Posts tagged crianças
46ª semana de 2013
“Uma mulher vitimada pelo estupro não é só alguém manchada na honra, mas alguém temporariamente alienada da existência. Honra, dignidade, autonomia são ignoradas pelo estuprador, é verdade. Mas o estupro vai além: é um ato violento de demarcação do patriarcado nas entranhas das mulheres. É real e simbólico. Age em cada mulher vitimada, mas em todas as mulheres submetidas ao regime de dominação.”
Debora Diniz, O Estado de S.Paulo – 10/11/2013
“E a política para trazer montadoras, para produzir carros caros e com alto consumo de gasolina, com potência para 350 km/h – mas você anda a 40 km/h? É o auge do supérfluo.
44ª semana de 2013
0“Uma em cada três pessoas com menos de 30 anos ainda não fez sexo no Japão de hoje. Os jovens japoneses enfrentam o que especialistas chamam de “síndrome do celibato”. Uma matéria publicada nesta semana no jornal britânico The Guardian mostra que o fenômeno pode impactar profundamente a estrutura da população nas próximas décadas. (…) Várias pesquisas parecem reforçar a sensação de que tanto sexo quanto relacionamento não são prioridade na vida dos jovens japoneses. Ainda de acordo com o The Guardian, em 2011, 61% dos homens solteiros e 49% das mulheres solteiras de 18 a 34 anos não estavam namorando. Uma pesquisa do Centro de Planejamento Familiar do Japão mostrou que 45% das mulheres e 25% dos homens de 18 a 24 anos não estavam interessados em sexo. (…) Outra pesquisa recente mostra que 90% das jovens japonesas acreditam que ficar solteira é melhor do que casar. Não casar – o que antes seria considerado um grande fracasso pessoal – parece estar se tornando uma opção cada vez mais atraente.”
Jairo Bouer, O Estado de S.Paulo – 27/10/2013
“Uma coisa que aprendi e tento praticar diariamente é: o que você faz fala muito mais do que você fala. Todos nós, líderes, temos de liderar dando o exemplo. Você tem de mostrar que uma coisa que você está falando é realmente você o que você acredita e faz. Você é o exemplo.”
Juan de Gaona, O Estado de S.Paulo – 27/10/2013
“O grande físico Isidor Rabi, vencedor do prêmio Nobel, costumava dizer que os cientistas são os ‘Peter Pans’ da sociedade, aqueles que não querem crescer, que passam a vida perguntando ‘por quê’. Qualquer pai e mãe sabem bem que criança é explorador nato; botando o dedo aqui e ali, comendo terra, pegando formiga, trepando em árvore, subindo e descendo a mesma escada dez vezes até desenvolver uma melhor percepção da gravidade e melhorar sua habilidade motora. Para uma criança, a vida é um grande experimento, uma grande aventura de descoberta. ‘Não faz isso! Solta! Olha o degrau! Cuidando com a tomada! Você vai cair daí.’ Como pai de cinco, sei que sem o nosso cuidado as crianças correm mesmo risco de se machucar. Mas cuidar não é o mesmo que reprimir o espírito único que têm de experimentar o mundo para poder entendê-lo. O mesmo acontece nas escolas, que acabam sendo fábricas de conformismo onde todos devem fazer a mesma coisa, onde a criança mais curiosa é reprimida e, salvo casos raros, calada. Temos muito a aprender com as crianças.”
Marcelo Gleiser, Folha de S.Paulo – 27/10/2013
“A certeza acerca da sua retidão moral é sempre uma mistificação de si mesmo. Mas hoje, como saiu de moda usar os pecados como ferramentas de análise do ser humano e passamos a acreditar em mitos como dialética, povo e outros quebrantos, a vaidade deixou de ser critério para analisarmos os olhos dos vaidosos. Vivemos na época mais vaidosa da história. (…) Que Deus tenha piedade de nós num mundo tomado por pessoas que se julgam retas.”
Luiz Felipe Pondé, Folha de S.Paulo – 28/10/2013
“Homens da chamada geração Y estão mais propensos a aceitar um ambiente corporativo feminino, segundo uma pesquisa realizada pela consultoria Mazars. Dos 750 executivos entrevistados, 57% aceitam a liderança feminina. Quando questionados sobre a preferência, 33% optariam por ter homens como chefes, enquanto 10% prefeririam ser gerenciados por profissionais mulheres. O estudo revelou ainda que 70% dos homens estão dispostos, ao menos por um tempo, a abrir mão da carreira para se dedicarem aos filhos. Os números em 60 países são: 68% dos entrevistados não veem diferença em serem chefiados por homens ou mulheres. 52% dos entrevistados nunca se sentiram ameaçados por mulheres em seu ambiente de trabalho. 14% confessaram preferir ter equipes de trabalho eminentemente femininas. 8% preferem ter funcionários homens.”
Maria Cristina Frias, Folha de S.Paulo – 30/10/2013
“Atualmente 21 milhões de mulheres brasileiras correm o risco de sofrer um infarto e 39000 morrem todos os anos em decorrência do mal – o triplo das vítimas fatais de câncer de mama.”
Adriana Dias Lopes, Veja – 30/10/2013
“Na contemporaneidade a gestão invadiu todas as esferas da vida. A família passou a ser vista como uma pequena empresa capaz de fabricar um indivíduo empregável. Filhos devem fazer inúmeros cursos que no futuro serão úteis à sua empregabilidade. É como se tudo tivesse de ser gerido como se fosse um capital para produzir resultados. Dentro das empresas, é como se nós tivéssemos de ser super-humanos o tempo todo, capazes de realizar e motivar os outros a realizar mais, melhor e mais rápido. Diversos rankings e indicadores são criados para dar a medida se aquilo que fazemos presta ou não. Há, ainda, a exigência da excelência constante, como se fosse possível e humano ser excelente o tempo todo.”
Rafael Alcadipani, Você S/A – outubro de 2013
“Não é simples definir a simplicidade. Mas é fácil notar sua ausência. Sem ela, todas as qualidades perdem seu sentido – e, com ela, alguns defeitos podem ser desculpáveis. O simples não é o oposto do complexo – mas– sim, o oposto do falso. Contudo, a falsidade e a duplicidade são companheiras íntimas da nossa espécie.”
José Francisco Botelho, Vida Simples – outubro de 2013
“Se o sujeito comete traição, é por alguma razão. Porque naquele momento sentiu necessidade. Ou fraquejou, reavaliou a relação amorosa. Não aconteceu comigo. Que bom. Mas quem sou eu para julgar o adultério? Quem é a pessoa que está nos lendo agora para condenar? E não venham me dizer que Deus castiga. Não ponham Deus no meio. Não usem o nome de Deus em vão, como fazem com tanta facilidade. É como comprar um bilhete de loteria e pedir: ‘Deus, me ajude a ganhar’. Ele não quer saber do seu bilhete de loteria.”
Tony Ramos, 65, ator, casado há 44 anos, Claudia – outubro de 2013
“A tentativa equivocada de transformar toda experiência de sofrimento em uma patologia a ser tratada. Mas uma vida na qual todo sofrimento é sintoma a ser extirpado é uma vida dependente de maneira compulsiva da voz segura do especialista, restrita a um padrão de normalidade que não é outra coisa que a internalização desesperada de uma normatividade disciplinar decidida em laboratório. Ou seja, uma vida cada vez mais enfraquecida e incapaz de lidar com conflitos, contradições e reconfigurações necessárias.”
Vladimir Safatle, Cult – outubro de 2013
“Meus sobrinhos pequenos melhoram meu humor imediatamente. É tudo tão simples para eles. Se você quer chorar, chora. Se está feliz, sorri.”
Monica Iozzi, 31, Claudia – outubro de 2013
“Digo aos mais jovens: conheçam a história, para evitar que seja reescrita. Honrem as realizações das gerações anteriores. Mas não sejam meros “continuadores”, pois a democracia, a economia e os direitos sociais devem ser aperfeiçoados e inseridos num novo modo de desenvolvimento, sustentável, adequado aos tempos presentes e futuros. O passado ensina. O futuro inspira.”
Marina Silva, Folha de S.Paulo – 01/11/2013
“Ninguém em sã consciência duvida que a ciência funcione. As provas, ainda que indiretas, estão por todos os lados, dos fornos de micro-ondas aos antibióticos. Se nossas teorias físicas e bioquímicas estivessem muito erradas, não teríamos chegado a esses produtos. Dessa constatação não decorre, é claro, que as atuais práticas dos cientistas sejam as mais adequadas. Numa excelente reportagem publicada na semana passada, a revista ‘The Economist’ faz um apanhado das coisas que não estão dando certo na ciência. Destaca desde a vulnerabilidade dos ‘journals’ a artigos ruins ou errados até a baixa replicabilidade dos principais estudos. É preocupante. Um ponto central da ciência é o de que um experimento qualquer, se repetido em idênticas condições, produzirá os mesmos resultados. É isso que garante sua objetividade e a distingue da bruxaria. E a replicabilidade é baixa mesmo no caso de trabalhos de alto impacto. (…) Seria exagero afirmar que a ciência está em crise, mas já passa da hora de as pessoas e instituições envolvidas tentarem aprimorar o sistema, tornando-o mais racional e eficiente.”
Hélio Schwartsman, Folha de S.Paulo – 02/11/2013
41ª semana de 2013
0“Desde que o mundo é mundo, as pessoas buscam áreas melhores para viver e os mais fortes tentam subjugar os mais fracos. E, hoje, a migração é um problema imenso e muito delicado. (…) O dilema tem contornos econômicos, políticos, culturais, humanitários e morais. E divide opiniões acaloradas. O que fazer?”
Eliane Cantanhêde, Folha de S.Paulo – 06/10/2013
“O Brasil não trata bem seu capital humano. É o que aparece nitidamente no ‘Relatório de Capital Humano’, que acaba de ser divulgado pelo Fórum Econômico Mundial, a entidade que promove, todo janeiro, os encontros de Davos. O Brasil fica no 57º lugar entre 122 países. Já é um resultado ruim, se se considerar que o país está entre as oito maiores economias do mundo. Quer dizer que tem tamanho, mas não tem qualidade. Piora as coisas saber que países de bem menor desenvolvimento relativo ficam à frente do Brasil, casos de Costa Rica (35º), Chile (36º), Panamá (42º) e Uruguai (48º), sem falar em Barbados, país caribenho que, na 26ª posição, é o mais bem situado na América Latina/Caribe. Para fechar o círculo negativo, o que afunda a posição brasileira é educação, um dos quatro pilares que constituem o levantamento. Nesse quesito, que recolhe indicadores quantitativos e qualitativos de todos os três níveis de ensino, o Brasil fica em obsceno 88º lugar. (…) O fato é que o Brasil tem problemas estruturais que o amarram ao solo faz gerações.”
Clóvis Rossi, Folha de S.Paulo – 06/10/2013
“Talvez um dos maiores medos humanos e que move o mundo desde sempre seja justamente o medo de perder a beleza e a juventude, e se restará alguém ao nosso lado quando formos apenas uma alma em agonia. (…) Aprendemos a negar nosso medo com teorias sofisticadas, mas o medo sempre aparece. Ficou chique dizer que se é emancipado, quando na realidade nem só de liberdade vive o desejo, mas também de pecado, medo e vergonha.”
Luiz Felipe Pondé, Folha de S.Paulo – 07/10/2013
“Uma mulher que deixa o emprego para cuidar dos filhos tem o respeito de 78% dos homens brasileiros. Já um pai que faz a mesma opção é malvisto por 42% dos entrevistados. Para 54% deles, largar o trabalho para cuidar das crianças é motivo de vergonha e é avaliado como comodismo, preguiça e vagabundagem. Apenas 11% dos homens consideram essa opção um motivo de orgulho.”
Mônica Bergamo, Folha de S.Paulo – 07/10/2013
“A adolescência agora vai até os 25 anos – e não apenas até os 18, como era previsto. Essa é a nova orientação dada a psicólogos americanos. É como se a neurociência pudesse eximir a todos de responsabilidade por um fenômeno deste século: jovens demoram muito mais a amadurecer, sair de casa e ser independentes. As pesquisas revelam que “a maturidade emocional de um jovem, sua autoimagem e seu discernimento são afetados até que o córtex pré-frontal seja totalmente desenvolvido”. E isso só acontece aos 25 anos. (…) A adolescência é cultural, depende do país e da sociedade. O fenômeno fisiológico é a puberdade. ‘Crianças de rua não têm adolescência, só puberdade. Rapidamente se tornam adultos’, como diz o psiquiatra Luiz Alberto Py. Prolongar a adolescência além dos 18 anos é prolongar a angústia. O jovem não é tão despreparado quanto teme. Nem tão brilhante quanto gostaria.”
Ruth de Aquino, Época – 07/10/2013
“Ouvi de um rapaz que foi homossexual praticante durante muito tempo que nós afirmamos que a graça de Deus basta, que Deus ama o pecador. Cantamos para que eles venham como estão. Mas não no caso dos gays. No caso dos gays, pedimos que mudem primeiro. A igreja deve manter o mesmo convite para todos, para que todos possam caminhar em direção à vida que Cristo nos oferece.”
Ricardo Barbosa, Época – 07/10/2013
“Um dos principais termômetros do comportamento das pessoas é sua habilidade de interação social. Cada vez mais se acredita que ela pode ser um indicador precoce de problemas neurológicos ou psiquiátricos. São atributos como conseguir se relacionar num grupo, rir das piadas ou se importar com os sentimentos do próximo. Em resumo, conectar-se com o que acontece à sua volta.”
Jairo Bouer, Época – 07/10/2013
“O que conta na vida não são as vantagens que conseguimos no curto prazo. É, antes, o tipo de caráter que ‘floresce’ (uma palavra cara a Aristóteles) no curso de uma vida. E, para que esse caráter ‘floresça’, as virtudes são como músculos que praticamos e desenvolvemos. (…) Não é fácil olhar em volta e ver como a mesquinhez alheia triunfa e passa impune. Mas não confunda o transitório com o essencial.”
João Pereira Coutinho, Folha de S.Paulo – 08/10/2013
“O mundo adulto foi invadido pela busca da felicidade e da juventude, entre outras coisas, o que transformou muito o comportamento de quem já tinha maturidade. Dessa maneira, características antes creditadas apenas a adolescentes passaram a fazer parte da vida adulta também. A impulsividade, o imediatismo, a busca do prazer e da liberdade e o comportamento de risco, por exemplo, passaram a ser fatos corriqueiros na vida dos mais velhos. Ao mesmo tempo, as crianças passaram a perder a infância cada vez mais cedo e seus interesses, seu comportamento, suas vestimentas, sua vida social e a linguagem usada ficaram cada vez mais parecidas com as dos adolescentes. Por isso, a notícia que saiu dias atrás que, agora, a adolescência deve ser considerada um período que vai até os 25 anos não é nenhuma novidade. Já faz tempo que constatamos que a adolescência começa cada vez mais cedo e termina cada vez mais tarde. Quando termina! Por isso, não deve estar longe o tempo em que a adolescência vai se tornar um conceito obsoleto. Vai deixar de ser um período da vida para ser um estilo de vida.”
Rosely Sayão, Folha de S.Paulo – 08/10/2013
“A expectativa de que devemos estar sempre disponíveis para empregadores, colegas e família cria um obstáculo real para a tentativa de reservar um tempo privado. Mas esse tempo privado é mais importante do que nunca.”
Lesley M. M. Blume, The New York Times/Folha de S.Paulo – 08/10/2013
“Em um congresso internacional de moda, afirmei que o mercado reproduz as imagens dos velhos do século passado e não vê os “novos velhos” que têm projeto de vida, saúde, amor, felicidade, liberdade e beleza. (…) Somos mais livres para inventar nossa ‘bela velhice’.”
Mirian Goldenberg, Folha de S.Paulo – 08/10/2013
“Na sociedade de massa é preciso não sentir o que se pensa, nem pensar o que se sente. A banalidade do mal se desdobra no mal da banalidade.”
Luiz Gonzaga Beluzzo, Carta Capital – 09/10/2013
“Existem vários tipos de leitor, e acredito que os melhores são os que sabem alternar distância e proximidade em relação a seu objeto. Uma espécie de simulação: buscamos entender os argumentos de um autor, por mais repugnantes que pareçam à primeira vista, levando seus efeitos teóricos às últimas consequências e de lá voltando com algum ensinamento (edificante ou não).”
Michel Laub, Folha de S.Paulo – 11/10/2013
“O espectro da atenção contemporânea foi muito reduzido com a mídia digital. Um longo romance exige uma imersão que a distração contemporânea pode não comportar.”
Daniel Menaker, O Estado de S. Paulo – 11/10/2013
“Especialistas em educação advertem que a atenção internacional não deve diminuir em relação à situação do ensino no Paquistão: mais de 5 milhões de meninas em idade escolar não vão à escola e há um número muito maior de escolas para meninos do que para meninas.”
Taha Siddiqui, O Estado de S. Paulo – 11/10/2013
“Pouco tempo atrás, a uma criança que dissesse suas vontades, só se respondia ‘cresça e depois a gente conversa’. De repente, hoje, parece que o próprio fato de uma criança falar seja garantia da qualidade (‘verídica’) do desejo que ela expressa (talvez por isso, aliás, não saibamos mais o que fazer quando as crianças dizem que preferem dormir tarde, estudar outro dia etc.). Será que nos esquecemos de que uma criança inventa, finge, mente, que nem gente grande, se não mais?”
Contardo Calligaris, Folha de S.Paulo – 12/10/2013
40ª semana de 2013
0“Não é a ciência que cria o bem ou o mal. A ciência cria conhecimento. Quem cria o bem ou o mal somos nós, a partir das escolhas que fazemos.”
Marcelo Gleiser, Folha de S.Paulo – 29/09/2013
“Se você quiser ser um ser humano verdadeiramente livre – ir aonde você quiser, encontrar quem você quiser -, você precisa de uma estrutura muito rígida de ordem pública, de boas maneiras. Sem isso, nossa liberdade é sem sentido. Liberdade e ordem andam juntas.”
Slavoj Zizek, Folha de S.Paulo – 29/09/2013
“Um dos méritos da arte moderna e contemporânea foi relativizar e ampliar a ideia de belo. Platão já questionava como era possível, para um escultor, esculpir belamente um homem feio. Seriam belas esculturas. Por que não posso considerar que algo emocionante ou estranho também seja tido como arte? E por que não posso chamar de belo aquilo que me faz revisitar o conceito do que seja belo?”
Noemi Jaffe, Folha de S.Paulo – 29/09/2013
“Quando você fica longe do seu lugar, às vezes sua literatura esmorece.”
Milton Hatoum, Folha de S.Paulo – 29/09/2013
“O mercado espera dos profissionais, além de uma lista sem fim de competências técnicas e comportamentais, muitas vezes incompatíveis com a função que a pessoa desempenha, também certa disposição para enfrentar as situações organizacionais como se estivesse em uma guerra.”
Adriana Gomes, Folha de S.Paulo – 29/09/2013
“O maior pecado de ‘Cinquenta Tons’ é que ele vende uma fantasia: o homem ideal.”
Luiz Felipe Pondé, Folha de S.Paulo – 30/09/2013
“É assim a inquietação: ou você nasce com ela ou não. E, se nasceu, vai passar a vida inteira com uma pressão no peito e outra na alma, querendo entender a vida e não entendendo direito, trocando sempre de casa, de objetivo e de analista, sem nunca chegar a uma conclusão. Um inquieto não tem sossego.”
Danuza Leão – Claudia – setembro de 2013
“Sem a capacidade de não se deixar dominar pela emoção, não há como vencer o medo.”
Suzana Herculano-Houzel, Folha de S.Paulo – 01/10/2013
“Haverá coisa mais triste do que uma existência inteiramente dedicada ao trabalho? Sobretudo a um trabalho que nos escraviza e desumaniza?”
João Pereira Coutinho, Folha de S.Paulo – 01/10/2013
“O país merece tratar igualmente bem o pobre e o poderoso.”
Francisco Daudt, Folha de S.Paulo – 02/10/2013
“A infância se compõe de familiaridade e descoberta. Tudo é novo, mas não há nada mais forte do que a rotina, a sensação de que nada, nunca, irá mudar.”
Marcelo Coelho, Folha de S.Paulo – 02/10/2013
“O mercado começou a valorizar formações menos ortodoxas e a prestar atenção nessa geração conectada e capaz de aprender por si mesma.”
Becky Cantieri – Veja – 02/10/2013
“Ao mesmo tempo que redes sociais, notadamente o Facebook e o Twitter, são apresentadas como importantes ferramentas para o ativismo social e político, estudiosos apontam para o incremento da sensação de solidão e um aumento de polarização ideológica, com a tendência de os usuários dialogarem com indivíduos de posição política e comportamental similares às suas, e criticam a ideia de que essas plataformas, por sua natureza, exporiam os usuários a uma quantidade anteriormente inimaginável de pontos de vista.”
Eduardo Graça – Carta Capital – 02/10/2013
“O papa Francisco não quer apenas que se saiba do seu propósito de reformar a Cúria e o Vaticano -cristianizá-los, é isso-, quer também que se saiba por que deseja fazê-lo. E tem a coragem de dizê-lo com franqueza estonteante. ‘A corte é a lepra do papado’ – que irado ateu ousou, nos últimos séculos, uma definição assim dura e crua sobre os ‘cortesãos vaticanocêntiricos’? Estamos, pode-se admitir, diante de um fenômeno, na acepção mais límpida da palavra. Testemunhá-lo será um privilégio histórico.”
Janio de Freitas, Folha de S.Paulo – 03/10/2013
“O papa Francisco, recentemente, lembrou que a Igreja Católica não deve se esquecer que ela tem, antes de mais nada, missões positivas – de obras e de fé.”
Contardo Calligaris, Folha de S.Paulo – 03/10/2013
38ª semana de 2013
“A depressão cresce entre as crianças em parte pelas razões pelas quais está aumentando em toda a sociedade, mas também porque as crianças estão sob mais pressão, são mais superestimuladas, mais levadas a se movimentar de um lugar para o outro e de escola para escola. Isso acontece porque os pais estão ambos trabalhando fora, e as crianças têm ficado com uma variedade de cuidadores que as amam menos que os pais. Isso acontece por causa do colapso da família.”
Andrew Solomon, O Estado de S.Paulo – 15/09/2013
“Alguns trabalhos recentes mostram que, em tempos em que tudo acontece nas redes sociais, declarações e publicações em páginas pessoais poderiam dar pistas para amigos e parentes das intenções de alguém que enfrenta sérias dificuldades. Estar atento a esses sinais poderia ajudar a evitar suicídios.”
Jairo Bouer, O Estado de S.Paulo – 15/09/2013
“Se você deixar, tudo gira em torno do dinheiro. Depende de como você encara a profissão. (…) Os temas mais perturbadores são os que nos levam a um maior entendimento sobre a vida.”
Jake Gyllenhaal, ator, O Estado de S.Paulo – 15/09/2013
“Estar pobre torna as pessoas menos capazes de fazer as coisas direito e afeta a habilidade de pensar.”
Eldar Shafir, Folha de S.Paulo – 15/09/2013
“‘Câncer’ são centenas de doenças diferentes. Não há uma cura, mas muitas. A genética nos dá uma nova visão da doença. A batalha é longa e, quanto mais vivermos, maior será a probabilidade de que algo dê errado. No meio tempo, 50% dos cânceres são evitados com medidas como não fumar e evitar muito sol.”
Marcelo Gleiser, Folha de S.Paulo – 15/09/2013
“Hoje existe essa coisa de ‘escolha’, profissão, filhos depois da pós, direitos iguais, ar-condicionado, reposição hormonal, bolsa Prada. Esquecemos que direitos e escolhas são produtos mais caros do que bolsa Prada. Pensamos que brotam em árvores.”
Luiz Felipe Pondé, Folha de S.Paulo – 16/09/2013
“Não a afetividade melosa de incontáveis declarações de amor ao filho, e sim a amorosidade de introduzi-lo na vida como ela é, de dar banhos de realidade no filho de acordo com a idade que ele tem.”
Rosely Sayão, Folha de S.Paulo – 17/09/2013
“A primeira lição a tirar de junho é a seguinte: a política brasileira transformou-se em algo profundamente instável. Nada nos garante que não estamos vendo apenas um momento de calmaria antes de uma nova tempestade. Note-se como, desde junho, este país viveu, de maneira praticamente ininterrupta, em um estado contínuo de manifestações de toda ordem. (…) Por um momento, parecia que certas instituições brasileiras tinham sentido o golpe. Tudo isso durou um instante. Logo em seguida, tais instituições demonstraram seu caráter radicalmente irredutível em relação a reformas e voltaram a operar como sempre operaram. (…) Nada mais equivocado do que confiar em uma calmaria aparente. Quando uma sociedade acorda, ela não volta a dormir completamente. Na verdade, sua elaboração passa a um estado de latência. Em latência, ela vai aos poucos se desacostumando de suas antigas formas, até que chega o momento em que provocar mudanças equivale a chutar uma porta podre. Muitas das transformações fundamentais ocorrem assim, ou seja, o trabalho mais importante foi feito em silêncio aparente.”
Vladimir Safatle, Folha de S.Paulo – 17/09/2013
“Não educar bem uma criança, deixá-la crescer no shopping center, consumindo loucamente sem ter desafios e sonhos que transcendam um abdômen de tanquinho e o próximo modelo de iPhone é falta de amor com ela e falta de responsabilidade com o país.”
Nizan Guanaes, Folha de S.Paulo – 17/09/2013
37ª semana de 2013
0“O Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas lança amanhã, em São Paulo, um relatório sumário sobre os efeitos do aquecimento global no país. Resultado de seis anos de trabalho de 345 pesquisadores, que avaliaram tudo que já se publicou de estudos sobre o tema, suas conclusões não são nada boas. O semiárido nordestino já padece com a pior seca em muitas décadas. Imagine agora se a temperatura média na região se elevar de 3,5°C a 4,5°C, até o ano 2100, e as chuvas diminuírem de 40% a 50%. A transposição do rio São Francisco não vai dar nem para o cheiro, na hora de aplacar a penúria dos pequenos agricultores da caatinga. Para a Amazônia as previsões do PBMC são quantitativamente mais graves: o aumento de temperatura projetado ficará entre 5°C e 6°C; as chuvas terão queda de 40% a 45%.”
Marcelo Leite, Folha de S.Paulo – 08/09/2013
“Entre a maternidade e o túmulo, nossas mentes talvez passem mais tempo passeando por esses mundos do que pelo mundo real. (…) Crianças pequenas têm verdadeira compulsão por improvisar histórias. ‘Não precisamos subornar crianças para que inventem histórias como temos de fazer para que comam brócolis’, diz o norte-americano professor de literatura do Washington and Jefferson College, na Pensilvânia, Jonathan Gottschall. ‘Elas brincam de faz de conta quando não têm o que comer. Brincaram de faz de conta em Auschwitz’.”
Reinaldo José Lopes, Folha de S.Paulo – 08/09/2013
“No espanto, não há diferença entre o filósofo e o poeta, já que ambos são tomados, inesperadamente, da constatação de que não há explicação para o que acabam de perceber. A diferença, então, estaria depois da constatação, que é diferente no filósofo e no poeta. Salvo, melhor juízo, acho que o filósofo tem necessidade de explicar o fato que o espantou, e o poeta não; o poeta quer apenas dizer que se espantou, que aquilo não tem mesmo explicação; o que ele deseja, em suma, é registrar o inexplicável, afirmar o insondável mistério da existência.”
Ferreira Gullar, Folha de S.Paulo – 08/09/2013
“Nos últimos anos, a internet se consolidou como a principal fonte de notícias trágicas. Se má notícia corre rápido, não poderia ter escolhido melhor caminho.”
Luli Radfahrer, Folha de S.Paulo – 09/09/2013
“O mundo, às vezes, pode parecer um lugar assustador. Um lugar onde não conseguimos ver espaço para nossa vida. A alma, então, fica ofegante, sem ar, buscando um lugar onde o horror não seja a regra.”
Luiz Felipe Pondé, Folha de S.Paulo – 09/09/2013
“As religiões são incoerentes, mas Dawkins também é incoerente por não ter uma prova definitiva da inexistência de Deus. (…) Os novos ateus acham que a ciência atual é suficiente para explicar o mundo, mas isso não é possível.”
Peter Steinberger, Época – 09/09/2013
“Cada vez mais, a vontade dos homens está submetida às suas produções – criamos as soluções que nos aprisionam; as coisas mandam nos desejos. Num primeiro momento, isso nos dá o pavor do descontrole racional sobre o mundo, ou melhor, da “ilusão de controle” que tínhamos: ‘Ah… que horror… o humano está se extinguindo, a grande narrativa, o sentido geral…’. Mas, pergunta-se: que ‘humano’ é esse que só no séc. 20 gerou duas guerras mundiais, Hitler, Mussolini, Hiroshima e Nagasaki, Vietnã, China, Pol Pot, África faminta. Que ‘humano’ é esse que os racionalistas teimosos cismam em idealizar? Está se formando uma nova vida social, sem finalidade, sem esperança ideológica, mas que poderá ser muito interessante em sua estranheza.”
Arnaldo Jabor, O Estado de S.Paulo – 10/09/2013
“E o Brasil precisa aumentar rápido sua população universitária. Nossa taxa bruta de escolarização no nível superior beira os 30%, contra 59% do Chile e 63% do Uruguai. Isso para não mencionar países desenvolvidos como EUA (89%) e Finlândia (92%).”
Hélio Schwartsman, Folha de S.Paulo – 10/09/2013
“Sentir ciúme é muito doloroso. Desejar o amor exclusivo de alguém e constatar que isso não é possível provoca uma intensa dor. Muitos adultos experimentam no presente esse sentimento e todos já o experimentaram algum dia, mesmo que não se lembrem mais das emoções que esse sentimento mobiliza. Mas, quando é a criança que manifesta ciúme, poucos adultos se sensibilizam e acolhem o sofrimento dela.”
Rosely Sayão, Folha de S.Paulo – 10/09/2013
“O que procuramos na rua?! Os meios de comunicação – jornais, revistas, rádios e televisão -, há mais de um mês, procuram uma resposta. Aqui, vou sugerir uma possível. Eu diria que nos esgueiramos para fora das quatro paredes, onde estamos enclausurados pelas tecnologias modernas, para reencontrar nas ruas, em carne e osso, o ‘outro’.”
Anna Veronica Mautner, Folha de S.Paulo – 10/09/2013
“Uma década após o fim da guerra, a qualidade da educação ainda é ruim e muitas das nossas escolas estão em condições precárias. Sabemos como corrigir a educação. Mas, após dez anos, o tempo de falar passou. Não podemos continuar a realizar conferências sobre o estado da educação. É hora de sujar as mãos.”
Leymah Gbowee, 41, ativista liberiana, Carta Capital – 11/09/2013
“Sempre se disse que a igreja não é uma democracia. Mas seria bom que houvesse um espírito mais democrático, no sentido de ouvir atentamente.”
Pietro Parolin, 58, arcebispo italiano, secretário de Estado do Vaticano, Folha de S.Paulo – 12/09/2013
“Ler mais não significa entender o que se está lendo, conforme provam os relinchos e dejetos nas caixas de comentários.”
Michel Laub, Folha de S.Paulo – 13/09/2013
“Assim como o Brasil, a Turquia viveu uma transformação muito grande nas últimas décadas. Somos, Brasil e Turquia, considerados “mercados emergentes”. Fico irritado com o rótulo. Prefiro falar em ‘humanidades emergentes’. Não é só o mercado que ’emerge’. Com a consolidação de uma classe média e o fortalecimento da economia de um país, suas artes e literatura também se desenvolvem. As manifestações recentes nas ruas do Brasil e da Turquia têm relação com esses novos humanismos.”
Orhan Pamuk, Folha de S.Paulo – 14/09/2013
“O mundo de hoje é comandado pelo masculino: visão de curto prazo, poder pelo poder, mania de resolver agora o problema sem olhar para a raiz.”
Marise Barroso, presidente da Amanco, Época Negócios – setembro de 2013
36ª semana de 2013
0“Segundo pesquisa da PWC, em 2040 cerca de 57% da população brasileira em idade ativa será composta por pessoas com mais de 45 anos. (…)Para os indivíduos, as crises de meia idade devem acontecer mais tarde, pois quem chega aos 40 anos tem em média mais quarenta pela frente. Tempo suficiente para rever e até mudar a carreira. Mas, em função das características do mercado atual, jovens de 28 anos já se consideram velhos, pois reina a crença de que velho, para as organizações, são profissionais em torno dos 40 anos. Para muitos jovens, a percepção de crescimento fica muito limitada. Isso causa muita frustração, já que se tem a ideia de que lhes resta pouco tempo para chegar às posições de liderança. (…) Quem é esse idoso hoje? Certamente não são os profissionais ativos na faixa dos 50 e 60 anos. Segundo a pesquisa, as empresas até reconhecem que esse grupo é melhor em realização de diagnósticos (87%), resolução de problemas (86%) e equilíbrio emocional (96%), além da fidelidade (89%), o que impacta fortemente os índices de rotatividade -um problema sério dos mais jovens.”
Adriana Gomes, Folha de S.Paulo – 01/09/2013
“A evolução da educação é um exemplo de como chegamos não ao final de um velho processo, mas ao começo de um novo. Mesmo com tantas deficiências, as estatísticas mostram que, de 1991 a 2010, tivemos avanços fundamentais nessa área, aponta a compilação de dados do Ipea. Em 20 anos, o número de crianças de 5 a 6 anos frequentando a escola pulou de 37,3% para 91,1% do total; o de jovens de 15 a 17 anos com fundamental completo passou de 20% para 57,2%. Mesmo insuficientes, são conquistas importantes. Se ainda não conseguimos garantir educação de qualidade a todos, ampliamos muito o acesso à educação. E educação puxa educação. É esse o caminho.”
Nizan Guanaes, Folha de S.Paulo – 03/09/2013
“Conviver com a dúvida tem sido cada vez mais difícil. Quanto mais se amplia o leque de escolhas em qualquer atividade da vida, menos dúvidas queremos ter. Queremos fazer a escolha certa, para a qual não restaria dúvida alguma. Não mais nos contentamos com a melhor escolha possível ou com uma escolha suficientemente boa. Difícil, senão impossível, viver dessa maneira, não é verdade?”
Rosely Sayão, Folha de S.Paulo – 03/09/2013
“Mergulhados na nossa irreprimível condição narcísica, usamos a tecnologia e as redes sociais para montar pequenos altares públicos aos nossos umbigos privados.”
João Pereira Coutinho, Folha de S.Paulo – 03/09/2013
“Para as convenções da estatística econômica, estão em idade ativa pouco menos de 70% da população brasileira, aqueles com idade entre 15 e 65 anos, entre a adolescência e a aposentadoria. Isso significa que o país está muito perto do auge da contribuição das transformações demográficas para o crescimento da produção e da renda. Com o número de crianças em queda e o de idosos ainda relativamente pequeno, há menos inativos a serem mantidos com as riquezas geradas pelo trabalho dos demais. O mundo desenvolvido já atravessou essa etapa do amadurecimento, quando há maior margem para poupança, chances de aprimorar a educação com o aumento dos gastos dos governos e das famílias por criança e até melhora da segurança pública. Economistas, propensos à intranquilidade, alertam cada vez mais frequentemente para o risco de o país não aproveitar ao máximo essa oportunidade. Afinal, depois da Copa de 2022, no Qatar, o envelhecimento dos brasileiros já estará tão avançado que a proporção de inativos reassumirá a tendência de alta.”
Gustavo Patu, Folha de S.Paulo – 03/09/2013
“A adolescência é crise brutal. A criança é tomada por hormônios, mudanças corporais que a deixam mais forte e mais erotizada. O intercâmbio amoroso-sexual se apresenta. Ambições de não ser mais tratada como criança. Embates de autoridade em casa. Tentativas de inserção social, questões de autoestima, dúvidas de imagem corporal, de direito aos desejos que descobre em si (ou vergonha deles). É um momento delicado.”
Francisco Daudt, Folha de S.Paulo – 04/09/2013
“Existem duas concepções sobre o que venha ser criança, tais concepções emergiram a partir do Renascimento e se distinguiram com mais clareza no século 18. A primeira, mais disciplinadora, diz que ela é um ser que precisa ser cuidado, educado e, de alguma forma, moldado para se tornar um adulto moralmente competente e com conhecimento para agir em sociedade. A segunda mais romântica, defende que ela seja pensada como um ser em desenvolvimento, que demanda proteção de qualquer efeito funesto da sociedade porque é naturalmente boa e inocente. A partir da década de 1980, a Sociologia da Infância propõe uma alternativa de definição e começa a pensar os pequenos em si próprios, como seres humanos densos e plenos, que não são estão em fase de integração e inclusão, defendendo que vivem plenamente integrados à sociedade. Eles são capazes de refletir e expressar as contradições sociais pelo seu modo de ver o mundo.”
Manuel Sarmento, diretor do Instituto de Educação da Universidade do Minho/Portugal, Nova Escola, setembro de 2013
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