Posts tagged corrupção

46ª semana de 2013

“Uma mulher vitimada pelo estupro não é só alguém manchada na honra, mas alguém temporariamente alienada da existência. Honra, dignidade, autonomia são ignoradas pelo estuprador, é verdade. Mas o estupro vai além: é um ato violento de demarcação do patriarcado nas entranhas das mulheres. É real e simbólico. Age em cada mulher vitimada, mas em todas as mulheres submetidas ao regime de dominação.”

Debora Diniz, O Estado de S.Paulo – 10/11/2013

 

“E a política para trazer montadoras, para produzir carros caros e com alto consumo de gasolina, com potência para 350 km/h – mas você anda a 40 km/h? É o auge do supérfluo.

31ª semana de 2013

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“Como definir o mal? Como se manifestou o mal neste início do século 21? E será que muitos reagiram de forma banal aos episódios de mal que vivenciaram? […]O mal está entre nós. Está nesses episódios, está nos crimes associados às drogas, está na violência e no desrespeito contra os pobres. Mas é difícil para nós nos indignarmos, porque esse mal é banal. Só quando ele deixa de sê-lo, e a sociedade se torna indignada, pode ele ser combatido e, em alguns casos, vencido.”

Luiz Carlos Bresser-Pereira, Folha de S.Paulo – 29/07/2013

 

“A modernidade é toda feita para servir ao pequeno autoritário, o ‘eu’: ele exige mais sucesso, mais autoestima, mais saúde, mais dinheiro, mais beleza, mais celulares, mais viagens, mais consumo, mais direitos, mais rapidez, mais eficiência, mais atenção, mais reconhecimento, mais equilíbrio, melhor alimentação, mais espiritualidade para que ele não se sinta um materialista grosseiro.”

Luiz Felipe Pondé, Folha de S.Paulo – 29/07/2013

 

“O que dizer de um papa que se diz pecador? Estaria ele dessacralizando o papado? Em partes, explica o historiador e padre José Oscar Beozzo. ‘Francisco dessacraliza o que deve ser dessacralizado no papado, isto é, formas de poder herdadas do fato de o bispo de Roma ter-se tornado um príncipe e chefe de Estado.’ O foco do pontificado de Francisco é seu caráter pastoral.”

Ocimara Balmant, O Estado de S.Paulo – 30/07/2013

 

“Não acho graça quando dizem que alguma falha, bizarrice, relaxamento ou incompetência é o jeito brasileiro. Não concordo quando autoridades dizem que atrasos em ocasiões oficiais fazem parte da cultura brasileira… Não acho que errar o trajeto ou combinar mal ou nem combinar nada sobre o trajeto de um papa, sabido séculos antes, nas tantas vezes convulsionadas ruas do Rio atual, seja apenas jeito brasileiro. E, se for, a gente tem que corrigir.”

Lya Luft, Veja – 31/07/2013

 

“Para a política do passado, que às veze se tem que encarar seu outono antes de viver sua primavera, toda transformação deve ter um guia, uma pauta, um interesse por trás. A ideia de que nossa insatisfação, pode ser catalisada como um verdadeiro acontecimento, justamente por que ela ainda não adquiriu a fisionomia dos processos institucionais habituais, ou porque ela se posiciona na geografia mental de que dispomos, torna-se então inaceitável.”

Christian Dunker, Cult – julho de 2013

 

“Creio que nossas instituições estão falidas e temos que começar a repensá-las por completo. O que a Fundação Casa oferece? O que o Estado oferece? […] Acho que temos de fazer todas as reflexões possíveis para mudar esta realidade. Em trinta anos, as mudanças foram pequenas no Brasil, não fizemos nenhuma grande reforma como a política, a educacional, na área de saúde, transporte, habitação… e, pior ainda, sinto falta de que a intelectualidade participe mais ‘na base’. Desde os meus tempos de academia sempre tive como espelho pessoas como Darcy Ribeiro, Paulo Freire, Milton Santos, Celso Furtado… É disso que sinto falta, de novos pensadores.”

Carlos Augusto dos Santos, sociólogo, um dos criadores da Fundação Amparo à Pesquisa no Estado do Amazonas, Sociologia – julho de 2013

 

“Aprender a pensar não significa aprender pensamentos ensinados pelo professor. Para Kant todos podemos aprender a filosofar, exercer o talento da razão; aprende-se a filosofar pelo exercício e pelo uso que se faz para si mesmo de sua própria razão. O papel da reflexão ou da razão autônoma não está em treinar a memória e nem a erudição. Tais parcialidades apenas conseguirão torna-lo dependente, pois esta não é a maneira correta de usar a razão. Quando o professor se deixa levar por esse tipo de laisser-aller – ou  displicência -, tem-se a indicação de que ele não pensa, não tem coragem de posicionar-se, permanece numa condição de absoluta menoridade; ele não pesquisa, não estuda e limita-se a passar esquemas prontos, o que, na prática, significa um servilismo. E isso não é ensinar.”

Geraldo Balduíno, Filosofia – julho de 2013

 

“É quando minha vida deixa de ser minha que ela começa.”

Gustavo Gitti, Vida Simples – julho de 2013

 

“A poesia mesmo nasce de um estado de espírito de perplexidade diante do mundo. Não é algo que você faça porque quer. O poema utiliza a linguagem verbal, que é organizada.”

Ferreira Gullar, Folha de S.Paulo – 03/08/2013

 

“Acho que nada supera o momento presente, por mais que tenha sido maravilhoso o que já foi vivido. Agora, o que já foi vivido me interessa como caminho para o que está vindo.”

João Anzanello Carrascoza, O Estado de S.Paulo – 03/08/2013

 

“Em 1988, Ramsay MacMullen, conhecido historiador especializado em Roma, da Universidade de Yale, publicou um livro analisando uma das questões fundamentais nesse domínio: por que o maior império da história do mundo entrou em colapso no século 5.º? A causa, segundo ele, foi a corrupção, que se tornou sistêmica no fim do Império Romano. O que antes era imoral passou a ser aceito como prática comum e o que antes era ilegal foi comemorado como normal.”

Fareed Zakaria, O Estado de S.Paulo – 03/08/2013

20ª semana de 2013

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“Os inimigos dos brasileiros são pelotões de políticos corruptos, juízes vendidos e empresários desonestos. São os criminosos que pilham o progresso do país e deixam miséria e injustiça no rastro de suas tropas. São todos os que semeiam mazelas que, encadeadas, transformam cidades em áreas deflagradas. São eles os que devemos combater.”

Alexandre Vidal Porto, “Folha de S.Paulo” – 11/05/2013

 

“O novo racismo, em vez de envolver atos que prejudicam membros de outro grupo, assume cada vez mais a forma de atos de favorecimento a membros do próprio grupo. […] Se o novo racismo traz o benefício de não ser violento como o tradicional, apresenta a desvantagem de ser algo muito mais difícil de combater. Afinal, não dá para recriminar alguém por tentar ajudar seus amigos.”

Hélio Schwartsman, “Folha de S.Paulo” – 12/05/2013

 

“Por que discutimos a redução da maioridade penal antes de apontar para aqueles que, tendo atingido a maioridade, são capazes de violar bárbara e impunemente os direitos humanos de crianças e adolescentes que não têm como se defender, criando profundas e irreversíveis iniquidades na origem?”

Ana Estela Haddad, “Folha de S.Paulo” – 12/05/2013

 

“Não importa a classe social. Não importa a idade. Ou o endereço e a profissão. Não importa se é casada ou solteira. O maior medo da mãe é que seu filho ou sua filha não seja feliz. Por mais impalpável que seja esse medo, por mais subjetivo que seja o conceito de felicidade, a mãe, em sua onipotência, acredita ser a pessoa mais essencial para fazer de seu filho ou de sua filha um adulto feliz. Um dos medos comuns é não ser uma boa mãe – e esse adjetivo tem dezenas de significados. O que é ser boa mãe? Ela costuma ter obsessão em manter o filho e a filha alimentados, agasalhados e saudáveis, qualquer que seja a idade, como se isso os livrasse de todas as maldades do mundo. Tantas mulheres se culpam pelas desventuras dos filhos. Onde foi que errei? É uma culpa inútil, não leva a nada. Uma culpa perigosa, porque retira dos filhos a responsabilidade por seus caminhos e os infantiliza.”

Ruth Aquino, “Revista Época” – 13/05/2013

 

“‘O estresse pode estimular as pessoas a dar o melhor de si no que fazem: um projeto, um concurso ou uma palestra’. Paulo Yazigi Sabbag, presidente da Sabbag Consultoria diz que o estresse potencializa algumas de suas habilidades, como bolar estratégias alternativas – o popular ‘pensar fora da caixa’. ‘Consigo sustentar a concentração por mais tempo. Com foco no desafio, o pensamento não é vago nem catastrófico, o que permite tomar melhores decisões’, diz Paulo.”

“Revista Alfa” – maio de 2013

 

48ª semana de 2012

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“A obesidade é uma doença definida como aumento de gordura corpórea. Mas não é verdade: ela é uma doença muito complexa. Trata-se do acúmulo de gordura corpórea, aumento da ansiedade, da compulsividade, imediatismo, certo grau de depressão. Há alterações culturais e emocionais. Gosto de dar o exemplo do gordo e do magro que saem para comprar um carro. O gordo volta de tarde com o carro, sem placa, sem documento e não tem problemas com isso. O magro foi a dez concessionárias e volta para casa com uma planilha para escolher o carro na semana seguinte. Quando pergunto ao obeso quando vamos operar, ele responde: ontem. A doença não está no estômago. Ela está no metabolismo, na cultura, na cabeça, no comportamento. Preciso tratar esse paciente observando essa abrangência. […] Tive vários casos de pessoas que passam a apresentar comportamentos exagerados. Dizem que quem opera (cirurgia bariátrica) vira alcoólatra, mas há pesquisas mostrando que isso não é verdade. A pessoa não vira alcoólatra. Ela já bebia, mas ninguém percebia. Agora que come pouco, chama a atenção a bebida. Pode ocorrer [de transferir a fonte de prazer para outras coisas], mas não é a regra. Porém, muita coisa que estava sublimada aparece. Tive uma paciente que operou e o marido me disse que não consegue mais pagar as contas dela, virou uma compradora compulsiva. Mas ela já era assim, só que não saía de casa porque não conseguia andar. Agora pode e vai às compras. Houve também uma jovem que operei que depois competia com a amiga para ver quem ficava com mais rapazes. Seguiu fazendo terapia e hoje está equilibrada.”
Thomas Szegö, “Revista IstoÉ” – 28/11/2012

“A Bíblia ensina: salvação da alma para os que não aceitam e praticam essa fé e condenação para os que não aceitam. Isso está escrito de maneira simples e objetiva. Acredita quem quer. O destino após a morte é definido pelas escolhas que o ser humano faz em vida. O céu e o inferno não são folclore. Aceitar o Senhor Jesus como seu Salvador é o único caminho da salvação eterna da alma. E essa é a maior riqueza de qualquer pessoa. Não existe bem maior do que a salvação da nossa alma. […] Não me considero um empresário. Não tenho riqueza maior na vida do que minha fé. Não tenho nada a perder.”
Edir Macedo, “Revista IstoÉ” – 28/11/2012

“Hoje em dia, várias pessoas, sobretudo as mais jovens, olham para sua igreja e acham que ela não se importa com o sofrimento real que temos no mundo hoje, aqui e agora. No entanto, é disso que Jesus mais falou. Esses jovens têm amigos, inclusive amigos ateus, que parecem ter mais compaixão pelos outros, pelos pobres e marginalizados, do que a própria igreja à qual pertencem. […] Precisamos entender que temos verdadeiros infernos na Terra neste exato momento. Há gente faminta, gente sem acesso a água potável. A Terra está cheia de sofrimento humano. […] Acredito em céu e inferno como dimensões da nossa existência aqui e agora.”
Rob Bell, “Revista Veja” – 28/11/2012

“O Senado acaba de incluir disciplinas de ética no currículo do ensino fundamental e médio. Espero que se evite a monumental estupidez de ensinar ética normativa, ou seja, de querer enfiar valores em nossas crianças – goela abaixo, como se fossem partículas consagradas. Para crianças como para adultos, “aprender” ética significa aprimorar a disposição a pensar moralmente, ou seja, a capacidade de debater, em nosso foro íntimo, os enigmas complexos (e, muitas vezes, insolúveis) que a realidade nos apresenta.”
Contardo Calligaris – “Folha de S.Paulo”, 29/11/2012

“A corrupção no Brasil ‘pinga do teto e escorre pelas paredes’. Só assim Rosemary Noronha, simples secretária de certo órgão, poderia nomear pessoas para cargos tão acima de sua posição na hierarquia. O único a não se espantar com isso talvez fosse Nelson Rodrigues. Para ele, não havia pessoa insignificante: ‘O mais humilde mata-mosquito pode se julgar um Napoleão, um César, e agir de acordo’. Como tinha costas quentes, Rosemary convenceu-se de que era a Cleópatra de si mesma.”
Ruy Castro – “Folha de S.Paulo”, 30/11/2012

“Pesquisa determinou que idosos religiosos sofrem menos com transtornos mentais. Ao todo 1.980 idosos moradores de uma região de baixa renda de São Paulo responderam a diversas questões, que fizeram parte do Investigando o papel do suporte social na associação entre religiosidade e saúde mental em idosos de baixa renda: resultados do São Paulo Ageing & Health Study (SPAH). Os autores contam que o objetivo do trabalho foi analisar a associação entre dimensões de religiosidade e a prevalência de transtornos mentais comuns entre idosos. Eles testaram ainda o suporte social como mecanismo de mediação dessa suposta associação. Segundo os pesquisadores, 90,7% dos idosos consideram-se religiosos, sendo que 66,6% eram católicos e 41,2% frequentavam uma ou mais vezes alguma atividade religiosa semanalmente. O artigo mostra que ‘a prevalência de transtorno mental comum para os que frequentam serviço religioso foi aproximadamente a metade daqueles que nunca frequentam’. Essa relação pode ser positiva quando se pensa em suportes para tratamentos diversos na terceira idade.”
“Revista Psique” – novembro de 2012

“Por várias vezes senti completo controle da situação até perceber que não havia previsto tudo – mesmo porque isso é impossível -, e o excesso de autoconfiança acabou sendo meu algoz.”
Eugenio Mussak, “Revista Vida Simples” – novembro de 2012

“Quer ser feliz agora? Comece esquecendo essa história de ter filhos – eles não irão trazer a epifania que você tanto espera. Não perca seu tempo jogando na loteria – se você agarrar a lei das probabilidades pelos chifres e ganhar, depois de um ou dois anos não estará nem um grama mais contente do que hoje. Talvez esteja até pior. E, para alcançar a bem-aventurança no trabalho, não se importe tanto com o salário. É um pormenor, uma bobaginha. […] Variáveis de estudos evidenciam que tentar fechar essa tal felicidade em estatísticas e aprisiona-la num modelo de regras a seguir pode levar a um atoleiro difícil de escapar”.
Fabiana Corrêa, “Revista Lola” – novembro de 2012

46ª semana de 2011

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“Artistas, músicos e celebridades: nós os amamos, adoramos, somos obcecados por vocês e os compramos. Mas nossos sentimentos mudaram. Vocês estão distantes demais e queremos sair deste relacionamento. Queremos sentir que fazemos parte de uma coisa mais significativa. Não, não é sua culpa. É nossa.”
Anita Patil – Folha de S.Paulo, 14/11/2011

“A vida pode ser miserável e pequena. Triste constatação. Mas miserável pode ser apenas a constatação de que anatomia é destino, como dizia Freud. O corpo, essa massa mortal que perde a forma com o tempo, é nosso lar, uma casa em que habitamos e que nos abandona, deixando-nos a herança do pó.”
Luiz Felipe Pondé – Folha de S.Paulo, 14/11/2011

“A literatura acadêmica mostra que investir na educação infantil pode gerar vários benefícios. Pesquisas em neurociência mostram que o aprendizado acontece com mais facilidade na primeira infância do que em estágios posteriores da vida da criança.
Além disso, como a aprendizagem em cada nível de ensino depende do conhecimento acumulado em estágios anteriores, a atenção dada à primeira infância aumenta a efetividade das escolas. A educação dada a crianças de 0 a 5 anos também pode contribuir para o estímulo de determinadas características de comportamento e traços de personalidade, como sociabilidade, autoestima, persistência e motivação. Vários estudos mostram que, além de melhorar o desempenho escolar, essas características comportamentais reduzem a probabilidade, no futuro, de envolvimento dessas crianças com drogas e de participação em atividades criminosas.”
Fernando Veloso – Folha de S.Paulo, 14/11/2011

“O corrupto não se admite como tal. Esperto, age movido pela ambição de dinheiro. Não é propriamente um ladrão. Antes, trata-se de um requintado chantagista, desses de conversa frouxa, sorriso amável, salamaleques gentis. Anzol sem isca, peixe não belisca. […] O corrupto não sorri, agrada; não cumprimenta, estende a mão; não elogia, incensa; não possui valores, apenas saldo bancário. De tal modo se corrompe que nem mais percebe que é um corrupto. Julga-se um negocista bem-sucedido.
Melífluo, o corrupto é cheio de dedos, encosta-se nos honestos para se lhe aproveitar a sombra, trata os subalternos com uma dureza que o faz parecer o mais íntegro dos seres humanos. Enquanto os corruptos brasileiros não vão para a cadeia, ao menos nós, eleitores, ano que vem podemos impedi-los de serem eleitos para funções públicas.”
Frei Betto – Folha de S.Paulo, 15/11/2011

“Sofremos com um sentimento de iniquidade, uma vontade de mudança, uma tensão do espírito crítico.”
Contardo Calligaris – Folha de S.Paulo, 17/11/2011

“Os diagnósticos da ONU já nos mostram consumindo mais de 30% além da capacidade de reposição da biosfera terrestre; se tivermos de aumentar a produção de alimentos em 70% nas próximas décadas para atender à população crescente e à redução da pobreza, agravaremos a situação, pois a ‘pegada ecológica’ (área necessária para atender às necessidades de um ser humano) também já está mais de 30% além da disponibilidade – e seu crescimento significará mais degradação do solo, mais desertificação, mais crise da água, mais perda da biodiversidade, etc., etc. Sem falar em agravamento das mudanças climáticas. Mas como se fará se 1,44 bilhão de pessoas no mundo ainda não dispõem de energia elétrica e em sua maior parte terão de ser abastecidas com mais queima de carvão e petróleo, principalmente na China e na Índia, como adverte a Agência Internacional de Energia? E como tirar do âmbito da fome crônica quase 1 bilhão de pessoas? Outros padrões de consumo terão de ser observados. Nossos modos de viver terão de ser repensados.”
Washington Novaes – O Estado de S. Paulo, 18/11/2011

“A dissonância cognitiva, segundo o qual a mente procura sempre harmonizar suas cognições, isto é, pensamentos, sensações e memórias. Quando elas estão em conflito e percebemos isso, diz-se que estão em dissonância. E o problema é que essas tais dissonâncias cognitivas são uma verdadeira tortura neuronal. Para evitar a dor da contradição, o cérebro simplesmente trapaceia. A fim de reconciliar as cognições, ele se utiliza do que estiver à mão. Valem truques bobos, como simplesmente fingir que não viu. Não é um acaso que um dos mais arraigados hábitos de políticos seja responder só o que lhes interessa, ignorando as perguntas difíceis. Quando isso não é suficiente, linhas de defesa mais complexas são acionadas. Memórias podem ser suprimidas e alteradas. Cognições harmonizadoras podem ser criadas. O detalhe é que a pessoa quer tanto acreditar na versão que lhe é mais favorável que, muitas vezes, não distingue suas próprias fabulações da mais dura realidade. Perde até mesmo a noção de quão esfarrapadas parecem suas desculpas a observadores que não estão em dissonância.”
Hélio Schwartsman – Folha de S.Paulo, 18/11/2011

“A liberdade de expressão incomoda, e sempre houve tentativas de cercear sua atividade. […] Todas as vezes em que a sociedade optou pela repressão, escreveu páginas trágicas. […] A questão da liberdade do humor é séria. Não se pode levar a sério o que é mero humor, produzido num contexto de humor, com a intenção apenas de fazer rir.”
Eduardo Muylaert – Folha de S.Paulo, 18/11/2011

“A dificuldade que temos é a mesma de sempre: grupos religiosos que fazem da homofobia sua plataforma eleitoral, pessoas que confundem o combate aos atos de violência contra homossexuais com o apoio à união estável ou ao casamento e senadores nada interessados em se expor por um assunto cada vez mais radicalizado e mal compreendido por uma parte do eleitorado. A consequência desse apequenamento e conservadorismo dos parlamentares tem sido o aumento de crimes homofóbicos no Brasil e a judicialização de uma responsabilidade que é do Congresso.”
Marta Suplicy – Folha de S.Paulo, 19/11/2011

“Construir esse equilíbrio indispensável para o futuro da vida em todos os níveis é a grande tarefa que se apresenta à inteligência humana. Nossa ação hoje é o plantio que nossos netos e bisnetos colherão. Novas formas de organização social, empresarial e política precisam ser analisadas e criadas, numa corrida contra o tempo para reduzir as emissões de gases do efeito estufa. O desafio é mudar e reconfigurar os modelos de produção e consumo.”
Roberto Rodrigues – Folha de S.Paulo, 19/11/2011

“Nós temos o dever de impedir o crime continuado que a indústria do fumo pratica impunemente contra as crianças brasileiras. Fumar não pode ser encarado como um simples hábito adquirido na puberdade. Hábito é escovar os dentes antes de dormir ou colocar a carteira no mesmo bolso. O cigarro deve ser tratado como o que de fato é: um dispositivo para administrar nicotina, a droga que provoca a mais torturante das dependências químicas conhecidas pelo homem.”
Drauzio Varella – Folha de S.Paulo, 19/11/2011

43ª semana de 2011

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“Apenas uma população bem informada será capaz de tomar as decisões para um futuro melhor. Por isso, precisamos de mais ciência na mídia, nas escolas, nas nossas comunidades. Se o Brasil quer estar entre as cinco maiores potências mundiais nas próximas décadas, precisará de uma população educada cientificamente, preparada para competir com países que sabem da importância da ciência para o desenvolvimento.”
Marcelo Gleiser – Folha de S.Paulo, 23/10/2011

“Existe um denominador comum das crises econômicas, sociais e ambientais do nosso planeta: o padrão de consumo humano. Os estilos de vida da sociedade são um dos fatores que resultam nas chamadas doenças crônicas não transmissíveis: câncer, doenças respiratórias, condições cardiovasculares, hipertensão e diabetes, que matam no mundo cerca de 35 milhões de pessoas por ano. Tabagismo, alimentos com alto teor de gordura, sal e açúcar e o consumo nocivo de bebidas alcoólicas causam mais de dois terços dos novos casos dessas doenças. […] O homem é parte do ambiente em que vive. Os agravos sobre a saúde do planeta e a saúde humana têm causas interligadas. Para resolvê-los, é imperativo que os países adotem uma abordagem sistêmica e integrada.”
Luiz Antônio Santini e Tânia Cavalcante – Folha de S.Paulo, 23/10/2011

“O número de amigos no Facebook não mede apenas popularidade. Mede também o tamanho de áreas do cérebro associadas a uma rede que compreende memória, emoções e interações sociais. Pessoas com essas áreas mais expandidas conseguem desenvolver mais relacionamentos? Ou mudaram seu cérebro porque usam mais o Facebook, estabelecendo mais relacionamentos? Os cientistas da University College de Londres, responsáveis pela pesquisa, divulgada na semana passada, não sabem.
O que imaginam saber, graças a uma série de testes de ressonância magnética, é que existe uma relação entre o tamanho de certas áreas do cérebro e o número de amigos. […] Se, por um lado, há dúvidas sobre como a tecnologia cria novos circuitos cerebrais, é sabido, por outro, que o cérebro é plástico, molda-se aos estímulos externos. Isso significa que a inteligência pode aumentar ou diminuir.”
Gilberto Dimenstein – Folha de S.Paulo, 23/10/2011

“Na Líbia, na Síria, o povo se ergueu contra a falta de liberdade e os privilégios de que gozam os donos do poder e clama por democracia. Onde há democracia, como nos países ocidentais, as causas do descontentamento são outras; atrevo-me a dizer que se rebelam contra os excessos do regime capitalista. E aqui me parece estar a novidade. É isso aí: os jovens dos países capitalistas vão à rua para exigir mudanças radicais no capitalismo. A coisa ainda não está explícita e daí a dificuldade de apreendê-la e defini-la. Mas é isso que me parece surgir nas ruas dessas numerosas cidades: uma visão crítica do capitalismo que não tem nada a ver com Karl Marx nem com o que se define como esquerda. […] Não obstante, tendo derrotado o comunismo e se tornado o dono do pedaço no mundo inteiro, o capitalismo agora é questionado por aqueles que nunca leram Marx. Por isso mesmo, não podem os seus defensores alegar que os que estão nas ruas exigindo mudanças são subversivos a serviço de Moscou ou de Pequim, hoje tão capitalistas quanto Nova York ou Londres.”
Ferreira Gullar – Folha de S.Paulo, 23/10/2011

“Ágape, álbum do padre Marcelo Rossi, já é o CD mais vendido do ano, ainda que lançado há pouco mais de um mês: 1,4 milhão de unidades, um número que impressionaria mesmo nos tempos em que ainda existia indústria fonográfica.”
Revista Veja – 24/10/2011

“Viramos súditos das respostas simplórias. Todos fazem estudos que demonstram que professores melhores e mais tempo em sala de aula dão resultado melhor. Como a questão de professores melhores é subjetiva, e que leva tempo (uma ou duas décadas) para se consertar, parte-se para o segundo item. Assim, começa a grita pela escola integral e por mais tempo na sala de aula. Como se torturar a meninada com mais horas monótonas e mal pensadas fosse resultar em aprendizado duradouro. Que bobagem! Isso não passa de um clichê, que serve para dar aos pais e aos políticos a sensação, idealizada, de que algo está sendo feito. O custo é altíssimo, e esse percentual a mais de PIB que iria custear um aumento de jornada deveria ser usado na reforma curricular. […] No mundo que está por vir, com currículos baseados na web e abolição gradual do sistema conteudista, acrescentar horas de aula é quase um ato criminoso. Essa dinheirama precisa ser redirecionada a fim de preparar as escolas para a revolução digital. Que, aliás, permitirá aos alunos surfarem questões em casa, em vez de acorrentá-los às carteiras.”
Ricardo Semler – Folha de S.Paulo, 24/10/2011

“Com uma infraestrutura subdimensionada, o trabalhador sai de casa mais cedo, volta mais tarde, descansa menos, produz menos, é mais ansioso, adoece mais e consome menos. Nossa infraestrutura é cara por falta de planejamento, que, por sua vez, decorre de falhas na educação. A educação ineficiente, além de não conseguir capacitar gestores para um planejamento competente, cria um contingente de profissionais subcapacitados que exercem funções que pouco agregam em produtividade e muito pesam no custo. […] Educação limitada sai caro, prejudica nossa capacidade de planejar e torna o Brasil menos competitivo. Precisamos de menos chefes e mais engenheiros e administradores competentes. Precisamos aprender a planejar, o que nunca soubemos fazer. À nossa nação não falta dinheiro. Falta apenas saber empregá-lo melhor.”
Gustavo Cerbasi – Folha de S.Paulo, 24/10/2011

“Faço o convite para que você repense sua atitude a cada situação que envolva dinheiro. Não pense simplesmente em economizar. Esqueça a preocupação de poupar intensamente. Procure melhorar suas escolhas e faça com que sejam coerentes, saudáveis e equilibradas. Se fizer isso, estará dando um grande passo em direção à prosperidade.”
Gustavo Cerbasi, Revista Época – 24/10/2011

“A corrupção virou a pior forma de barbárie de nossa democracia não apenas porque mercadeja com o destino de crianças ou porque sacrifica vidas em hospitais imundos e estradas abandonadas, mas principalmente por ter transformado a política numa indústria complexa, cuja finalidade é a apropriação da riqueza de todos para fins privados (e fins partidários são fins privados).”
Eugênio Bucci, jornalista e prof. da ECA-USP, Revista Época – 24/10/2011

“É preciso diagnosticar e atuar sobre aquilo que pode diminuir nosso ímpeto desenvolvimentista. A melhoria da Educação é tarefas, a um só tempo, mais urgente e mais de longo prazo que temos de cumprir. Fazer com que as crianças se alfabetizem solidamente, que os jovens concluam o ensino médio e que nossos estudantes ampliem nossas capacidades científicas e tecnológicas é o grande passaporte para o futuro. Para isso, é preciso caminhar, mesmo que aos poucos, para o modelo necessário: escola de tempo integral, carreira docente atraente, comprometimento da escola com o aprendizado dos alunos, monitoramento constante dos resultados escolares e incentivo para a adoção das melhores práticas pedagógicas.”
Fernando Abrucio, cientista político, prof. da FGV/SP, Revista Época – 24/10/2011

“Devemos olhar com admiração o que jovens de todo o mundo fizeram em 2011. Em Túnis, Cairo, Tel Aviv, Santiago, Madri, Roma, Atenas, Londres e, agora, Nova York, eles foram às ruas levantar pautas extremamente precisas e conscientes: o esgotamento da democracia parlamentar e a necessidade de criar uma democracia real, a deterioração dos serviços públicos e a exigência de um Estado com forte poder de luta contra a fratura social, a submissão do sistema financeiro a um profundo controle capaz de nos tirar desse nosso ‘capitalismo de espoliação’. […] Ao serem questionado sobre o que querem, muito jovens respondem: ‘Queremos discutir’. Pois trata-se de dizer que, após décadas da repetição compulsiva de esquemas liberais de análise socioeconômica, não sabemos mais pensar e usar a radicalidade do pensamento para questionar pressupostos, reconstruir problemas, recolocar hipóteses na mesa. O que esses jovens entenderam é: para encontrar uma verdadeira saída, devemos primeiro destruir as pseudocertezas que limitam a produtividade do pensamento. Quem não pensa contra si nunca ultrapassará os problemas nos quais se enredou. Isso é o que alguns realmente temem: que os jovens aprendam a força da crítica.”
Vladimir Safatle – Folha de S.Paulo, 25/10/2011

“Tempos econômicos difíceis podem aproximar as pessoas. Depende muito da resposta social para a crise econômica, das comunidades aos sindicatos. Se houver determinação em compartilhar a resposta, a consequência psicológica pode ser até muito boa. Se a resposta for “cada um por si e o diabo fica com o último”, mais pessoas terão que lutar.”
Raewyn Connell, socióloga australiana – Folha de S.Paulo, 26/10/2011

“Hoje, a tecnologia digital facilita o trabalho dos falsários, e, graças à internet, um boato se transforma rapidamente numa certeza coletiva.”
Contardo Calligaris – Folha de S.Paulo, 27/10/2011

35ª semana de 2011

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“Na nossa época, as “futilidades” são, no mínimo, tão relevantes e tão necessárias quanto era o pão em 1789. […] ‘Quem somos’ depende de como conduzimos nossa vida e (indissociavelmente) de como ela é avaliada pelos outros. Para obter o reconhecimento de nossos semelhantes (sem o qual não somos nada), os objetos que nos circundam ajudam mais do que a barriga cheia; eles têm uma função parecida com a dos paramentos das antigas castas: declaram e mostram nosso status -se somos antenados, pop, fashion, sem noção, ricos, pobres ou emergentes, cultos ou iletrados.”
Contardo Calligaris – Folha de S.Paulo, 01/09/2011

“O número de adolescentes infratores com idade entre 12 e 14 anos internados na Fundação Casa (antiga Febem) cresceu 18% de agosto do ano passado para cá, segundos dados oficiais. Em um ano, a população de menores dessa faixa etária que cumprem medida socioeducativa em unidades de internação da Fundação Casa saltou de 484 para 572. Nesse período, o total de jovens infratores internados no Estado subiu de 7.058 para 8.220, um salto de 16%. Ainda de acordo com os dados, a maior parte dos adolescentes de 12 a 14 anos internados se envolveu em atos infracionais sob a suspeita de tráfico de drogas, roubo qualificado e furto. Para o presidente da Comissão Infantojuvenil da OAB-SP (Ordem dos Advogados do Brasil), Ricardo de Moraes Cavezon, o aspecto familiar é um dos principais fatores que contribuem para o envolvimento de adolescentes com o crime. ‘Muitos desses jovens estão em situação de abandono pelo pai e pela mãe’.”
Léo Arcoverde – Folha de S.Paulo, 02/09/2011

“Steve Jobs disse que melhor do que ter novas ideias é matar as antigas. É impossível administrar um grande fluxo de ideias. É preciso descartar aquelas que não servem ou não serão aproveitadas. De que adianta guardar os projetos se não for usá-los? Fuja deles. Só tomam tempo, atenção e desaceleram sua produtividade.”
Bill Fischer, professor de inovação (da escola suíça de negócios IMD) – Revista Época Negócios, agosto de 2011

“O segredo é dar raízes e asas. Asas para que o outro seja livre para dar suas voltas e raízes para que ele tenha estrutura, estabilidade e saiba bem o seu lugar no mundo. Essa é a melhor coisa que você pode dar para o seu filho, para o seu parceiro e para você mesma. Se não formos capazes, numa relação, de motivarmos um ao outro a chama apaga.”
Bruna Lombardi, 58, atriz – Revista Marie Claire, agosto de 2011

“A dificuldade de pôr limites que muitos pais sentem vem da culpa pela falta de tempo de se dedicar aos filhos. Eles acabam sendo permissíveis, na tentativa de compensar o incompensável. E, em alguns casos, acabam distorcendo a relação em que o ter afeto é substituto por ter presentes. O atendimento ilimitado aos desejos do filho e a incapacidade de manter firme a proibição cria distorção no relacionamento pais e filho, principalmente no aspecto do dar e receber.”
Rosa Lang – Revista Psique, agosto de 2011

“Todo aquele que faz apologia à sustentabilidade sem mencionar os interesses econômicos que mobilizam esse tema é ingênuo e alienado em seu próprio discurso. Ou hipócritas que se utilizam da comoção de tragédias ecológicas e sociais para vender uma imagem responsável, mais preocupados em ditar novos hábitos de consumo do que evitá-los para o bem do ecossistema.”
Arthur Meucci – Revista Filosofia, agosto de 2011

“O maior patrimônio a ser preservado hoje no mundo é o jovem. Precisamos oferecer educação de qualidade, envolvê-lo com esportes, afastá-lo das drogas.”
Nizan Guanaes – Harvard Business Review, agosto de 2011

“Basta olhar em volta para perceber a deterioração ética da sociedade: o presidente galardeado com o Nobel da Paz promove guerras; crianças praticam bullying nas escolas; estudantes agridem e até assassinam professores; políticos se apropriam descaradamente de recursos públicos; produções de entretenimento para cinema e TV banalizam o sexo e a violência. […] O fundamento da ética é o amor.”
Frei Betto, Revista Caros Amigos – agosto de 2011

“Às vezes, esquecemos que as prioridades decididas no bolso exprimem os valores, os sonhos que temos e as dificuldades que encontramos para atingir nossos objetivos. […] Mas nem sempre temos consciência daquilo que estamos valorizando e das escolhas que temos feito.”
Ainá Vieira – Revista Vida Simples, agosto de 2011

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