Posts tagged ciência

28ª semana de 2011

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“A atividade profissional das mulheres tende a melhorar a qualidade de vida das famílias não só em função da renda obtida, mas também da qualidade dos gastos. As mulheres investem em suas famílias, em média, 90% do que ganham no trabalho. Já entre os homens, o percentual fica entre 30% e 40%. As informações são do banco Goldman Sachs, citando dados do Banco Mundial. De acordo com a instituição, as mulheres gastam mais com itens como alimentação, educação, roupas e cuidados com a saúde – principalmente para os filhos. Já os homens gastam mais com bebida alcoólica e cigarro.”
Folha de S.Paulo, 10/07/2011

“Quando uma nova descoberta é anunciada, cabe à comunidade científica julgar o seu valor. Quanto mais importante a descoberta, mais cuidadosa deve ser esta análise. […] Erros podem persistir por um tempo, mas não indefinidamente. Essa é a força da ciência.”
Marcelo Gleiser – Folha de S.Paulo, 10/07/2011

“Segundo cientistas, um simples passeio num parque é capaz de aumentar a capacidade de um indivíduo para solucionar problemas. Submetidos a uma experiência comandada por neurocientistas, grupos foram convidados a realizar uma bateria de provas várias vezes num dia. Um deles, porém, era convidado, entre um exame e outro, a caminhar por um bosque. Os demais caminhavam apenas pela rua, sem tanta presença da natureza. Nessa experiência, comandada por neurocientistas da Universidade de Michigan, nos Estados Unidos, constatou-se que o passeio entre as árvores estava associado a um desempenho melhor nos testes. O resultado coincide com os de uma análise, divulgada no final do ano passado, feita com base em 25 estudos sobre a reação cerebral de pessoas que andam ou correm em ambientes verdes. Estes mostraram que, de modo geral, há redução da ansiedade, da depressão, do cansaço e da tristeza.”
Gilberto Dimenstein – Folha de S.Paulo, 10/07/2011

“O ‘pensamento positivo’ não existe. É mito. É uma clamorosa estupidez.
Sim, o apoio psicológico é necessário em momentos de fragilidade oncológica, afirma Jimmie Holland (psiquiatra no memorial Sloan-Kettering, em Nova York, e há mais de 30 anos acompanha doentes com câncer.). O bem-estar psíquico é importante para os doentes e para as suas famílias. E é importante também não deixar que a depressão se instale: quando há tratamentos para fazer, não é boa ideia ficar na cama todo dia, chorando a respetiva sorte. Mas ‘ser positivo’ é outra história: é acreditar que a nossa vontade otimista, nosso humor solar, nossa forma de ‘encarar a vida’ e outros clichês mentecaptos serão capazes de reverter uma doença impessoal. Essa crença é típica do racionalismo moderno na sua recusa extrema de aceitar o imponderável.”
João Pereira Coutinho – Folha de S.Paulo, 12/07/2011

“Se a geração de empregos é uma preocupação mundial, entre os jovens é uma preocupação maior ainda. A forma como a educação é pensada hoje em tantas partes do mundo não está apta a atender à demanda desses jovens e às necessidades desses tempos. […] O mundo precisa de várias formas de saber. E o sistema educacional deve estar preparado para várias formas de ensinar. Com um sistema educacional mais objetivo e mais sintonizado com as diferentes realidades e demandas do mundo, nós construiremos a primavera do saber, dando a oportunidade, seja no ensino universitário ou no técnico, para o ser humano desabrochar como puder ou quiser.”
Nizan Guanaes, publicitário – Folha de S.Paulo, 12/07/2011

“Educação tem que ser discutida todo dia no jantar. Que nem novela. A gente não sabe tudo sobre os personagens? O interesse pela educação deveria ser nesse nível.”
Seu Jorge, 41, cantor – Folha de S.Paulo, 13/07/2011

“Em sua opinião, uma memória global é tanto uma maldição quanto uma benção. A incapacidade de esquecer, defende Mayer-Schönberger (professor da Universidade de Oxford), limita a capacidade das pessoas de tomar decisões e de criar laços.”
Stuart Jeffries – Folha de S.Paulo, 13/07/2011

“Nos países pobres, a nova classe média vai rapidamente exigir mais e melhores escolas, água, hospitais, transportes e todo tipo de serviços públicos.
Não existe governo no mundo que atenda a essas exigências na mesma velocidade em que elas se produzem. A instabilidade política provocada por esse abismo já é visível em muitos países. As consequências internacionais ainda não são tão evidentes. Mas serão.”
Moisés Naím – Folha de S.Paulo, 15/07/2011

“No DVD, começo falando da felicidade, dizendo que ela não está numa conquista, como as pessoas estão pregando por aí: “Você vai ser feliz, vai ter prosperidade”. Tenho tentado mostrar que Deus não está agindo aumentando uma conta de banco, ou te dando uma porta de emprego. Pra mim, Deus não é isso. Fui entendendo Deus de uma forma diferente. Vi que algumas coisas em que eu acreditava, ou fui levada a acreditar, não estavam na Bíblia. Eu interpretava uma frase errada dentro de um contexto. Por exemplo, numa passagem da Bíblia está escrito que para se curar da lepra era preciso dar sete mergulhos no rio Jordão. Então [eu pensava]: se Deus precisava que eu desse sete mergulhos, hoje Ele precisa que eu dê uma oferta, que eu entregue meu dízimo. E até meu dízimo não estar entregue, não vou receber meu milagre. Hoje vejo que Deus conhece o meu coração. Se eu entreguei ou não alguma coisa para Deus.”
Caroline Celico, 23 anos [esposa do jogador de futebol Kaká] – Folha de S.Paulo, 15/07/2011

“Eu sempre me faço uma pergunta: ‘O que podemos fazer?’ A primeira coisa é se informar. Há tantas informações disponíveis, novos dados que surgem e, no entanto, somem o tempo todo. Informe-se ao máximo, converse com as pessoas, aperte os políticos. É preciso fazer muita pressão. […] Seu tempo é um luxo, não se acomode aceitando as coisas passivamente. Invista nas coisas, lute por uma causa.”
Vivienne Westwood, estilista, Revista Marie Claire – julho de 2011

“É necessário um fator ambiental – violência, problemas financeiros, de relacionamentos, drogas, bullying – para desencadear o transtorno mental em pessoas que tenham predisposição genética. Em meus 11 anos como psiquiatra, nunca vi alguém surtar quando tudo à sua volta está bem. Sempre tem um fator que é o estopim. […] A diferença do transtorno mental para outras doenças da medicina é a intensidade. Com outras doenças você consegue ter um diagnóstico categórico. Com transtornos mentais é contínuo, gradativo, não existe sim ou não. Há pessoas que a gente vê em nosso dia a dia que manifestam alguns traços, são mais esquisitas, e que para ter o diagnóstico às vezes falta meio passo.”
Gerardo de Araújo Filho, médico psiquiatra, Revista Cult – julho de 2011

25ª semana de 2011

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“Nunca se pensa no poder do tempo, do quanto ele comanda nossa vida; também nunca se pensa no quanto ele é precioso, mas um dia você vai lembrar que ele passou e não volta mais. […] Para ter uma maturidade com poucos arrependimentos, é preciso não perder tempo.”
Danuza Leão, Folha de S.Paulo, 19/06/2011

“A música tem a missão de salvar o mundo. Estamos experimentando a degradação da sensibilidade – e só a música pode restituir a dignidade à beleza. E não exatamente beleza material. Pode parecer romantismo, mas restabelecê-la é uma tarefa real.”
Gustavo Dudamel, 30, venezuelano, dirige as orquestras Simón Bolívar, Sinfônica de Gotemburgo, da Suécia, e Filarmônica de Los Angeles – Revista Época, 20 de junho de 2011

“É burro torturar alunos com decoreba de clássicos, mas é tarefa urgente dos adultos transmitir de forma viva o que aprendemos como ‘raça humana’.”
Ricardo Semler, Folha de S.Paulo, 20/06/2011

“Nesse mundo em que a vida é vivida com velocidade máxima e em que o outro quase sempre é um estorvo ou uma ameaça, os adultos estão dispostos a brigar por qualquer coisa a todo o momento. […] Ter de compartilhar brinquedos, conviver com a diferença e tolerar defeitos não são atos comuns entre as crianças. Poucas delas aprendem essas lições, seja na escola que frequentam seja em casa, com pais e parentes.
O curioso é que, ao observarmos a vida dos mais novos, logo percebemos que: eles brigam em demasia; exageram nas reações quando se defrontam com situações que lhes trazem dificuldades, decepções ou frustrações; não sabem administrar tampouco resolver os conflitos que a convivência provoca. Entretanto, não temos a mesma facilidade para constatar que estamos fazendo o mesmo em nossas vidas e que, portanto, os mais novos têm aprendido conosco a agir como agem. Se conseguirmos retirar a venda de nossos olhos e enxergar tudo o que temos ensinado a eles, talvez fique menos árdua a tarefa educativa, em família ou na escola.”
Rosely Sayão, Folha de S.Paulo, 21/06/2011

“O Suas (Sistema Único de Assistência Social) acaba de ser aprovado no Senado, novamente na total ignorância dos brasileiros, que desconhecem os marcos legais de intervenção de que dispõem para forjar uma sociedade mais justa e igualitária, liberta da miséria. Mobilizar os Centros de Atendimento da Assistência Social na busca ativa, ampliar e fortalecer o Programa Saúde da Família, operando na inclusão, criar oportunidades por meio da descoberta de formações. […] Não é tarefa fácil, toma tempo, energia e não vai custar tão barato como se apregoa. Oferecer oportunidades é muito mais caro e trabalhoso do que apenas prover um auxílio monetário que garante consumir um pouco mais do mesmo.”
Lena Lavinas, doutora em economia, Folha de S.Paulo, 21/06/2011

“Cada vez mais me espanto, e cada vez menos acredito. Não funciona, comigo, aquela conhecida frase dos mais velhos ‘ a mim, nada mais me espanta’. Pois a mim tudo ainda me choca, ou intriga, faz rir ou chorar ou me indignar como sempre, pois, vivendo mais, conheço mais as dores humanas, nossa responsabilidade, nossa miséria, nosso dever de solidariedade e trabalho, a necessidade de competência e honradez, de exemplo e seriedade.”
Lya Luft, escritora, Revista Veja, 22 de junho de 2011

“Em geral, quem se vicia não é tanto quem acha sua vida dolorosa ou injusta, mas quem a acha chata, ou seja, quem não consegue se interessar por sua própria vida. […] Quem se droga porque acha a vida chata tende a trocar a vida pela droga. […] Discordo de quem afirma que qualquer uso de maconha seria inócuo. Nos adolescentes, por exemplo, um consumo diário e intenso (solitário, já de manhã) é frequentemente o sinal de uma depressão que é MUITO difícil vencer, uma vez que ela se instala.
Entendo que alguém, mofando num tédio mortal (e inexplicado), chegue à conclusão de que a vida sem maconha é uma droga. Mas, infelizmente, em regra, a droga aprofunda o vazio que ela é chamada a compensar ou corrigir. Ou seja, talvez a vida sem maconha seja uma droga, mas a maconha sem vida também é.”
Contardo Calligaris, Folha de S.Paulo, 23/06/2011

“O fenômeno das drogas é complexo, assim como a solução; portanto, as etapas para entender o fenômeno, atualizar-se sobre suas implicações e preparar a sociedade para mudar seus pensamentos e comportamentos ainda estão muito longe de acontecer.
Todas as drogas psicotrópicas alteram a capacidade de decidir; assim, os jovens, que já não possuem essa função mental plena, decidirão ainda menos preparados.
Já existem drogas lícitas que favorecem o uso das demais, não é preciso disponibilizar nenhuma outra. As complicações do uso são agudas e crônicas, com interfaces como a violência, a contaminação por doenças sexualmente transmissíveis e a gravidez indesejada. As doenças mentais e de comportamento, as doenças cardiovasculares, pulmonares, os cânceres, além das malformações congênitas, são frequentes.
Sem prevenção, sem tratamento adequado e disponível, diante da diversidade cultural do país, a política deveria ser desenhada para cada droga, para cada região. […] É preciso lembrar que a economia das drogas é uma das três maiores economias do planeta.”
Ronaldo Ramos Laranjeira, psiquiatra; Ana Cecilia Marques, pesquisadora do Inpad/CNPq) – Folha de S.Paulo, 23/06/2011

“Na missa de sétimo dia de seu filho, Gabriel, 2, e de outras três vítimas do acidente de helicóptero na sexta, no litoral da Bahia, o vocalista do grupo Biquini Cavadão, Bruno Gouveia, emocionado, cantou uma das músicas que o menino gostava de ouvir. […] No site da banda, Bruno publicou um carta aos fãs, amigos e parentes, intitulada ‘O pior dia de minha vida’. Veja os principais trechos: A palavra para o sentimento desde então é DOR. (…) É uma dor que te assalta, te maltrata e te exaspera.
(…) Só dizia: ‘O que está acontecendo comigo? Dediquei minha vida a alegrar as pessoas, por que motivo agora tiram de mim a maior alegria de minha vida?’.”
Folha de S.Paulo, 25/06/2011

“Num artigo impactante, que vira do avesso alguns dos pressupostos da filosofia e da psicologia evolucionista, os pesquisadores franceses Hugo Mercier (Universidade da Pensilvânia) e Dan Sperber (Instituto Jean Nicod) sustentam que a razão humana evoluiu, não para aumentar nosso conhecimento, mas para nos fazer triunfar em debates. […] Temos dificuldade para processar informações que contrariam nossas convicções. Em suas versões extremas, ele produz pseudociências, fé em religiões e sistemas políticos e também teorias da conspiração. […] A razão só funciona bem como fenômeno social. Se pensarmos sozinhos, vamos muito provavelmente chafurdar cada vez mais fundo em nossas próprias intuições. Mas, se a utilizarmos no contexto de discussões, aumentam bastante as chances de, como grupo, nos dar bem. Ainda que nem sempre, por vezes as pessoas se deixam convencer por evidências. Trabalhos mostram que, quando submetidas a situações nas quais é preciso chegar a uma resposta correta (testes matemáticos ou conceituais), pessoas atuando sozinhas se saem mal, acertando em torno de 10% das respostas (Evans, 1989). Quando têm de solucionar os mesmos problemas em grupo, o índice de acerto vai para 80%. É o chamado efeito do bônus de assembleia.”
Hélio Schwartsman, Folha de S.Paulo, 25/06/2011

02 de janeiro de 2011

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“Essa é a era da inclusão, da participação, da disseminação da informação, da busca da igualdade de oportunidades. A complexidade de lidar com esse mundo da inclusão é muito maior e ao mesmo tempo fascinante, pois reflete o fato de estarmos construindo um mundo melhor e mais digno. Enfim, não dá para poucos irem bem num mundo que vai mal!”

Fábio Colletti Barbosa, 55, administrador de empresas, é presidente do Grupo Santander Brasil e da Febraban,  Folha de S.Paulo – 02/01/2011

 

“A palavra religião vem de “religare”, reconectar. Mas com o quê? Escolhas diferentes para religiões diferentes. Ao buscarmos as leis que descrevem a natureza e suas criações, estamos nos reconectando com nossas origens cósmicas. Esse é o meu “religare”, que traz sentido à minha vida e lhe dá direção. Se a vida é fruto da luta contra o inexorável crescimento entrópico e o decaimento material, é ainda mais bela por isso. Por que não chamá-la, afinal, de sagrada?”

Marcelo Gleiser, professor de física, Folha de S.Paulo – 02/01/2011

 

“Mais de um século atrás, Nietzsche observou: ‘Quase 2 mil anos e nenhum Deus novo!’ De fato, embora centenas de novas religiões apareçam e desapareçam a cada ano, faz séculos desde que uma grande religião realmente nova surgiu no planeta. Nós já estouramos o prazo para um Deus novo. Nossa atual ordem religiosa formou-se no que Karl Jaspers chamou de ‘era axial’ – aquele período extraordinário entre 800 a.C. e 200 d.C. que testemunhou a ascensão do monoteísmo com o zoroastrismo, o surgimento do budismo, a criação do confucionismo e a florescência da filosofia humanista grega. […] Três tecnologias nos trouxeram para o limiar de outra mudança axial hoje. O transporte aéreo deu às populações uma mobilidade sem precedentes. O contêiner intermodal distribuiu uma cornucópia de produtos para todos os cantos do mundo. E o ciberespaço tornou-se um promíscuo viveiro de ideias seminais. Agregue a isso tudo a dose atual de miséria humana com as guerras, revoluções e desastres naturais, e o resultado é um potente caldo de cultura a partir do qual um novo Deus poderia surgir. A ascensão do fundamentalismo é um indicador seguro de insatisfação com a atual ordem religiosa. Os crentes descontentes olham primeiro para suas raízes em busca de conforto, mas as origens raramente reconfortam e, assim, eles inevitavelmente procuram por um novo Deus.”

Paul Saffo, diretor-gerente e de previsão da Discern Analytics, e professor visitante da Universidade de Stanford, “O Mundo em 2011” – Revistas The Economist/Carta Capital – janeiro-fevereiro de 2011

12 de dezembro de 2010

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“Os brasileiros que ganham mais de R$ 10.200 são apenas 3 milhões. Os brasileiros que sobrevivem com menos de R$ 1 mil vão a 79 milhões. Detalhe: estamos falando de renda familiar, não individual. Ou, em porcentagens: apenas 1,5% dos brasileiros habitam o que Elio Gaspari chamaria de andar de cima. Uma massa formidável de 41% mora mesmo é no porão. Outros 40%, pouco mais ou menos, ocupam o andar de baixo.
Estatística à parte, o mais elementar sentido comum manda chamar de pobres esses 80%.”

Clóvis Rossi, Folha de S.Paulo – 12/12/2010

 

“É com erros e acertos que a ciência progride e, na verdade, apenas uma pequena parte das pesquisas realmente levará a impactos positivos sobre a qualidade de vida. […] Mais rigor, menos ambição e mais humildade ajudariam o campo a avançar”.

Thomaz Wood Jr., Revista Carta Capital, 15/12/2010

28 de novembro de 2010

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“São umas 200 bilhões de galáxias, com umas 200 bilhões de estrelas cada. Boa fração tem planetas girando à sua volta, muitos deles com luas. Ao todo, são trilhões de mundos, cada um com sua história. […]Hoje, alguns especulam que nosso cosmo é parte de uma entidade muito maior, o multiverso, que representa todas (ou quase?) possibilidades cósmicas. Em alguns, as leis da física podem ser diferentes e a vida como a conhecemos, seria impossível. Portanto, agradeça ao Universo, um dos poucos com propriedades certas para gerar estrelas, planetas e, em alguns deles, vida. […]Devemos todos, coletivamente, dar graças ao nosso mundo: por nos permitir existir e pela sua tolerância, apesar dos nossos abusos. Poucas mães seriam assim tão pacientes.”

Marcelo Gleiser, Folha de S. Paulo – 28/11/2010

 

“A forte ligação emocional entre mães e filhos aumenta a vontade infantil de explorar o mundo. Quanto mais seguros nos sentimos  em relação à figura materna, mais propensos estamos a viver novas experiências e a correr riscos. Agora pesquisadores descobriram que esse efeito se reflete também na vida adulta: uma lembrança  do toque materno ou do som de sua voz é suficiente para mudar o humor das pessoas, afetando até a tomada de decisões. A conclusão do estudo desenvolvido na Universidade de Colúmbia pelo administrador Jonathan Levav, professor de administração, foi publicada na Psychological Science.”

Revista Mente & Cérebro – novembro de 2010

24 de outubro de 2010

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“Dados do Banco Central mostram que, nos últimos cinco anos, o número de brasileiros com dívidas superiores a R$ 5 mil, considerando todos os tipos de empréstimos, saltou de 10 milhões para 25,7 milhões. […] Hoje, o volume de dívidas dos brasileiros corresponde a 39,1% da renda, de acordo com o Banco Central. E uma parcela de 23,8% fica comprometida mensalmente com o pagamento dos débitos existentes. Sem detalhes sobre a qualidade das dívidas, esses percentuais já preocupam, na avaliação da Serasa.”

Carolina Matos, Folha de S.Paulo, 24 de outubro de 2010

 

“Olhar para o céu é olhar para o passado. Isso porque a luz tem uma velocidade finita, sempre demora um pouco para ir de um ponto a outro. Por exemplo, o Sol fica a oito minutos-luz da Terra: a luz demora oito minutos para viajar do Sol até nós. Nada do que vemos no céu existe no presente. Objetos distantes podem até mesmo não existir mais, ou ter mudado completamente.”

Marcelo Gleiser, físico, Folha de S.Paulo, 24 de outubro de 2010

 

“Tem gente que é artista e gente que está artista. Alguns usam o primeiro salário para comprar carrão com vidro fumê, mas andam com a janela aberta para ser reconhecido por todo mundo. Quem é artista passa a vida inteira construindo uma carreira sem se preocupar em aparecer e, bem velhinho, olha para trás e sente orgulho. […] Já tive que pagar para trabalhar, encenar uma peça e, ao final, em vez de receber, deixar um cheque de R$ 5.000 para pagar os custos. Mas o fracasso nos dá caráter, faz a gente refletir e provar nossas convicções.”

André Mattos, 49, ator, Folha de S.Paulo, 24 de outubro de 2010

 

“Pastores deram a bênção aos políticos que compartilhavam da sua obsessão com a vida pessoal alheia. Desnecessário dizer que esses mesmos pastores logo se tornaram um espetáculo nacional, caindo um atrás do outro em escândalos, quer sexuais, quer financeiros. Mas os políticos covardes já entregaram a essa gente o direito de mandar em assuntos ‘morais’.”

Benjamin Moser, 34, escritor americano, Folha de S.Paulo, 24 de outubro de 2010

17 de outubro de 2010

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“A pós-modernidade de botequim tomou conta do debate, falso aliás, porque nada é debatido. Ainda não sabemos quais os projetos de nação que estão em jogo nestas eleições, decidiremos sem saber o que estamos decidindo, pois continuar tornou-se mais importante do que mudar.”

José de Souza Martins, filósofo, Estado de S.Paulo – 17/10/2010

 

“A ciência não diz o que devemos fazer com o conhecimento que acumulamos. Essa decisão é nossa, em geral tomada pelos políticos que elegemos, ao menos numa sociedade democrática. A culpa dos usos mais nefastos da ciência deve ser dividida pro toda a sociedade. Inclusive, mas não exclusivamente, pelos cientistas. […]

A culpa do que fazemos com o planeta é nossa, não da ciência. Apenas uma sociedade versada na ciência pode escolher o seu destino responsavelmente.”

Marcelo Gleiser, físico, Folha de S.Paulo – 17/10/2010

 

“Com base em uma investigação realizada nos últimos 20 anos com americanos acima de 50 anos de idade, cientistas da Universidade de Stanford, especializados em estudos da longevidade, sustentam que a aposentadoria prejudica a memória e, portanto, acelera a decadência do indivíduo. A razão: a falta de uso tiraria o vigor do cérebro. Semelhantes conclusões são encontradas em pesquisas realizadas em outros 12 países europeus.
Esses dados foram divulgados na semana passada, no mesmo dia em que o IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) revelou uma projeção sobre o envelhecimento da população brasileira- defendendo que o país deveria mudar urgentemente sua visão sobre o que é ser velho. Num futuro breve, a idade média do nosso trabalhador será de 45 anos. Na apresentação dos dados, os pesquisadores daquele instituto relacionaram a aposentadoria como mais um estímulo de problemas como a depressão e o alcoolismo. […]

Em São Paulo, uma universidade está oferecendo cursos de madrugada: as aulas começam às 23h e acabam quase às 2h. Estamos vivendo na era da aprendizagem permanente. Estuda-se o resto da vida nos mais variados lugares. […] Para mim, esse sonho da aposentadoria é um pesadelo. É o que indica aquelas pesquisas sobre a memória. Deveríamos ensinar à criança, desde o berço, que a vida só se torna uma bela aventura, com sentido, se não pararmos de ter curiosidade, de aprender e de criar. Fazer planos para não fazer nada é a morte.”

Gilberto Dimenstein, Folha de S.Paulo – 17/10/2010

 

“A riqueza do Chile do norte está escondida debaixo da terra. E, para se chegar a ter alguma coisa, é preciso mergulhar na escuridão. É uma zona dura e de homens fraternais, pois as dificuldades de um são as de quem está a seu lado também. […] Quanto mais difícil é sua vida, mais sensível é um homem à dor e à solidão do outro.”

Antonio Skármeta, filósofo, escritor e ex-diplomata chileno, Estado de S.Paulo – 17/10/2010

 

“Uma mensagem para os 33: que o mar de luzes, câmaras e flashes com que foram recebidos lhes seja leve. É certo que sobreviveram a essa longa temporada no inferno, mas no final era um inferno seu conhecido. O que virá agora, companheiros, é um inferno completamente inexplorado por vocês: o inferno do espetáculo, o alienante inferno da televisão. Digo-lhes apenas uma coisa: agarrem-se a sua família, não a soltem, não a percam de vista, não a frustrem. Aferrem-se como se aferraram à cápsula que os tirou das profundezas. É a única maneira de sobreviver à avalanche midiática que os cobrirá.”

Hernán Rivera Letelier, escritor chileno, Estado de S.Paulo – 17/10/2010

 

“A lei é recente, mas o fenômeno é antigo nas varas de família. Pesquisas apontam que 80% dos filhos de pais separados sofrem algum tipo de alienação parental. ‘No grau mais leve, o guardião, normalmente a mãe, faz comentários críticos sobre qualquer coisa que a criança fale sobre o pai. Ou então diz que vai ficar sozinha e triste quando ela for visita-lo’, conta a psicóloga Maria Dolores Toloi, que há 15 anos trabalha como assistente de perícias psicológicas no Tribunal de Justiça de São Paulo. […] ‘Quando a criança entra nesse jogo e passa a participar da campanha de difamação, está instalada a Síndrome da Alienação Parental (SAP).’

A criança passa a ver o genitor alienado como uma pessoa desinteressada, incapaz de amá-la. ‘Baixo rendimento escolar e autoestima, uso de drogas, depressão e suicídio são problemas comuns nesses casos’, diz o psicólogo Diego Bragante. […]

Exemplos de alienação parental:

●Distância: negar o direito de visita ao outro genitor; impedir contato telefônico; mudar o domicílio para local distante, sem justificativa, para dificultar a convivência.

●Difamação: realizar campanha de desqualificação da conduta do outro genitor; fazer denúncias falsas de abuso visando à suspensão do direito de visita.

●Obstrução: omitir informações pessoais relevantes sobre a criança ou adolescente, até mesmo escolares, médicas e alterações de endereço.”

Estado de S.Paulo – 17/10/2010

 

“O poderoso Vaticano, que impõe suas leis, é todo formado por homens, e as freiras não têm voz para nada.”

Danuza Leão, Folha de S.Paulo – 17/10/2010

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