharam porque não podemos prever o que mediremos no futuro. Uma teoria de supercordas do século 21 pode coletar (unificar) o que sabemos até hoje, mas não pode ser definitiva. Nosso conhecimento do mundo é necessariamente incompleto.”

Marcelo Gleiser, Folha de S.Paulo, 13/03/2011

 

“As catástrofes climáticas vão consumindo bilhões mundo afora. Compulsoriamente este dinheiro terá que aparecer. Agora, quando fundos são criados para garantir a possibilidade de um outro futuro, bom… Parece que fica sempre para depois.”

Ricardo Young, Folha de S.Paulo, 14/03/2011

 

“Temos uma enorme e urgente batalha a travar, quase vergonhosa: precisamos alfabetizar 100% de nossas crianças até a 2ª série. Essa precisa ser uma obsessão, pois sem essas fundações sólidas não há como erguer o edifício do conhecimento. […] Um estudo com alunos de 10 anos de idade que acaba de ser divulgado na Austrália mostra que aqueles que tiveram aleitamento materno por seis ou mais meses apresentavam desempenho acadêmico superior.”

Gustavo Ioschpe, Revista Veja, 16/03/2011

 

“A influência da arte nos negócios é maior do que se pode imaginar. Uma pesquisa da Fundação Dom Cabral (FDC) mostra que artes plásticas podem ser uma ferramenta importante para romper modelos mentais e instigar novos pontos de vista. ‘A arte inova, choca, convida o outro à reflexão’, afirma a pesquisadora Isa Mara Cardoso, que realizou o estudo com Ricardo Carvalho, professor da FDC. Ações criativas, como desenhar e misturar tintas, também colaboram para o desenvolvimento de habilidades executivas, como persistência, autocrítica e observação”.

Revista Época Negócios, março de 2011

 

“A questão da ruptura é central, queremos romper com a lógica do capitalismo. E queremos fazê-lo de milhares de formas diferentes. Vamos criar espaços onde não vamos reproduzir a lógica do capital, onde vamos fazer outras coisa, ter outros tipos de relações, desenvolver atividades que tenham sentido para nós. […] Tratar o amor como uma tentativa de criar uma relação em que não se aceita a lógica gananciosa e mercantil do capital. A única forma de pensar na revolução é em termos da criação, multiplicação e expansão dessas fendas, porque elas se movem, são dinâmicas.”

John Holloway, Revista Caros Amigos, março de 2011

 

“Gostaria de chegar mais cedo nos compromissos, e não em cima da hora. Em algumas situações, não fui tão pontual como gostaria. Mas agora tenho mais consciência das consequências disso. O objetivo final é fazer o relógio trabalhar a meu favor: não ser escrava dele, mas saber usá-lo, sem ansiedades. […] Saber trocar de ritmo, ou seja, ser pontual e seguir o relógio quando queremos produtividade, mas também saber relaxar quando é a hora. Para fazer isso, é preciso abrir as engrenagens de nosso relógio interno, descobrir como ele funciona e o que pode ser melhorado. Perguntar: quero realmente, ou preciso, fazer isso? Não é fácil responder, nem mudar. Mas, ao final, é uma questão de descobrir: o que é realmente importante na minha vida? E então sermos gentis com nós mesmos, nos darmos um presente: o controle do nosso próprio tempo.”

Jeanne Callegari, Revista Vida Simples, março de 2011

10ª semana de 2011

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“Não resta dúvida de que o mundo de hoje pôs nas mãos das pessoas novos recursos tecnológicos, meios outros de comunicação e criação de formas, tanto no espaço como no tempo, e tudo isso gera novas possibilidades de inventar mensagens e imagens inusitadas. É natural, portanto, que os artistas se sintam tentados a abandonar as técnicas de expressão tradicionais e busquem criar, com os novos meios, um inesperado universo de relacionamentos semânticos. […] O problema talvez esteja no fato de que, não tendo uma linguagem própria, o artista se encontra a braços com uma experiência sem limites, que o leva, com frequência, a perder-se na gratuidade do que concebe.
A tendência, por isso, é entregar-se ao exótico ou à extravagância, ao invés de buscar o rigor e os limites necessários à realização estética, qualquer que seja o meio que utilize. A obra tem que, por sua qualidade, afirmar-se necessária a quem a aprecia. Aí reside o xis da questão. Porque toda obra de arte é uma invenção, o artista, ao começá-la, nunca sabe como ela será quando concluída. É que, em sua elaboração, os fatores casuais têm papel decisivo: realizá-la é tornar necessário o que surgiu por acaso.”

Ferreira Gullar, Folha de S.Paulo, 06/03/2011

 

“A preocupação central não é obter uma nota, mas desenvolver a capacidade de se entregar à aventura do conhecimento.”

Gilberto Dimenstein, Folha de S.Paulo, 06/03/2011

 

“Um bom teste para saber se o que você está aprendendo vale a pena é ver se o conteúdo em questão visa te deixar feliz. Se for o caso e você tiver uns 40 anos de idade, você corre o risco de sair do ‘curso’ engatinhando como um bebê fora do prazo de validade. A mania da felicidade nos deixa retardados. Querer ser feliz é uma praga. Quando queremos ser felizes sempre ficamos com cara de bobo. Preste atenção da próxima vez que vir alguém querendo ser feliz. Mas hoje em dia todo mundo quer deixar todo mundo feliz porque agradar é, agora, um conceito ‘científico’. Quem não agrada, não vende, assim como maçãs caem da árvore devido à lei de Newton.”

Luiz Felipe Pondé, Folha de S.Paulo, 07/03/2011

 

“Hoje há muitos que acreditam que o dinheiro, além de comprar uma vida mais “rica”, também garante a qualidade da morte: por meio dele, os abastados despedem-se deste mundo no ambiente glamuroso de “hospitais-boutique”, sob os cuidados dos “médicos da moda”. Mas será que as coisas são tão simples? Por um lado, ainda que a pobreza torne a vida difícil, é ingênuo pensar que a riqueza, por si só, seja capaz de resolver os enigmas que a existência nos impõe, magnatas ou não. E o remorso não raro corrói a paga que os “eleitos” recebem por sua ganância.”

Cláudio Guimarães dos Santos, Folha de S.Paulo, 09/03/2011

 

“Um relatório divulgado pela Unesco (braço das Nações Unidas para a educação), na terça-feira 1º, revela que o Brasil investe 1.598 dólares (2.659 reais) por ano com cada estudante das séries iniciais do ensino fundamental. O valor corresponde a menos de um terço dos 5.557 dólares (9.246 reais) aplicados pelos países desenvolvidos. Apesar da diferença acentuada na comparação com as nações ricas, o investimento brasileiro é o dobro do que era feito em 2000. O estudo ainda revela que o País se mantém no 88º lugar no ranking de desempenho educacional, atrás de países como Bolívia e Equador, nossos vizinhos mais pobres.”

Carta Capital – 09/03/2011

 

“O dramatismo é a praga da época e afeta empresas de todos os portes e setores. Seus líderes assumem comportamentos de celebridades, valorizando a imagem mais do que os fatos. Seus colaboradores colocam suas carreiras acima de tudo, sempre preocupados em passar uma boa impressão. Rituais, eventos e comemorações sucedem-se, transformando o ambiente em teatro ininterrupto.”

Thomas Wood Jr., Carta Capital – 09/03/2011

 

“A concepção do bem público como algo valoroso nunca é espontânea, mas sim, fruto de um forte empenho por parte do estado e das famílias”.

Roberto Romano, filósofo, Veja – 09/03/2011

 

“1) Nada torna a vida interessante tanto quanto a descoberta de nossa própria complexidade; 2) Talvez a função mor da cultura seja a de nos dar acesso a partes de nosso âmago que normalmente escondemos de nós mesmos; 3) Conclusão: se conseguimos viver plenamente, é graças a autores, atores, intérpretes etc. que nos revelam nosso próprio lado B (e C e D). “

Contardo Caligaris, Folha de S.Paulo, 10/03/2011

 

“[Posso deixar o PSB] pela incompatibilidade, pela incoerência que isso representaria. [O partido] cresce [com a fusão], mas cresce inchando. O inchaço é doença e mata.”

Luiza Erundina, deputada federal e ex-prefeita de SP – Folha de S.Paulo, 10/03/2011

 

“Informe da ONU alerta para a redução do número de colônias de abelhas – responsáveis pela polinização e essenciais para garantir alimentação das pessoas – em várias partes do mundo. Entre as causas está o uso excessivo de inseticidas. De cem espécies que contribuem com 90% dos alimentos, 70% são polinizadas pro abelhas.”

Afra Balazina e Fátima Lessa, O Estado de S.Paulo, 11/03/2011

8ª semana de 2011

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“Muitos jovens estão buscando outros rumos, abraçando a montanha-russa do empreendedorismo. Um número significativo de profissionais experientes persegue a mesma aventura. A motivação dos dois grupos é diferente: enquanto os mais jovens procuram a vertigem e o sucesso, os mais maduros frequentemente buscam apenas escapar do tédio e da frustração. Os riscos são consideráveis: as taxas de falência de novos negócios, próximas de 50%, atestam a distância entre o sonho e o feijão. […] Em lugar de se tornarem donos de seu tempo, veem-no esvair ainda mais rapidamente do que antes, a tentarem fazer frente a dezenas de tarefas, todas aparentemente urgentes. […] O momento os favorece e a vida nas pradarias do empreendedorismo tem seu charme: os horizontes são amplos e muitos caminhos continuam inexplorados. Porém, as chances de encontrar estrelas guias são escassas.”

Thomaz Wood Jr, Carta Capital – 23/02/2011

 

“Na última década, houve uma gigantesca evolução tecnológica dentro de uma mesma geração. Por isso, torna-se inconcebível pensar na ação formativa de crianças e jovens sem envolver as TICs (tecnologias de informação e comunicação).
Os educadores, que não experimentaram inicialmente essa vivência tecnológica, também se deparam com o desafio de entender o seu papel nesse contexto.
Computadores com acesso à internet já são realidade em boa parte das escolas. O sistema 1:1 -um computador para cada aluno ou jovem- começa a ser implementado, e os obstáculos de infraestrutura são lentamente superados. No entanto, o que para muitos era um jargão -“não basta ter acesso, é preciso saber o que fazer com a tecnologia”- hoje é a questão mais urgente a ser respondida. A tecnologia permite colocar pessoas em contato com pessoas e todas em contato com a informação, em qualquer tempo e de qualquer lugar. Este é o grande potencial das TIC’s na educação. No entanto, disponibilizar isso ao aluno, sem relacionar à sua formação, não tem valia.”

Adriana Martinelli Carvalho, Folha de S.Paulo – 21/02/2011

 

“Hoje, o carnaval se anuncia como um prenúncio de calamidade pública, uma ‘selva de epiléticos’, com massas se esmagando para provar nossa felicidade. A alegria natural do brasileiro foi transformada em produto. […] A infelicidade de hoje é dissimulada pela alegria obrigatória.”

Arnaldo Jabor, O Estado de S.Paulo – 22/02/2011

 

“Herdeiros de uma sensibilidade romântica abastardada, acreditamos que a arte deve ser “autêntica”, e que a “autenticidade” consiste em abrir as comportas da alma, despejar os nossos “sentimentos” e “emoções” na via pública e, por via dessa catarse, nos libertarmos das nossas neuroses pessoais. Segundo essa doutrina, a arte não é arte, é terapia. Um romance não é um romance, é uma sessão de psicanálise por escrito. E o artista não é um artista, é como um doente mental que vive no asilo psiquiátrico e que pinta, ou escreve, por motivos estritamente terapêuticos, antes da medicação noturna. Visitar grande parte dos nossos museus, dos nossos palcos ou das nossas estantes é tropeçar continuamente nessas alegres pornopopeias. Tragicamente, Aronofsky e companhia ignoram que a arte não é questão de expressão ou repressão, mas de disciplina e sublimação.”

João Pereira Coutinho, Folha de S.Paulo – 21/02/2011

 

“À medida que blogs, YouTube, Orkut, Facebook e Twitter passaram a dar a qualquer indivíduo um grau de exposição antes reservado às celebridades, as portas e janelas de todos foram abertas para multidões de voyeurs declarados. Quem está conectado em casa passou a estar, ao mesmo tempo, na rua. E vice-versa. Onde quer que se esteja, os amigos sempre estão por perto. Muitas vezes, perto demais. E nem são tão amigos assim.”

Luli Radfahrer, Folha de S.Paulo – 23/02/2011

 

“A música saiu da mão dos criadores e passou para a mão dos produtores. As grandes gravadoras que ainda existem, não apostam mais em diretores artísticos. Gostam mesmo é dos diretores de marketing. E o pior é que isso não acontece apenas no Brasil. É um fenômeno mundial. […] O problema é que os meios de comunicação desaprenderam a lidar com a música. […] O cara tem em casa meia dúzia de maquininhas eletrônicas maravilhosas, e ele mesmo produz seu disco, faz capa e mixa. Uma possível música do futuro, de qualidade, vai ser feita cada vez mais por esforços individuais. Tem de vir de baixo para cima, pois de cima para baixo não vem nada.”

Júlio Medaglia, 71, maestro, Revista Brasileiros – fevereiro de 2011

 

“Violência, uma anomalia social ou fruto da sociedade? As bases de definição de violência não são únicas como o senso comum prevê. Violência é um termo difícil de ser definido, pois, além de possuir muitas significações, é um termo subjetivo e que é entendido de várias maneiras dependendo do contexto social em que o sujeito vive. […] A sociedade está proliferada em todas as camadas da sociedade e nas mais diversas esferas. Crimes hediondos, falta de solidariedade e perversão da cidadania são alguns tipos de violência que acabam mostrando que o homem pós-moderno parece menosprezar-se. De maneira geral, são as crianças e jovens em pleno processo de formação de identidade e absorção de valores que acabam levando todo esse contexto de violência para si.”

Cecília Bernardes Francisco e Débora Lopes César, Revista Sociologia, fevereiro de 2011

 

“Sou um individualista-egoísta. Mão teria coragem de abdicar do meu conforto por um bem comum.”

Gilberto Braga, 65, novelista – Revista Marie Claire – fevereiro de 2011

 

“Depois de agir, examine o que fez e qual foi o resultado. É aqui que o aprendizado realmente ocorre. Refletir é algo fundamental – e funciona melhor se for uma prática regular. Reserve um tempo ao fim de cada dia, por exemplo (talvez no caminho de volta para casa). Que ações deram certo? O que poderia ser feito de forma diferente? Pense nas conversas que teve.”

Linda Hill e Kent Lineback, Harvard Business Review – fevereiro de 2011

7ª semana de 2011

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“Em política, a pior maldição é querer aprisionar o sucesso. Quem tenta fazer isso se torna prisioneiro dele e não consegue mais fazer as coisas com abertura criativa e espírito de novidade. A ação política é sempre um processo vivo, único. Se tentar aprisionar o sucesso, que já é passado, aí sim, vai viver a maldição. […] Não se alcança convergência em tudo, mas é possível encontros a partir de princípios éticos e valores duradouros.”

Marina Silva, O Estado de S.Paulo – 13/02/2011

 

“Um país que não sabe o que é ciência está condenado a retornar ao obscurantismo medieval. […] A ciência cria conhecimento por meio de um processo de tentativa e erro, baseado na verificação constante por grupos distintos que realizam experimentos para comprovar ou não as várias hipóteses propostas. […] O problema não é não saber. O problema é não querer saber. É aí que ignorância vira tragédia.”

Marcelo Gleiser, Folha de S.Paulo – 13/02/2011

 

“É isto que nós somos, sem que tenhamos coragem para dizê-lo: um adeus. É por isso que precisamos dos poetas. Pois eles são aqueles que tecem as suas palavras em volta do frágil fio que nos amarra sobre o abismo. Eles sabem que em nossos corpos mora um adeus. De repente, sem nenhum anúncio.”

Rubem Alves, Revista Psique, Ciência & Vida – fevereiro de 2011

 

“Metade, ou mais, dos nossos jovens estudantes não consegue extrair informações relevantes de textos um pouco menos explícitos, muito menos manipulá-las para fazer comparações com outros dados ou para outros fins. […]

Essa desigualdade educacional atual contribuirá para a formação de uma população adulta muito desigual no futuro – assim como a desigualdade educacional passada foi a grande responsável pela atual desigualdade social e econômica. Assim, nosso sistema educacional contribui para fechar um círculo vicioso terrível: projetar, no futuro, as atuais situações de concentração de renda e desigualdade social.

É essencial, pois, que as crianças de classes sociais menos favorecidas sejam especialmente incentivadas, condição necessária para uma educação democrática e republicana e, também, para que no futuro tenhamos condições objetivas e sólidas de combater nossa perversa concentração de renda.”

Otaviano Helene – presidente da Associação dos Docentes da USP; Lighia Horodynski-Matsushigue – professora aposentada do Instituto de Física da USP, Le Monde Diplomatique – fevereiro de 2011

 

“A esfera pública tem a responsabilidade de afirmar direitos, de construir cidadania social contra a lógica do consumidor e da ascensão social pela disputa de todos entre si no plano do mercado. Elevar a qualidade da educação pública, melhorar substancialmente o atendimento da saúde pública, disseminar espaços de cultura no plano público – são formas concretas de construir cidadania, de fortalecer o espírito público dos servidores e de construir concretamente alternativas ao neoliberalismo.”

Emir Sader, Revista Caros Amigos – fevereiro de 2011

 

“O ato de questionar a vida pode trazer sentimentos ingratos e que põem na mesa dúvidas pertinentes que nos fazem parar e prestar atenção em por que razão existimos. Penso, logo existo? Que nada! Penso, logo entro em crise. Afinal, quem nunca ficou angustiado com as dúvidas e mistérios da natureza humana? […]

Refletir, procurar o diálogo e compreender que cada escolha tem o lado positivo pode ser uma forma de relativizar as coisas e enxergar a crise sem as lentes do exagero. […]

A todo momento somos bombardeados por informações e possibilidades de sucesso sem fim, que nem sempre conseguimos abraçar. Em algum momento, é natural cair na armadilha de se sentir incapaz. Essa constatação, na verdade, pode ser muito positiva. Ela leva o sujeito a repensar as coisas, amadurecer e buscar novas alternativas para a felicidade. Mas isso quando ele está disposto a enfrentar as mudanças que podem decorrer desses questionamentos, claro. […]

Para o psicanalista Cláudio Cesar Montoto, são dois pontos importantes para superar uma crise. Um: saber reconhecê-la. Dois: enfrenta-la. Todo mundo passa por uma ou várias crises durante a existência. E, se não passou, ainda há de passar. Mas a única forma de fazer com ela deixe de dominar nossos pensamentos é descobrir e compreender o que está por trás dela. É preciso reconhecer que nossas escolhas sempre acarretam perdas, dúvidas e senões.”

Revista Vida Simples, fevereiro de 2011

 

“Adoro garimpar para entender as coisas. Como James Bond tinha ‘licença para matar’, eu me dei licença para perguntar. E assim a vida nunca fica chata, porque sempre há algo para aprender. Acredito que a curiosidade seja um ativo estratégico poderoso. Se você observa os melhores líderes que estudamos, eles estão sempre cavando, perguntando ‘por quê’. Eles não dizem simplesmente ‘isso funciona’, mas querem saber por que funciona. Então, buscam uma compreensão mais profunda do mundo. […]

Lidere perguntando, não respondendo. Use perguntas para entender, não para manipular. […] Essa curiosidade é o que ajuda você a enxergar as coisas que deveria realmente temer.”

Jim Collins, pesquisador norte-americano, HSM Management – jan/fev. 2011

 

“O mais importante que aprendi com Peter Drucker foi que é necessário parar para pensar. Um dos problemas do management moderno é que tudo é feito com pressa, sob pressão. Bem poucas vezes as pessoas têm tempo para pensar. O segundo problema é a sobrecarga de informação. Recebemos centenas de e-mails, incorporamos os dados, mas não pensamos. Drucker me ensinou a dedicar tempo à reflexão, a me retirar para pensar nas coisas; isso é o que me ajuda a não cometer grandes erros.”

Hermann Simon, um dos pensadores mais influentes do management, HSM Management – jan/fev. 2011

 

“Palavras de Federico García Lorca ao inaugurar a biblioteca de Fuente de Vaqueros (Granada), em setembro de 1931: ‘Quando alguém vai ao teatro, a um concerto ou a uma festa, se lhe agrada, lamenta que as pessoas de quem gosta não estejam ali. ‘Como minha irmã, meu pai iriam apreciar’, pensa, e desfruta, tomado por leve melancolia. Esta é a melancolia que sinto, não pela minha família, e sim por todas as criaturas que, por falta de meios e por desgraça, não gozam do supremo bem da beleza, que é a vida com bondade, serenidade e paixão’.”

Frei Betto, Revista Caros Amigos – fevereiro de 2011

6ª semana de 2011

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“Para mim, assim como para muitos outros, o Prêmio Nobel nunca foi um objetivo. A ciência é atrativa por si mesma. É fascinante descobrir coisas novas.”

Albert Fert, prêmio Nobel de Física de 2007, O Estado de S.Paulo – 06/02/2011

 

“O problema surge quando o jovem começa a migrar da vida real para a virtual e passa a negligenciar atividades comuns. Como esse uso excessivo não deixa sinais físicos, a diferenciação acaba sendo feita pelo prejuízo causado nas diversas áreas da vida, explica o psiquiatra Daniel Spritzer, coordenador do Grupo de Estudos sobre Adições Tecnológicas (Geat), do Rio Grande do Sul. ‘A esfera escolar é geralmente a mais afetada, com uma marcada queda no rendimento’. […] Rosa Farah, coordenadora do Núcleo de Pesquisa da Psicologia em Informática da PUC-SP, realiza um trabalho de orientação por e-mail a dependentes de internet e jogos eletrônicos e conta que o primeiro passo para a recuperação é identificar a dificuldade que levou ao uso abusivo. […] Proibir o uso do computador ou do videogame, diz Rosa, não é a solução. ‘O melhor que os pais podem fazer é ter uma atitude preventiva. Para isso é preciso conhecer as possibilidades do mundo virtual, aproximar-se do jovem, acompanhar o uso das tecnologias e ajudá-lo a discriminar o bom e o ruim’. […] Com os adolescentes é preciso manter o diálogo, explica a neuropsicóloga Adriana Foz. ‘O mundo digital oferece inúmeras oportunidades de desenvolvimento cognitivo, aprendizagem e diversão. Não temos como negar nem omitir, mas aprender a fazer um uso saudável e agregador’.”

Karina Toledo, O Estado de S.Paulo – 06/02/2011

 

“Arrogantes e prepotentes, nos transformamos no maior agente destruidor do nosso próprio habitat. […] Se nossos dirigentes e a sociedade como um todo se interessassem em entender a filosofia, a cultura e a inteligência dos povos indígenas, abortariam qualquer projeto que os ameaçasse. E poderíamos inaugurar novo paradigma de progresso.”

Cao Hamburger, 48, diretor de cinema, Folha de S.Paulo – 06/02/2011

 

“Temos atrapalhado o crescimento dos nossos filhos, esse é o fato. […]Pequenos deveres e responsabilidades, por exemplo, passam a recair sobre a criança. Novas dificuldades e exigências também fazem com que a criança tenha de exercitar o que antes não precisava, porque cabia ao adulto: paciência, esforço, concentração, espera, superação, entre outros. O que fazemos nessas horas? Em vez de apoiar a criança, encorajá-la nessa sua nova empreitada, ampará-la em seus inevitáveis, mas ainda pequenos sofrimentos, achamos necessário fazer tudo isso por ela. De quem é hoje a responsabilidade pela vida escolar dessas crianças? Delas? Dificilmente. São os pais quem tem assumido essa parte da vida por elas, devidamente incentivados pela escola e pela sociedade de uma maneira geral. […] Resultado? A criança permanece aprisionada nesse mundo ilusório e mágico em que sempre tudo termina bem -e nunca por sua própria intervenção. Desse modo, ela não cresce, não desenvolve o seu potencial, tampouco reconhece esse potencial, enfim: não se encontra. Melhor dizendo: ela se encontra sempre na condição de criança, até o dia em que terá de enfrentar o tédio que isso é.”

Rosely Sayão, psicóloga, Folha de S.Paulo – 08/02/2011

 

É preciso, antes de tudo, se envolver com o trabalho, amar o seu ofício com todo o coração. Não paute sua vida nem sua carreira pelo dinheiro. Seja fascinado pelo realizar, que o dinheiro virá como consequência. […] Seja sempre você mesmo, mas não seja sempre o mesmo. Tão importante quanto inventar-se é reinventar-se.”

Nizan Guanaes, publicitário, Folha de S.Paulo – 08/02/2011

 

“A inclusão digital se torna, cada vez mais, uma questão cultural. […] Como qualquer pessoa que não se interessa por uma área da medicina ou do direito até que se torne vítima dela, eles nunca se importaram com o digital. Mas deram o azar de terem nascido em uma época que ele se tornou importante. Por causa disso, muitos vivem hoje em um mundo desconfortável e isolado, que não compreende o que fazem seus filhos, seus funcionários e o resto do planeta.”

Luli Radfahrer, Folha de S.Paulo – 09/02/2011

 

“A dignidade tem a capacidade de transformar. Também a descoberta de uma identidade egípcia transcendendo as fronteiras religiosas e de classe. É fácil romantizar. Este momento não durará para sempre. A pobreza e o analfabetismo não vão desaparecer numa explosão de boa vontade.”

Roger Cohen, The New York Times/ O Estado de S.Paulo – 11/02/2011

 

“Por que ainda queremos dar aulas? O que nos leva a isso? Que sonho maluco! Ou seria uma maldição? Um carma? Cruz que se leva na vida? Um sonho que bate de encontro, a uma rocha. […] Um professor ganha menos de um centésimo de um deputado, senador, vereador e eles nem vão às sessões.”

Ignácio de Loyola Brandão, O Estado de S.Paulo – 11/02/2011

 

“Ultimamente, temos visto cada vez mais os jovens fugindo das decisões futuras e cada vez mais perdidos frente às escolhas de estudo e carreira. Ter um propósito na vida é psicologicamente saudável e mobiliza o sujeito numa direção, livrando-o da estagnação e dando sentido à sua existência, porém, este propósito não surge magicamente, ele é fruto de uma construção que só ocorre se os jovens possuem elementos para construí-lo, e duas coisas são fundamentais nesta estrutura: família (afeto) e estudo (experiências e aprendizados).”

Denise D’Aurea Tardelli, Revista Psique, Ciência & Vida – fevereiro de 2011

 

“O Brasil ganhou 81.620 novos empreendedores individuais em janeiro, em relação aos 27.656 registrados em igual período de 2010. O número representa uma média de 26.000 registros por dia e 16,3% da meta nacional de formalizar 500 mil empreendedores em 2011.”

Revista Época – 07/02/2011

5ª semana de 2011

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“Apesar do aumento da concessão de bolsas de pós-doutorado, a quantidade de pesquisadores com essa qualificação deixa a desejar. Na Capes, o número de bolsas para esse nível chegou a 2.088 em 2009 -em 2005, 479 foram concedidas. Já na Fapesp, 1.400 delas foram ofertadas no ano passado, contra 800 em 2005. Só que cada doutor formado por ano na USP e na Unicamp corresponde a 0,4 pós-doutor, em média. Nos EUA, a relação se inverte a favor do pós-doutor: 1,2 para cada doutor, diz Carlos Henrique de Brito Cruz, diretor científico da Fapesp. ‘Deveríamos ter três vezes mais pós-doutores nessas instituições para haver competitividade internacional’.”

Folha de S.Paulo – 30/01/2011

 

“Os exames iniciais não indicaram diferenças entre grupos, mas as ressonâncias feitas após o curso mostraram um aumento na concentração de massa cinzenta no hipocampo esquerdo naqueles que haviam meditado. Análises do cérebro todo revelaram mais quatro aumentos de massa cinzenta: no córtex cingulado posterior, na junção temporo-parietal e mais dois no cerebelo.

Britta Hölzel, pesquisadora da Harvard Medical School e uma das autoras do estudo, disse à Folha que isso pode significar uma melhora em regiões envolvidas com aprendizagem, memória, emoções e estresse. O aumento da massa cinzenta no hipocampo é benéfico porque ali há uma maior concentração de neurônios, afirma Sonia Brucki, do departamento científico de neurologia cognitiva e do envelhecimento da Academia Brasileira de Neurologia. ‘Antes, acreditava-se que a pessoa só perdia neurônios durante a vida. Agora, vemos que podem brotar em qualquer fase da vida, e determinadas atividades fazem a estrutura do cérebro mudar’. Isso significa que o cérebro adulto também é plástico, capaz de ser moldado. No ano passado, um estudo dos mesmos pesquisadores já mostrava redução da massa cinzenta na amígdala cerebral, uma região relacionada à ansiedade e ao estresse, em pessoas que fizeram meditação por oito semanas. Mas qualquer um que começar a meditar amanhã terá esses mesmos efeitos benéficos em algumas semanas? ‘Provavelmente sim’, diz a neurologista Sonia Brucki. Ela ressalta, no entanto, que a idade média dos participantes da pesquisa é baixa e, por isso, não dá para afirmar com certeza que isso acontecerá com pessoas de todas as idades.
Agora, a pesquisadora Britta Hölzel quer entender como essas mudanças no cérebro estão relacionadas diretamente à melhora da vidas das pessoas. ‘Essa é uma área nova, e pouco se sabe sobre o cérebro e os mecanismos psicológicos relacionados a ele. Mas os resultados até agora são animadores’.”

Mariana Versolato, Folha de S.Paulo – 30/01/2011

 

“O investimento em educação traz mais do que empregos. Traz processos mais baratos, mais seguros e mais eficientes, gerando bem-estar muito além do círculo familiar do cidadão que recebeu instrução qualificada. Certamente compensa, mas é preciso ter a coragem de investir hoje para colher daqui a 15 anos. É hora de mudar isso.”

Gustavo Cerbasi, Folha de S.Paulo – 31/01/2011

 

“Caetano tem três filhos religiosos. Sobre Moreno, que tende ao catolicismo, diz: ‘Se o papa João 23 fosse santo, ele seria devoto’. Seus dois filhos mais novos, Tom e Zeca, são evangélicos e frequentam a igreja Universal do Reino de Deus. Sobre um tropicalista gerar filhos evangélicos, Caetano diz: ‘Minha geração teve que romper com a religiosidade imposta, a deles teve que recuperar a religiosidade perdida’. Caetano diz ser muito bem recebido quando vai assistir a seus filhos tocando nos cultos e afirma enxergar o bem que a religião fez aos dois. Paula Lavigne comenta: ‘Zeca encontrou um conforto na religião. Qualquer coisa que faça bem aos meus filhos faz bem para mim’. […] Paula Lavigne diz que a profundidade com que Caetano lida com as questões mais complexas da vida faz a convivência com ele ser difícil: ‘Ele nunca vai ser completamente feliz, só a ignorância é feliz’.”

Morris Kachani e Artur Voltolini, Revista Serafina/ Folha de S.Paulo – fevereiro/2011

 

“Dois tipos de mudanças vêm ocorrendo neste século – a transição de poder de um Estado dominante par outro é um modelo familiar. Mas a difusão do poder é um processo mais recente. Hoje, o problema enfrentado por todos os Estados é que muita coisa ocorre que foge ao controle até mesmo dos mais poderosos dentre eles. […] Num mundo com base na informação onde a insegurança virtual impera, a difusão do poder poderá ser uma ameaça maior do que a transição do poder. O que significará exercer poder na era da informação do século 21? Que recursos possibilitarão esse poder? Cada era constrói suas próprias respostas. […] A noção tradicional sempre foi de que o Estado com o maior Exército é que vence. Na era da informação, contudo, poderá ser o Estado (ou não Estado) com o melhor argumento que ganha. Hoje não se sabe como medir um equilíbrio de poder, muito menos como criar estratégias de sobrevivência bem sucedidas para este novo mundo. […] Como os eventos no Oriente Médio irão se desenrolar, ninguém sabe. Mas nesta era da informação, a defesa da liberdade de acesso a ela será um importante componente do poder inteligente.”

Joseph S. Nye, ex-secretário adjunto da Defesa dos EUA, professor na Universidade Harvard, O Estado de S.Paulo – 04/02/2011

 

“Passados quase 20 anos, as metas de redução de emissões ainda não foram cumpridas e elas continuam aumentando. Há poucos meses, em Nagoya, chegou-se a uma declaração que reconhece a necessidade de ampliar as áreas de proteção e a soberania de cada país sobre as espécies da biodiversidade em seu território, bem como a necessidade de compartilhar resultados em caso de exploração – mas ainda faltam regras práticas para esse compartilhamento. O desmatamento no mundo caiu cerca de 7 milhões de hectares anuais, mas ainda é muito alto. Os países ricos não aumentaram sua contribuição e, diz a ONU, o mundo continua com 925 milhões de pessoas passando fome, porque têm renda diária inferiora a US$ 1,25 (pouco mais de R$ 2). Poderão vir a ser mais pessoas, porque já nos aproximamos de 7 bilhões no planeta e chegaremos, em meados deste século, a pelo menos 8,5 bilhões. […] Quem encontrará o caminho para superar as lógicas financeiras? Como se enfrentarão as brutais desigualdades de renda no mundo e em cada país (inclusive no nosso)?”

Washington Novaes, O Estado de S.Paulo – 04/02/2011

 

“A felicidade é um sentimento individual tão efêmero como variável, a depender dos valores de cada pessoa. Em nossa época consumista, a felicidade pode ser vista como a satisfação dos desejos, muitos ditados pela moda ou pelas celebridades, como um passeio pelo Rio Nilo. […] Também a felicidade pode advir, como propõe o budismo, de estar liberto dos desejos, ou por ficar realizado apenas com a satisfação dos desejos acessíveis. A felicidade é possível pela perda do medo das perdas, por ter harmonia com a natureza, graças ao conformismo com as contingências, pela imersão na vida espiritual e pela contemplação, na dedicação aos necessitados, bem como em vista de uam relação afetiva.”

Miguel Reale Júnior, advogado, foi Ministro de Justiça, O Estado de S.Paulo – 05/02/2011

2ª semana de 2011

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“Veja o futuro como um quebra-cabeça. Conecte, digamos, algo vivido no trabalho com algo lido no jornal. Veja como as peças formam uma nova imagem. O futuro não é linear.”

Oscar Motomura, Revista Época Negócios – janeiro de 2011

 

“Uma pesquisa do MCT (Ministério de Ciência e Tecnologia) sinaliza que apenas 12% dos entrevistados conseguem citar o nome de um cientista brasileiro e só 18% sabem mencionar de cabeça uma instituição científica. Quem consegue nomear está na parte mais rica da população. “Isso mostra que o Brasil ainda é uma país extremamente desigual”, analisa o físico Ildeu de Castro Moreira, coordenador do trabalho.
E os cientistas mais citados são Oswaldo Cruz e Carlos Chagas. “Praticamente ninguém menciona cientistas sociais, sendo que o Brasil têm nomes importantíssimos como Paulo Freire e Gilberto Freyre”, completa. A pesquisa consultou 2.016 brasileiros com objetivo de investigar as atitudes e percepções dos brasileiros sobre a ciência e tecnologia. O trabalho dá continuidade a uma investigação similar realizada em 2006.”

Sabine Righetti, Folha de S.Paulo – 10/01/2011

 

“Está na hora de as autoridades entenderem que não haverá qualidade de vida se saneamento, tratamento de esgotos, gestão de recursos hídricos e política habitacional preventiva não estiverem no centro das agendas municipais. A crise ambiental é séria, e o número de cidades vitimadas é crescente. A lógica da gestão pública tem de mudar. É na infraestrutura das cidades, nos subterrâneos das ruas, nas periferias longe dos holofotes, nas várzeas de rios, nas encostas de morros e nos aterros sanitários que reside a nova lógica das políticas públicas.”

Ricardo Young, Folha de S.Paulo – 10/01/2011

 

“Afirmam os entendidos que não se pode nem se deve viver sem inimigos. São necessários à firmeza de nossas convicções e eficiência de nossos atos. Mesmo na metafísica há necessidade de contrários: após a Criação, o próprio Deus descolou um adversário, na pessoa do seu anjo predileto, que era Lúcifer.”

Carlos Heitor Cony, Folha de S.Paulo – 11/01/2011

 

“Entramos na década em pleno caos criativo. As mídias sociais evoluíram e agora são só mídia. Todos viramos mídia. Tudo virou mídia. E mídia é um meio condutor. De conteúdo humano. O que é fantástico. […] O Facebook é a cara do hoje.
Seu segredo é o segredo da revolução em curso e que a publicidade conhece desde sempre: comunicação. Agora evoluída para conexão.  O Facebook é a cara do hoje porque é a nossa cara. Com suas conexões, permite-nos fazer algo de que sempre gostamos: mergulhar em vidas alheias. E algo que descobrimos adorar: expor as nossas vidas. Aliás, o grau de transparência de algumas pessoas na rede chega a constranger. […] O criativo é naturalmente destrutivo.  A única forma de ter esse caos criativo como aliado é entrar no fluxo e inovar. A inovação é ao mesmo tempo mãe e filha da comunicação. Se você pensa que sabe tudo, está obsoleto. Quem diz que sabe tudo sobre o seu próprio negócio está morto. É preciso inovar. Para fazer mais rápido, mais sustentável, mais barato, mais produtivo, melhor.”

Nizan Guanaes, Folha de S.Paulo – 11/01/2011

  

“Esse mundo mecânico/ elétrico/eletrônico demanda, cada vez mais, mão de obra viciada em precisão, atenção e capricho. […] Fazer, rever, corrigir, verificar de novo daqui a pouco, o mundo clama por isso. Na fábrica, na oficina, nos escritórios de projeto, entre operários e doutores.”

Anna Veronica Mautner, psicanalista, Folha de S.Paulo – 11/01/2011

 

“Escrever não dá quando a necessidade é sustento, mas faz toda a diferença na vida. […] Não há quem nos impeça de desenvolver nossas possibilidades. Se elas existem, é quase natural que desabrochem, se não existem, podadas por qualquer coisa que seja, vamos desenvolvê-las alegremente, com humor, só atentas para não cairmos na mesma cela com outra decoração.”

Nina Horta, Folha de S.Paulo – 13/01/2011

 

“Os nativos digitais, aqueles que nasceram a partir dos anos 1990 e não concebem o mundo sem celular nem internet, são estimados em 1,6 bilhão de pessoas, número que cresce a cada dia. Numa pesquisa mostrada por Katherine Savitt durante o último Web 2.0 Summit, em San Francisco, Califórnia, em novembro, 71% das pessoas dessa faixa etária reportaram uso simultâneo de celular com internet e/ou televisão. E 69% disseram manter três ou mais janelas ativas do navegador durante uma sessão de internet. Por conta das tarefas múltiplas, os jovens e ultrajovens são às vezes tachados de DDA, ou seja, portadores de Distúrbio de Deficit de Atenção. Mas será que trocar mensagens tipo SMS enquanto assistem a programas na TV não é algo como conversar no sofá? Desde os anos 60 sabe-se que o sistema nervoso se modifica quando o organismo é exposto a muitos estímulos. Neuroplasticidade é o nome que se dá à capacidade que os neurônios têm de formar novas conexões a cada momento. Será que o cérebro da Geração Z não evolui de maneira diferente da dos mais velhos? Será que essa geração não tem uma capacidade sem precedentes de coletar e processar informações? […] Essa geração parece muito mais afeita a criar e compartilhar seus textos, fotos e vídeos na internet do que todas as gerações precedentes. 93% dos jovens internautas fazem isso, diz a pesquisa. Além de criar e publicar, há o espírito curador. O hábito de sair navegando e selecionar o que se vê, lê ou ouve. Validam o que gostam comentando ou compartilhando o conteúdo de terceiros, profissionais ou amadores. Essa é a forma normal de expressão nas redes sociais.”

Márion Strecker, 50, jornalista, Folha de S.Paulo – 13/01/2011

 

“Navegar é preciso, mas nem sempre se chega ao porto desejado. Os mares deste mundo estão cheios de náufragos do outro mundo.”

Carlos Heitor Cony, Folha de S.Paulo – 13/01/2011

 

“As pessoas devem ser, acima de tudo, curiosas. É a curiosidade que a faz imaginativa, e aí a criatividade emerge. […] O bem-estar é um dos mais poderosos fermentos para a criatividade e a inovação. […] A mesmice cria tédio. E o tédio gera insatisfação. […] É um desafio e uma oportunidade [a convivência]. As cidades europeias reúnem pessoas com origens étnicas e culturais diversas. Na América Latina, as diferenças são sociais. Vejo nessa heterogeneidade um poderoso fermento para a inovação e a criatividade. Acho que a inovação poderosa, num país como o Brasil, vai nascer do convívio e da troca de ideias de pessoas com backgrounds diferentes, da classe A com as classes C, D ou E. Só assim surgem ideias e insights.”

Charles Landry, 62, britânico, especialista internacional em cidades criativas, Revista Época Negócios – janeiro de 2011

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